O texto de hoje foi escrito pela minha amiga Bia.
Bia é uma estudante de Letras e preparou essa reflexão para
apresentar como um trabalho para a matéria de Análise do Discurso.
As fontes são diversas, mas se concentram, sobretudo, nos
debates ocorridos no Facebook, em comunidades que discutem gênero.
O texto fala sobre a celeuma que se levantou sobre a
interdição de Laerte Coutinho em usar um banheiro feminino. Bia faz uma
excelente análise usando-se do instrumental da Análise do Discurso.
***
Apresento a vocês uma análise das repercussões, obtidas
através da pesquisa em diversos sites na internet (notícias e blogs - ver no
parágrafo seguinte) e com base em duas entrevistas de televisão com
Laerte Coutinho (uma no programa De Frente com Gabi na rede SBT e outra no canal Cultura no programa Roda Viva), do
caso em que o cartunista da Folha, Laerte, que se veste como mulher há
três anos, foi impedido de usar o banheiro feminino do restaurante Real
Pizzaria e Lanchonete, na zona oeste de São Paulo. Foi constatada uma grande
divergência de opiniões sobre o acontecimento, deixando os discursos acerca da
questão transgênera (que engloba mais comumente pessoas travestis e transexuais
e outras identidades não cisgêneras com menos visibilidade social) ainda mais
evidente.
Utilizei para o corpus de análise os seguintes sites:
1) Travestis & transexuais: o feminismo falocêntrico.
Por: José Maria e Silva. Disponível aqui;
2) Não, Laerte, você não pode! No que diz respeito ao
banheiro, você é um homem, rapaz! Por: Reinaldo Azevedo. Disponível aqui;
3) Caso Laerte - Cartunista da Folha quer o direito de
entrar nos banheiros femininos. Por: Tarcício Andrade. Disponível aqui;
4) Banheiros masculino e Feminino. Qual o seu? Por: Junnior.
Disponível aqui;
5) O cartunista fantasiado. Por: Luciano Martins. Disponível
aqui;
6) Para leitor, Laerte lança o cidadão adepto do
crossdressing-voyeur. Por: David Apolinário Neto. Disponível aqui;
7) Para que servem as placas indicativas de gênero na porta
dos banheiros? Por: Tatá - Ataulfo Santana. Disponível aqui;
8) Cartunista Laerte aciona Secretaria da Justiça
contra pizzaria que o barrou no banheiro feminino. Por: Maria Carolina
Maia. Disponível aqui;
9) Cartunista que se veste de mulher é proibido de entrar em
banheiro feminino. Por: Correio 24hs. Disponível aqui;
10) Cartunista Laerte diz que sempre teve vontade de se
vestir de mulher. Por: Ivan Finotti. Disponível aqui;
11) A menina, o banheiro e o marmanjo gay. Por: Robson
Oliveira. Disponível aqui;
12) NOTA contra a discriminação de gênero no uso de
banheiros (caso Laerte Coutinho). Por: Grupo de advogados pela diversidade
sexual. Disponível aqui;
13) HOMENS ou MULHERES. Por: Contardo Calligaris. Disponível aqui.
Para melhor compreensão dos assuntos que cercam esta
análise, certas definições são essenciais. O termo cisgênero, como podemos ler aqui, refere-se a pessoas para as quais
o sexo e gênero designados ao nascer mais o sentimento interno/subjetivo
de sexo e gênero estão “alinhados” ou “deste mesmo lado” – o prefixo cis
em latim significa “deste lado” (e não do outro - trans). Portanto, para essas
pessoas o gênero que expressam não é socialmente considerado destoante do sexo
a qual foram designados, ao contrário do que acontece com as pessoas
transgêneras.
Mainguenau, em seu livro Análise de textos da comunicação
(2004), diz que os textos não devem ser estudados exclusivamente pela sua
estrutura textual, é preciso levar em conta os gêneros do discurso. Nesta
perspectiva, os textos selecionados para o corpus são todos pesquisados pela
internet (o canal por onde ele passa), e podemos distinguir dois gêneros mais
ou menos distintos: aqueles textos que estão em sites de jornalismo procuram
sustentar um caráter mais expositivo, deixando as posições acerca da polêmica
um tanto mais ocultas, enquanto aqueles provenientes de blogs não são tímidos
em deixá-las explícitas.
Existem dois posicionamentos ideológicos antagônicos
principais: o de aceitar ou não aceitar a presença do cartunista no banheiro
feminino; existem, porém, um contínuo entre essas posições que abarca desde o
esclarecimento acerca das opressões de gênero, no qual o discurso cissexista é
denunciado para que sejam respeitadas as identidades de gênero dos
transgêneros, a um discurso intermediário, que não é assumidamente cissexista,
porém normatiza as pessoas transgêneras julgando suas identidades de gênero
segundo pressupostos cissexistas; até, por fim, o discurso escancaradamente
cissexista e transfóbico. Existem também as matérias expositivas nas quais uma
pretensa neutralidade é defendida.
É muito importante o uso do termo cisgênero porque
atualmente é utilizado incorretamente o termo mulher/homem biológico para
designar pessoas cisgêneras na tentativa de diferenciar pessoas transgêneras. É
justamente este olhar que naturaliza a cisgeneridade e por consequência,
patologiza e marginaliza a transgeneridade, um exemplo por excelência de
cissexismo. Cissexismo, portanto, é um amplo conjunto de ideologias que prega a
naturalização da existência de um único tipo de comportamento para uma única
morfologia, no que se referem ao sistema de gênero e sexo, ou seja, é a crença
de que existiram apenas dois gêneros binários (feminino/masculino e mulher/homem)
e que as pessoas designadas coercivamente a um sexo no nascimento teriam que
ter o comportamento social esperado para aquele gênero.
Autores conservadores e reacionários se atêm a essa
definição estática e binária de sexo (e o seu correspondente gênero), para isso
apelam para um discurso pretensiosamente biológico que não leva em consideração
a existência dos intersexos (denominados hermafroditas pelo biopoder – termo
criado por Michel Foucault) e a intensa variação biológica de cromossomos
sexuais, características sexuais primárias e secundárias e níveis hormonais.
Nesta perspectiva, torna-se impossível conceber o aspecto binário de sexo
pregado por pressupostos biológicos falaciosos usados para tentar sustentar o
discurso cissexista. Parece compreensível fazer a dicotomia entre gênero (que
estaria inscrito em uma esfera estritamente social) e sexo (como um fato
objetivo e biológico). Entretanto, até mesmo a definição de sexo está
intrinsicamente atrelada a fatores sociais, pois são fortemente interpretados e
significados através de mecanismos culturais. Ao designar pessoas intersexo
como anomalias do desenvolvimento e julgar seus genitais ambíguos e
encaminhá-los logo após o nascimento, ainda bebês, e portanto sem nenhuma
capacidade de consentimento, a cirurgias mutiladoras que apenas tentam encaixar
esteticamente as genitálias dessas pessoas ao um pretenso modelo normal, o
discurso do biopoder mostra o quanto ele não é neutro como a ciência insiste em
postular. Ao contrário, revela claramente um exemplo de propagação
institucional do cissexismo.
Caso o comportamento cisgênero esperado socialmente não seja
seguido, existirão inúmeras opressões a qual o transgênero estará sujeito: terá
sua identidade de gênero constantemente julgada, ridicularizada e inferiorizada
e o quanto ela mais se afastar dos modelos ciscêntricos (aqueles que usam como
modelo características cisgêneras) maior vai ser a sua ininteligibilidade
social.
A identidade de gênero do Laerte é um exemplo do quanto ela
é extremamente ininteligível, ainda mais ininteligível que a identidade de
travestis e transexuais “padrões”. Laerte já se auto intitulou cross-dresser, termo
que geralmente designa homens que se vestem como mulher apenas em ocasiões
íntimas e que praticam pouca ou nenhuma alteração corporal (visando deixar o
corpo com aparência mais feminina). Entretanto, até Laerte admite que essa
classificação não é mais adequada a ele, já que se veste de forma feminina
durante todo o dia e se apresenta em público como tal. Ele poderia se
identificar como uma travesti, entretanto, até mesmo essa classificação é
limitada para Laerte, pois designa comumente pessoas com práticas
socioculturais e, inclusive, corporais diferentes da dele. A orientação sexual
também entra para confundir ainda mais o senso comum: Laerte é bissexual (é
esperado que pessoas que performam/com características socialmente vistas como
femininas, independente da identidade de gênero da pessoa, gostem de homens, e
vice-versa, outro exemplo de cissexismo e heteronormatividade). A falta de um
termo para englobar a singularidade de Laerte deixa os autores confusos quando
existe a necessidade cissexista de se encaixar corpos e identidades a normas
limitadoras.
Existe um curioso posicionamento discursivo acerca da visão
da questão da orientação sexual das pessoas transgêneras e seus parceiros. Os
termos homossexuais e heterossexuais são usados de acordo com a visão daquele
que as prega: aqueles que acreditam no essencialismo anatômico, que, portanto
estão ligados a ideias cissexistas, acreditam que o aspecto definidor da
sexualidade são os órgãos genitais. Assim, diriam, a despeito de uma pessoa
portar e se identificar com inúmeros símbolos de um gênero, inclusive podendo
ser materializado em seu próprio corpo, o que predominará será apenas o que
está entre as pernas: desse modo, um (sic) travesti que seja designado com o
sexo masculino ao nascimento que se relacione com um homem estará em uma
relação homossexual. A outra visão oposta é levar em consideração a identidade
de gênero, de modo que no mesmo caso anterior, este não deverá ser designado “o”
travesti, senão “a” travesti, pois ela se identifica como mulher, portanto, se
tratará de uma relação heterossexual. Outro posicionamento possível é
considerar como essas classificações são limitadas, assim uma relação com uma
pessoa transgênera que não fez a cirurgia de redesignificação sexual
simplesmente não poderá ser classificada por parâmetros cisgêneros. Nessa
lógica, aquelas pessoas que se submetem a essa cirurgia terão seus corpos
ressignificados à mesma maneira de uma pessoa cisgênera, entretanto, é possível
observar que discursos transfóbicos radicais jamais considerarão um transexual,
mesmo que operado, um homem ou mulher "de verdade" ao denominar como
uma mutilação a cirurgia.
Em um dos textos selecionados para o corpus, o psicanalista
Contardo Calligaris aborda a questão transgênera devido à repercussão do caso
do Laerte. O discurso do psicanalista é um exemplo daquele intermediário, como
já referido anteriormente: se baseia em normas classificatórias limitantes e
até mesmo cissexistas, mesmo sendo bem intencionado, por saber relativizar a
problemática do banheiro e não pretender ser escancaradamente agressivo, seus
erros são evidentes. Ele reproduz o discurso médico ao definir os (sic)
travestis (de modo a fazer oposição com as transexuais) ao ligar esta
identidade de gênero, apenas por não quererem a cirurgia de redesignificação
sexual, ao fetichismo (para ele mesmo e para os outros) e fantasias sexuais.
Ele fez uma relação não apenas indevida e reducionista da identidade travesti,
mas bastante agressiva, pois fica evidente a reprodução do discurso do senso comum
de relacionar travestis à prostituição e marginalidade, na qual a identidade
feminina e até mesmo humana é desqualificada em oposição as transexuais, que
sofrem de um distúrbio legítimo de cuidados médicos por desejarem a cirurgia
dos órgãos sexuais e entrarem um modelo cisgênero mais aceitável. Estas
sim são mulheres de “verdade”. Fazer esta relação mostra muito sobre a construção
discursiva do autor simplesmente por não relacionar estas características a
outras identidades. Afinal de contas, pessoas travestis podem ser tão
fetichistas quanto qualquer outra pessoa. Ao menos, no final de seu texto, ele
irá relativizar sobre as classificações, assim seu discurso se atenua um pouco:
“Na realidade complexa (e confusa) de sexo, gênero e orientação sexual, as
categorias que descrevi se misturam e não designam destinos”.
A situação fica ainda mais distorcida pois foi de extrema
frequência encontrar textos que misturam a questão de identidade de gênero e
orientação sexual: Laerte ao invés de ser retratado como cross-dresser,
transgênero, travesti ou outro termo que envolva identidade de gênero não
cisgênera, foi referido em alguns textos como homossexual, gay, marmanjo homo (mesmo
que, de fato, ele não o seja), já que para esses autores, e grande parcela da
população, esses termos são intercambiáveis.
Vários textos selecionados para o corpus se focam na questão
do quanto a imagem dele é masculina: por gostar de mulheres, por apresentar o
nome masculino na maioria das vezes - apesar de possuir uma página no facebook com
um perfil com o nome de Sônia -, apresentar uma voz grossa, permitir o uso da
flexão de gênero masculina, ter tido uma longa vida de aparente homem cisgênero
e não procurar nenhuma alteração corporal até agora são fatores suficientes
para vários autores inferiorizarem e limitarem a identidade de gênero ao
categorizarem ele como apenas um homem vestido ou fantasiado de mulher e,
portanto, não merecedor de frequentar espaços considerados exclusivos femininos
e até mesmo de associá-lo a imagem de um (sic) travesti fetichista (ideias
fortemente atreladas ao cissexismo). Sua mera presença nos banheiros femininos
é uma afronta à intimidade das mulheres, na qual ele estaria, segundo um texto
radicalmente transfóbico, esfregando seu falo simbólico e real nos rostos das
mulheres. A imagem ambígua, um tanto andrógina e como o próprio Laerte diz
“portador de dupla cidadania” são perfeitos para os autores cissexistas jamais
considerarem Laerte como uma mulher de verdade.
Em contrapartida, textos que defendem o uso do banheiro por
transgêneros de acordo com suas identidades, além de argumentarem para a
desnaturalização do cissexismo, citaram a existência da lei estadual
10.948/2001 que pune a discriminação por orientação sexual ou identidade de
gênero. A lei como se configura, possui caráter amplo a respeito do que seriam
essas discriminações de forma a não explicitar o uso dos banheiros, mas sob
este ponto de vista, o impedimento do uso do banheiro de fato se configura como
discriminação.
O acontecimento que ocorreu com Laerte fizeram repercussões,
além da produção de diversos textos (aqui e aqui), o vereador Carlos Apolinário (DEM) em resposta a polêmica que foi gerada,
propôs um projeto de lei sobre o terceiro banheiro para as pessoas
transgêneras, como será mostrado logo, trata-se de uma proposta não
revolucionária, ao contrário, terá um perfil de reacionarismo extremo. Antes,
para ilustrar essa situação, vale uma citação de Sírio Possenti (2006):
"(..) o conjunto dos textos começa a remeter não só ao
próprio acontecimento, mas também a outros textos e a outros
acontecimentos que este levou a rememorar. Dessa maneira, forma-se uma espécie
de arquivo, no interior do qual as relações intertextuais e interdiscursivas se
desenham, as diversas posições se materializam, as posições vão se repetindo ou
se renovando".
A proposta do vereador é claramente segregacionista, ao
invés de propor uma alternativa, ele propõe uma obrigatoriedade do uso desse
novo banheiro para aqueles que não entram não apenas no padrão cisgênero, mas
também no heterossexual. Mais uma vez é observada a confusão entre orientação
sexual e identidade de gênero, já que, a partir dos textos coletados, a lei
propõe a criação do banheiro para uso de todas as pessoas em especial o público
LGBTT. Sua argumentação torna-se ridícula, apenas ao afirmar que o
banheiro não seria permitido a entrada de menores de idade sem a presença de
responsáveis, já explicita suas ideologias extremamente conservadoras e
preconceituosas. Ao fazer essa declaração, é subentendido que estas pessoas
fora do padrão de gênero e orientação estão fora das regras dos bons costumes e
que devem, portanto, não influenciar os menores com suas imoralidades. Ele
trata os direitos como privilégios, portanto, os gays estão muito folgados: “Os
gays no Brasil são muito folgados. Eles querem privilégios, e isso não pode
acontecer. Como a sociedade caminha para essa abertura sexual, acho natural
criarmos uma opção unissex. O que não é possível é minha mãe entrar em um
banheiro e encontrar um homem vestido de mulher” (Fonte).
Para finalizar a partir de uma citação de uma campanha encontrada pela internet, que acredito sintetizar a
intenção desta análise, as autoras Paki Venegas Franco e Julia Pérez Cervera
fazem uma reflexão muito interessante - que denuncia o sexismo na língua - para
desconstruir o uso da flexão gramatical de gênero masculino como o suposto
neutro na língua portuguesa. O cissexismo pode ser entendido como uma forma
específica do sexismo convencional, ambos não apenas denominam as opressões,
mas a partir da criação destes termos, nós somos impelidos a pensar nas
maneiras de criarmos resistência a elas:
"A gente ataca os discursos androcêntricos e sexistas
fundamentalmente quando há consciência de sua existência e desenvolvendo outros
discursos e formas de representação alternativas que as pessoas possam, com o
tempo, incorporar a seu próprio método de entender a realidade".
Ao ir além do binarismo de gênero, Laerte nos mostra o quanto isto está enraizado em nossa sociedade. É frequente, como tenho visto, até mesmo pessoas trans* estranharem a apresentação e identidade de Laerte, pois mesmo para alguém transgênero, identificar-se dentro do binário lhe garante um passo a mais para legitimar a sua existência. Alguém que atravessar um gênero a outro terá um grande desafio, mas aquele que ousar destruir os esteriótipos de gênero terá um maior ainda.
Ao ir além do binarismo de gênero, Laerte nos mostra o quanto isto está enraizado em nossa sociedade. É frequente, como tenho visto, até mesmo pessoas trans* estranharem a apresentação e identidade de Laerte, pois mesmo para alguém transgênero, identificar-se dentro do binário lhe garante um passo a mais para legitimar a sua existência. Alguém que atravessar um gênero a outro terá um grande desafio, mas aquele que ousar destruir os esteriótipos de gênero terá um maior ainda.
Gostaria de lhe contar a minha experiência. Sou homem transexual. Quando ainda pensava ser lésbica eu tinha mil problemas em usar o banheiro feminino por sempre ter sido masculino, acabei passando a usar o masculino mesmo antes de me descobrir como homem, lá nunca tive problemas. Também connheço uma lésbica que, por ser masculina, nem vai ao banheiro em locais públicos, ou se vai pede para sua companheira acompanhá-la para não ter problemas. Desta forma, o preconceito não é só com transgêneros femininos, mas com qualquer diferente, não quero diminuir a polêmica, gostaria mesmo é de aumentá-la a ponto de sugerir que não deveríamos mais ter a divisão dicotômica em dois sexos, que só serve de instrumento de dominação de tod@s pelos homens heteronormativos que se encaixam no padrão escolhido. Desculpe o desabafo. Acredito que talvez não possa publicar meu comentário, mas queria expor este lado do problema dos banheiros.
ResponderExcluirOi, Renato, claro que seu comentário será publicado, como já foi. Não costumo mediar comentários.
ExcluirAdorei sua contribuição tambem acho isso, que o problema eh esse binarismo. A Bia ainda está preparando a conclusão em que ela fala exatamente disso.
Obrigado pela contribuição.
Eu só retiraria do texto a charge que diz que TODO MUNDO tem desejo sexual. Afinal, existem pessoas asssexuais.
ResponderExcluirMas a charge diz isso: todas as pessoas tem desejo por homem, mulher, ambos ou nenhum (desejo)
ExcluirAquela do Laerte que diz que "Todas as pessoas tem orientação sexual - desejo por homens, mulheres, ambos ou nenhum"? De fato existem pessoas assexuais que não tem desejo sexual, talvez aquele nenhum possa ser interpretado como "nenhum desejo"(mas que infelizmente ficaria meio paradoxal mesmo já que se é afirmado no inicio que "todas as pessoas tem orientação sexual" mas daí tem uma discussão de termos: pessoas assexuais tem orientação sexual (nula) ou simplesmente não tem orientação), a outra interpretação seria que o "nenhum" se refere a pessoas fora do binário. Mas acho que essa tirinha tem muitas partes boas e coerentes com o texto, acho que vale mais a pena deixa-la e explicar esse detalhe!
ExcluirRenato K. seu comentário foi muito pertinente! Não é por eu ter abordado apenas a questão dx Laerte é que desconsidero a questão dos homens trans: eles possuem as mesmas problemáticas, mesmos que em certas ocasiões sejam vistos de forma diferente pelo senso comum (pois vcs muitas vezes são esquecidos, já percebi isso várias vezes). Realmente esqueci de falar dos homens trans, seria ótimo ter encaixado isso pois em um dos textos transfóbicos é falado que apenas os "homens transexuais" (na verdade mulheres trans) é que invadem os banheiros femininos, se não me engando é do Reinaldo Azevedo.
ResponderExcluirBjs!
Parabéns pelo texto, Bia! Muito enriquecedor mesmo. Gostaria de te convidar para, quando vc se sentir mais à vontade, narrar sua história pessoal, suas lutas, suas conquistas, num guest post no meu blog. Eu quero muito tratar do tema da transexualidade no meu blog, mas primeiro que não tenho conhecimento pra isso, e depois que só chegar com posts falando de cissexismo (um termo desconhecido para a enorme maioria da população -- inclusive a população do meu blog) iria afastar muita gente. Por isso acho que o caminho, pelo menos num blog leigo como o meu, é primeiro o da identificação, da empatia. É trazer esses temas através de relatos pessoais. O pessoal é político, afinal.
ResponderExcluirE eu estava pensando nisso esses dias: por mais que o caso do "Laerte e os banheiros" ser importante para trazer uma discussão sobre trans (e, logicamente, para expor todos os preconceitos das pessoas que não aceitam nada além do padrão binário), ela ao mesmo tempo reduz as inúmeras dificuldades que pessoas trans enfrentam à uma questão de "que banheiro público usar". E essa é só a pontinha do iceberg.
Bom, querid@s, vou retuitar este texto com muito prazer. E estou ansiosa pra rever vcs no dia 28/5!
Que legal, Lola, a Bia tá aqui do meu lado toda derretida. Já já ela entra aqui e comenta.
ExcluirMuito bacana que vc vem no dia 28. Bia e eu vamos participar de uma mesa nesse mesmo evento.
Obrigada Lola! Fiquei muito feliz com o convite. De fato a questão do banheiro é só a pontinha do iceberg, espero fazer meu relato abrangendo de forma ampla os empecilhos das pessoas trans. Beijos!
ExcluirÓtimo texto, Bia. Esclarecedor. :-)
ResponderExcluirAcho bem interessante essas conversas de significado de crossdresser, travesti e transgeneros do tipo ... principalmente porque uma das definições de travesti inclui não desejar fazer a cirurgia de redesignação, mas por exemplo varios homens trans são considerados transexuais e não travestis mesmo com eles não desejando fazer a cirurgia de redesignação ... seria a evolução das técnicas cirurgicas modificando a aceitação das palavras ? heheh
ResponderExcluirComo a opção de ignorar todo esse papo de cis e trans esta meio fora de cogitação, eu voto em simplesmente adotar trans para tudo que não é cis e ignorar todos os travestis, crosdressers, intergeneros e coisas do tipo, porque por mais que seja considerado "doença", soa no minimo errado dizer que "transexual é mais transgenero que travesti por querer fazer a cirurgia" ou algo do tipo da mesma forma que se pode chamar um resfriado mais fraco que uma gripe ou um tumor benigno mais fraco que um maligno. Se ta tudo no mesmo balaio, por que não tudo o mesmo nome ?
Laerte é trans, mas principalmente, Laerte é tão genial que não é gênia, é Deusa no sentido mais wicca da coisa.
E meio offtopic ... que evento/debate/mesas são essas que eu não to achando nada online ou qualquer tipo de cartaz do ifch, no iel e no ia ?