tag:blogger.com,1999:blog-64570911502787216962024-03-13T07:41:20.344-03:00O que você faz com a sua língua?Um blog que pretende mostrar a língua para você!Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.comBlogger31125tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-50644485889663013462017-09-05T17:41:00.001-04:002017-09-05T17:43:31.675-04:00A colônia e nós. Uma aventura transgênera pela Análise do Discurso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-q-xHAmKwieA/Wa8aAWbTAKI/AAAAAAAABh0/yIh5Dl7t7bYYwHAfnTrkp24A0Zp6fTnQwCLcBGAs/s1600/Suborno-cultural_a-estrat%25C3%25A9gia-do-colonialismo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="234" data-original-width="234" src="https://2.bp.blogspot.com/-q-xHAmKwieA/Wa8aAWbTAKI/AAAAAAAABh0/yIh5Dl7t7bYYwHAfnTrkp24A0Zp6fTnQwCLcBGAs/s1600/Suborno-cultural_a-estrat%25C3%25A9gia-do-colonialismo.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; color: #1d2129;">Hoje eu saquei a estratégia argumentativa da colônia. Os grandes nomes da academia usam a estratégia de deturpar, enviesar e invisibilizar o ponto de vista que eles não compartilham para enfraquecê-lo de maneira a parecer que sua argumentação é irresistível. É o problema da torre de marfim também, em que ELES olham para NÓS e nos explicam e categorizam, como se eles também não fizessem parte de alguma categoria. Como se ELES, os analistas, estivessem fora do discurso da verda</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline;">de. E o pior é que ELES combatem NOSSAS maneiras de explicar o mundo alegando que NÓS, os sujeitos da análise, é que estamos impregnados pelo discurso da verdade. Dizer que algo não é verdadeiro também é uma afirmação que pertence a lógica da verdade. Então, quando algum analista nega o ponto de vista dos sujeitos da sua análise, ele está simplesmente impondo de maneira sutil a sua nova verdade, que tem o ar de ser muito mais limpinha, porque circula num espaço que a legitima, como é a academia. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">A análise do discurso faz isso com a Pragmática. Alguns analistas importantes recortam ideias da pragmática, enviesam o pensamento pragmático para afirmar que a Análise do Discurso é superior à Pragmática. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Hoje, ouvi trechos de uma palestra que me fez cair o cu da bunda. A mãe da análise do discurso veio a público criticar o termo “cisgênero”, sob a alegação de que essas categorias não dão conta do detalhe (Daí, eu mesma fiquei me perguntando: qual categoria dá conta do detalhe?). Ela citou um trecho do texto da <a class="profileLink" data-hovercard-prefer-more-content-show="1" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100003487835569&extragetparams=%7B%22fref%22%3A%22mentions%22%7D" href="https://www.facebook.com/leila.dumaresq?fref=mentions" style="color: #365899; cursor: pointer; text-decoration-line: none;">Leila Dumaresq</a> “<a href="http://transliteracao.com.br/leiladumaresq/2014/12/o-cisgenero-existe/">O cisgênero existe</a>” e sequer mencionou a autoria. Foi logo tratando de destilar suas crítica sutis, sob uma retórica non-sense, rebuscada e opaca ao termo “cisgênero” ali debatido. Sorte que pudemos reconhecer a autora do texto e saber que alhos não são bugalhos, mas os demais que ali presenciavam o discurso acadêmico de lágrimas cis não poderiam imaginar a fonte daquele excerto. Justo a AD que tanto presa pela autoria. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Sob o manto do prestígio e com uma voz que tem ecoado na análise do discurso desde sua fundação, a dita cuja caiu de paraquedas na discussão sobre gênero e veio querer sentar na janelinha. O que me pareceu foi que a pessoa tinha acabado de descobrir a palavra “cisgênero” e quisesse revolucionar o pensamento com uma “análise crítica”. Isso é injusto com todo acúmulo de conhecimento e debate e é muito mais injusto ainda não dar caso às vozes dos sujeitos, que por acaso também são analistas. Pessoas trans parecem que tem a sina de serem invisibilizadas aonde quer que queiram estar. Inclusive, quando conquistam espaços de prestígio. </span></div>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline;"></span></span><br /></span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Mas o que me consola é que o tempo vai dar um jeito nisso. Eu acredito que o mundo dá voltas e a colônia logo logo não vai dar conta da gente. Dentro em breve os acadêmicos não poderão mais falar suas bostas em 4 paredes sem que sejam problematizados</span></div>
Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-21146336185899833742017-09-05T17:23:00.000-04:002018-03-07T15:20:51.612-03:00Tupi-guarani uma ova!!<br /><br />Eu sempre escuto um uso equivocado da palavra "TUPI-GUARANI".<br />O senso comum pensa que os povos de hoje ou os povos da época da invasão colonial falavam ou eram "tupis-guaranis". De certo modo sim, pois se trata da característica da família linguística. Mas, no sentido mais trivial, não. A língua tupi-guarani não existe, pode ter existido um proto-tupi-guarani (e talvez nem mesmo ela, porque isso tb é só teoria acadêmica. Talvez nem seja adequado falar em "família". Há teóricos que falam de ramos e subramos e etc etc.. Teorias acadêmicas). Mas partindo desse pressuposto, tupi-guarani não é uma língua específica falada hoje. Hoje o que os povos indígenas provenientes desse grupo falam é guarani, tembé, urubu-kaapor, sirionó, guarayo, kamayurá, tapirapé, etc... Hoje são um pouco mais de 30 as diferentes línguas que compõe a família tupi-guarani.<br />Tupi-guarani não é uma língua e nem uma etnia específica. É o nome de uma família (ramo, grupo) de diferentes línguas.<br />Pensar que todo e qualquer índio é um tupi-guarani é o resultado do olhar simplista e invisibilizador do protagonista branco. <br />Os/as índios/as somos muito diversos/as. E isso porque estou apenas mencionando o tupi-guarani. Imagine se pensarmos no tronco Tupi, em outros troncos como o macro-Jê, em tantos outros ramos e nas dezenas de famílias e línguas isoladas não classificáveis?<br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Ik5YMoftyho/Wa8VqIiVpxI/AAAAAAAABhU/s5A0JRTQOBsn1TDN5I_6VTCdo7dx87YIQCLcBGAs/s1600/21314288_1355077601257117_5677481726880033103_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="671" data-original-width="578" height="640" src="https://1.bp.blogspot.com/-Ik5YMoftyho/Wa8VqIiVpxI/AAAAAAAABhU/s5A0JRTQOBsn1TDN5I_6VTCdo7dx87YIQCLcBGAs/s640/21314288_1355077601257117_5677481726880033103_n.jpg" width="550" /></a></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px;"><br /></span>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-46518484261688217962016-11-30T19:54:00.002-03:002016-11-30T19:58:08.461-03:00Reflexões sobre a patologição da infância<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Depois de tanto tempo, olha só quem tá aqui??</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O texto de hoje é assinado pela Kiô Ramirez</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A patologização de comportamentos considerados
“anormais” tem se tornado cada vez mais comum, especialmente na idade escolar.
Crianças com um ritmo de aprendizado diferente ou com uma deficiência de estímulos
das habilidades da linguagem são rotuladas e tem sua identidade marcada por um
laudo médico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Crianças que apresentam dificuldades comuns no
processo de letramento, como por exemplo, a troca de “p” por “b” ou ainda que
apresentam dificuldades em completar um raciocínio lógico são corriqueiramente diagnosticadas
como portadoras de dislexia, o que acarreta na sua exclusão do processo regular
de ensino. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Esta exclusão se manifesta das maneiras mais sutis
até as mais severas. Além de dar respaldo ao <i>bullying</i>, na maioria das vezes, estas crianças são consideradas
menos capazes tanto pelos colegas quanto pelos professores. Ao serem excluídas
e tratadas como “café com leite”, na maioria dos casos, estas crianças são alocadas
para salas especiais cujos conteúdos são reduzidos. Isto, por sua vez,
ocasiona-lhes um enorme déficit de conteúdo e de desenvolvimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O comportamento humano é muito mais complexo
que um rótulo de TDH, de dislexia ou de hiperatividade. Neste sentido, Martz,
Teixeira e Gomes (2015) nos alertam para o determinismo biológico: “Ao mesmo
tempo em que o olhar da medicina avança de modo importante ao compreender os
mecanismos de funcionamento do corpo, perspectivas histórico-sociais têm
apresentado com muito cuidado olhares para o ser humano que nos permitem dizer
que há um perigoso risco no determinismo biológico, do reducionismo do ser
humano à lógica de seu funcionamento orgânico” (p. 175).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A medicina pode ser muito eficiente em explicar
e prever características físicas como a cor dos olhos e a cor da pele, mas não
pode determinar, por exemplo, o gênero, já que o gênero, assim como a linguagem
são construções sociais, não sendo, portanto, determinadas exclusivamente pelos
fatores orgânicos. Nesta perspectiva, até mesmo a corporalidade, a cor da pele
e dos olhos têm suas implicações sociais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Vale ressaltar que a construção das nossas
identidades não são processos naturais (Martz, Teixeira e Gomes, p. 177). No processo
de construção da identidade estudantil, por exemplo, a identificação do
estudante com a identidade de aluno exemplar é tão anti-natural quanto sua
identificação como “aluno-problema”. Essas duas categorias são impostas por um
sistema de ensino que limita todas as diversas formas de aprender, pois está focado
apenas no modelo padrão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A partir de qual momento da fase escolar uma
criança alegre, que brinca com amigos, é interativa se torna um “problema”? Qual
o limiar para transformar essa criança saudável em “doente”? Qual a real
implicação em medicalizar crianças que, em nome de um padrão de ensino
excludente e pouco flexível, recebem um diagnóstico que regula seu
comportamento? Seria esta uma tentativa real de incluir essas pessoas no
sistema de ensino ou simplesmente uma ferramenta usada para colocar esses
indivíduos em uma posição inferiorizada? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A construção da identidade é um processo
constante, proteiforme e que depende do contato com o outro. É através desse
contato que descobrimos novas formas de ser e de agir. Isso não acontece só com
os seres humanos. Diversos estudos mostram que a maioria dos pássaros recém-nascidos
não saem da proteção de sua mãe e continuam no ninho até que sua estrutura
muscular se desenvolva o suficiente. Enquanto estão no ninho, sendo alimentos
pelos pais, os filhotes acabam desenvolvendo uma dependência que precisa ser
ultrapassada. Os pais, então, encorajam suas crias e incentivam pequenos
avanços. É comum que os filhotes caiam do ninho e não consigam voar de
primeira, mas os pais sempre incentivam novas tentativas e mostram que a prática
leva a perfeição (Tomasello, 2003).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Assim como aprender a voar não é tão instintivo
e nem tão fácil quanto se pareça, o processo de letramento, apesar de estar tão
enraizado e naturalizado, tampouco o é. É comum que o processo de aprendizagem
não seja tão fluido para todos, dificuldades no meio do caminho são esperadas.
Um simples problema comum na aquisição da escrita como a troca de “p” por “b”,
por exemplo, não pode ser encarado como um sintoma de alguma patologia, mas sim
como uma etapa natural do processo de letramento. Cada indivíduo tem uma
habilidade diferente, mas é preciso sempre incentivar novas tentativas e
principalmente, não desistir do aluno, pois a capacidade de aprender é comum a
nossa espécie, cabe aos educadores mostrar que existem vários caminhos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A escola tem como objetivo atingir e ensinar a
todos através de um sistema de ensino homogêneo, que ensina todos da mesma
maneira. O que acaba por desconsiderar as desigualdades sociais, as
particularidades que diferenciam e caracterizam cada aluno. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Muitas vezes os alunos se sentem entediados e
desinteressados em sala de aula, pois o conteúdo das disciplinas são
inacessíveis a linguagem e a visão de mundo do aluno. O professor, nestes
casos, não sabe lidar com situações deste tipo e o aluno fica desamparado. É
preciso que os educadores estimulem a imaginação e o interesse do aluno
trazendo para a sala de aula elementos que não estão presentes no cotidiano
escolar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Neste sentido, a tecnologia pode ser uma
grande aliada ao processo de letramento, já que uma grande parte das crianças está
habituada ao uso de celulares e crescem mediadas pelo computador seja jogando,
desenhando ou simplesmente brincando. A tecnologia pode ser usada para
incentivar a leitura e o reconhecimento de sílabas. O </span><b>AniWorld</b> é um
bom exemplo de aplicativo que pode auxiliar no processo de letramento. O
aplicativo funciona como um zoológico virtual com dezenas de animais, inclui <span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">o que os animais podem e não podem
comer, onde vivem e onde dormem. Com mais de 250 imagens é uma ferramenta que
distrai enquanto ensina. Esse programa, disponível em Android, incentiva a
leitura e o reconhecimento de sílabas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Quando a criança está na escola e já tem um
histórico de dificuldade de aprendizado, o aluno acaba se sentindo obrigado a
aprender. Este tom de obrigação dificulta a concentração e, inclusive, pode ser
traumático para o aprendiz, já que o método de ensino é homogêneo e a criança
não consegue se desenvolver nesse ambiente. A tecnologia a distrai, porque
chama a atenção visualmente e força a criança a ter um mínimo de concentração para
cumprir pequenos objetivos. Assim ela nem percebe que está aprendendo, tornando
o processo menos doloroso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">É preciso entender que a patologização da
infância não traz nada de positivo, apenas contribui para a manutenção do preconceito
entorno das noções de normalidade, anormalidade e patologia. Os tratamentos propostos
a partir de um diagnóstico são baseados na incapacidade do sujeito. Porém não
podemos simplesmente acreditar que o sistema de ensino atual é capaz de acolher
e ensinar a todos, já que ele tem como ideia a homogeneização do conteúdo. As
crianças que não se encaixam nesse sistema devem ter uma atenção especial, não
por que são incapazes de aprender ou pensar, mas porque o sistema não está
preparado para lidar com pessoas que não seguem os padrões impostos pela
sociedade normativa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Referências
bibliográficas:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">MARTZ, M. L. W. ; TEIXEIRA, V. R. V. ; GOMES,
Jason . Determinismo biológico: a necessidade da desconstrução desse olhar no
contexto educacional. Sociedade e Medicalização. 1ed.Campinas: Pontes, 2015, v.
1, p. 175-.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Tomasello, M.Origens culturais da aquisição do
conhecimento humano. (C. Berliner, Trad.) São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho
original publicado em 1999), 2003<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-39152350154482437482014-09-11T10:33:00.002-04:002014-09-11T10:51:16.271-04:00Em convite: Análise crítica do filme 'A guerra do fogo' (1981) sob a perspectiva das teorias evolutivas da linguagemDepois de muito tempo parado, o bloguinho volta com uma resenha do filme "<a href="https://www.youtube.com/watch?v=xsXWm1DLzwo">A guerra do fogo</a>" (Quest for fire), de Annaud.<br />
Trata-se de um filme que levanta muitas questões filosóficas sobre como eram e evoluíram nossos antepassados. "A guerra do fogo" também pode ser discutida sob diferentes aspectos do conhecimento como a antropologia, a sociologia, a psicologia. Aqui, no entanto, Frederico Prado, um aluno do curso de Linguística da Unicamp, faz uma análise com foco em algumas teorias sobre evolução da linguagem. <br />
<br />
***<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-D-4Q6RSvr58/VBGya6-X1PI/AAAAAAAAAtw/wkrdrrNLlLc/s1600/Quest_For_Fire__001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-D-4Q6RSvr58/VBGya6-X1PI/AAAAAAAAAtw/wkrdrrNLlLc/s1600/Quest_For_Fire__001.jpg" height="267" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<h3>
<span style="font-size: small;">1) Informações gerais</span></h3>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 107%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 107%;">A Guerra do Fogo (fr: La Guerre du Feu) foi um filme dirigido por
Jean-Jacques Annaud, em cartaz no ano de 1981. O filme tornou-se, nas décadas
seguintes, uma espécie de produção emblemática sobre a humanidade primitiva,
normalmente exibido em escolas nas aulas de ciências naturais ou história
para dar uma representação visual das condições de existência do homem
pré-histórico. Além disso, obteve grande sucesso comercial e razoável sucesso
de crítica.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 4.2pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 113%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">O filme narra, ao longo de uma hora e quarenta minutos, a história
de três integrantes de uma tribo de Homo neanderthalensis, que têm para si
designada a tarefa de buscar fogo após a última chama conservada por sua tribo
ter se apagado num incidente. Os três Neanderthais saem então em busca do
fogo ao longo do território que corresponde hoje ao continente europeu. No
percurso, passam por situações envolvendo a fauna selvagem e tribos hostis,
além de interagirem com outras espécies do gênero Homo, em especial uma tribo
de Homo sapiens, da qual uma integrante se assimila ao grupo de Neanderthais.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 113%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 2.95pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Estão presentes no filme três grupos identificáveis: i) duas tribos de Neanderthais ii) uma tribo
de Homo erectus iii) uma tribo de Homo sapiens. No primeiro grupo, as duas
tribos são apresentadas de forma semelhante: utilizam vestimentas
rudimentares, organizam-se em grupos, utilizam ferramentas </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">e armamentos simples (lanças de </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 119%;">madeira, pedras afiadas) e desconhecem a técnica para criar fogo
independentemente de fatores externos. O que diferencia a primeira tribo (a
qual pertencem os três personagens principais) da segunda é que essa mantém o
hábito do canibalismo, e mostra-se especialmente agressiva. O segundo grupo
aparece brevemente nos minutos iniciais do filme, atacando a tribo do grupo de Neanderthais
numa tentativa de obter o fogo que mantinham aceso. Os Homo erectus não trajam
vestimentas, sua aparência é mais próxima dos primatas não humanos e não
usam ferramentas, embora pareçam deter conhecimento suficiente para arquitetar
armadilhas usando grandes rochas. O terceiro grupo, dos Homo sapiens, é extensamente exposto na segunda metade do filme. Não usam vestimentas, mas
trajam máscaras e pinturas corporais. Tem conhecimentos de produção de
remédios herbais e de objetos complexos (vasos, flechas, cabanas), além de
apresentarem cultura e linguagem desenvolvidas e bem definidas. São o único
grupo de humanos a dominar a técnica para produção de fogo. A maior parte do filme mostra o contraste deste grupo cultural e tecnologicamente avançado com os
Neanderthais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 119%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: .4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 119%;"><o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 11pt;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 11pt;">
</span>
<div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 11pt;"><br /></span></div>
<div>
<div class="WordSection1">
<h3 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 29.4pt; text-align: justify; text-indent: -29.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;">2) Linguagem </span></span></h3>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.05pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Pz8FBBQaRJg/VBGyib5NYFI/AAAAAAAAAt4/ngqliZFhYew/s1600/08032601_blog.uncovering.org_fogo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-Pz8FBBQaRJg/VBGyib5NYFI/AAAAAAAAAt4/ngqliZFhYew/s1600/08032601_blog.uncovering.org_fogo.jpg" height="132" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 117%; margin: 0cm 0cm 0.0001pt 0.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 117%;">No que tange à linguagem, os assessores responsáveis pelo filme
foram o linguista e es</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 106%; text-align: justify;">critor britânico Anthony Burgess e o sociobiólogo Desmond
Morris. Burgess criou o idioma falado pelos Neanderthais, e Morris
supervisionou a linguagem gestual utilizada pelos homens primitivos.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 2.9pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 112%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Ao longo do filme, os personagens de cada grupo se comunicam de
formas distintas. Os Homo erectus não apresentam qualquer tipo de linguagem
vocal ou gestual articuladas, produzem meramente vocalizações curtas para
anunciar seu ataque.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 112%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 2.2pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 113%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Os Neanderthais da primeira tribo (não canibal) se comunicam ao
longo de todo filme num idioma artificial criado por Anthony Burgess. O idioma
parece baseado num conjunto misto de raízes lexicais saxônicas e latinas (indoeuropeias). Há raros momentos em que frases inteiras são articuladas, e o que predomina são
enunciações curtas referenciais (os personagens vêem algo no ambiente
externo, como fogo, e anunciam repetidas vezes a palavra correspondente).</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 113%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 2.4pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 113%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Os Homo sapiens apresentam idioma complexo, expressando-se sempre
com sequências rápidas de frases longas, aparentemente conectadas por
subordinações. Detêm a capacidade de expressar emoções (há uma cena
interessante em que a personagem Homo sapiens ri de um acontecimento,
enquanto os Neanderthais não demonstram qualquer noção de senso de humor ou
acontecimento humorístico) e de explicar processos externos.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 113%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 2.4pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 100%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 100%;">Os Homo sapiens e os Neanderthais não
falam idiomas mutuamente inteligíveis, mas ainda assim se comunicam repetindo
sons, em alguns momentos fazendo gestos referenciais simples.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 100%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 3.85pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 119%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 119%;">Na maior parte do filme, o que prevalece é a linguagem oral e as vocalizações simples. Mesmo os grupos com idiomas
vocalmente pouco desenvolvidos se comunicam de forma primariamente sonora,
são raros momentos em que há gestualização para expressão, e ainda mais
raros os momentos em que a gestualização acompanha a linguagem </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 106%;">oral. Os assessores do filme
parecem não ter dado atenção para este aspecto da comunicação humana, ao
menos não da forma que teorias mais recentes de evolução da linguagem dão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 10.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.95pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<h3 style="line-height: 99%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 29.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; tab-stops: list 29.4pt; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -29.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 99%;"><b>3) Teoria evolutiva da
linguagem </b></span></h3>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 14.1pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 119%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: .4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: inter-ideograph;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-W03gE9pHC4k/VBGyps6zcYI/AAAAAAAAAuA/Qz2g_tQmN5U/s1600/159_15.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-W03gE9pHC4k/VBGyps6zcYI/AAAAAAAAAuA/Qz2g_tQmN5U/s1600/159_15.jpg" height="136" width="200" /></a><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 119%;">Teorias mais recentes que
tratam da evolução da linguagem têm dado foco à comunicação não verbal de
gestos manuais e faciais, afirmando a linguagem enquanto multimodal, em
oposição à visão puramente oral da comunicação humana. Arbib [2] argumenta que
foi a capacidade avançada </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 113%;">de imitação humana (ligada a conjuntos neurais específicos
funcionais, os neurônios espelho) unida à comunicação gestual que permitiu o
desenvolvimento de protossignos para a posterior gênese da protolinguagem. Essa
teoria vai diretamente contra as ideias de evolução direta da vocalização
primitiva em primatas para a linguagem oral em humanos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 1.45pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 101%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: .4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 101%;">Corbalis
[1] desenvolve a teoria numa tentativa de explicar mais a fundo como surge e
se opera a linguagem gestual e, mais fundamentalmente, como se deu a passagem
de gestos para oralidade na linguagem humana.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 101%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 2.95pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 119%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: .4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 119%;">Segundo o
autor, em um dado momento da pré-história humana, surgiram pressões para o
emprego de estruturas linguísticas mais complexas, ligadas a narração de
acontecimentos passados e o planejamento de feitos futuros (mental time
travel), o que teve como consquência a emergência de estruturas gramaticais
que iam além da comunicação simplesmente referencial. Igualmente, com o uso
cada vez mais frequente de ferramentas, as mãos dos humanos primitivos foram
se ocupando, e a gestualização manual foi passando gradativamente para a área
da face e boca, e daí para a vo</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">calização
oral.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 3.6pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 105%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 105%;">Os dois autores se encaixam dentro da
teoria evolutiva da linguagem humana, sob a qual analisamos o filme "A Guerra do
Fogo" com um viés crítico na próxima sessão.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 105%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 105%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 105%;"><br /></span></div>
<h3 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 29pt; text-align: justify; text-indent: -29pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">4)</span> <span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Comentários críticos <span style="font-size: 17pt;"><o:p></o:p></span></span></h3>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.25pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-3q6G1LnOeu4/VBGyv_mHrPI/AAAAAAAAAuI/fChLx0Fw_TQ/s1600/images%2B(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-3q6G1LnOeu4/VBGyv_mHrPI/AAAAAAAAAuI/fChLx0Fw_TQ/s1600/images%2B(1).jpg" height="167" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 108%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 108%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 108%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 108%;">Em "A Guerra do Fogo", a linguagem não é exposta como multimodal. Há momentos em que existe gestualização por parte dos personagens, como por
exemplo quando o grupo de Neanderthais encontra animais para caça e passam a
fazer movimentos com os lábios para indicar desejo por alimento. No entanto,
essa presença de gestos não é consistente ao longo do filme, sendo mais pontual
em raros momentos, e quase nunca concomitante às vocalizações. Os produtores
do filme parecem ter optado por uma perspectiva unimodal da linguagem: ou os
homens primitivos vocalizavam, ou faziam gestos.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 108%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 2.85pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 113%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Isso vai de frente contra as teorias expostas na sessão
anterior. Numa refilmagem atualizada do longa, seria mais adequado, à luz dessas
teorias, que os homens primitivos gestualizassem mais frequentemente para se
expressar. A forma dessa gestualização também deveria ser diferente para os
dois grupos humanos (sapiens e Neanderthalis), como veremos a seguir.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 113%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 2.05pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 119%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 11.7pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 119%;">Os
Neanderthais, como já mencionado, apresentam linguagem oral mais simples e curta,
em que predomina o referencial, e não existe o narrativo. Seria esperado,
portanto, que fizessem uso extenso de gestos para se expressarem, o que não
ocorre. Pelo contrário, insistem na repetição vocálica primitiva,
assemelhando-se a primatas. Diante do fato de que dominam outras áreas </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 118%; text-align: justify;">do conhecimento, como a fabricação de vestimentas e ferramentas,
torna-se pouco coerente que sua linguagem se resuma a esse tipo de
vocalização, especialmente levando </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 113%; text-align: justify;">em consideração que
a fabricação de objetos depende em primeira instância da coordenação
motora. Por que, então, a habilidade manual existe apenas para um tipo de
tarefa (de manufaturar objetos) mas não para a linguagem, ainda mais
essencial? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 2.9pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 113%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">No caso dos Homo sapiens, chama a atenção sua linguagem oral
complexa e a presença de uma cultura desenvolvida. De certa forma, isso esta de
acordo com as teorias evolutivas da linguagem: no filme, os Homo sapiens estão
no estágio narrativo da linguagem, isto é, realizam a viagem mental no tempo na
medida em que a cultural depende da capacidade narrativa. Nesse sentido, sua
linguagem é gramaticalmente complexa e articulada, e primariamente oral, embora
os personagens Homo sapiens sejam os que fazem uso mais extenso da linguagem
corporal. Por outro lado, nas cenas emblemáticas em que ensinam os
Neanderthais como fabricar fogo não há nenhum tipo de comunicação linguística. O que ocorre é a demonstração pura e simples: o Homo sapiens apenas
realiza a tarefa na frente do Neanderthal, esperando que este aprenda por
imitação.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 113%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 3.2pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 119%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 119%;">Novamente, parece estranho que o grupo
humano que tenha desenvolvidas as capacidades narrativas e explicativas não
faça sequer uma tentativa de explicação da técnica de fabricar o fogo, tão
crucial dentro do enredo do filme. Embora a cena seja talvez a mais interessante
do filme, seria mais adequado que a personagem Homo sapiens ao mínimo
demonstrasse gestualmente (ou numa união de gesto e oralidade) o que está fazendo, explicando o que é cada objeto envolvido na técnica, como eles se
articulam.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 119%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 2.7pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 105%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Outro elemento
incoerente se da na comunicação emocional que ocorre entre um dos personagens
Neanderthais e a personagem Homo sapiens, que se envolvem amorosamente ao
longo da trama. Deixando </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 113%;">de lado as
incongruências biológicas e antropológicas desse acontecimento, é importante
observar que os dois personagens desenvolvem um sentimento afetivo complexo,
que exige um raciocínio simbólico também complexo e, portanto, linguagem para
compreensão e expressão dessa simbologia. No entanto, no filme a comunicação
entre os dois personagens se opera raramente, e de forma vocal simples e
demonstrativa. Mais uma vez é estranho que a capacidade de sentir afeição
esteja separada da capacidade linguística de expressá-la e entendê-la. Numa
possível refilmagem, seria mais razoável que as personagens comunicassem sua
afeição por meio de uma linguagem gestual única desenvolvida pelos dois
mutuamente ao longo da trama.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 2.35pt; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 113%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 11.7pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Por fim, numa das cenas finais, o personagem principal Neanderthal se
une novamente a sua tribo, agora com a técnica de como produzir fogo aprendida
com a Homo sapiens, e se põe a narrar todos os acontecimentos de sua jornada.
Não é muito coeso que os Neanderthais que até então não articulavam frases
inteiras tenham adquirido subitamente, sem nenhuma passagem do gestual para o
vocal, a capacidade de narrar feitos passados. Nessa narrativa do personagem
não há também qualquer linguagem de gestos, apenas a narração oral. Uma
possibilidade melhor, sob a luz das teorias apresentadas, seria de apresentar
os Neanderthais primeiramente se valendo de uma linguagem muito mais gestual do
que vocal e, ao longo de seu contato com os Homo sapiens, iriam incorporando a
vocalização aos gestos para expressar os ensinamentos e, nestas cenas finais,
narrar sua jornada.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 113%;"><o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;"><br clear="all" />
</span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 1.15pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="WordSection1">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><b>Referências:</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 95%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; tab-stops: list 18.0pt; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -18.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">[1]<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Corballis, M. C.
(2009). The evolution of language. Annals of the New York </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Academy of Sciences,
1156, 19-43.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12.5pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 105%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-list: l0 level1 lfo1; mso-pagination: none; punctuation-wrap: simple; tab-stops: list 18.4pt; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -18.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 11.5pt; line-height: 105%;">[2]<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 11.5pt; line-height: 105%;">Arbib MA, Liebal K, Pika S. (2008)
Primate vocalization, gesture, and the evolution of human language.Curr
Anthro-pol. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 11.5pt; line-height: 105%;">49(6):1053-63. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 10.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<br />
<br /></div>
Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-70857504805462891882014-01-29T14:01:00.001-03:002014-01-29T17:46:45.431-03:00Em convite: Extrapolando a visibilidade trans*: quem são as pessoas cis?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Tirm2iC5ZEo/UukziqlBXvI/AAAAAAAAAmE/Ba6G6jAUUbI/s1600/travestis.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Tirm2iC5ZEo/UukziqlBXvI/AAAAAAAAAmE/Ba6G6jAUUbI/s1600/travestis.jpg" height="213" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O texto de hoje é assinado pela Bia, é uma reflexão sobre o dia da Visibilidade trans, que é hoje, 29 de Janeiro.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
***</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Quando falamos, ouvimos, lemos, escrevemos as
palavras “homem” ou “mulher”, o que primeiro nos veem a mente? Quando
encontramos esses termos nos jornais, telejornais, revistas, artigos, em programas
de rádio ou em qualquer outro gênero discursivo (os diferentes “tipos” de
textos ou formas de textos) o que eles querem representar? Quais sujeitos essas
palavras referenciam no mundo? Certamente, um homem ou mulher “padrão” (a
primeira imagem que nos veem a cabeça quando nos deparamos com esses termos)
são, respectivamente, aquela pessoa que ao nascer, for designada como homem e
como mulher a partir da identificação da morfologia genital. Então por que
estou falando disso em 29 de janeiro, dia da visibilidade trans*? Porque pra gente entender a visibilidade trans*, precisamos primeiro entender quem são as
pessoas não-trans*, as pessoas cisgêneras.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Você
provavelmente pode estar sentido algum tipo de desconforto (ainda mais se for
uma pessoa cisgênera). Afinal de contas, que história é essa de pessoas que
foram designadas com um gênero ao nascimento e que são cisgêneras? O que é isso
afinal, que estranhamento é esse? As pessoas não simplesmente “nascem” homem ou
mulheres e esse fato depende da existência objetiva de determinado sexo
biológico?</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Não
é tão simples assim. Pessoas transgêneras são aquelas cuja identidade atribuída
ao nascimento não condiz com os seus sentimentos subjetivos e identidade de
gênero. Ou seja, uma mulher trans* é aquela entendida socialmente como uma
“pessoa nascida homem que quer virar/ser mulher” (e vice-versa para homens
trans*). O movimento transfeminista, no entanto, irá problematizar a ideia de
que alguém (não apenas pessoas trans*) nasça homem ou mulher. Inclusive irá
apontar para a existência de vivências </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-DAHoNLHKwaE/Uukz2g1PepI/AAAAAAAAAmc/hCGspfU2PvQ/s1600/602880_148280981994775_1405736290_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-DAHoNLHKwaE/Uukz2g1PepI/AAAAAAAAAmc/hCGspfU2PvQ/s1600/602880_148280981994775_1405736290_n.jpg" height="149" width="200" /></a></div>
que fogem do binário homem-mulher, o que
chamamos de pessoas trans* não binárias. O transfeminismo, influenciado pelas
discussões feministas, dos teóricos de gênero e da teoria queer, irá entender
gênero de forma bastante distinta da usualmente usada pelo senso comum. Como
dito anteriormente, o conceito de gênero/sexo é comumente tido como algo da
ordem do natural, do biológico. Assim, supostamente as pessoas poderiam
afirmar, através de evidências físicas/biológicas, sobre o gênero de alguém. É
então que essa verdade, tão legitimada pela sociedade, é profundamente
questionada, ao apontarmos que existem pessoas beneficiadas por esse sistema e
outras que são marginalizadas.<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O
gênero é agora entendido como uma construção social. Isso significa que não
podemos entender o que seja gênero se não concebemos como os conceitos sobre
“feminino” e “masculino” funcionam dentro de uma cultura. Isso significa apontar
para como são acionados esses termos em relações de dominação. O feminismo
historicamente vem denunciando a dominação das mulheres (cisgêneras) através da
misoginia e machismo. Isso significou entender que antes de descrever verdades
objetivas sobre sexo ou gênero, existiam formas de se compreender as mulheres
como inferiores. O transfeminismo, mais recentemente, levando junto todo esse
histórico de luta feminista, visa entender agora como pessoas trans* são oprimidas
pelo próprio conceito de sexo, enquanto produtor de normas cisgêneras, assim
como o feminismo fez e faz enquanto produtor de normas
androcêntricas/misóginas. Como dito anteriormente, o conceito de sexo só
“funciona” perfeitamente para pessoas cisgêneras. Pessoas transgêneras são
vistas como uma exceção desagradável a essa lógica de que exista uma coerência
necessária entre o gênero designado ao nascimento e o gênero efetivamente
performado/identificado. Então, denominamos as práticas e ideias que fazem
das pessoas transgêneras pessoas “erradas”, “falsas”, “doentes” e “abjetas” de
cissexismo. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Agora,
portanto, não faz mais sentido falar em homens ou mulheres que “querem ser”
mulheres ou homens, justamente porque mulheres trans* não são homens e nem
homens trans* são mulheres. O que determina é a auto identificação da pessoa,
como ela entende seu próprio gênero. Isso também significa respeitar as
identidades que vão para além deste binário. Transexuais e travestis podem ser
homens ou mulheres ou um entremeio desses dois conceitos. Não existe forma pré
determinada como uma pessoa trans* - seja travesti, transexual, ou outra
denominação – se identifique. E essa identificação não é necessariamente
estática. Então, não pense que se pode presumir o gênero de alguma pessoa
apenas por critérios físicos/biológicos. Na dúvida, pergunte como a pessoa
gostaria de ser chamada. Isso demonstra que você está disposto a respeitar uma
pessoa trans* e com isso não aumentar o coro com as constantes e infinitas
vozes que insistem em deslegitimar as identidades transgêneras.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-S3oIqFMa1vI/Uukzpa2GF0I/AAAAAAAAAmM/4jVfIWnpEaY/s1600/diavistrans.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-S3oIqFMa1vI/Uukzpa2GF0I/AAAAAAAAAmM/4jVfIWnpEaY/s1600/diavistrans.jpg" height="150" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Então,
se agora sabemos um pouco sobre quem são as pessoas trans*, e quanto as cis?
Qual é a importância de chamarmos as pessoas cis de cis sendo que elas são as
pessoas “normais”? Simples: só entendemos alguma coisa – para então darmos
“visibilidade” a ela – se soubermos exatamente o que ela <b>não é</b>. Na língua, já diria Saussure, o valor de um signo (ou
palavra, se preferirem) só se dá a partir de relações negativas e diferenciais,
ou seja, algo se define através do que “não é”. Sabemos o que é “homem” porque
ele se opõe a “mulher” então só vamos entender o que vem a ser “trans” se
entendermos o que é “cis”. E chamar uma pessoa de cis de “verdadeira”,
“biológica”, definitivamente não é a mesma coisa de chamarmos ela de cis. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Se
continuarmos a usar esses termos biologizantes para nos referirmos a pessoas
cis, iremos perpetuar uma lógica cruel e transfóbica, afinal de contas, as
pessoas cis vão continuar sendo sempre as primeiras pessoas que nos veem a
mente quando dizemos os termos “homem” e “mulher” e com isso, tornamos pessoas
trans* “não naturais” e, portanto, próximas ao “errado”. Então para pensarmos a
visibilidade trans* temos também que pensar numa espécie de visibilidade e
reconhecimento do termo cisgênero. Assim, iremos cada vez mais tornando menos
automático tomarmos os termos “homem” e “mulher” como necessariamente pessoas
cisgêneras. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Pessoas
trans* só terão visibilidade concreta quando passarem de serem enxergadas como
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696" name="_GoBack"></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-8xUKY4pWAtU/UukzxXkE-_I/AAAAAAAAAmU/C8zRVdmELhw/s1600/logo-tv.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-8xUKY4pWAtU/UukzxXkE-_I/AAAAAAAAAmU/C8zRVdmELhw/s1600/logo-tv.jpg" height="98" width="200" /></a></div>
exceções à categoria humana (como homens e mulheres e por extensão, humanas).
Só teremos o reconhecimento da humanidade destas pessoas quando for cada vez
menor a ligação entre esse sujeito padrão e universal com a pessoa cisgênera.
Assim, a exotificação (quando vemos pessoas trans* sempre como a exceção à
regra do que é considerado “saudável” ou “correto”) anda de mão juntas com a
invisibilidade. E a linguagem é uma forma de manutenção dessa relação de poder
(que produz visibilidades e invisibilidades) e, portanto, mantenedora de
relações de opressão. Quando falarmos sobre “homens” e “mulheres” e não pensarmos
mais automaticamente em pessoas cisgêneras é o passo necessário para que
compreendamos a existência das pessoas trans* e com isso, a necessidade de se
falar sobre a situação das pessoas trans*. É com a linguagem que tornamos
possível reconhecer as reivindicações das pessoas, e assim, podermos lutar
concretamente contra a transfobia e cissexismo.Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-18901742545438721912013-08-07T15:28:00.000-04:002013-08-07T15:50:25.096-04:00Em convite: A Performatividade no casamento da etnia Papel da Guiné-BissauQuem assina a postagem de hoje é Inaida Pires. Inaida é guineense e imigrou para o Brasil para graduar-se em Letras na Unicamp. Ela já está no seu último período e o texto que aqui leremos é sua monografia.<br />
<div>
Durante estes anos no Brasil, Inaida foi uma guerreira: teve não só de enfrentar a saudade de casa, a saudade da sua cultura e de seu povo, mas, sobretudo, teve de lidar com a diferente sociedade brasileira. Por ser mulher, negra e africana, ela encontrou inúmeros obstáculos os quais ela procurou driblar da maneira mais bem humorada possível. Quem conviveu com ela, pode dizer que este texto é fruto de uma superação. É um trofeu que se exibe àqueles que não acreditaram na conquista de Inaida. É um trofeu para ela mesma, que muitas vezes pensou em desistir.</div>
<div>
Quero deixar registrado também os agradecimentos ao Ricardo, que foi um grande amigo e colaborador. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
****</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 18.0pt; line-height: 115%;">Introdução</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-7LMpTA4tHdc/UgKdbpi32GI/AAAAAAAAAiw/RvPkEhiiqss/s1600/dan%C3%A7a.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="http://1.bp.blogspot.com/-7LMpTA4tHdc/UgKdbpi32GI/AAAAAAAAAiw/RvPkEhiiqss/s200/dan%C3%A7a.png" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Antes de iniciarmos nossa análise
consideramos fundamental deixar o leitor ocidental a par do país de que
trataremos, a Guiné-Bissau, bem como de alguns de seus costumes e divisões
étnicas. A modo de introdução buscaremos fornecer essas informações principais.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Num segundo momento, abordaremos com
um pouco mais de detalhe o ritual de casamento da etnia Papel para, então, na
terceira parte desta monografia, apresentar nosso aparato teórico e por fim
realizar nossa breve análise.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Este estudo consiste em confirmar a
ideia de Austin (1990) de que "dizer é fazer". Buscaremos interpretar
os costumes rituais do matrimônio Papel dentro da perspectiva austiniana, que
se constrói em torno do poder que atribui ao ato de dizer. Já que o povo Papel
tem uma cultura de tradição fortemente oral, o ponto de vista teórico adotado
se faz muito interessante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 18.0pt; line-height: 115%;">1. Guiné-Bissau <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> A Guiné-Bissau é um pequeno país
situado na costa ocidental do continente africano. Faz fronteira ao norte com o
Senegal, ao sudeste e a leste com a Guiné Conacri e é banhado pelo oceano
Atlântico a oeste e a sudoeste, como podemos ver no mapa abaixo. Segundo
Intumbo (2007), a área total do país é de 36.125 km², mas que se reduz a 24.800
km² se descontamos as terras inabitáveis, isto é, aquelas que estão
permanentemente inundadas por rios e lagos e aquelas que ficam sazonalmente
inundadas pela água da chuva.</span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "TimesNewRoman,Bold","serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "TimesNewRoman\,Bold";">Figura
1: Mapa físico da Guiné Bissau<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman,Bold","serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "TimesNewRoman\,Bold";">fonte:
<a href="https://maps.google.com/maps?q=guine-bissau&hl=pt&ll=11.372339,-11.052246&spn=11.270141,21.643066&sll=37.0625,-95.677068&sspn=36.452734,86.572266&t=m&hnear=Guinea-Bissau&z=6">Google maps</a><o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: AR-SA;"> </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: AR-SA;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-NplvfiFH3wE/UgKd4TgnpuI/AAAAAAAAAi4/oMrwohmoW1g/s1600/Sem+t%C3%ADtulo.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="211" src="http://1.bp.blogspot.com/-NplvfiFH3wE/UgKd4TgnpuI/AAAAAAAAAi4/oMrwohmoW1g/s320/Sem+t%C3%ADtulo.png" width="320" /></a></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: AR-SA;">
</span>
<br />
<div>
<br /></div>
<div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">Apesar do território tão pequeno, equivalente ao estado brasileiro do
Rio de Janeiro, e de uma população relativamente reduzida, um milhão e meio de
habitantes, autores como Intumbo (2007) e Pinto (2009), entre outros, descrevem
a Guiné-Bissau como um território extremamente diversificado culturalmente, o
que se deve à diversidade de etnias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 6pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em média, a cada 50 ou 60 km, entramos num
território linguístico diferente,quer viajemos para o Norte, Sul, Leste ou
Oeste. Nota-se uma diferença linguística ecultural entre as regiões, talvez
motivada pelas actividades de sustento praticadas pelospovos que as habitam: as
etnias do Norte e Sul, maioritariamente animistas, dedicam-se essencialmente à
agricultura e normalmente constroem as suashabitações junto àsbolanhas
(arrozais); as etnias do leste, predominantemente muçulmanas, praticam
apastorícia e o comércio, habitando zonas mais recuadas em relação aos
arrozais,geralmente mais desérticas. Assim, se viajarmos de Bissau para a
cidade de Mansoa anortedeste, (60 km) passamos pelo território dos papeis
(Bissau), dos balantas (vila deNhacra, entre Bissau e Mansoa) e chegamos ao
território dos mansoncas (cidade deMansoa); de Gabú a Bafatá no leste temos os
fulas apenas e a sua língua numa extensãode mais de 50km</span><span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">
(Intumbo, 2007, pp. 2-3)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> A população é composta por cerca de
30 etnias, que têm sua língua própria. A seguir, apresentamos um quadro (<i>apud</i>Intumbo) com as principais línguas e
seu número de falantes:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">Quadro
1<o:p></o:p></span></div>
<div align="center">
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoNormalTable" style="border-collapse: collapse; border: none; margin-left: -5.3pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-insideh: .5pt solid black; mso-border-insidev: .5pt solid black; mso-padding-alt: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;">
<tbody>
<tr style="height: 5.8pt; mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0;">
<td style="border: solid black 1.0pt; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "TimesNewRoman,Bold","serif"; mso-bidi-font-family: "TimesNewRoman\,Bold"; mso-fareast-language: PT-BR;">Línguas</span></b><span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-left: none; border: solid black 1.0pt; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "TimesNewRoman,Bold","serif"; mso-bidi-font-family: "TimesNewRoman\,Bold"; mso-fareast-language: PT-BR;">População</span></b><span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-left: none; border: solid black 1.0pt; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "TimesNewRoman,Bold","serif"; mso-bidi-font-family: "TimesNewRoman\,Bold"; mso-fareast-language: PT-BR;">Línguas</span></b><span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-left: none; border: solid black 1.0pt; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "TimesNewRoman,Bold","serif"; mso-bidi-font-family: "TimesNewRoman\,Bold"; mso-fareast-language: PT-BR;">População</span></b><span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 5.8pt; mso-yfti-irow: 1;">
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Balanta</span><span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">254.000</span><span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Mansonca<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">9.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 5.8pt; mso-yfti-irow: 2;">
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Fula</span><span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">169.000</span><span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Baiote<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">5.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 5.8pt; mso-yfti-irow: 3;">
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Manjaco<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">118.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Banhum<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">5.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 5.8pt; mso-yfti-irow: 4;">
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Mandinga<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">96.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Nalu<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">5.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 5.8pt; mso-yfti-irow: 5;">
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Papel<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">59.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Sarakolé<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">2.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 5.8pt; mso-yfti-irow: 6;">
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Mancanha<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">25.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Sussu<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 5.8pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">2.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 20.45pt; mso-yfti-irow: 7;">
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; height: 20.45pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Biafada<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 20.45pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">18.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 20.45pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Kassanga<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 20.45pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">400<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 19.85pt; mso-yfti-irow: 8;">
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Padjadinca<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">5.000 – 12.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Kobiana<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">300<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 20.45pt; mso-yfti-irow: 9;">
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; height: 20.45pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Bijagó<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 20.45pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">16.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 20.45pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Djakanka<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 20.45pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">-<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 19.85pt; mso-yfti-irow: 10;">
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Diola<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">15.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Maninka(?)<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">-<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr style="height: 19.85pt; mso-yfti-irow: 11; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="border-top: none; border: solid black 1.0pt; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 62.15pt;" width="83"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">Mansonca<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "TimesNewRoman","serif"; mso-bidi-font-family: TimesNewRoman; mso-fareast-language: PT-BR;">9.000<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid black 1.0pt; border-left: none; border-right: solid black 1.0pt; border-top: none; height: 19.85pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-left-alt: solid black .5pt; mso-border-top-alt: solid black .5pt; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 96.3pt;" width="128"><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> A essas línguas deve-se acrescentar
o <i>Kriol</i>, que é falado por
praticamente todos os habitantes e é tido como uma língua franca. Além disso,
nos registros formais, fala-se o Português, para o qual não há uma estimativa
oficial dos números de falantes (Nhanca, 2013). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Quanto à religião, Pinto (2009)
apresenta a seguinte informação: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri;">Actualmente,
pode distinguir-se na realidade da Guiné-Bissau três grupos sociais. Um
indígena (africanos animistas), outro de influência árabe (islamizados pelos
árabes Almorávidas desde os séculos XII-XIII) e outro de influência europeia
(cristianizados). Cerca de 55% serão indígenas, 40% islamizados e 5% cristãos
(estes concentrados, quase exclusivamente em Bissau) (p. 31).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">1.1 A
etnia Papel <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Sobre a etnia Papel, cultura de que
trataremos, deve-se dizer que ela compartilha traços culturais com os Manjacos
e os Mancanhas, já que em seu passado configuravam um mesmo grupo étnico. A
diferença se deu após a colonização portuguesa que instalou diferenças
artificiais e difundiu a crença de que os povos não conformavam uma mesma
etnia. Essa foi uma das estratégias da administração colonial para dissuadir os
mais revoltosos e que frutificou até os dias atuais. Os Papéis (ou Papeles) estão
divididos, de acordo com Pinto (2009), em 7 clãs organizados em regulados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> De acordo com Moreira (1994), a
etnia Papel segue um esquema matrilinear, isto é, a pertença ao clã é herdada
da mãe. No entanto, as lideranças são feitas pelos indivíduos do sexo
masculino, assim, o indivíduo é incorporado ao clã do tio materno. A hierarquia
funciona por senioridade e a figura máxima é o régulo (ou rei), cujo clã
Batcha-su é o único dos sete que pode dar origem ao que ocupa essa posição. O
aglomerado de casas, que se dá por afinidade de parentesco, se denomina
"morança": "é geralmente composto por um patriarca - 'chefe da
morança' - suas mulheres e filhos solteiros e casados, podendo agregar três a
quatro gerações" (Moreira, 1994, p. 177).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Sobre a origem do nome, Semedo
(2010) traz um relato de uma de suas informantes que assim o explica: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 6pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">os portugueses pagaram tributo aos régulos papéis
até finais do século XIX, altura em que impuseram o pagamento dos impostos de
cabeça e de palhota aos nativos. Conta-se que o nome dessa etnia estaria ligado
ao relacionamento difícil com o colonizador. Os habitantes da ilha de Bissau,
muito rebeldes, nunca quiseram pagar os impostos de palhota e de cabeça
impingidos pelos colonizadores e, sempre que recebiam a notificação de pagamento,
levavam o “Papel” diretamente à administração, reclamando serem eles os donos
do chão e que por isso não deveriam pagar nada. Assim, sempre que os homens
apareciam, os brancos exclamavam “aí vêm os homens do Papel”. Informa ainda Semedo que o nome Papel ficou,
e que na língua local esse grupo se autodenomina <i>ussau</i> (o grupo papel da região de Biombo se autodenomina <i>yum</i>). (p. 53). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Existe também a variação da primeira
vogal "a" com "e", resultando na denominação "Pepel".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 10.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">1.2 Objetivos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> A diversidade cultural proporcionada
pelos numerosos grupos étnicos se faz notar também nos diversos costumes e
tradições específicos e bem distintos uns dos outros. Alguns desses costumes
dizem respeito a momentos que simbolizam a integração do indivíduo na
coletividade como, por exemplo, a passagem para a vida adulta, o matrimônio ou
o luto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Neste trabalho, abordaremos a
cerimônia de casamento da etnia Papel, cujo ritual matrimonial <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-1Aay3M-STtk/UgKeJGh3DaI/AAAAAAAAAjA/kBESOIdiJBE/s1600/casamento.png" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="148" src="http://3.bp.blogspot.com/-1Aay3M-STtk/UgKeJGh3DaI/AAAAAAAAAjA/kBESOIdiJBE/s200/casamento.png" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Madrinha dando de comer aos noivos</b></td></tr>
</tbody></table>
apresenta
elementos extremamente interessantes se considerarmos sua diferença em relação
aoritual católico ou cristão de união entre duas pessoas. O casamento Papel
possui características próprias de sociedades orais nas quais a linguagem tem
um poder maior do que o de qualquer documento escrito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">Ao analisar alguns dos elementos do casamento Papel, notamos que o seu
processo de significação poderia ser estudado a partir das reflexões do
filósofo inglês John Austin sobre a performatividade da linguagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">Dessa forma, neste trabalho, pretendemos analisar brevemente uma
cerimônia de casamento Papel, identificando e descrevendo os seus elementos
performativos e evidenciando o seu processo cultural de significação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt;">
<b><span style="font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 18.0pt; line-height: 115%;">2. Descrição do
Casamento na Etnia Papel<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Entre os vários ritos e cerimônias
da etnia Papel, o casamento é um dos mais importantes e valorizados. Fruto
direto de uma cultura oral, essa cerimônia possui mais legitimidade entre seu
povo do que os casamentos realizados em cartórios e firmados por contratos
assinados. Como integrante da etnia Papel, passo agora a relatar em linhas
gerais algumas das características dessa cerimônia das quais tenho
conhecimento. Este relato também se baseia em uma <a href="http://www.youtube.com/watch?v=H0bPpxk3hDI">filmagem pessoal</a> de um
casamento familiar e no estudo de Moreira (1994). Conforme comenta Moreira, existe uma lacuna
bibliográfica sobre o ritual de casamento da etnia Papel, por isso, seu estudo
se baseia em apenas uma ocorrência que a autora teve oportunidade de
presenciar. Igualmente é o caso deste trabalho, contamos apenas com o meu
conhecimento de integrante nativa e com as experiências de que tenho vivência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">Embora atualmente na Guiné-Bissau muitas práticas
culturais étnicas estejam sendo deixadas de lado (Pinto, 2009), essa cerimônia
mantém-se viva entre os integrantes da etnia Papel. Sua preservação é encarada
como um ato de respeito aos antepassados, uma continuidade étnica e uma
afirmação da existência do próprio grupo e de seus valores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">Sendo assim, os jovens que ainda se uneme
maritalmente por meio dessa cerimônia tradicional reafirmam a existência de seu
povo e a sua identidade Papel. Um fato interessante sobre a continuidade e a
identidade Papel é que ela se realiza por meio de transmissão materna. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> O seguinte provérbio da língua <i>Kriol</i> exemplifica bem essa concepção,
deixando claro que o Papel é filho da barriga, ou seja, da mãe:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 70.9pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 70.9pt; text-align: justify;">
<i><span lang="IT" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Fiju ta padidu
tras di si pape, ma i ka tras di si mame<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 70.9pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">(Filho pode nascer longe do pai, mas não longe da mãe).<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 70.9pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> O casamento entre dois jovens Papéis
não nasce da vontade dos cônjuges. Na verdade, é um acordo de união firmado
entre duas famílias que se concretiza com o casamento entre seus filhos. Esse
acordo, por sua vez, é realizado com o intuito de garantir a continuidade da
etnia Papel. Nas palavras de Moreira (p. 178):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 6pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ainda recentemente o casamento constituía a forma
privilegiada dos grupos de parentesco estabelecerem alianças entre si. Estas
eram protagonizadas por indivíduos do sexo masculino com estatuto de
senioridade sendo então vulgar que uma rapariga ao nascer estivesse já "prometida"
em casamento. A união afetiva dependeria de toda uma série de transferências de
bens e serviços do grupo de parentesco do rapaz para o da futura
"noiva" que se realizavam até à altura em que esta fosse considerada
apta para casar. Isto acontecia a partir da primeira menstruação e desde que o
seu corpo apresentasse o desenvolvimento físico esperado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Atualmente, os integrantes da etnia
lutam para que o governo local reconheça essa cerimônia legítima de união como
um ato legalizado de união civil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 10.0pt;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">2.1. Noivado</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Geralmente são os pais do rapaz que
propõem o casamento aos pais da moça. Caso haja aceitação do pedido, segue-se
uma série de ritos que levarão ao casamento e finalizarão com a cerimônia.
Algumas vezes a noiva só conhece o seu futuro marido no dia do casamento. Tal
fato às vezes gera constrangimento e revolta, já que a noiva pode não se sentir
atraída pelo noivo. Na maioria das vezes, a moça é obrigada a casar-se com
homens bem mais velhos que ela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Com a confirmação do noivado, a
noiva passa a ser vigiada não apenas pela sua família e pela família do noivo
como também pelos amigos do noivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 10.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">2.2. Dote</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> O rapaz deve pagar um dote aos pais
da moça pela mão de sua filha. Esse dote consiste em alguns objetos (tecidos,
10 litros de pinga, um porco, um bode e um cachorro) e em trabalho a ser
realizado em plantações do pai da noiva. Esse trabalho deve ser feito desde a
colheita até o cultivo do produto. Caso o noivo tenha dificuldades na
realização da tarefa pode pedir auxílio aos seus amigos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">Os objetos do dote devem ser entregues no dia das
núpcias. Eles são conferidos pelos membros masculinos da família da noiva. Se
faltar algum, eles iniciarão um longo discurso com o noivo sobre o fato.
Algumas vezes esse discurso dura a noite toda. O objetivo dessa discussão é
verificar a intensidade do desejo do noivo em casar-se com a noiva e demonstrar
que a obtenção da sua mão é algo difícil. Um fato interessante é que o noivo
não pode responder às falas que lhe são endereçadas porque antes da realização
do casamento ele não possui direito à palavra. Seus familiares e amigos é que
responderão e intercederão por ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Os animais serão sacrificados no
local onde ocorrerá o enlace dos noivos. Após o grupo masculino, as mulheres
também conferem se o noivo trouxe todos os animais exigidos no dote. Vale
ressaltar que,dentre os animais, o cachorro é o mais importante, pois ele é o
símbolo da união e, no momento de seu sacrifício, caso ele chore mais de uma
vez, isto será interpretado como um indício de maldição ao futuro matrimônio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-hyphenate: auto; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> A mãe da noiva ficará com os tecidos. Os tecidos, mais
concretamente os chamados <i>panos pentes</i>,
têm na cultura guineense um significado prestigioso: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 6pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Estes
panos são bens de prestigio e símbolos de poder que todas as mulheres procuram
possuir, e quando podem, juntam um número elevado desses panos que testemunham
o seu prestígio (Carvalho, 1998: 106). São as mulheres que fornecem, quando
necessário, panos para os membros masculinos da família. Se o gado é a riqueza
do homem, os <i>panos</i> pente são a das
mulheres. (...)Uma <i>bideira</i> de etnia
papel considerou a compra de panos cerimoniais, como o investimento
preferencial dos lucros obtidos no comércio, <i>«porque pano tem grandesignificado na vida da mulher Papel.Isso
justifica no momento da morte da mãe, em que a filha mais velha tem de
apresentar a mala cheia de pano da sua mãe e a sua própria mala também cheio, e
o não cumprimento desse dever significa o grande insulto familiar</i>» (Perpetua,
comerciante de peixe) (Domingues, 2000, p. 364-5)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-9Ou5BMXoHwk/UgKec_Dl8wI/AAAAAAAAAjI/PMDOJSqQhX8/s1600/pinga.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="http://1.bp.blogspot.com/-9Ou5BMXoHwk/UgKec_Dl8wI/AAAAAAAAAjI/PMDOJSqQhX8/s200/pinga.png" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">A pinga, por sua vez, será utilizada como um
sinal após as núpcias para informar aos familiares e à comunidade se a noiva
casou-se virgem. Se a noiva casou-se virgem, o marido sai do quarto de núpcias
com uma garrafa cheia de cachaça; se a noiva não era mais virgem no momento do
casamento, o marido apresenta uma garrafa contendo apenas metade do líquido e a
entrega à mãe da noiva. Esse gesto simboliza que o noivo considera que a mãe
não educou bem a sua filha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 10.0pt;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">2.3.
Casamento<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> No dia da cerimônia, o noivo fica
inserido em um grupo masculino e a noiva em um grupo feminino. Esses grupos são
compostos por integrantes das duas famílias. Após
a conferência do dote pelos homens o noivo é encaminhado ao local no qual se
consumará outra parte do ritual. A noiva só será encaminhada até lá se o noivo
demonstrar alegria em recebê-la. A noiva, trajando um pano branco ou preto, vai
até o local acompanhada pela sua comitiva de mulheres.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">Os homens e as mulheres presentes organizam-se em
um círculo no qual encontram-se os noivos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Nesse momento, o noivo terá que
romper com as mãos uma linha que está presa na cintura da noiva. A ruptura
dessa linha, tecida pelas mulheres da comunidade, simboliza a união do casal e
de suas famílias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Se
o homem não conseguir romper a linha de tecidos com as mãos, as mulheres
entregam-lhe uma faca. Porém, caso isso ocorra, os presentes dirão ao noivo que
ele é um homem fraco e que, provavelmente, não conseguirá cuidar da sua própria
família. A intenção dessa provocação é fazer com que o noivo desista do
casamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Com o rompimento da linha, a noiva
deixa de ser responsabilidade da família dos seus pais e passa a ser
responsabilidade do noivo. Nesse momento, o noivo também ganha seu direito à
fala e poderá responder a qualquer uma das provocações ou falas que antes lhe
haviam sido dirigidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-bryl2HayHt8/UgKetvbW1TI/AAAAAAAAAjQ/wxs9DCLxcgA/s1600/corte.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="139" src="http://1.bp.blogspot.com/-bryl2HayHt8/UgKetvbW1TI/AAAAAAAAAjQ/wxs9DCLxcgA/s200/corte.png" width="200" /></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Depois dessa cerimônia, o marido
levará sua esposa para a casa na qual os dois viverão. Porém, os dois ainda não
poderão dormir juntos. Desde a chegada à casa do marido até às vésperas da
noite de núpcias, a mulher dormirá com uma acompanhante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> No dia seguinte, a mulher terá todo
o seu cabelo raspado por um dos amigos do marido. O corte de cabelo simboliza a
ligação da mulher com a família de seus pais. O cabelo que nascerá, representa
a nova relação familiar que está se iniciando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">Esse rito ocorre no centro da casa (morança). Após a sua realização
uma das senhoras da família do marido untará todo o corpo da mulher com óleo de
palma (óleo de dendê). Essas ações, o corte de cabelo e a passagem do óleo,
devem ser realizadas em total silêncio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Quando o marido falecer, a mulher
também deverá cortar todo o seu cabelo como um sinal de luto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Após a cerimônia do corte do cabelo
ocorre uma festa.<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-8oKi_2Dx0Ac/UgKe5csC8FI/AAAAAAAAAjY/jW8rjieHwYM/s1600/oleo+palma.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="158" src="http://4.bp.blogspot.com/-8oKi_2Dx0Ac/UgKe5csC8FI/AAAAAAAAAjY/jW8rjieHwYM/s200/oleo+palma.png" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>noiva envolta no tecido embebido <br />de óleo de dendê</b></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> A esposa ficará um mês na casa do
seu marido. Durante esse tempo, eles não poderão dormir juntos. Transcorrido o
tempo de espera junto ao marido, ele passará curtos períodos de tempo na casa
de vários de seus familiares. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> É somente quando a esposa retorna
para a casa do marido que ocorrem as núpcias do casal. As núpcias são
acompanhadas pelas familiares e amigos dos cônjuges.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: AR-SA;"> Para a etnia Papel, a mulher só se
casa uma vez. Caso ela se separe ou o marido faleça, ela sempre continuará
ligada a esse esposo. Mesmo se ela tiver filhos com outro homem, estes serão
considerados filhos do seu primeiro marido</span></div>
<div>
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 18px;"><br clear="all" /></span></span>
<br />
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 18.0pt; line-height: 115%;">3.
Os atos de fala e o casamento Papel<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">3.1 Abordagem teórica<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Iremos analisar alguns dos momentos
do casamento da etnia Papel para verificar a performatividade dos atos de
linguagem presentes na situação. Segundo essa teoria performativa, desenvolvida
pelo filósofo inglês John Langshaw Austin (1990), a linguagem não é uma representação
de um pensamento ou de um estado de coisas, mas sim uma ação sobre o mundo.
Sendo assim, a nossa fala é um ato, que não apenas diz, como também faz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Nesse sentido, o autor, assim como
já o faziam Frege e Wittgenstein, opõe-se à noção de proferimento<i>assertivo, </i>rompendo com uma tradição que
apenas podia atribuir valores de verdade ou falsidade aos enunciados. Segundo
Renato Ferreira (2011), Wittgenstein colabora para o pensamento de Austin na
medida em que considera que o significado das palavras não depende apenas
delas, mas de todo um contexto em que é articulada. Por outro lado, continua o
autor, Frege aprofunda esse pensamento com seus conceitos lógicos. Os
proferimentosconstatativos são semelhantes ao performativos de Austin, com a
diferença de que “A. nada 'descrevam' nem 'relatem', nem constatem, e nem sejam
'verdadeiros' ou 'falsos'; B. cujo proferimento da sentença é, no todo ou em
parte, a realização de uma ação, que não seria normalmente descrita consistindo
em dizer algo” (FERREIRA, 1990, p.24). O exemplo clássico usado para ilustrar a
impossibilidade de atribuição de valores aos atos performativos é o batizado,
em que a declaração do padre é o próprio ato do batismo. Esse ato pode ser
infeliz, caso a declaração seja proferida pelo coroinha, por exemplo, mas não
falso. Por isso, o filósofo inglês propõe condições de felicidades para os atos
performativos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(A.1) Deve existir um procedimento
convencionalmente aceito, que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">apresente um determinado efeito convencional e
que inclua o proferimento de certas palavras, por certas pessoas, e em certas
circunstâncias; e além disso, que<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(A.2) as pessoas e circunstâncias particulares,
em cada caso, devem<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">ser adequadas ao procedimento específico
invocado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(B.1) O procedimento tem de ser executado, por
todos osparticipantes, de modo correto e<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(B.2) completo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(Γ .1) Nos casos em que, como ocorre com frequência,
o procedimento visa às pessoas com seus pensamentos e sentimentos, ou <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">visa à instauração de uma conduta correspondente
por parte de alguns <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">dos participantes então aquele que participa do
procedimento, e o invoca deve de fato ter tais pensamentos ou sentimentos, e os
participantes devem ter a intenção de se conduzirem de maneiraadequada, e, além
disso,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(Γ .2) devem realmente conduzir-se dessa maneira
subsequentemente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 6pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(AUSTIN, 1990, p. 31)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Os atos performativos ainda se
dividem em três tipos: osimples ato de dizer algo é chamado de ato
locucionário, e corresponde ao contatativo. Este se opõe ao ato ilocucionário,
que consiste na realização deum ato ao dizer algo, mas um dizer que realiza
alguma coisa, e corresponde ao performativo. O terceiro, o ato perlocucionário,
implica produzir efeitos e consequências de um dizer sobre quem ouve ou quem
fala (1990, p.89-90).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">Eis o exemplo de Austin (1990, p. 90):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ato (A) ou Locução<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ele me disse 'Atire nela!' querendo dizer com
'atire' atirar e referindo-se a ela por 'nela'.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ato (B) ou Ilocução<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ele me instigou (ou aconselhou, ordenou, etc.) a
atirar nela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ato (C.a) ou Perlocução<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ele me persuadiu a atirar nela<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ato (C.b)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 6pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ele me obrigou a (forçou-me a, etc.) atirar nela.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">3.2
Análise do casamento Papel: o papel social do homem<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Passemos agora a entender como esses
atos performativos se dão no contexto do casamento dos Papéis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> No casamento Papel, o noivo só tem
direito à fala após a concretização da união, que é simbolizada pelo corte de
uma linha que está amarrada na cintura da noiva. Antes disso, o noivo deve
permanecer em silêncio e não pode dirigir a palavra a ninguém, mesmo se ele é
insultado ou ofendido. Aliás, é comum os parentes da noiva ofenderem e tentarem
humilhar o noivo durante a cerimônia, considerando exatamente o fato de que ele
não pode responder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> O casamento Papel é um ritual
específico de uma cultura, portanto, as ações e os papéis desempenhados pelas
pessoas nesse ritual são socialmente aceitos e estabelecidos. Dessa forma, cada
um dos noivos deve exercer o seu papel dentro daquela cerimônia. O silêncio do
noivo faz parte desse ritual. Então podemos considerar que o silêncio do noivo
não é fruto de uma ação individual, de uma decisão tomada por ele, mas sim uma
ação determinada socialmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> O fato de o noivo não emitir nenhuma
palavra representa o aspecto locucional daquele ato de fala. Pode-se considerar
que o aspecto ilocucional é o sentido implícito desse silêncio. Ficar em
silêncio naquela situação é um ato, e significa que ele está disposto a
enfrentar qualquer coisa para que aquela mulher seja sua esposa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Os insultos que os parentes da noiva
dirigem ao noivo não são simplesmente insultos. Essas ofensas são atos de fala
e ilocucionalmente significam que os parentes duvidam da capacidade do noivo em
estabelecer e manter uma família.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Após o corte da linha, o noivo passa
a ter direito à fala e pode, até mesmo, responder aos insultos que lhe haviam
sido dirigidos. Porém devemos notar que após o corte da linha o noivo já não é
mais noivo, ele passa a exercer o papel de marido - em outras palavras, o corte
da linha faz do noivo um marido e, em seu papel de marido, pode e deve se defender
de qualquer ofensa que lhe for dirigida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Dessa forma, consideramos que no
casamento Papel a mesma pessoa acaba ocupando duas posições sociais distintas:
a de noivo e a de marido. Em cada uma delas, eles desempenham funções
específicas que se materializam na linguagem: pelo silêncio e pela fala.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">3.3
Análise do casamento Papel: o papel social da mulher<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Embora a noiva não seja proibida de
falar durante a cerimônia de casamento, é durante toda a sua vida que o aspecto
perlocucional estará presente. A noiva é obrigada pelo patriarca a casar-se com
um noivo desconhecido. Mas essa interpretação só faz sentido se a noiva
realmente se sentir obrigada a se casar, caso contrário estaremos diante de um
ato ilocucional. A diferença está na comparação dos enunciados: "a
tradição me obrigou ao casamento" ou "fui levada ao casamento".
Note-se que o simples ato de dizer "vou me casar" é oriundo ou de um
ato ilocucionário (que funcionou como um performativo) ou de um ato
perlocucionário (tomado apenas como efeito – a noiva foi persuadida ou
obrigada). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;">3.4 A
performance ritual<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Alguns momentos do ritual de
casamento Papel não são perpassados por um ato de fala específico. A
performance se torna ação através de um conhecimento tradicional que dispensa o
ato de fala, o ato de dizer determinadas palavras. A seguir vamos retomá-los
especificamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Para a noiva, raspar os cabelos,
unguentar-se em óleo de palma, dormir 12 noites na esteira e ser alimentada
pela acompanhante faz parte de um rito de passagem para uma nova vida ao lado
de seu futuro marido. Todos esses símbolos são passados de geração a geração
através de uma cultura de oralidade em que o dizer não precisa ser dito, apenas
realizado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-IXc4IyvgQB4/UgKfTZqF50I/AAAAAAAAAjg/_22CzFuPS_Y/s1600/noivos.png" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="145" src="http://3.bp.blogspot.com/-IXc4IyvgQB4/UgKfTZqF50I/AAAAAAAAAjg/_22CzFuPS_Y/s200/noivos.png" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Os noivos</b></td></tr>
</tbody></table>
Igualmente, a garrafa de pinga
carrega seu significado construído através de dizeres ancestrais: a depender da
quantidade de líquido, eis o estado virginal da noiva. O sacrifício animal,
especialmente o do cão, traz consigo um símbolo de união. O cachorro não pode
faltar, sem ele não há união, o canino tampouco pode emitir mais de um choro,
com a consequência de representar infortúnio. Todos esses significados
dispensam na cerimônia o ato de fala, um dizer formulaico. Da mesma forma
também que o dispensam os significados da quantidade de panos pentes ofertadas
como sinal de prestígio ou a maciez da pele proporcionada pelo banho de óleo de
palma. <o:p></o:p></span></div>
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
</div>
</div>
</div>
</div>
<div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;">4.
Considerações finais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Neste trabalho, buscamos apresentar
parte da cultura da Guiné-Bissau através da cerimônia de casamento da etnia
Papel. O objetivo principal foi analisar brevemente alguns aspectos dos atos
performativos de Austin (1990) dentro de uma cultura de tradição oral. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"> Em vias de comparação, no casamento
ocidental, sobretudo nos de origem cristã, o compromisso não se reduz ao “sim”
que ambos os noivos devem dizer ao padre ou ao pastor (e ao juiz no casamento
civil) – é preciso que a autoridade religiosa ou civil pronuncie as palavras:
"Eu vos declaro marido e mulher” – então, embora haja o peso burocrático
atribuído ao papel (e à escrita, consequentemente) e seja ele que registre o
ato, sem as palavras pronunciadas pelo padre/juiz não há casamento. Nesse
sentido, o casamento ocidental é também uma performance. Já no casamento na
etnia Papel, por já pertencer a uma cultura de tradição oral, a performance se
dá muito menos por meio de uma fórmula feita, como a declaração citada,<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696" name="_GoBack"></a> e não é preciso que haja uma figura que professe esses
dizeres; os dizeres já estão corporificados na simbologia da tradição oral. <o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: AR-SA;"><br clear="all" style="page-break-before: always;" />
</span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial Narrow","sans-serif"; font-size: 18.0pt; line-height: 150%;">5.
Referências<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">AUSTIN,
John L. Quando dizer é fazer. -
Trad. Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Editora: Artes Médica,
1990.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">BOURDIEU,
Pierre, A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. Tradução de
Sérgio Miceli. São Paulo: EdUSP. 1996.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">DJÚ,
Nelson. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mudanças
culturais e novas perspectivas turísticas e Particpação popular na cidade de
quinhamel, região de Biombo (Guiné-Bissau). Trabalho apresentado no </span><span class="titulo"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">III
Encontro Internacional de Ciências Sociais </span></span><strong><span style="font-size: 12.0pt;">crise e emergência de novas dinâmicas sociais. 2012.</span></strong><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Disponível em http://www.ufpel.edu.br/ifisp/ppgs/eics/dvd/documentos
/gts_llleics/gt13/gt13_nelson.pdf Acesso em junho de 2013.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">DOMINGUES, Maria
Manuela Abreu Borges. Estratégias femininas entre as bideiras de Bissau. Tese
de doutorado. Universidade Nova de Lisboa, 2000. Disponível em http://www.search.ask.com/web?l=dis&o=100000027&qsrc=2873&gct=sb&q=http++publikationen.ub.uni-frankfurt.de%2F...%2FEstrategiasFemininas_Domingues.pdf
Acesso em junho de 2013.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">FERREIRA,
R. L.A. Teoria dos atos de fala: aspectos semânticos, pragmáticos e normativos.
Relatório final de pesquisa PIBIC. PUC-RJ, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em:
</span>http://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2011/Relatorios/CTCH/FIL/FIL-Renato%20Luiz%20Atanazio%20Ferreira.pdf.
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Acesso
julho de 2013. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">INTUMBO, Incanha<b>. </b>Estudo comparativo da morfossintaxe do crioulo
guineense, do balanta e do português.2007. 124p. Dissertação (Mestre em
Linguística Descritiva). Universidade de Coimbra. Coimbra. 2007. Disponível em:
</span>http://www.uc.pt/creolistics/research/guine/intumbo_2007. <span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">Acesso julho de 2013.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">MOREIRA,
M. M. O casamento na etnia Papel da Guiné-Bissau. In: Fórum sociológico, nº 4,
p. 175-80. 1994.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">NHANCA,
N. 2013. Fonética e Fonologia do Crioulo da Guiné-Bissau. Projeto de Iniciação
Científica. Campinas, Unicamp, 2013<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">PINTO,
Paula. Tradição e Modernidade: uma perspectiva interpretativa do
subdesenvolvimento. Dissertação de mestrado, Faculdade de Letras, Universidade
do Porto-Portugal, 2009. Disponível em http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream
/10216/23213/2/tesemestpaulapinto000093779.pdf Acesso em junho de 2013.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">SEMEDO,
Maria Odete da Costa Soares. As <i>mandjuandadi</i>
– cantigas de mulher na Guiné-Bissau: da tradição oral à literatura. Tese de
doutorado. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2010.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">SITES:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">AFRIC-ANA
– Disponível em http://afric-ana.blogspot.com.br/2009/07/museu-etnografico-ii.html
Acesso em junho de 2013. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">UM
casamento da etnia Papel da Guiné-Bissau. Disponível em</span><a href="http://www.youtube.com/watch?v=H0bPpxk3hDI">http://www.youtube.com/watch?v=H0bPpxk3hDI</a>.
Acesso em julho de 2013.</div>
</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Calibri;"><br /></span></div>
</div>
Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-22729946214596652942013-01-14T15:41:00.001-03:002023-05-07T10:03:45.039-04:00Vestibular: essa conversa é com vocêOlá, queridos leitores.<br />
No post de hoje vou falar de um assunto bem específico, vestibular(es). Embora pareça que há pouca coisa a ver com língua e linguagem, vocês logo notarão que é através da língua que a ideologia da exclusão dos vestibulares estará materializada. É nas questões do exame, em sua forma escrita, que ela se concretiza.<br />
O título é uma alusão a um vídeo do movimento negro que discute sobre cotas raciais para o ingresso nas universidades públicas e que se intitula "<a href="http://www.youtube.com/watch?v=UmanxhUPEL4" target="_blank">Essa conversa não é com você"</a>.<br />
O texto de hoje é uma conversa sobre você que não vive uma realidade de exclusão social. É destinado principalmente para aqueles que fazem cursinho e aos que não passam nos vestibulares.<br />
Com vocês:<br />
<br />
***<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-zICLkB-Xnw8/UPRQb3UpBJI/AAAAAAAAAew/I_dyFk7oW44/s1600/arca.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://2.bp.blogspot.com/-zICLkB-Xnw8/UPRQb3UpBJI/AAAAAAAAAew/I_dyFk7oW44/s320/arca.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">ARCA QUE SÓ LEVA POMBAS</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Imagine
você que o mundo vai acabar. Não, melhor ainda: imagine que o mundo será
devastado em um dilúvio e você é o novo Noé. Só que desta vez, você vai ter que
selecionar humanos para compor o novo mundo. Você deverá escolher cada
representante deste vasto rincão de modo a preservar o máximo das pluralidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
primeiro problema com o qual, seguramente, você vai se deparar é: o que é
pluralidade? E logo perguntará: que tipo de pluralidade devo preservar? A
pluralidade cultural, genética, social, de idéias, etc?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
sua barca não caberá todo mundo. Você vai ter de escolher. Quem escolherá? Os
melhores? Quem são os melhores? A grande maioria permanecerá em terra e muito
brevemente os que ficaram morrerão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
muito adiante você vai perceber que seu critério de escolha, por mais objetivo
que seja, será ideológico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Agora,
já podemos deixar de fabular, pois esta realidade está muito próxima dos
brasileiros que todos os anos prestam os vestibulares para o ingresso numa
universidade pública. Vestibular é o rito de passagem para a arca. Vestíbulo é
a íngreme rampa que só permite a passagem de poucos. Mas a idéia de pluralidade
ainda está longe de ser perpetrada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os
vestibulares têm por objetivo, sim, selecionar os melhores. Mas, na realidade,
não têm por objetivo selecionar um espectro diverso de pessoas. Ele também é um
instrumento de massificação de pensamento. Além disso, quais os critérios de
“melhor humano para a universidade” estão em jogo? Quem estabelece esses
critérios?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
primeiro lugar, o vestibular já exclui de cara qualquer um que não esteja na
(ou acima da) classe-média. Para os que estão abaixo, se quiserem passar, terão
de ter sido criados com a ideologia e prática da pequena burguesia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-7sKlxGf1Jqs/UPRR1lzrKoI/AAAAAAAAAfI/9qRoL39hBt4/s1600/hospital-unicamp.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="143" src="https://1.bp.blogspot.com/-7sKlxGf1Jqs/UPRR1lzrKoI/AAAAAAAAAfI/9qRoL39hBt4/s200/hospital-unicamp.jpg" width="200" /></a></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Assim,
<a href="https://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=aHLCX8SYaeM#t=584s" target="_blank"><span style="color: yellow;">os miseráveis</span></a>, para os quais a educação não é um direito</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">,
estão bem distantes de uma universidade. Muitos sequer saberão sobre as
universidades e pensarão que a Unicamp, por exemplo, é apenas um <a href="http://catarsis-catarse.blogspot.com.br/2010/06/memorial.html" target="_blank"><span style="color: yellow;">Hospital de Clínicas (HC)</span></a>. São essas pessoas que provam que a felicidade não
está só em curso universitário. Para eles, a metáfora de entrada é descabida,
já que o vestibular não lhes representaria o fim do mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Aos
que duvidam que o vestibular lima esta classe, sugiro que dêem uma olhada na
prova de redação da <a href="http://www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/vest2012.html" target="_blank"><span style="color: yellow;">edição de 2012 do vestibular da Unicamp</span></a>. Lá, em uma
das tarefas, é pedido ao candidato que escreva um verbete sobre “computação em
nuvens”. Não se trata de um conhecimento muito distante da classe dos que têm
fome? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Deixemo-los
de lado. Não falo em nome destas pessoas. Falo em nome de você que está em
condições sócio-econômicas um pouco melhores. Falo em nome de você que tem
condições de pagar uma taxa de inscrição no valor de R$100,00 para concorrer a
uma vaga na Unicamp (ou a você que ao menos tem acesso aos formulários de
pedido de isenção, um direito que - Ah, claro – lhe poderá ser concedido se
tiver nascido no estado de São Paulo).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Falo
para você que pode se dedicar um ano inteiro de estudos num cursinho. Falo para
você que também não pode, mas arranja um tempo, entre o trabalho e os cadernos,
para estudar para o vestibular. Falo para você que mesmo não podendo nada
disso, estuda num cursinho popular ou só estuda em casa solitariamente. Falo
para muitos de vocês que já fracassaram em vestibulares anteriores e sentiram
na pele a dor de não ter sido um dos eleitos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-3jZx9TT-ov0/UPRShyyM34I/AAAAAAAAAfQ/gdbi6Io5WWQ/s1600/guerra.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="149" src="https://3.bp.blogspot.com/-3jZx9TT-ov0/UPRShyyM34I/AAAAAAAAAfQ/gdbi6Io5WWQ/s200/guerra.jpg" width="200" /></a></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vestibular
é uma guerra, é uma guerra horrível que consome tempo, juventude, dinheiro,
destrói sonhos. Vestibular gera uma indústria de cursinhos carniceiros, que
vêem no fracasso alheio uma oportunidade de ganhar dinheiro. Vestibular é um
desserviço a educação emancipadora, democrática e formadora. Enfim, como o
objetivo aqui não é falar do vestibular, contentem-se com isso: vestibular é
uma guerra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por
isso, é preciso tática e treino. Não adianta ficar o ano inteiro debulhando os
mínimos detalhes de todas as matérias apenas. Faça uma pesquisa e levante uma
estatística dos temas mais prováveis. Estude o vestibular e note qual é a
retórica de cada um deles. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por
se tratar de uma guerra e de estratégia, mais uma vez o fator econômico é quem
manda. Quem tem mais grana, quem não precisa trabalhar, quem não tem filhos
para sustentar terá mais tempo para se dedicar a este irônico esforço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Posto
isso, passemos ao tópico “os critérios de seleção são ideológicos”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Muitas
pessoas pensam que o vestibular, de fato, mede inteligência. Mas, não. Ele mais
deixa à mostra a ideologia da universidade (e a de quem o preparou) do que mede
algo relacionado com inteligência. Ou você pensa que é um burro se não souber
responder um pequeno detalhe da história ou não se lembrar de uma fórmula da
Física? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Afinal,
qual é a ideologia do vestibular? Ao tentar recrutar “os melhores”, a ideologia
de uma seleção que se pretende justa gira em torno daquilo que seus
preparadores acreditam ser “o melhor” perfil de aluno para a universidade. Eis
o que a <a href="http://www.schwartzman.org.br/sitesimon/?p=3521&lang=pt-br" target="_blank"><span style="color: yellow;">ABC (associação brasileira de cientistas) e a SBPC (sociedade brasileirapara o progresso da ciência) </span></a></span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">não me deixa mentir, para os cientistas do Brasil as universidades tem de ter
autonomia para escolher o perfil de aluno que se deseja. E, obviamente, estes
alunos não têm o perfil de pretos, pardos, índios e pobres. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Além
de tudo isso, a correção dos exames tem de ser prática e conseguir eliminar o
máximo de candidatos, afinal são muitos para poucas vagas. Portanto, a
ideologia do vestibular é baseada na exclusão. Assim, se você pestanejar, vai
dançar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Isso
pode ser ilustrado através da redação do vestibular da Unicamp.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Todos
sabemos (e se não sabemos, por que não sabemos?) que as redações são avaliadas
em duas grades: uma específica e outra holística. Falemos, por ora, da grade
específica. Ela avalia (avalia??) três pontos: a proposta, a interlocução e o
gênero. A escala adotada aqui é a de tudo ou nada. Ou o candidato atende ao
quesito ou não. A pergunta que cabe é: como avaliar quesitos tão sutis numa
escala de tudo ou nada?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tomemos
<a href="http://www.comvest.unicamp.br/vest2013/provas.html" target="_blank"><span style="color: yellow;">o vestibular para o ingresso neste ano de 2013</span></a>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Uma
das redações exigia o gênero resumo. Vejamos as instruções: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span><br />
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableGrid" style="border-collapse: collapse; border: none; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-padding-alt: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-yfti-tbllook: 1184;">
<tbody>
<tr>
<td style="border: solid black 1.0pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 432.2pt;" valign="top" width="576"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Imagine-se como um estudante de ensino
médio de uma escola que organizará um painel sobre características
psicológicas e suas implicações no plano individual e na vida em sociedade.
Nesse painel, destinado à comunidade escolar, cada texto reproduzido será
antecedido por um resumo. Você ficou responsável por elaborar o resumo que
apresentará a matéria transcrita abaixo, extraída de uma revista de
divulgação científica. Nesse resumo você deverá: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "symbol"; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">apresentar o ponto de vista expresso
no texto, a respeito da importância do pessimismo em oposição ao otimismo,
relacionando esse ponto de vista aos argumentos centrais que o sustentam. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Atenção: uma vez que a matéria será
reproduzida integralmente, seu texto deve ser construído sem copiar
enunciados da matéria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A correção levou em
conta os seguintes critérios para:<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> 1)<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Proposta: os corretores tinham de
perceber se o candidato havia conseguido apresentar o ponto de vista do texto a
ser resumido e deveria apresentar até dois argumentos do texto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> 2)<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Interlocução: como gênero “resumo” não
tem marcas de interlocução, o candidato não poderia apresentar as marcar
formais de interlocução.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="mso-list: l0 level1 lfo2; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> 3)<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Gênero: uma vez que o aluno apresentasse
marcas formais de interlocução, a nota em gênero seria zero.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Note
que nenhum desses avisos sobre os critérios de correção são dados claramente no
enunciado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-PLydmrwrxpQ/UPRTpEACxyI/AAAAAAAAAfs/yAEeSymWqHY/s1600/confuso.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://4.bp.blogspot.com/-PLydmrwrxpQ/UPRTpEACxyI/AAAAAAAAAfs/yAEeSymWqHY/s200/confuso.jpg" width="200" /></a></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Quanto
à proposta, o enunciado pede que o ponto de vista se relacione com os
argumentos do texto, mas não deixa claro quantos desses argumentos são
necessários, embora na correção, se o candidato apresentasse apenas um
argumento ele levaria a nota zero em proposta. Quanto à interlocução, as pistas
dadas pelo enunciado são a de que quem escreve é um aluno de ensino médio para
a comunidade escolar. No entanto, nenhuma marca de interlocução poderia
aparecer. O enunciado é confuso, pois dá pistas de que se deve marcar a
interlocução, embora o aluno saiba que em um resumo a subjetividade não se
manifesta tão explicitamente. E o enunciado ainda diz que se trata de um texto que
vai apresentar outro e ele será fixado num painel, ou seja, dá margens para que
o “eu” e o “você” apareçam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">No
que diz respeito ao quesito gênero, a nota aqui estava completamente atrelada à
nota em interlocução: um zero lá implicaria num outro zero aqui. Outra
possibilidade de zerar em gênero é não fazendo um resumo. Você não acha
estranho esses critérios, pois como se mede os limites entre um resumo e uma
resenha, ou os limites entre resumo e uma paráfrase, ou entre resumo e uma
síntese????<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Isso
tudo mostra que a grade específica é muito falha e não deveria avaliar os
candidatos numa escala de tudo ou nada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Se
o candidato trouxesse o ponto de vista do texto relacionado a apenas um
argumento, será que já não estaria cumprindo minimamente com a proposta? E se o
candidato usasse uma marca formal de segunda pessoa de sentido genérico (ex: se
<b><i><span style="color: lime;">você </span></i></b>não acreditar no otimismo,.... – que pode
ser sinônimo de: se se não acreditar no otimismo,...) seria ele digno de um
zero em interlocução e gênero? E se o candidato começasse o texto de forma
apresentativa e dialógica (ex: Olá, queridos colegas estudantes, o objetivo
desta publicação é apresentar a vocês uma idéia muito interessante que saiu na
revista tal. Com vocês o meu resumo) também estaria cometendo um deslize que
lhe merecesse dois zeros (interlocução e gênero)? E se ainda o candidato
fizesse uma resenha em terceira pessoa, isto seria considerado um resumo? Se ele
trouxesse dois argumentos do texto e um argumento próprio, isso
descaracterizaria o gênero resumo? E se ele apenas sintetizasse as idéias minimamente?
E se ele parafraseasse tudo em questão? Por que a nota em gênero não se atrelou
também a nota em proposta???<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-42GphIMtfE0/UPRUpOV4jxI/AAAAAAAAAf4/RVCpW7nuVJU/s1600/corretor.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="108" src="https://1.bp.blogspot.com/-42GphIMtfE0/UPRUpOV4jxI/AAAAAAAAAf4/RVCpW7nuVJU/s200/corretor.jpg" width="200" /></a></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Essa
problemática causa um incômodo aos corretores (que por incrível que pareça
também são seres humanos subjetivos que falham), pois eles se transformam em
grandes caçadores de<span style="color: red;"> </span>palavras chaves. Trata-se
de uma avaliação que pune ou premia o candidato que consegue explicitar (ou
ocultar) determinadas palavras. A correção dessa forma, embora haja dupla
correção cega, se torna exaustiva, pois ao final do dia, o corretor estará mais
afiado para buscar “seus, suas, meus, minhas, senhores e senhoras” do que
qualquer outra qualidade. A correção deveria ser ainda melhorada. Mais
corretores deveriam ser contratados e cada um deles deveria corrigir uma
quantidade muito menor de textos por dia. Apesar de que para corrigir os textos
do vestibular da Unicamp seja necessário alguns cursos e um período de um mês
de treinamento, além de ser necessário ter formação na área de linguagem
(Letras, Linguística ou Estudos Literários), no meu ponto de vista, qualquer um
que tenha recebido este treinamento tem capacidade para corrigir o vestibular
(ou o Enem ou o Saresp). Para mim, um pedagogo ou um cientista social também teriam
gabarito para compor a banca de correção. Afinal, já que os critérios da grade
específica são tão peculiares, até uma máquina programada daria conta de “analisar”
estes dados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Uma
vez que estamos falando de qualidade, ainda existe uma segunda grade, a
holística. É através dela que os corretores avaliam a qualidade dos textos.
Seria a parte mais subjetiva da correção e sua escala agora se amplia para 5
pontos. Embora no treinamento seja estabelecida cada zona de nota, o corretor
cansado e já experiente com todos os tipos de texto terá a sua própria maneira
de avaliar a qualidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Como
a correção é feita em duplas que não conhecem um a nota do outro, se houver mais
de 2 pontos de discrepância, a redação será corrigida por uma terceira pessoa. A
meu ver, se houvesse uma correção mais elaborada, nenhuma divergência deveria
ser admitida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-pgcfGLEmMeM/UPRUzniV2OI/AAAAAAAAAgQ/yj7O7ghsqmA/s1600/transparencia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="134" src="https://4.bp.blogspot.com/-pgcfGLEmMeM/UPRUzniV2OI/AAAAAAAAAgQ/yj7O7ghsqmA/s200/transparencia.jpg" width="200" /></a></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Tomemos
alguns exemplos: suponhamos que os dois corretores tenham atribuído um ponto
para gênero e um ponto para interlocução, mas que um deles tenha conseguido
achar um argumento e dado nota zero em proposta e o outro tenha encontrado dois
argumentos e logo ter-lhe atribuído um ponto de proposta. Na holística, ambos
deram nota 1. Não haverá terceira correção, o candidato terá uma nota que é a
média destas duas correções. Assim, ele terá 3 e 4, que multiplicados por 3
(que é o fator que facilita os cálculos dos pontos finais, ao considerar também
as questões da primeira fase), ele terá respectivamente 9 e 12, cuja média é 10,5.
Isto quer dizer que a diferença que anteriormente era de um ponto, agora se
transformou em 1,5. Um dado estatístico que a banca de elaboração e correção
não mostra é a de que os corretores discrepam bastante em 1 ponto na grade
holística, muito mais do que na grade específica. A modo de exemplificação, suponhamos
que haja novamente uma divergência de 1 ponto na segunda redação. No final, a
diferença cresce para 3 pontos no total das redações. Três pontos pode não
parecer nada, mas será crucial para um indivíduo que está prestando o
vestibular para um curso de alta demanda. A pergunta pertinente é: não convidar
o indivíduo para compor a barca com base nesses cálculos é um critério de
justiça? Para o vestibular da exclusão: sim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Normalmente,
os vestibulares culparão o candidato por não terem feito uma leitura adequada dos
enunciados. Os elaboradores do vestibular (que por incrível que pareça também
são seres humanos subjetivos que falham) costumam dizer que a prova de redação
é também uma prova de leitura. Um bom exemplo de como o vestibular da Unicamp
se exime de falhas pode ser encontrado na problemática questão 20 (dos cadernos
Q e Z) da primeira fase do vestibular 2013:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br />
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableGrid" style="border-collapse: collapse; border: none; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-padding-alt: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-yfti-tbllook: 1184;">
<tbody>
<tr>
<td style="border: solid black 1.0pt; mso-border-alt: solid black .5pt; mso-border-themecolor: text1; mso-border-themecolor: text1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 432.2pt;" valign="top" width="576"><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";">Considerando
os respectivos ciclos de vida e de reprodução, um pinheiro do Paraná pode ser
diferenciado de um jequitibá pela <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";">a)
ausência de sementes e presença de flores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";">b)
ausência de sementes e de frutos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";">c)
presença de sementes e ausência de frutos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";">d)
presença de frutos e ausência de sementes.</span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A
alternativa c) foi apontada como a correta. Mas o bom leitor notaria um
paradoxo na forma lógica desta questão. Veja: a leitura induz que o pinheiro do
Paraná pode ser diferenciado de um jequitibá pela presença de sementes. Ou
seja, a resposta diz que o pinheiro do Paraná tem semente e o jequitibá não.
Além disso, o pinheiro do Paraná pode ser diferenciado de um jequitibá pela
ausência de frutos. Isto é, o pinheiro do Paraná não frutifica enquanto o
jequitibá sim. Quando na verdade, segundo os conhecimentos da biologia, tanto
uma espécie quanto a outra apresentam sementes, embora o pinheiro não tenha
frutos. O problema é que o enunciado não “bateu” com as alternativas,
exatamente por não possibilitar uma leitura adequada. Ou a banca esperava que o
candidato lesse as alternativas de modo desvinculado do enunciado?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Se
você ainda duvida deste tipo de erro de leitura da própria banca, existe outra
questão nesta mesma prova que envolve problemas de elaboração. Veja você mesmo
a questão 43 e me diga se é capaz de encontrar a ambiguidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-__DBZfHyZWY/UPRViylEVMI/AAAAAAAAAgc/lP59MyUUubg/s1600/olho.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="162" src="https://2.bp.blogspot.com/-__DBZfHyZWY/UPRViylEVMI/AAAAAAAAAgc/lP59MyUUubg/s200/olho.jpg" width="200" /></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Com
tudo isso, quero dizer que uma questão de vestibular não serve para medir seu
esforço ou o seu mérito. Se você passou no vestibular, não foi porque você
mereceu, foi porque você se treinou e, mais ainda, foi porque você se alinhou a
ideologia da prova. Mesmo que você tenha estudado a retórica do(s) exame(s) e não
conseguiu passar, isso se deveu porque o vestibular é baseado na ideologia da
exclusão. Posto isso, você ainda acha que estes critérios servem para
selecionar os melhores? Melhor para quê? Melhor para quem?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vestibular é elaborado
por uma elite, corrigido por uma elite e seleciona os filhos da elite. Desse
modo, o pensamento é cada vez mais afunilado e a diversidade requerida para uma
arca do fim do mundo não é respeitada. Hey, você, que já está dentro, hey,
você, que quer entrar, esse papo é com você. Vocês não acham que está na hora
de alguma coisa ser feita? Vocês não acham que esse modelo excludente jamais
poderia ser como uma barca? <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<br />
<br />
<br />Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-80687306011415392012-12-11T01:44:00.000-03:002012-12-11T01:58:31.474-03:00A ignorância: uma saudade distanteNo post de hoje, trago uma tradução de uma indicação de leitura feita por uma amiga paraguaia, a Madeleine, que pode ser visitada aqui no seu lindo blog <a href="http://melancoholia.wordpress.com/" target="_blank">Melancoholia</a>.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-YAs22ruUyS0/UMa5IPVRb3I/AAAAAAAAAeM/WuWXNlW0BCU/s1600/kundera.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="163" src="http://3.bp.blogspot.com/-YAs22ruUyS0/UMa5IPVRb3I/AAAAAAAAAeM/WuWXNlW0BCU/s200/kundera.jpg" width="200" /></a></div>
Made, como costumo chamá-la carinhosamente, nos recomenda nada mais nada menos que o escritor tcheco <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Milan_Kundera" target="_blank">Millan Kundera</a> em sua recente obra de 2000 intitulada "A Ignorancia".<br />
<br />
Eis suas impressões, uma breve sinopse e uma linda passagem em que o autor fala sobre a palavra "saudade" em algumas línguas. É interessante notar que este livro desmascara o mito de que "saudade" só existe em português.<br />
<br />
***<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O eixo central deste breve
romance é a "saudade", mas não qualquer saudade, mas sim a que sente
aquele que se vê forçado a emigrar por motivos, dentro outros, políticos. A
saudade dada aos anos que se passaram e ao confronto do período vivido fora com o
período da vida das pessoas que ficaram na pátria. Confronto do que é, do que
foi e do que pudesse ter sido em outras circunstâncias. Dentro de uma reflexão
filosófica costumeira nos livros que li de Kundera, a comparação desta saudade
dos personagens com a saudade de Ulisses e seu regresso a casa, assim como a
análise linguística do termo em vários idiomas foi o que mais me cativou deste
pequeno livro muito mais recomendável. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sinopse da edição:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma mulher e um homem se
encontram por casualidade quando ambos realizavam a viagem de retorno ao país do
qual haviam emigrado 20 anos atrás. Poderão empreender novamente uma curiosa historia
de amor iniciada na então terra natal? Acontece que, depois de tão longa
ausência, suas lembranças não se assemelham. Porque nossa memória, a pobre, o que pode fazer? Só é capaz de reter
do passado uma miserável pequena parcela sem que ninguém saiba por que
precisamente essa e não outra? Vivemos mergulhados num imenso esquecimento, e
não queremos saber dele. Somente aqueles que, como Ulisses, voltam depois de
vinte anos a sua Ctaca natal podem ver de perto, atônitos e deslumbrados, à
deusa da ignorância.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-BEy0xYyhRsY/UMa5gOjC54I/AAAAAAAAAeU/07njbKyZ_iU/s1600/a-ignorancia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-BEy0xYyhRsY/UMa5gOjC54I/AAAAAAAAAeU/07njbKyZ_iU/s200/a-ignorancia.jpg" width="143" /></a><span style="text-align: justify;">Recorte:</span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-align: justify;">Em grego, "retorno" se
diz <i>nóstos</i>. <i>Álgos</i> significa "sofrimento".
A nostalgia é portanto o sofrimento causado pelo desejo irrealizado de
retornar. Para esta noção fundamental, a maior parte dos europeus pode utilizar
uma palavra de origem grega (nostalgia) e, além disso, outras palavras com raízes
na sua língua nacional: "añoranza", dizem os espanhóis; "saudade",
dizem os portugueses. Em cada língua, estas palavras possuem um matiz
semântico diferente. Muitas vezes significam apenas a tristeza causada pela
impossibilidade do regresso ao país. <i>Recordação
dolorosa do país (Morriña del terruño). Recordação dolorosa do lugar (Morriña del hogar). </i>O que, em inglês, se diz: <i>homesickness</i>. Ou em alemão: <i>Heimweh</i>. Em holandês: <i>heimwee</i>. Mas trata-se de uma redução
espacial da grande noção. Uma das mais antigas línguas europeias, o islandês,
distingue bem os dois termos: <i>söknudur,</i> nostalgia no sentido geral; e <i>heimfra</i>:
recordação dolorosa do país. Os checos, a par da palavra <i>nostalgie</i> vinda do grego, têm para a noção o seu próprio
substantivo, <i>stesk</i>, e o seu próprio
verbo; a mais comovente expressão de amor checa: <i>styska</i> <i>se mi po tobe</i>: "tenho
nostalgia de ti"; "não posso suportar a dor da tua ausência". Em
espanhol, <i>añoranza</i> vem do verbo <i>añorar</i> (ter nostalgia), que vem do
catalão <i>enyorar</i>, derivado, por seu
turno, da palavra latina <i>ignorare</i>
(ignorar). A esta luz etimológica, a nostalgia aparece como o sofrimento da
ignorância. <i>Tu estás longe, e eu não sei
o que te acontece. O meu país está longe, e não sei o que se passa lá.</i>
Certas línguas têm algumas dificuldades com a nostalgia: os franceses só pode
exprimi-la por meio do substantivo de origem grega e não têm o verbo para ela;
podem dizer <i>je m´ennuie de toi</i>, mas o
verbo <i>s´ennuyer </i>é fraco, frio e seja
como for demasiado ligeiro para um sentimento tão grave. Os alemães raramente
utilizam a palavra "nostalgia" na sua forma grega e preferem dizer <i>S</i><i>ehnsucht</i>: desejo do que está ausente;
mas <i>Sehnsucht</i> pode visar de igual
modo tanto o que foi como o que nunca foi (uma nova aventura), e, por isso, não
implica necessariamente a ideia de um <i>nóstos</i>;
para se incluir na <i>Sehnsucht</i> a
obsessão do regresso, seria preciso acrescentar um complemento: <i>Sehnsucht nach der Vergangenheit, nach der
verlorenem Kindheit</i>, ou <i>nach der resten Liebe</i> (desejo do passado,
da infância perdida, do primeiro amor).</span></div>
Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-46742940927154848292012-11-27T13:27:00.002-03:002012-11-27T13:35:21.337-03:00Ditadura no ditado?<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-BYvgacVjULw/ULTpFPBJj1I/AAAAAAAAAdk/WTIclzgx4fE/s1600/falso+cognato.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-BYvgacVjULw/ULTpFPBJj1I/AAAAAAAAAdk/WTIclzgx4fE/s1600/falso+cognato.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Logo quando comecei a estudar formalmente língua espanhola e a ter um
contato maior com os registros linguísticos mais afeitos à educação, ouvi um
verbo num determinado uso que me chamou muito a atenção. Façamos uma reflexão
prévia para que em breve possamos voltar ao exemplo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Sabemos que português e espanhol, dado seu parentesco, têm uma quantidade
incrível de cognatos. Trata-se de palavras cujos significantes são praticamente
idênticos. Embora as palavras se mantenham conservadas nas formas escritas, ainda
assim variam bastante em pronúncias.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Já que o significante é a parte tangível de uma língua, os falantes
tendem a perceber mudanças e nuanças com mais facilidade quando elas acontecem
neste nível. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Contudo, quando deixamos um pouco o significante de lado e focamos no
vocábulo como um todo, isto é, quando consideramos também significado e usos,
notamos que as semelhanças entre português e espanhol diminuem consideravelmente.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Quanto ao sentido: há casos em que, embora etimologicamente oriundo de
uma mesma raiz (ou seja: mesmo tratando-se de significantes semelhantes),
algumas palavras desenvolveram sentidos cruzados em uma língua e outra, são
exemplos: apelido-apellido/sobrenome-sobrenombre; classe-clase/aula-aula, entre
outros. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Outro caso que engloba o sentido, e que é o preferido do público, são
os falsos cognatos, como ratón/rato, salgo (de salir)/salgo (de salgar),
carpeta/carpete, busetero/buceta, etc. Aqui, como acolá, o que causa confusão e
graça é a importância que mais uma vez se dá ao significante, ainda que cada
uma das palavras pertencentes aos pares não tenha a mesma origem etimológica.
Os significados atribuídos aos significantes parecidos não se assemelham.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-VZTcsjpxS1M/ULTpc6PkFII/AAAAAAAAAds/sewyMIIn-D4/s1600/mimado.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-VZTcsjpxS1M/ULTpc6PkFII/AAAAAAAAAds/sewyMIIn-D4/s200/mimado.jpg" width="166" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Em outras ocasiões, o vocábulo guarda matizes semânticos diferentes,
percebidos no uso, para cada um dos idiomas. Exemplo: uma vez meu irmão
brasileiro, luso-falante, fez uma reclamação ao meu pai sobre meu irmão mais
novo, ambos falantes do espanhol paraguaio. Em português, o brasileiro disse: -
Pai, o casula foi muito mimado. Notei que brasileiro e paraguaio, filho e pai,
haviam se entendido em partes. É que o sentido luso, no português brasileiro, e
o sentido hispano, no espanhol paraguaio, de “mimar” guardam uma dessemelhança
tênue. Enquanto em português “mimar” pode ter o significado de “adular alguém
excessivamente a ponto de deixá-lo mal acostumado”, em espanhol paraguaio
“mimar” significa apenas “fazer muito carinho”. Enquanto meu irmão brasileiro
queria dizer que o casula apresentava um mau comportamento devido à má criação
do pai; meu pai, todo orgulhoso, estava entendendo aquilo como um elogio, já
que ele se percebia como um pai excessivamente carinhoso. Exemplos desse tipo
existem em abundância nos léxicos das línguas: quedar, enamorar, etc.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Nestes casos, os significantes são praticamente os mesmos e o que muda
é uma parte dos significados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O exemplo que gostaria de discutir hoje, o qual deixei em suspense
logo no início deste texto, tem a ver com estes matizes semânticos que são bem percebidos
quando as línguas estão em contato. Nos discursos de cada língua, o conteúdo
semântico que se difere é bem sutil.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A locução que ouvi, de um professor, no espanhol da Espanha (e depois
também ouvi em países latino-americanos) é: <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-df4uuD0yL_g/ULTp6aYT6fI/AAAAAAAAAd0/R4nBtaOe2vk/s1600/ditar.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="173" src="http://3.bp.blogspot.com/-df4uuD0yL_g/ULTp6aYT6fI/AAAAAAAAAd0/R4nBtaOe2vk/s320/ditar.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b>Voy a dictar clases</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A primeira vista, o falante de português ficaria horrorizado diante
uma tradução capenga do tipo “palavra por palavra” de uma sentença pronunciada
por um professor: <i>Vou ditar aulas. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Seria estranho que um professor <b>ditasse</b>
suas aulas. Seria como se ele estivesse admitindo seu autoritarismo e fizesse
da sua sala de aula uma <b>ditadura</b>. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Aqui há dois problemas, o primeiro e o mais óbvio é que a tradução,
focada no significante, é, em parte, equivocada; e o segundo é que nem sempre fica
tão claro os caminhos que as palavras percorrem para chegarem em seus usos
atuais (ver em português interjeições como “ave”, “nossa”, ou verbos como
“judiar”, que não remetem, maioria das vezes, a “ave maria”, “Nossa Sra.” ou a
“judeus”). Quando o luso-falante faz um julgamento de valor do
professor hispano-falante, ele nada mais está revelando sua inabilidade em
tentar ver o mundo com olhos diferentes dos que está habituado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Junto com o espanhol, o italiano é outro idioma em que aparece “ditar”
com o sentido de ensinar. Isso nos mostra que no passado da língua, “ditar” era
amplamente usado como sinônimo de “lecionar”. Sem querer fazer uma inspeção mais
profunda, posso afirmar que até mesmo os mais leigos perceberão os resquícios
desse sentido na língua atual: “ditado, dicção, dita, etc”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
É interessante destacar que, se por um lado, é etnocêntrico avaliar o
espanhol pelo julgo do português, por outro, é anacrônico, analisar os usos
atuais estritamente pelo uso passado. Os sentidos que ditar tomou em português
lhe permitiu uma associação maior com “ditadura” do que com “ditado”. Basta
entender que espanhol e italiano percorreram outro caminho diverso ao da última
flor do Lácio, pelo menos na variedade brasileira.<o:p></o:p></div>
Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-26336701707412822372012-11-19T11:53:00.000-03:002012-11-22T17:52:24.448-03:00A língua guarani frente as demais línguas do Mercosul ou O guarani de um Paraguai globalizado<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:DoNotOptimizeForBrowser/>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]-->
<br />
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-style: normal;">Com a atual situação política anti-democrática pela qual o Paraguai está passando, o país foi excluído temporariamente do Mercosul. Isso tem um importante significado no giro do carrossel do (des)prestígio linguístico do guarani.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-style: normal;">Este é um texto que fiz circular em 2007-2008 na Jornada de Jóvenes Investigadores de la AUGM, que teve lugar em San Lorenzo, Paraguai, e no I Encontro sobre Linguagem e Exclusão, em Campinas. </span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-XKTWb5lDeQQ/UKpDaIcv6OI/AAAAAAAAAc0/9k3ACjeX4jA/s1600/mercosul.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="188" src="http://4.bp.blogspot.com/-XKTWb5lDeQQ/UKpDaIcv6OI/AAAAAAAAAc0/9k3ACjeX4jA/s320/mercosul.bmp" width="320" /></a></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><b>RESUMO: </b>Este artigo compartilha de uma reflexão feita por Rajagopalan (2003) ao admitir que as identidades lingüísticas na atualidade estão muito comprometidas pelas influências estrangeiras, graças ao processo de globalização característico do mundo pós-moderno. Nesse sentido, faço uma ronda em torno do guarani paraguaio e discorro em que medida a identidade lingüístico-cultural paraguaia se manifesta numa relação de um Paraguai que está em contato com, pelo menos, os vizinhos do Mercosul. Levanto, por conseguinte, questões sobre o que significa a oficialização do idioma indígena como língua do bloco. É o guarani uma língua mercantilizada como o são o espanhol e o português na América do Sul? Qual o interesse acadêmico e até mesmo do senso comum em conhecer a cultura paraguaia para além dos estereótipos? Por que os órgãos oficiais, como as secretarias de cultura, interessam-se pela difusão das culturas sul-americanas? O Paraguai, declaradamente mestiço, é o país exótico do cone sul? E o prestígio da língua paraguaia, mestiça por conseqüência, tem relação direta com o (des)prestígio de poder político-econômico do país frente a globalização? Estas são algumas das questões esboçadas, nem sempre respondidas, no artigo que aqui se apresenta</span></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">. </span></i></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">“...
as línguas não são meros instrumentos de comunicação, </span></i></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">como
costumam alardear os livros introdutórios.</span></i></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">As
línguas são a própria expressão das identidades de quem delas se apropria”</span></i></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">(RAJAGOPALAN,
2003, p. 69)</span></i></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">“A
língua é muito mais que um simples código ou um instumento de comunicação.</span></i></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Ela é,
antes de qualquer outra coisa, uma das principais marcas de identidade de uma
nação, um povo.</span></i></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Ela é
uma bandeira patriótica”</span></i></div>
<div align="right" class="MsoBodyText" style="text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;">(RAJAGOPALAN,
2003, p.93) </span></i></div>
<div align="left" class="MsoBodyText" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div align="left" class="MsoBodyText" style="text-align: left;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Introdução</span></b><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: white;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: white;"><span lang="PT-BR">Durante a XXIII Reunião de Ministros
da Cultura, realizada no dia 21 de novembro de 2006, na cidade do Rio de
Janeiro, adotou-se o idioma guarani como uma das línguas oficiais do Mercosul:</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 108.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt;">Conscientes do relevante valor das línguas
no campo simbólico da cultura, os Ministros e Ministras declaram o Guarani como
língua oficial do MERCOSUL, assinalando o caráter emblemático dessa
consideração que remete à enorme riqueza e variedade das línguas dos povos
originários da região<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;">[1]</span></span></a></span><span lang="PT-BR" style="font-size: 11.0pt;"> </span></div>
<div class="MsoBodyText" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Embora a atitude seja louvável, ela
é tardia. Por que o guarani torna-se língua oficial apenas 15 anos depois da
assinatura do tratado de Assunção? A resposta pode parecer simples, mas ao
elucidá-la, podemos revelar toda uma relação de (des)prestígio não apenas
lingüístico, senão político-econômico da nação paraguaia e suas línguas, frente
às demais nações, línguas e dialetos do bloco.</span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="PT-BR">Em termos de língua, o guarani é caracterizado por sua
oscilação em função do tempo quanto ao seu prestígio. Como se verá nos tópicos
seguintes, o fato histórico Mercosul é apenas mais um movimento de sobe e desce
desse carrossel em que o idioma indígena se encontra. Justamente por se tratar
de uma língua cuja história é repleta de descaso e sucesso, o guarani é ainda
uma língua viva e oficial de um país, visto que seus obstáculos são superados
com momentos de prestígio que acabaram por fortalecer momentaneamente a língua.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
<b><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Breve
histórico do prestígio e desprestígio da língua guarani</span></b></div>
<div class="MsoBodyText" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">O Paraguai foi um país que experimentou, assim como o
Brasil, a ação dos missionários durante a colonização. Em 1580 chegaram os
franciscanos e logo posteriormente os jesuítas. Estes últimos, sobretudo,
implementaram o sistema de reduções.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">De maneira bastante resumida, a situação sócio-cultural
da colônia, segundo Melià (1992), podia ser simplificada em:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 4.0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD;">a)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD;">las ciudades de españoles, donde, sin embargo, se hablaba guaraní, por
lo común.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 4.0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD;">b)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD;">los pueblos de indios, al norte del río Tebicuary, regidos por
clérigos y franciscanos, donde el guaraní era también la<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>lengua ordinaria. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 4.0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;">
<span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD;">c)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";">
</span></span><span lang="ES-TRAD" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES-TRAD;">los pueblos de las Misiones jesuíticas, donde estaba creándose un
nuevo lenguaje y una nueva lengua (p. 33) </span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Tal estrutura permitiu
que o guarani gozasse de um longo período de prestígio – era a moeda básica de
troca entre todos os <a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696" name="OLE_LINK1">estamentos</a> da colônia -,
praticamente o idioma desfrutou desse estatuto até a saída dos jesuítas do
território, no século XVIII. A permanência dos religiosos não apenas permitiu
que a voz indígena fosse a que prevalecesse no período colonial, como também
fez com que ela ecoasse até os dias de hoje, contribuindo em muito como reflexo
da formação histórico-social do país:</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt;">A realidade do guarani constitui uma
situação particular quando pensamos nas relações estabelecidas entre as noções
de civilização e cultura nos discursos sobre a história latino-americana.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A civilização na América Latina – no sentido
de constituição de cidades (civitas) atuais a partir de modelos urbanos
europeus–, coincide com o apagamento das culturas locais, indígenas,
consideradas não civilizadas – no sentido de não-evoluídas (inferiores).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Essa polissemia do termo civilização, tal
como mobilizado nos discursos da (sobre a) colonização, produz uma confluência
característica na compreensão dessa realidade cultural e urbana.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Civilizado é ao mesmo tempo evoluído
(superior) e urbano, estando as culturas indígenas excluídas de ambos os
sentidos do termo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Isto é, as culturas
(línguas) indígenas, por serem consideradas não-civilizadas (primitivas,
inferiores), são excluídas da civilização (constituição de cidades). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Esse não parece ter sido o caso no Paraguai, onde o guarani
permanece até hoje não apenas como língua do campo (onde seu predomínio sobre o
espanhol é absoluto em todas as regiões do país), mas também como língua das
cidades e da capital, sendo sua presença muito evidente tanto nas conversas de
rua como nos meios de comunicação, tendo sido inclusive incluído, como
mencionado, no âmbito mais formal do discurso jurídico – administrativo, ao ter
sido instituído como língua de Estado</span><span lang="PT-BR" style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> (</span><span lang="PT-BR" style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Arial Unicode MS";">RODRÍGUEZ-ALCALÁ,
2002)</span><span lang="PT-BR" style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">.</span><span lang="PT-BR" style="font-size: 11.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span><span lang="PT-BR" style="font-size: 11.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Podemos considerar
que o fato de o guarani ser praticado nos tempos dos jesuítas - um guarani que
não corresponde ao atual, mas que é sua fonte – esse ato foi o primeiro ápice –
o desencadeador - na metáfora do carrossel do prestígio lingüístico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Melià<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;">[2]</span></span></a>
relata que, inclusive, às vésperas da Proclamação da República, documentos eram
redigidos em idioma índio. </span><span lang="ES" style="mso-ansi-language: ES;">“Cuando
el general Manuel Belgrano en 1810, en vísperas de la Independencia, dirigía
proclamas y cartas en guaraní a las autoridades del Paraguay y a su pueblo, lo
hacía a sabiendas de que ésta era su lengua propia” (p. 157). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">A Independencia, em 1811, realizada pela “oligarquía
criolla terrateniente y militar”<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;">[3]</span></span></a>
– nem 100 anos após a saída dos jesuítas em 1768 - elevou ainda mais o
prestígio do guarani. Tal período durou até 1840 – morte de <a href="http://es.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Gaspar_Rodr%C3%ADguez_de_Francia" target="_blank">Francia </a>– e teve
seu cume durante o período de ditatura, 1814 -1840, instaurado pelo já
mencionado Gaspar Rodríguez de Francia. Melià<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;">[4]</span></span></a>
alega que durante a ditadura o processo de banimento do castelhano se radicalizou:
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 117.0pt; text-align: justify;">
<span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;">Hechos como la supresión
del Real Colegio Seminario de San Carlos, en 1822, y la secularización de todas
las órdenes religiosas, afectaron muy directamente a las posibles élites
culturales. Se puede afirmar que a partir de la década de 1820-1830, solamente
es representativa del Paraguay la denominada <i style="mso-bidi-font-style: normal;">gente rei</i>, es decir, ‘el pueblo común’, según el análisis histórico
de R. E. Velázquez (1976). Los grupos sociales con capacidad e interés por
emplear la lengua castellana, como podía ser la burguesía comercial y la
oligarquía terrateniente, heredera de encomenderos y ‘comuneros<span style="mso-tab-count: 1;"> </span> - menos éstos que aquéllos – fueron reducidos
a callarse, cultural y políticamente (Granda, 1988: 544)</span><span lang="ES" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: ES;"> -</span><span lang="ES" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: ES; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> (p.
159)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="ES" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: ES; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span><span lang="PT-BR">Pouco se
sabe sobre a educação escolar no período de Francia (MELIÀ). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 117.0pt; text-align: justify;">
<span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;">El alcance real que haya
podido tener la escuela en tiempos del doctor Francia es hasta hoy un asunto
mal conocido, que suscita opiniones encontradas. (...) Pero hacia 1834 el
Estado sólo sostenía a 150 maestros que enseñaban a unos 5000 alumnos. (…) Lo
que en estas escuelas se enseñaba era un curioso catecismo llamado ‘patrio
reformado’, cuyo texto, por lo menos tal como se ha conservado, estaba en
castellano</span><span lang="ES" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: ES;"> </span><span lang="ES" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: ES; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(p. 165)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="ES" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: ES; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span><span lang="PT-BR">Melià faz
referência também a uma biblioteca de Francia (repleta de títulos castelhanos),
mas conclui que tais dados sobre o espanhol são mais anedóticos que efetivos no
que diz respeito à situação lingüística do Paraguai nessa época.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É somente após a
morte de Francia, e com ela o fim de sua ditadura, que se dá início ao processo
concreto de castelhanização do Paraguai. Seu sucessor e sobrinho, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Antonio_L%C3%B3pez" target="_blank">CarlosAntonio López</a>, ficou conhecido, em se falando da língua e cultura guarani, por
“no haberse interesado por la cultura guaraní” (p. 166). Há relatos publicados
tanto por Melià (1992) quanto por Rubin (1968) de que inclusive a língua
guarani havia sido perseguida na escola durante o governo de Carlos Antonio
López.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Tal político também
ficou conhecido por conceder cidadania aos índios. Mas vale lembrar que tal
fato, do ponto de vista (político)lingüístico, pouco tem de glorioso, glória
que costuma ser exaltada em qualquer bibliografia sobre López (pai). Conceder a
cidadania aos índios não mais foi que uma tentativa de castelhanizar uma
cultura indígena. Em 1848, ele extinguia o regime de comunidades, o que desfez
as cidades dos índios e acabou com o uso dos sobrenomes guaranis (MELIÀ, 1992).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 108.0pt; text-align: justify;">
<span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;">Castellanizada de
palabra, esta gente seguía tan guaraní como antes en la palabra. Ahora traían
un nombre español, habían dejado de ser ‘indios’, pero hablaban en guaraní. De
este modo un grupo considerable de indígenas, hablantes en guaraní, se
incorporaba a la masa de los ‘paraguayos’, con lo que se cerraba un proceso que
ya se había iniciado con fuerza cuando muchos guaraníes de las Misiones jesuíticas,
salidos de sus pueblos, habían pasado a las ciudades de españoles o se habían
conchabado como peones en las estancias</span><span lang="ES" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: ES; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> (p. 167-168)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Da saída dos jesuitas (1768) até a morte de Carlos
Antonio López (1862), podemos encontrar uma oscilação completa de nosso
carrossel: um grande momento de prestígio seguido de outro de desprestígio. Mas
antes de mencionarmos o mundo da globalização atual e a oficialização do idioma
guarani no Mercosul, ainda teremos de dar pelo menos mais um giro em nosso
lúdico brinquedo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">No governo seguinte, o do filho de
Carlos Antonio, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Solano_L%C3%B3pez" target="_blank">Francisco Solano López</a>, talvez um dos nomes históricos mais
lembrado pelo povo paraguaio, o idioma guarani volta a ser idioma prestigiado. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">A <a href="http://www.youtube.com/watch?v=XYD4O2muU3w" target="_blank">guerra contra a Tríplice Aliança</a> –
Argentina, Brasil e Uruguai – transforma Solano López em herói nacional e a
língua guarani em característica de orgulho da nação paraguaia. O clichê de que
a língua pode funcionar como bandeira do país é exemplificado pelo caso
paraguaio mediante suas guerras.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 117.0pt; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify;">
<span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;">La guerra
de 1864 e 1870 se nutrió con la sonora armonía del idioma autóctono. […] El
drama hondo y terrible, la tragedia singular de aquella época los sufrió, así,
el pueblo paraguayo, en guaraní. Era la lengua en que lloraban las mujeres de
la ‘residenta’ y en la que odiaban y peleaban los varones de nuestra tierra</span><span lang="ES" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: ES; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> (CENTURION, 1947, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">apud</i> MELIÀ,
1992)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">O segundo giro se completa exatamente
no período posterior à guerra do Paraguai, finda em 1870, com nova perseguição
contra o guarani em favor da castelhanização. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">A Argentina teve papel fundamental
nesse novo período, o país vizinho havia exterminado grande parte das culturas
de substrato e de lá provinha a ideologia de que o castelhano era o elemento
civilzador necessário para aplacar o uso do guarani. Melià arrola dados interessantes
sobre como o pensamento argentino se traduzia para a realidade paraguaia,
dentre eles, o fato de muitos dos professores do Paraguai pós-guerra terem
completado sua educação na Argentina e o fato de que as pessoas circulavam de
um país ao outro. Nesse intercâmbio, chegou ao Paraguai, em 1887, Domingo
Faustino Sarmiento, um político e educador famoso naquele período, segundo
Melià. Como bem resume Alcalá-Rodrigues na citação há pouco transcrita, o
elemento indígena está relacionado ao primitivo e não-civilizado (discurso
presente inclusive nos dias de hoje). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Uma vez que a intelectualidade
paraguaia, inserida no contexto mundial progressita, tomava para si a ideia de
que o guarani estava para o retrocesso e o castelhano para o progresso, a
escola, os jornais e os documentos oficiais se enchiam do discurso de repúdio
ao guarani. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-FtWl28Tl3VY/UKpKysQHotI/AAAAAAAAAdM/wDtAc0Tcfpo/s1600/stroessner.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="162" src="http://4.bp.blogspot.com/-FtWl28Tl3VY/UKpKysQHotI/AAAAAAAAAdM/wDtAc0Tcfpo/s200/stroessner.bmp" width="200" /></a><span lang="PT-BR">Mas a guerra do Chaco (1932 a 1935),
de certa forma, ameniza, mas não interrompe, tal discurso. Mais uma vez o
guarani se transforma em motivo de orgulho e em estratégia de guerra.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Na segunda metade do século XX,
marcada pela <a href="http://www.portalguarani.com/obras_autores_detalles.php?id_obras=14012" target="_blank">ditatura de Stroessner</a> (1954-1989), a história do (des)prestígio
guarani é ainda mais complexa e ambígua. Surgem órgãos de apoio ao guarani,
publicações, criação de revistas, decretos etc (MELIÀ, 1992).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 117.0pt; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify;">
<span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;">La disposición legal más significativa de la época no deja de ser la que
consta en la Constitución de 1967, con su art. 5°: ‘Los idiomas nacionales de
la República son el guaraní y el español. Será de uso oficial el español’. Y en
su art. 92: ‘El Estado fomentará la cultura en todas sus manifestaciones.
Protegerá la lengua guaraní, y promoverá su enseñanza, evolución y
perfeccionamiento’</span><span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span lang="ES" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: ES;"> (MELIÀ, 173)</span></span><br />
<span style="mso-bookmark: OLE_LINK2;"><span lang="ES" style="font-size: 9.0pt; mso-ansi-language: ES;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Quanto às mudanças educacionais, Melià
lembra que um conjunto de fatores possibilitou que se começasse a pensar pela
primeira vez num estudo mais sistemazidado do idioma. Em 1962, cria-se o
Instituto de Lingüística Guarani, em 1971 o Bacharelado em língua guarani. Três
anos depois surge também a cartilha “Ko’êñ” (Amanhecer), fruto de “experiencias
de educación alternativa en ‘escuelitas campesinas’” (p. 174). O alcance do
ensino do guarani só ganharia força depois da década de 1990, quando, de fato,
a escola incorpora a disciplina das línguas maternas, i.e. também o guarani, no
currículo obrigatório. </span><span lang="ES" style="mso-ansi-language: ES;">Antes
disso, “la enseñaza sistematizada del guaraní tiene en el Paraguay una historia
de altibajos, que refleja tanto problemas propiamente pedagógicos como
indecisión y ambigüedad política” (p. 174)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Com a nova
Constituição de 1992, o guarani se torna língua oficial</span><span lang="PT-BR">, como ressalta Melià (p.175):</span><span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt;"></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-left: 108.0pt; tab-stops: 171.0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;">De los idiomas</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 108.0pt; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 108.0pt; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bookmark: OLE_LINK4;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;">Artículo 140</span></i></span><span style="mso-bookmark: OLE_LINK4;"><span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;">. El
Paraguay es un país pluricultural y bilingüe.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 108.0pt; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bookmark: OLE_LINK4;"><span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;">Son idiomas oficiales el
castellano y el guaraní.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 108.0pt; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bookmark: OLE_LINK4;"><span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;">La ley establecerá las
modalidades de utilización de uno y otro.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 108.0pt; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bookmark: OLE_LINK4;"><span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;">Las lenguas indígenas, así como
las de otras minorías, forman parte del patrimonio cultural de la Nación</span></span><span lang="ES" style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: ES;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT-BR">A construção dos discursos
em torno do guarani</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">De modo bastante rápido, através da
resenha de Melià (1992), fizemos um apanhado histórico sobre o vai-e-vem do
guarani dançante no carrossel do (des)prestigio (sócio-econômico-político) lingüístico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Vimos que a
oficialização do guarani como língua nacional<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span style="mso-bookmark: OLE_LINK5;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;">[5]</span></span></span></a><span style="mso-bookmark: OLE_LINK5;"> também foi tardia e se deu a custa de muitas
voltas e reviravoltas históricas</span>. À medida que cada ciclo se completava
um novo discurso sobre o guarani surgia: em momentos de glória, o discurso que
predominava era o de orgulho<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;">[6]</span></span></a>
– o guarani enquanto símbolo e bandeira do Paraguai. Em tempos de perseguição,
o guarani era acusado como o culpado pelo atraso paraguaio. Mas esse atraso
somente aparece depois da Guerra do Paraguai e que foi ocasionado, como bem
sabemos, pela destruição massiva do país. A mesma língua que fracassou no campo
de batalha na Grande Guerra foi vitoriosa na <a href="http://es.wikipedia.org/wiki/Guerra_del_Chaco" target="_blank">Guerra do Chaco</a>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Enfim, na confluência
desses dois principais discursos sobre o idioma guarani - um de orgulho e outro
de retrocesso – é que se encontra o Paraguai atual e a realidade com a qual se
depara o Mercosul.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT-BR">O que significa o guarani
como língua oficial do Mercosul?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
No Paraguai de hoje
tenta-se adotar uma planificação lingüística que valorize e proteja o idioma
guarani, como medida que reconhece o multiculturalismo da nação e assume o
passado histórico de formação do país. O guarani, juntamente com o castelhano,
é ensinado na escola para todos os níveis.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Dentre os países da América do Sul,
sobretudo os membros do Mercosul, nenhum tem uma situação como a paraguaia em
que a língua indígena se tornou língua majoritária. Nesses países predominou a
língua européia imposta e que substituiu as nativas – ou as trazidas da África
- (pelo menos em prestígio). O mesmo processo que impôs o latim à península
ibérica foi o que obrigou o falar português-espanhol, sobretudo, cá na América,
mais especificamente no cone sul-sul: o processo da expansão territorial. A
globalização, tal qual nos moldes atuais, começada em tempos romanos e
modificada na história transformou línguas em mercadorias. E no Mercosul o
estado da arte não é diferente, a mercantilização das línguas, tal como
menciona Rajagopalan (2004), faz do espanhol uma boa pedida para os brasileiros
e do português o diferencial dentre aqueles que têm como língua materna o
espanhol.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">O ensino de língua portuguesa e
espanhola como línguas estrangeiras é crescente no Mercosul. Mas esse processo
ainda não atingiu o guarani. Cursos de guarani como língua estrangeira não são
anunciados em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">outdoors</i> no Brasil, na
Argentina ou no Uruguai, nem existem escolas especializadas, fora do Paraguai,
para ensinar o idioma. Por que as pessoas não se interessam em aprender o
idioma guarani, já que é ele “tão” oficial “quanto” o português e o espanhol?
Aliás, qual o real interesse do senso comum na cultura paraguaia? No Brasil,
sustenta-se o mito de que a terra é apenas lugar de falsificação e muambas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">O guarani, penso,
como língua oficial do Mercosul, às vezes, não passa de um ato alegórico na
tentativa de minimizar a perseguição e massacre indígena que foi recorrente em
toda a história da América Latina</span><span lang="PT-BR">, como bem vimos
exemplificada na resenha acima. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Enquanto produto,
o guarani não é interessante e não convém vendê-lo para além das fronteiras
guarani. A que esse desinteresse se deve? Ao fato de que no Paraguai há a
língua espanhola que supre muito bem essa comunicação com as demais nações do
bloco? Ou ao desinteresse mesmo pela cultura do país? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">Esperamos manifestamente que as
decisões e propostas presentes na ata da XXIII Reunião de Ministros da Cultura
do Mercosul, mesma reunião que oficializou o guarani como idioma do bloco,
sejam postas em prática.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span lang="PT-BR">O discurso oficial agora com que
depara aqueles discursos formadores da nação paraguaia, sobre o qual falamos no
tópico anterior, é oposto à crença de que a cultura nativa é inferior:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt;">Os Ministros, Ministras e as Autoridades
Máximas presentes à reunião:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt;">Consciente das forças das expressões
simbólicas de suas culturas;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt;">Convictos de que, para a construção de uma
cultura de paz da qual sejam beneficiados todos os povos, é necessário proteger
e promover a diversidade cultural;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt;">Desejosos de que a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Cultura seja reconhecida como força propulsora do desenvolvimento</b>,
devendo estar entre as preocupações centrais das agendas do Governo de seus
países, tal como estabelecida na Declaração Universal dos Direitos do Homem e
do Cidadão, de 1948;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt;">Sabedores de que o papel do Estado é criar
condições para que a sociedade seja protagonista e beneficiária dos processos
culturais, de modo a usufruir da qualidade de vida desejada por todos e lograr
a plena realização de suas potencialidades humanas;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 171.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-size: 10.0pt;">Receberam (...)<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;">[7]</span></span></a>
(<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Grifos
meus</i></b>)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: red; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span><span lang="PT-BR">Os
Ministros(as) “concordam que é necessário conhecer as características do setor
cultural em cada país”, “manifestam a importância de incentivar o intercâmbio
de experiências das pessoas ligadas a área cultural, bem como de bens, serviços
e conteúdos culturais” e “congratulam o Paraguai por ter aprovado a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ley Nacional de Cultura nº 3051<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;">[8]</span></span></a></i>,
que cria a Secretaria Nacional de Cultura como órgão de nível ministerial”<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;">[9]</span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Esperamos que o
Paraguai, com tal Lei, contribua na divulgação de sua própria cultura e que a
Secretaria não seja apenas mais um órgão público caracterizado pelo comodismo.
Esperamos das demais nações o (re)conhecimento de uma cultura de que a história
muitas vezes é compartilhada. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas sabemos que a
esperança não deve se projetar apenas sobre as instâncias oficiais do bloco,
deve-se ter em consideração que a visão do senso comum é um construto que leva
gerações para ser modificada e que talvez nunca se modificará.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Diante
de tudo que foi discutido, ainda resta uma dúvida: a oficialização do guarani
como língua do Mercosul é um fato de que devemos nos honrar? Afinal ela coroa a
desigualdade lingüístico-cultural do Paraguai frente seus aliados. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT-BR">Referências Bibliográficas</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696" name="OLE_LINK10"><span lang="PT-BR">ATA DA XXIII RMC. Disponível em:
http://www.cultura.gov.br/mercosur/wp-content/uploads/2007/05/ataxxiiireuniaodosministrosdomercosul.pdf
(Último acesso: 25/07/2008)</span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<h2 align="left" style="text-align: left;">
<span style="mso-bookmark: OLE_LINK10;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12.0pt; text-decoration: none; text-underline: none;">DECLARAÇÃO
SOBRE A INTEGRAÇÃO CULTURAL NO MERCOSUL publicado em 24/11/2006. Acessível em: </span></span><a href="http://www.cultura.gov.br/mercosur/?p=57"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK10;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12.0pt; text-decoration: none; text-underline: none;">http://www.cultura.gov.br/mercosur/?p=57</span></span><span style="mso-bookmark: OLE_LINK10;"></span></a><span style="mso-bookmark: OLE_LINK10;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12.0pt; text-decoration: none; text-underline: none;"></span></span></h2>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bookmark: OLE_LINK10;"><span lang="PT-BR">LEI NACIONAL DE CULTURA Nº 3051. http://www.cultura.gov.br/mercosur/wp-content/uploads/2007/05/paraguay_ley_nacional_cultura.pdf<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(Último acesso 25/07/2008)</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bookmark: OLE_LINK10;"><span lang="ES" style="mso-ansi-language: ES;">MELIÀ, B. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">La lengua guarani del Paraguay: historia, sociedad y literatura</i>. </span><span lang="PT-BR">Madri: Mapfre, 1992</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<span style="mso-bookmark: OLE_LINK10;"><span lang="PT-BR">RAJAGOPALAN, K. Línguas
nacionais como bandeiras patrióticas, ou a lingüística que nos deixou na mão:
observando mais de perto o chauvinismo lingüístico presente no Brasil. In:
LOPES DA SILVA, F., RAJAGOPALAN, K. (orgs.) <i>A lingüística que nos faz
falhar: </i>investigação crítica. São Paulo: Parábola, 2004.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-bookmark: OLE_LINK10;"><span lang="PT-BR">RODRÍGUEZ-ALCALÁ, C. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O sentido
público no espaço urbano: a questão da língua</i>. 2002. Disponível em: </span></span><a href="http://www.unicamp.br/iel/hil/publica/relatos_07.html"><span style="mso-bookmark: OLE_LINK10;"><span lang="PT-BR">http://www.unicamp.br/iel/hil/publica/relatos_07.html</span></span><span style="mso-bookmark: OLE_LINK10;"></span></a><span style="mso-bookmark: OLE_LINK10;"><span lang="PT-BR"> (Último acesso: 25/07/2008)</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: white;"><span style="mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-weight: bold;">RUBIN</span><span style="mso-ansi-language: EN-US;">, <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">J. </span>National Bilingualism in <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Paraguay</span>. </span><span lang="PT-BR">Haia: <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Mouton, 1968</span>.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696" name="OLE_LINK11"><span lang="PT-BR">ZUCCOLILLO, C.M.R<i style="mso-bidi-font-style: normal;">. Língua,
nação e nacionalismo. Um estudo sobre o guarani no Paraguai</i>. Tese de
doutorado: IEL/Unicamp, 2000.</span></a></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<h2>
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;">[1]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> </span><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; text-decoration: none; text-underline: none;">DECLARAÇÃO SOBRE A INTEGRAÇÃO CULTURAL NO MERCOSUL</span></h2>
<div class="MsoFootnoteText">
<span lang="PT-BR">publicado em 24/11/2006. Acessível
em: http://www.cultura.gov.br/mercosur/?p=57</span></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;">[2]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit.</i></span></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;">[3]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit.</i></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;">[4]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">op. cit.</i></span></div>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;">[5]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> E sobre o assunto muito bem disserta Zuccolillo (2000)</span></div>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;">[6]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Rubin (1968). <i style="mso-bidi-font-style: normal;">National
Bilingualism in Paraguay</i></span></div>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;">[7]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Ata da XXIII RMC. Disponível em: <a href="http://www.cultura.gov.br/mercosur/wp-content/uploads/2007/05/ataxxiiireuniaodosministrosdomercosul.pdf">http://www.cultura.gov.br/mercosur/wp-content/uploads/2007/05/ataxxiiireuniaodosministrosdomercosul.pdf</a>
(25/07/2008)</span></div>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;">[8]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Para saber mais sobre a lei, ver: <a href="http://www.cultura.gov.br/mercosur/wp-content/uploads/2007/05/paraguay_ley_nacional_cultura.pdf">http://www.cultura.gov.br/mercosur/wp-content/uploads/2007/05/paraguay_ley_nacional_cultura.pdf</a><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(25/07/2008)</span></div>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6457091150278721696#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT-BR"><span style="mso-special-character: footnote;">[9]</span></span></span></a><span lang="PT-BR"> Ver nota 7</span></div>
</div>
</div>
Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-39248329714457579212012-10-30T17:39:00.002-03:002012-10-30T17:40:26.271-03:00A origem da linguagem e o sujeito<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-3RBT2aqcVtg/UJAzTk8B8vI/AAAAAAAAAbU/vNM3nJnO47Q/s1600/402057_352072424803667_111193872_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="640" src="http://3.bp.blogspot.com/-3RBT2aqcVtg/UJAzTk8B8vI/AAAAAAAAAbU/vNM3nJnO47Q/s640/402057_352072424803667_111193872_n.jpg" width="360" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="text-indent: 47.266666412353516px;">Saussure, Freud e Durkheim invertem (...) a perspectiva que faz da sociedade o resultado do comportamento individual e insistem em que o comportamento é possibilitado por sistemas sociais coletivos que os indivíduos assimilaram, consciente ou inconscientemente (Culler, p. 62, 1979).</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: right;">
<i style="text-indent: 35.45pt;"><br /></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i style="text-indent: 35.45pt;"><br /></i></div>
<div style="text-align: right;">
<i style="text-indent: 35.45pt;">Origem da linguagem: inanidade da questão
(...)</i></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<i>[não há nenhum momento em que a gênese
difira <o:p></o:p></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<i>caracteristicamente da vida da linguagem <o:p></o:p></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<i>e o essencial é ter compreendido a vida] <o:p></o:p></i></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.45pt;">
<i><span lang="EN-US">(Saussure, in: Boquet e Engler, p. 196, 2002)<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Na epígrafe que abre esta reflexão, deparamo-nos com a ideia saussuriana
de que a origem e a vida da linguagem não se diferem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Nas notas das famosas três conferências, reunidas nos
<i>Escritos de Linguística Geral</i> (Boquet
e Engler, 2002), o genebrino demonstra que as línguas seguem dois princípios
universais: o da <i>continuidade</i> e o da <i>mutabilidade</i>. Estes são ilustrados pela
passagem do que se chama de latim para o que se chama de francês: o francês não
pode ser considerado uma língua diferente do latim, senão que se trata do
próprio latim em outro estágio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 70.9pt; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-size: 11.0pt;">...outra locução figurada que vamos
justiçar (...) é do <i>francês, língua filha
do latim</i>, - ou do <i>latim, língua mãe</i>
das línguas românicas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 6pt 70.9pt; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Não existem línguas filhas nem línguas mães, não
existe em parte alguma e nem jamais existiram. Há, em cada região do globo, um
estado de língua que se transforma lentamente, de semana em semana, de mês em
mês, de ano em ano e de século em século, (...) mas nunca houve, em parte
alguma, parturição ou procriação de um idioma novo por um idioma anterior, isso
é estranho a tudo o que vemos, assim como a tudo o que podemos nos representar
em ideias, sendo dadas, simplesmente, as condições em que falamos, cada um a
nossa língua materna (p. 134)<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-IQEHcf3FT98/UJA0Yv0jB-I/AAAAAAAAAbc/ci-MUFw7Tgw/s1600/mito-criacao.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" height="177" src="http://2.bp.blogspot.com/-IQEHcf3FT98/UJA0Yv0jB-I/AAAAAAAAAbc/ci-MUFw7Tgw/s200/mito-criacao.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Deste modo, o valor heurístico que Saussure dá à origem da linguagem é o
mesmo que o de seu corte sincrônico de análise: sincronia explica diacronia (e
vice-versa), assim como vida explica mutuamente a origem da linguagem. Por ser
a origem da língua e da linguagem um lugar inalcançável, sobre ela sempre
recairão inúmeros mitos (religiosos e pagãos) e especulações (científicas ou
filosóficas). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
De modo geral, constituiu-se a ideia de que a origem parece ter guardado
todos os segredos do desenvolvimento das línguas (Labjor, 2001;
Jiquilin-Ramirez, 2012). É nela em que se encontra a chave para os enigmas da
cognição, da comunicação, da linguagem e do pensamento. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Esta pressuposição transforma ingenuamente a origem no lugar imaculado,
puro, estanque, universal, natural, autêntico e essencial. Conforme ainda
argumentarei e ressaltando as ideias de Saussure, a origem é tão proteiforme
quanto à vida dinâmica da linguagem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Deixemos, por ora, em suspense nosso olhar sobre a origem e reflitamos
sobre a vida da linguagem. É necessário que voltemos nossa reflexão para o
motor que faz funcionar o caráter continuativo e mutável das línguas vivas<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Para o pai da Linguística moderna, este motor são os
indivíduos:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 6pt 70.9pt; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-size: 11.0pt;">A língua nasce, cresce, definha e morre, como todo ser
organizado. Essa frase é absolutamente típica da concepção tão difundida, mesmo
entre os linguistas, que é combatida a exaustão e que levou diretamente a fazer
da linguística uma ciência natural. Não, <i>a
língua não é um organismo</i>, ela não é uma vegetação<i> que existe independentemente do homem</i>, ela não tem uma vida que
implique um nascimento e uma morte. Tudo é falso na frase que eu li: a língua
não é um ser organizado, ela não morre por ela mesma, ela não definha, ela não
cresce, na medida em que não tem uma infância, assim como não tem uma idade
madura ou uma velhice e, por fim, ela não nasce (<i>grifos meus</i>, p. 135).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Por extensão, a coletividade assume o papel fundamental para o princípio
universal de todas as línguas: “A linguagem é um fenômeno: é o exercício de uma
faculdade que existe no homem. A língua é o conjunto de formas concordantes que
esse fenômeno assume numa coletividade de indivíduos e numa época determinada”
(<i>grifos meus</i>, p. 115).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Desta relação homem-língua, Saussure<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
nos permite uma das primeiras reflexões do papel individual, em contraposição
ao papel coletivo para a mudança e continuidade da língua: a língua afeta o
sujeito, mas o sujeito não consegue afetar a língua, na medida em que, enquanto
solitário, sua força de mutação e continuação linguística é nulo. Em notas:
“... toda espécie de valor, mesmo usando elementos muito diferentes, só se
baseia no meio social e na força social. É a coletividade que cria o valor, o
que significa que ele não existe <i>antes</i>
e <i>fora</i> dela, nem em seus elementos
decompostos e nem nos indivíduos” (p. 250).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O sujeito, já em Saussure,
configura-se numa espécie de meio de campo da língua. Por um lado, ele
constitui um coletivo, mas, por outro, a língua (e a ideologia) o constitui <i>qua</i> indivíduo. E se é o coletivo (seja
em forma de luta de classes, conforme prefere os marxistas) o motor dos princípios
das línguas, qual a sua força <i>qua</i>
sujeito real? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Esta
indagação também parece tê-lo perturbado:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 6pt 70.9pt; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Os fatos linguísticos
podem ser tidos como o resultado de atos de nossa vontade? Tal é, portanto, a
questão. A ciência da linguagem, atual, lhe dá uma resposta afirmativa. Só que
é preciso acrescentar, imediatamente que há muitos graus conhecidos, como
sabemos, na vontade consciente<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a> ou
inconsciente: ora, de todos os atos que se poderia pôr em paralelo, o ato
linguístico, se posso chamá-lo assim, tem a característica [de ser] o menos
refletido, o menos premeditado e, ao mesmo tempo, o mais impessoal de todos. Há
uma diferença de grau que, de tão longe que vai, dá, há muito tempo, a ilusão
de ser uma diferença essencial, mas não passa, na realidade, de uma diferença
de graus (p. 132)</span>. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Contemporaneamente, Freud
e Durkheim, na visão de Culler (1979), também lançam mão do mesmo problema:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 6pt 70.9pt; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-size: 11.0pt;">A Sociologia, a
Linguística e a Psicologia psicanalítica só são possíveis quando se tomam os
significados que estão ligados aos objetos e ações na sociedade vista como uma
realidade primária, diferenciando-os, como fatos que devem ser explicados. E
desde que os significados são um produto social, a explicação deve ser levada a
cabo em termos sociais. É como se Saussure, Freud e Durkheim tivessem
perguntado: “o que torna possível a experiência individual? O que habilita os
homens a operar com objetos e ações significativos?” E a resposta que eles
postulam era as instituições sociais, que, embora sejam formadas pelas
atividades humanas, são as condições da experiência. Para compreender a
experiência individual, cumpre estudar as normas sociais que a tornam possível
(p. 61-2).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mais de meio século
adiante, Pêcheux traz à baila a noção de interdiscurso, formação discursiva,
formação ideológica e formação imaginária<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Aparatos de análise que corroboram as ideias seminais de nosso mestre: “esse
sujeito que, por um lado, não é a origem de seu dizer, é assujeitado à
ideologia dominante e é afetado inconscientemente pelos saberes próprios de uma
determinada Formação Discursiva, na qual se inscreve prioritariamente; por
outro lado, é um sujeito responsabilizado juridicamente pelo discurso que
produz” (Silveira, p. 71, 2004).<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-LlQSkNggBY0/UJA1QTWUpMI/AAAAAAAAAbk/jLHvEgH9M_M/s1600/ovo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-LlQSkNggBY0/UJA1QTWUpMI/AAAAAAAAAbk/jLHvEgH9M_M/s1600/ovo.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Chegamos, então, a uma
questão de ovo-galinha, tal qual àquela de vida e origem: se o falante
“hospeda” a língua/ideologia, se a língua/ideologia constitui o falante, como
seria possível vencer esta força coercitiva e proporcionar
mudanças/continuidades? Em outras palavras, como um fato linguístico/ideológico
deixa de ser individual e passa a ser coletivo? Usando termos genebrinos: <i>parole</i> e <i>langue</i> são comensuráveis? Quando a <i>parole</i> atinge a <i>langue</i>?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Passemos, então, a análise
de alguns casos anedóticos em que o falante pretende lutar contra a injunção
linguística. É muito comum em grupos minoritários uma luta empreendida contra a
língua no que diz respeito às injúrias que tais grupos sofrem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Podemos recorrer ao
exemplo da nomeação das etnias indígenas no Brasil. O nome com que as
comunidades indígenas ficaram amplamente conhecidas, muitas vezes, era lhes
atribuída por uma tribo inimiga ou, o que era mais frequente, pelo homem
branco. Dentre o vasto repertório nacional, quero trazer dois casos, um de
fracasso e outro de êxito, quanto à mudança de nomes.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-50Qnck1dJEs/UJA1ivNvVtI/AAAAAAAAAbs/CAjbvkYeKy4/s1600/botocudo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="133" src="http://4.bp.blogspot.com/-50Qnck1dJEs/UJA1ivNvVtI/AAAAAAAAAbs/CAjbvkYeKy4/s200/botocudo.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Os bororo, povo que habita
o estado do Mato Grosso, receberam essa denominação dos colonizadores
portugueses, que num primeiro contato, ao perguntarem aos gentios onde se
localizavam, ouviram como resposta “bororo”, que naquela língua significa
“pátio da aldeia”. Até os dias de hoje, os bororos<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>
são oficialmente chamados assim, muito embora, dentro da própria comunidade
eles se autodenominam “Boe”. Já não é o caso dos Krenak, localizados em Minas
Gerais, que receberam a classificação genérica dos brancos como “aimorés”, nome
também usado para outros grupos, e que depois o tiveram mudado para “botocudos”
(aquele que usa botoques nos lábios e/ou nas orelhas), também comum a outros
povos, e que nos dias de hoje são oficialmente identificados pela sua
autodenominação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Nestes casos, por que a
vontade do falante, em uma ocasião, prestou para a mudança do nome e em outra
não? Por que em alguns episódios a palavra consegue vencer o nível do indivíduo
(ou de sua comunidade) e consegue se transformar coletivamente?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Vejamos mais alguns
exemplos.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-qcNn3ZI5lAc/UJA33w6nKLI/AAAAAAAAAb0/0GCyBUoQANs/s1600/portadalibro.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-qcNn3ZI5lAc/UJA33w6nKLI/AAAAAAAAAb0/0GCyBUoQANs/s200/portadalibro.jpg" width="135" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
A teoria <i>queer</i>, da qual Butler é uma das
precursoras, surge de uma reapropriação do termo “queer”, como nos descreve
Colling (p. 01, 2001): “<i>Queer pode ser
traduzido por estranho, talvez ridículo, excêntrico, raro, extraordinário</i>,
diz Louro (2004, p. 38). A ideia dos teóricos foi a de positivar esta conhecida
forma pejorativa de insultar os homossexuais”. O que o trabalho de Oliveira e
Conceição (p. 09-10, 2009) também descreve:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 6pt 70.9pt; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-size: 11.0pt;">É no plano da
contestação a (...) heteronormatividade que surgem as contestações <i>queer</i>
(em inglês, pode ser traduzido como estranho, esquisito, mas também como um
insulto dirigido a homossexuais e trans). Este termo que é inicialmente uma
injúria visa interpelar e inferiorizar quem por esse termo é nomeado. A
ressignificação a que (...) foi sujeito implicou uma reapropriação da
historicidade desse termo, citando esse passado injurioso, mas através da
ressignificação, o termo passa a ter uma carga de contestação colectiva.</span>
<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-0qukPC5yOLc/UJA4haEUyQI/AAAAAAAAAb8/ip8C5KKRQSE/s1600/mulher-negra.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="133" src="http://2.bp.blogspot.com/-0qukPC5yOLc/UJA4haEUyQI/AAAAAAAAAb8/ip8C5KKRQSE/s200/mulher-negra.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O movimento negro
estadunidense também provou desta ressignificação injuriosa. O vocábulo <i>negro</i> ganhou uma cunhagem mais neutra
com relação ao racismo, depois do conhecido pronunciamento de Luther King<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a> em
1909. E o termo <i>black</i> foi,
posteriormente, reapropriado por Malcolm X: “Le <em>Negro </em>est le Noir
d’avant l’éveil aux droits civiques (Malcolm X, [...]), le <em>black</em> est
le Noir depuis la lutte pour les droits civiques” (Bonnet, 2011). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Mais um exemplo que cabe
mencionar na história da língua<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a> é
o aparecimento de duplos lexicais, os chamados <i>doublets</i>. Trata-se de dois itens lexicais, um de origem popular e
outro culta, que têm a mesma etimologia. A forma popular é aquela que se
transformou paulatinamente na história do idioma, de acordo com os princípios
universais de continuidade e mutabilidade descritos por Saussure; a segunda foi
inserida tardiamente na língua e incorporada de maneira muito rápida pelos
falantes. Quanto à semântica desses vocábulos é frequente que eles não tenham o
mesmo significado, existe uma especialização que bifurca os seus sentidos: em
alguns casos, uma das palavras conserva o étimo mais antigo e a outra se
distancia (ex: artigo/artelho), em outros casos, o valor do étimo se divide
(ex: mácula/mancha). Conforme descreve Calvi e Gifre (1997), a forma popular
presta-se para os sentidos mais concretos, enquanto que a culta denota os
sentidos mais abstratos (ex: sigilo/selo, rotundo/redondo). Vale chamar a
atenção para a maneira como o cultismo lexical surge na língua: <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 6pt 70.9pt; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
Podríamos decir que ha habido unos canales que
favorecen estas integraciones, como la lengua de la administración, con base en
el latín jurídico; o bien la lengua de la enseñanza y de la Iglesia, con base
en el latín eclesiástico; o bien la lengua literaria. En los tres casos se
trata de usos cultos de la lengua, que favorecen o cultivan un respeto al
prestigioso y constante modelo del latín. Importa que el estudiante entienda
que la adopción de cultismos no se detuvo en un momento ya muy alejado de hoy,
sino que la constante necesidad denominadora para los avances técnicos y
científicos es pretexto suficiente para acercarse a los valores y formas
etimológicos (p. 227-8).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Em todos os exemplos
apontados, notamos a intenção individual da mudança lingüística e contextos
políticos bem específicos. Conseguimos prever todos os estágios prévios do qual
deriva a vontade de transformar o léxico<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></a>.
Não há nenhuma criação <i>ex nihilo</i>,
como diria Saussure ao abordar o fenômeno da analogia. Embora não se trate de
analogia, todas as mudanças apontadas partiram de um estado prévio: nomes que
não caracterizam os índios, injúria que ofende categorias de orientação sexual
e identidade de gênero, termos que tentam esvaziar um conteúdo racista e léxico
que surge para cumprir às necessidades das elites. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Na contrapartida,
poderíamos nos lembrar de inúmeros casos de fracasso em que o que é da ordem do
individual não consegue romper a barreira da <i>langue</i>: gírias adolescentes, cacos de novelas, jargões técnicos
etc. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Dessa forma, se a
língua/ideologia determina o sujeito, não é senão a partir da própria
língua/ideologia que surge o desejo pela mudança. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Para tentar entender os
fracassos e os sucessos individuais devemos caminhar pragmaticamente nas noções
de língua e sujeito até então esboçados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Para Saussure, a linguagem
é heterogênea e a língua é homogênea, portanto passível de análise (<i>CLG</i>, p. 08 e 23). Diante de uma noção de
língua homogênea, como se pode mover a individualidade e a coletividade? A
solução foi atribuir a individualidade a <i>parole</i>
e a coletividade a <i>langue</i>, de modo
que a homogeneidade da língua se mantivesse intocada. É neste sentido, que
Saussure é acusado de ter negligenciado o sujeito, pois, para que a língua
pudesse ser analisada em seu sistema, o que é externo não pôde fazer parte do
escopo de interesse. Assim, a exterioridade e o uso são abstraídos, neste
então. <o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-MmwghpcqG04/UJA5DoXJMkI/AAAAAAAAAcE/2Rus70NIeHQ/s1600/idioma-que-es1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-MmwghpcqG04/UJA5DoXJMkI/AAAAAAAAAcE/2Rus70NIeHQ/s200/idioma-que-es1.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Rajagopalan (1998) aponta
no decorrer da história da linguística teórica a mesma inquietude de nosso
mestre genebrino, quando este tenta esboçar a noção de “uma língua”. Saussure
não é capaz de delimitar o nascimento e a morte de uma língua no curso de seu
desenvolvimento. Ele fala sobre “uma
língua”, mas sem defini-la, de modo que entende que há “uma língua”, em
diversos estágios, cuja nomeação é arbitrária:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 6pt 70.9pt; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-size: 11.0pt;">O essencial é
compreender que podemos dar um nome só ao período de vinte e um séculos,
denominando-o latim – ou então dois nomes, denominando-o latim e francês – ou
então três nomes, denominando-o latim, românico e francês – ou então vinte e um
nomes, denominando-o latim do século II antes de Cristo, do século I antes de
Cristo, do século I depois de Cristo, dos séculos II, III, IV, VII, XII, XV,
XIX depois de Cristo. E que não existe, literalmente, nenhum outro modo de
introduzir uma divisão, além dessa maneira totalmente arbitrária e convencional
(p. 143-4). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O indiano afirma que esta
tradição em não poder definir “uma língua” assombra a linguística até os dias
de hoje e sua repercussão foi sentida em todo o estruturalismo. Enquanto Sapir
e Saussure tratam da língua num sentido genérico (<i>langue</i>), para Chomsky ela só existe via gramática universal. O
papel do sujeito, como podemos prever, permaneceria relegado, pois se não
sabemos o que é “uma língua”, o que poderíamos entender por “o falante de uma
língua”? Nas palavras de Rajagopalan:
“... acontece que ‘um falante-ouvinte ideal numa comunidade de fala
completamente homogênea ... [e tudo o mais]...’ (Chomsky, 1965, p. 03) é apenas
isso: ideal. Os homens e mulheres reais que caminham sobre a face da terra
estão muito distantes daquele ideal” (p. 25).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Por se tratar de um
sujeito ideal e uma língua homogênea/ideal, chegamos facilmente à noção de
pureza linguística: o falante nativo, uma espécie de “bom selvagem”, só produz
elocuções autênticas, apenas frases gramaticais.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/--taTzT7nUmg/UJA59usfQUI/AAAAAAAAAcM/ude8SgsZDTM/s1600/carne+e+osso.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="135" src="http://4.bp.blogspot.com/--taTzT7nUmg/UJA59usfQUI/AAAAAAAAAcM/ude8SgsZDTM/s200/carne+e+osso.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Neste contexto, para
atender aos critérios de sujeito ideal, o sujeito real não poderá ser nem a
criança, já que ainda não alcançou a maturidade do interdiscurso, não poderão
ser os surdos, pois seu <i>midium</i>
comunicativo se desvia aos das maiorias, não poderá ser um primata inferior,
pois sua comunicação é rudimentar demais, tampouco poderá ser o de um falante
de línguas pidgins ou crioulo, pois são línguas imaturas. Nenhuma gramática
poderá ser produzida advinda de dados destes sujeitos, já que eles não atendem
aos critérios de homogeneidade. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Deste ponto até os dias
atuais, a linguística teórica avançou bastante e o sujeito, como dei indícios
anteriormente, foi retomado e se tornou bastante fundamental para a
constituição de novas áreas da Linguística, como a Análise do Discurso e a
Pragmática.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Depois deste breve
sobrevoo, já é hora de voltarmos à questão da origem. Encontramo-nos com
elementos suficientes para dar continuidade à discussão que deixei em suspense.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Aqui, vida e origem
coincidem. Ao tratar de um sujeito ideal falante de uma língua homogênea,
também somos levados a pensar em sujeitos originários ideias. Da mesma maneira
como esperamos que os falantes vivos sejam sujeitos puros (i.e. aquele que
produz gramáticas autênticas), esperamos que sujeitos originários respondam a <i>única</i>
fonte da linguagem. Acrescentaria <i>a
origem</i> nesta seguinte conclusão de Rajagopalan: “a ideia de autenticidade
acaba se revelando como o único tema comum por trás do ‘bom selvagem’ de
Rousseau, do ‘falante-ouvinte ideal’ de Chomsky, das ‘pessoas reais’ de Yngve,
do ‘usuário ideal da língua’ de Bakhtim e do ‘único fenômeno real’ de Austin. O
que se busca, em todos esses casos, é o verdadeiro nativo na plenitude de sua
autenticidade” (p. 35). <o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-SjmLyGAZ75Y/UJA6VG90yCI/AAAAAAAAAcU/eSq9nxIIX0w/s1600/bom+selvagem+midi.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="74" src="http://3.bp.blogspot.com/-SjmLyGAZ75Y/UJA6VG90yCI/AAAAAAAAAcU/eSq9nxIIX0w/s200/bom+selvagem+midi.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Na origem, o homem é
facilmente associado ao “bom selvagem” e vieses biologicizantes contribuem
ainda mais para defender os desenvolvimentos naturais das línguas e linguagem
humanas. O que vemos estar na contramão da cultura.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Talvez, tendo em conta uma
noção de indivíduo proteiforme e em constante fluxo, para além de sujeitos
reais ou ideias, possamos entender o seu poder nas mudanças e continuidade das
línguas: os indivíduos mudam assim como a língua e a ideologia muda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Devemos reconhecer, por
fim, que Saussure, brilhantemente esteve preocupado com a força individual dos
falantes, como podemos notar com seu cuidado em não categorizar “uma língua” ou
em pensar na constituição do sujeito pela língua/ideologia, como demonstrei ao
longo desta reflexão. No entanto, a decisão radical de um Saussure em constante
reformulação tornou-se publica no <i>Curso:</i>
uma concepção de língua homogênea. Isto, no entanto, não invalida seu
pensamento genial. Ele reconhece essa utopia pela autenticidade: “quanto mais
se estuda a língua, mais se chega a compreender que <i>tudo</i> na língua é <i>história</i>,
ou seja, que ela é um objeto de análise histórica e não de análise abstrata,
que ela se compõe de <i>fatos</i> e não de <i>leis</i>, que tudo que parece <i>orgânico</i> na linguagem é, na realidade, <i>contingente</i> e completamente acidental”
(p. 131).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Saussure ainda diz: “É a coletividade que cria
o valor, o que significa que ele não existe <i>antes</i>
e <i>fora</i> dela, nem em seus elementos
decompostos e nem nos indivíduos” (já citado). E Rajagopalan ratifica: <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 70.9pt; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
A identidade de um indivíduo se constrói na língua e através
dela. Isso significa que o indivíduo não tem uma identidade fixa <i>anterior </i>e
<i>fora </i>da língua. Além disso, a construção da identidade de um indivíduo
na língua e através dela depende do fato de a própria língua em si ser uma
atividade em evolução e vice-versa. Em outras palavras, as identidades da
língua e do indivíduo têm implicações mútuas. Isso por sua vez significa que as
identidades em questão estão sempre num estado de fluxo (<i>grifos meus</i>, p.
41-20).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Posto isso, gostaria de
modificar nossa epígrafe de abertura para: “Individualidade na linguagem:
inanidade da questão. Embora haja muitas forças coercitivas na individualidade
da linguagem não há nenhuma que não passe completamente inerte a coletividade
da linguagem e o essencial é tê-las compreendido mutuamente”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Ao dar visibilidade ao
sujeito, não devemos afugentar a angústia do falante insatisfeito, como nos
casos anedóticos apontados, sustentando que ele não tem forças para mudar a
língua. Ele pode, é difícil vencer a barreira do coletivo, mas ele pode. Ele
não pode, mesmo sendo constituído pela língua, se assujeitar sempre, quando na
realidade, a língua/ideologia o oprime. Ao invés disso, à guisa de conclusão,
prefiro aconselhá-lo num tom freiriano:<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-LDO4aQ0OPN4/UJA69Ym7HTI/AAAAAAAAAcc/nde1SF-biio/s1600/liberdade_do_pensamento.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-LDO4aQ0OPN4/UJA69Ym7HTI/AAAAAAAAAcc/nde1SF-biio/s200/liberdade_do_pensamento.jpg" width="148" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 6pt 70.9pt; text-align: justify; text-indent: 14.2pt;">
<span style="font-size: 11.0pt;">Eu recuso qualquer
posição fatalista diante da história [...]. Eu não aceito, por exemplo,
expressões como 'É uma pena que haja tantos brasileiros e tantas brasileiras
morrendo de fome, mas, afinal, a realidade é essa mesma'. Não! Eu recuso, como
falsa, como ideológica, essa afirmação. Nenhuma realidade 'é assim mesmo': toda
realidade está aí, submetida à possibilidade de nossa intervenção nela”
(FREIRE, 1997, 5'10'').</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b>Referências<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span class="familyname"><span lang="EN-US">BONNET</span></span><span lang="EN-US">. <b>“Don’t call me Nigger, Whitey”</b> L’autodésignation de la communauté
afro-américaine et la construction identitaire. <em><span style="font-style: normal; mso-bidi-font-style: italic;">Communication</span></em> [En ligne], Vol.
28/2 | 2011, mis en ligne le 27 juillet 2011, Consulté le 05 juillet
2012. URL : http://communication.revues.org/index1803.html<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
CALVI e MARINELL GIFRE. <b>Los dobletes léxicos em la enseñaza del español a extranjeros</b>. VIII
COngreso Internacional de ASELE. Acalá de Henares, 17-29 set, 1997. La enseñaza
del español como lengua extranjera: del passado al futuro. Ed. De F. Moreno et
al. Salamanca: Universidad de Salamanca, 1998. 227-239<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
COLLING. <b>Teoria
<i>queer</i></b>. (2001). Disponível em : <cite><span style="font-style: normal; mso-bidi-font-style: italic;"><a href="http://www.cult.ufba.br/maisdefinicoes/TEORIAQUEER.pdf">www.cult.ufba.br/maisdefinicoes/TEORIAQUEER.pdf</a> </span></cite> <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<em><span style="font-style: normal; mso-bidi-font-style: italic;">CULLER</span></em><span class="st">. <b>As ideias de </b></span><em><b><span style="font-style: normal; mso-bidi-font-style: italic;">Saussure</span></b></em><span class="st">. São Paulo: </span><em><span style="font-style: normal; mso-bidi-font-style: italic;">Cultrix</span></em><span class="st">, </span><em><span style="font-style: normal; mso-bidi-font-style: italic;">1979<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
FREIRE, Paulo. <b>Paulo
Freire</b>: última entrevista.
São Paulo: TV PUC de São Paulo. Disponível em <span style="color: blue;">http://www.paulofreire.ce.ufpb.br/paulofreire/Controle?op=detalhe&tipo=Video&id=622</span>, 1997.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
JIQUILIN-RAMIREZ. <b>O que nos revela o povo hadza</b>: o desejo do linguista. 2012.
Disponível em: <a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com.br/2012/04/o-que-nos-revela-o-povo-hadza-o-desejo.html">http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com.br/2012/04/o-que-nos-revela-o-povo-hadza-o-desejo.html</a><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
LABJOR. A origem e o destino das línguas. 2001.
Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/linguagem/ling08.htm<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
OLIVEIRA and NOGUEIRA. <b>Introdução</b>: Um lugar feminista queer e o prazer da confusão e
fronteiras. <span lang="EN-US">Ex aequo</span><span lang="EN-US"> [online]. 2009, n.20 [cited
2012-07-05], pp. 9-12 . Available from:
<http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-55602009000200002&lng=en&nrm=iso>.
ISSN 0874-5560. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
PÊCHEUX. <b>Semântica e discurso</b>: uma crítica à
afirmação do óbvio. Campinas: Editora da Unicamp, 1988.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
RAJAGOPALAN. <b>O
conceito de identidade em lingüística</b>: é chegada a hora de uma
reconsideração radical? In: SIGNORINI, Inês (org.). Lingua(gem) e Identidade: elementos
para uma discussão no campo aplicado. Campinas, SP: Mercado de Letras; São
Paulo: Fapesp, 1998. p. 21-46.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
SAUSSURE. <b>Curso de Lingüística Geral</b>. <span lang="EN-US">23ª ed. BALLY, C.; SECHEYAHE, A.
(orgs.) </span>Trad. A. Chelini, J. P. Paes e I. Blikstein. São Paulo: Cultrix,
2001 [1916].<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
______. <b>Escritos
de Lingüística Geral</b>. BOUQUET, S.; ENGLER, R. (orgs.). São Paulo: Cultrix,
2004.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
VERLI, F. P. da S. <b>Algumas reflexões sobre o sujeito nos estudos da linguagem</b>. In: Línguas e Instrumentos Lingüísticos,
n. 13/14. Campinas, SP: Pontes, 2004, p. 65 – 74.<o:p></o:p></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<!--[if !supportFootnotes]-->
<br />
<hr size="1" style="text-align: left;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a> Vivas no
sentido de que não sofreram a morte violenta, única morte possível para
Saussure. Assim, não consideramos o latim ou o grego, p. ex., como línguas
mortas. <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span style="font-size: 10.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span><!--[endif]--></span></a><span style="font-size: 10.0pt;"> Não acredito que Saussure tenha negligenciado de todo
o sujeito, como reivindicam muitos historiadores das ideias e analistas do
discurso (ver Silveira, 2004<i>.</i>). Como
tento demonstrar, o indivíduo tem seu lugar nos escritos saussurianos. No
entanto, o que difere em Saussure para os seus sucessores é a concepção de
sujeito e seu foco.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span style="font-size: 10.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span><!--[endif]--></span></a><span style="font-size: 10.0pt;"> Entendemos o termo “consciente”, neste <i>insight</i>, como a vontade ou intenção de
algo. Ainda não exatamente com o sentido proporcionado pos Freud.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><!--[if !supportFootnotes]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span><!--[endif]--></a> Não trataremos destes
conceitos aqui. Para um melhor aprofundamento ver Pêcheux (1988).<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Boe-bororo tem sido usado recentemente também.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a> I have a
dream (1909)<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a> Das
línguas românicas em específico<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///D:/PEN/Fausta/origem_sujeito.doc#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></a> Poderia
citar ainda o caso de movimentos transgêneros e não-cisgêneros que já apagam de
sua escrita os morfemas masculinos e femininos. <o:p></o:p></div>
</div>
</div>
<br />Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-1782017733235137112012-06-19T16:46:00.003-04:002012-06-30T11:43:45.833-04:00Como colaborar com o "português" de meus amigos<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-eMfTn-a3Z_E/T-Dk-RugTaI/AAAAAAAAAaU/2mUXN8FunOQ/s1600/000839.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="327" src="http://4.bp.blogspot.com/-eMfTn-a3Z_E/T-Dk-RugTaI/AAAAAAAAAaU/2mUXN8FunOQ/s400/000839.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
No texto de hoje, trago uma questão já batida em
Linguística (e também já bastante comentada nos meios de divulgação de
Linguística). Aqui no blog, já toquei neste assunto<a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com.br/2010/12/presidenta.html" target="_blank"> aqui </a>e <a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com.br/2011/01/semantica-ja-morreu.html" target="_blank">aqui</a>. No entanto, é
sempre preciso voltar ao debate, tanto porque é contra uma ideologia poderosa
que temos de argumentar (e ela não vai desaparecer tão cedo) quanto por se
tratar de um assunto de que quase todo mundo gosta de ouvir: o preconceito
linguístico.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Como verão, nesta postagem vocês vão encontrar uma
discussão informal, retirada de um fórum no FB sobre o preconceito linguístico.
O mote foi levantado por uma pessoa de curso superior em Engenharia Mecânica e
as réplicas e tréplicas, além de envolverem o próprio criador do tópico, são
tecidas por pessoas também de formação universitária, sendo dois deles
linguistas (menciono suas formações para deixar evidente quais discursos sobre
língua circulam entre os sujeitos). </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Mantenho o anonimato do criador do tópico (a quem
identifico pela sigla JM), como também de alguns outros membros do fórum para
dar enfoque à ideia (e não ao indivíduo – até porque o sujeito dessa ideia
poderia ser qualquer José, João, Giberto). Por outro lado, mantenho o nome dos
linguistas, Jefferson Voss e Jiquilin, para dar crédito à autoria dos
conteúdos.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Como perceberão, o preconceito linguístico sempre
deve ser trazido à baila, já que 35 pessoas curtiram o post linguisticamente preconceituoso
e mais uma porção de gente fez comentários de mesmo tom. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Boa leitura! </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;">
<span style="letter-spacing: 5pt;">MOTE</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-YnhU1rlzfrU/T-Dg4uuo1uI/AAAAAAAAAYc/f2RZsbf5hmc/s1600/quadro-negro-horas.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-YnhU1rlzfrU/T-Dg4uuo1uI/AAAAAAAAAYc/f2RZsbf5hmc/s320/quadro-negro-horas.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Post educativo 1:<br />
<br />
1) A abreviaçao </i>(sic)<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> de
"horas" é SEMPRE apenas "h", independente se sao </i>(sic) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">300.000 horas. O certo é 300.000 h, certo,
pessoal?<br />
<br />
2) Se vc (sic) pensa em utilizar "mas" ou "mais" na sua
frase, pense antes de utilizar qualquer um deles. Se puder substituir por
porém, deve-se utilizar mas, nos outros casos, o correto é mais.<br />
Exemplos:<br />
- "Gostaria de estar em casa, () estou longe." Neste caso, po<span class="textexposedshow">de-se utilizar porém que a frase continua perfeita, entao
</span></i><span class="textexposedshow">(sic)<i style="mso-bidi-font-style: normal;">
o correto é "mas", isto é, "Gostaria de estar em casa, mas estou
longe".</i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br />
<span class="textexposedshow">- "Estive () tempo lá." Neste caso, nao </span></i><span class="textexposedshow"><i>pode-se </i></span><span class="textexposedshow">(sic)<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i></span><span class="textexposedshow"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">
utilizar porém que a frase fica sem sentido, entao </i>(sic)<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> o correto é "mais", isto é,
"Estive mais tempo lá."</i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Vou fazer um post educativo toda sexta para
colaborar com o português dos meus amigos. E nao to </span></i><span class="textexposedshow">(sic)<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> julgando
ninguém. Eu tive a oportunidade de aprender bem português e quero compartilhar
esta oportunidade com quem nao </i>(sic)<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> teve.</i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br />
<br />
<span class="textexposedshow">Teh </span></i><span class="textexposedshow">(sic)<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> o post da próxima sexta.</i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br />
<br />
<span class="textexposedshow">BOM DIAAAAAAAA!!!!</span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="textexposedshow">Por: JM</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;">
<span style="letter-spacing: 5pt;">COMENTÁRIOS</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">NOTA: seguem os comentários.
Tudo <i>sic</i>!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #3d85c6; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">PL:
</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Que
bonitinho esse menino, gente ♥</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #6fa8dc;">RC:</span> ISSO
É O QUE MAIS DÓI DE OLHAR: "</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">2) Se vc
pensa em utilizar "mas" ou "mais" na sua frase, pense antes
de utilizar qualquer um deles. Se puder substituir por porém, deve-se utilizar
mas, nos outros casos, o correto é mais."</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">GV:</span> Então
sempre tive dúvida em quando usar MENOS e MENAAAAS! me esprica? #não resisti =P</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;"><span style="color: yellow;">JM:</span> </span>Hahahahaha,
GV, quem sabe esse nao seja o post da semana que vem, hahaha!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">GV:</span> ah,
MAIS daí o post vai ficar muito fácil! XD</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">MK:</span> Adorei
q ideia! Aprovadissima! Vc arrasa sempre! Nossos olhos agradecem! Hahaha Ideia
para o proximo post: ensina o povo a escrever COM CERTEZA? Hehehe</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">ON:</span> Muito
boa iniciativa, espero que muitos aprendam. Apenas não escreva MAIS (rs)
"nao pode-se utilizar", porque com advérbio sempre se usa próclise.
Portanto, o correto é escrever "não se pode utilizar".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;"><span style="color: yellow;">JM:</span> </span>Arrasou,
ON, vou me concentrar mais no próximo post, haha!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Eu nao me
fixei nisso tudo, só escrevi e nem revisei, da próxima me esforçarei para que
nao haja pequenos deslizes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">TC:</span> Poxa
gente, sem exageros também né? Eu concordo com o mas e mais, mas não precisamos
ser tão ditadores com respeito a língua.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><br />
Lembremos Oswald de Andrade: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Pronominais<br />
<br />
Dê-me um cigarro<br />
Diz a gramática<br />
Do professor e do aluno<br />
E do mulato sabido<br />
Mas o bom negro e o bom branco<br />
Da Nação Brasileira<br />
Dizem todos os dias<br />
Deixa disso camarada<br />
Me dá um cigarro<br />
<br />
Oswald de Andrade<br />
(1890-1954)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: yellow;">JM:</span> TC,
eu estou de acordo. Eu nao estou sendo tao normativo, sao coisas simples que
podem ajudar em provas e concursos, inclusives. E eu entendi o que o ON quis dizer...
Nao custa ter mais cuidado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">ON:</span> Ontem
eu li um "dês de já". Fiquei traumatizado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">FA:</span> Arrasou.
Dica para proximos posts: Agente e a gente. HAHAHAHAH</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">TC:</span> Na
verdade essas são discussões muito recorrentes entre linguistas. Eu estava
lendo um texto do Ferreira Gullar esses dias sobre isso. Existem aberrações
linguísticas que precisam ser corrigidas como nos casos de "ancioso"
ou o "dês de já", "mas" e "mais". Só não podemos
esquecer que a língua é versátil e flexível e, no final das contas, é feita
pelos falantes. A gramática é resultado da língua e não o contrário. Enfim, é
preciso ter mais cuidado sim, mas eu comentei mais pra dizer que a coisa não
precisa ser tão restrita. Se todos seguíssemos a gramática à risca não não
teria existido gênios como Guimarães Rosa dentro da nossa literatura. :D</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: yellow;">JM:</span> E eu
sei disso,TC, a idéia é apenas fazer posts sobre esses erros mais recorrentes,
que sao fáceis de aprender.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">PT:</span> muiiitooo
beeeem, JM!! Aí sim !! Sem falar dos: "derrepente",
"concerteza", "de mais" ... tempo de verbo, tipo: "eu
assistir ontem" ou "eu vou assisti amanhã" !! <br />
Tanta coisa q dói ... =/</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">TC:</span> Sim,
sim JM eu entendi a ideia e dou total apoio. Só decidi fazer uma ressalva sobre
possíveis exageros. No mais eu tenho uma sugestão: "tem" e
"têm", "vem" e "vêm". Vejo que quase ninguém
utiliza esse acento pra distinguir o singular do plural desses dois verbos.
Muitos nem sabem mesmo que existe essa distinção, outros pensam que esses acentos
desapareceram com o a reforma ortográfica, o que não é verdade. :D</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">ON:</span> Acho
que fui mal interpretado. Eu entendi que o intuito das dicas do JM é mesmo
esclarecer os erros mais gritantes que ocorrem nas redes sociais. Mas eu também
acredito que posts com caráter de correção gramatical devem, sim, obedecer à
norma padrão, mesmo no Facebook. Pra mim, passa muito mais credibilidade.<br />
Minha intenção foi só dar uma dica de como poderiam ser escritos os próximos
posts, não dar um puxão de orelha, até porque o JM é exímio escritor, que
certamente já sabe a regra que eu postei e que deve saber mais sobre gramática
do que eu. E eu concordo com tudo que você escreveu, TC. Acho até que as aulas
de Português deveriam trocar um pouco essa visão purista e alienada da norma
por uma visão mais flexível de quem já conhece a Língua que fala. Mas enquanto
isso não acontece, né...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">ED:</span> Faz
uma explicando quando se usa MIM e EU, por favor!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-VDP_Cu3LtbU/T-DhfFnWaMI/AAAAAAAAAYs/vhp4DLD2C8U/s1600/535869_378343678896249_2133748227_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-VDP_Cu3LtbU/T-DhfFnWaMI/AAAAAAAAAYs/vhp4DLD2C8U/s320/535869_378343678896249_2133748227_n.jpg" width="309" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">RM:</span> Não
se esqueça do "nada haver" e "tem haver" que fazem doer os
olhos, e nem do "seje". Ah, subjuntivos também são problemáticos pra
esse povo!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #8e7cc3;">Jefferson
Voss:</span> Olha, Jiquilin, mas um Pasquale pra "salvar" o mundo... rs</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: yellow;">JM:</span> Eu
nao quero "salvar" nada, Jeff! Dica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Já deixei
clara a minha intençao com esse post.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Just
this: "Vou fazer um post educativo toda sexta para colaborar com o
português dos meus amigos. E nao to julgando ninguém. Eu tive a oportunidade de
aprender bem português e quero compartilhar esta oportunidade com quem nao
teve"</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><br />
;)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #8e7cc3;">Jiquilin:</span>
Vou criar posts todas sextas sobre motores, pra educar meus amigos motoristas.
Semana que vem o post vai falar de ignição.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: yellow;">JM:</span> Olha,
Jiquilin, é bem provável que vc saiba bem mais de motores do que eu, já que a
Engenharia Mecânica (assim como a maioria dos cursos) é bem ampla e eu nao
escolhi me especializar nessa área. Trabalho com próteses e implantes, que
olha, de motores e igniçao nao tem nada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><br />
Ahh, e mais, o facebook é livre e vc pode falar sobre o que vc bem entender! Se
essa é a sua vontade, siga em frente.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-ZLbjJ0NJZn0/T-DhJd3f40I/AAAAAAAAAYk/OGhfj2bhwY4/s1600/pobre_chico.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="137" src="http://2.bp.blogspot.com/-ZLbjJ0NJZn0/T-DhJd3f40I/AAAAAAAAAYk/OGhfj2bhwY4/s200/pobre_chico.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><br />
Só quero que vcs entendam que nao me formei em letras e nem quero obrigar nada
e nem ninguém a aprender nada. Lê quem quer, aceita quem quiser. Só nao gosto
de ironias num post em que eu fiz com boa intençao e sem a intençao de ofender
ninguém. Aliás, como tudo que faço na vida. Faço para viver bem, e nao para
ofender ninguém. E se tenho qualquer espécie de problema, eu chego e discuto
(no bom sentido, de uma discussao entre pessoas civilizadas) a minha opiniao
divergente a respeito de qualquer assunto.<br />
Everybody is free!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Só isso!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">;)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #b4a7d6;">J</span><span style="color: #8e7cc3;"><span style="color: #b4a7d6;">e</span>fferson
Voss:</span> JM, tenho problemas com esse post e, como você mesmo sugeriu que
fizéssemos, quero discuti-lo. Tentarei ser curto e grosso (sem ser tão
grosso...) (e já adianto que não conseguirei ser curto: impossível para uma
questão tão delicada como essa (agora que acabei de escrever, percebi que
escrevi um artigo de 5 páginas... risos)).<br />
Você não faz a mínima ideia a respeito do quanto esses “pitacos” leigos na área
alheia são um desserviço total para tudo o que tal área (com seu um milhão de
pesquisas anuais) luta pra tentar desconstruir.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-JjcaVVrD8qw/T-DhrTzUUBI/AAAAAAAAAY0/SV_LOYUEMSM/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-JjcaVVrD8qw/T-DhrTzUUBI/AAAAAAAAAY0/SV_LOYUEMSM/s200/images.jpg" width="156" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">E lidar
com uma ciência próxima das humanas abordando um objeto que todo mundo usa
durante todo o tempo e para tudo (a língua, as linguagens...) só pode resultar
isso mesmo: já que todo mundo usa a língua, todo mundo se imagina especialista
nela.<br />
Você falou uma grande verdade: você não fez Letras e não é especialista na
área. Em outras palavras: você não sabe bulhufas daquilo que se discute em
Linguística Aplicada a respeito de COMO a norma padrão da língua precisa ser
ensinada para que o ensino não resulte simplesmente uma amontoação de normas
dizendo o que é CERTO e o que é ERRADO (é o chamado ensino normativo de
gramática normativa e, eu acrescento, por pessoas normativas (infelizmente, é o
que você fez)).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">No
Brasil, já faz um bom tempo (desde a década de 1980 mais ou menos, ou até antes
disso) que tudo quanto é especialista da área tenta reorganizar o ensino de
língua materna para que os professores sejam formados a partir de outra
concepção de língua e gramática: uma concepção interacionista (baseada na
gramática internalizada) que prevê, SIM, que a norma culta deva ser ensinada,
mas que procura meios de ensinar a norma culta em contraste com as outras
inúmeras variedades linguísticas. E o negócio é tão difícil de ser resolvido
que, até hoje, o ensino lá nas escolas continua praticamente do mesmo jeito.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-LFaa2d83B0c/T-DiPlbv3LI/AAAAAAAAAY8/XVUtobaqDTg/s1600/5971464g1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-LFaa2d83B0c/T-DiPlbv3LI/AAAAAAAAAY8/XVUtobaqDTg/s200/5971464g1.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">A
concepção mais comum de língua e de gramática que existe (e, portanto, a leiga,
ou seja, aquela do senso-comum que constitui você como indivíduo) é aquela que
prevê a língua como um sistema de signos imutáveis que deve ser mantido e
reproduzido e a gramática na condição de um conjunto de regras do “bem-falar”,
do “bem-dizer” (do falar “bonito”, do escrever “bonito”). Outro ponto
importante dessa concepção de língua é a herança cultural que ela perpetua:
herança segundo a qual quem fala “bem” e escreve “bem” (esse “bem” entre muitas
aspas) é aquele que “pensa bem”. No ensino e na vida cotidiana, isso acarreta
atos discriminatórios: quem utiliza melhor a norma padrão é inteligente
(cognitivamente superior), já quem não a utiliza é burro (cognitivamente
inferior). A Linguística Aplicada tem um nome para isso: preconceito
linguístico. Há, inclusive, uns livrinhos bem fáceis de <a href="http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=182" target="_blank">ler</a> que mostram como a língua (e as políticas linguísticas) é um
mecanismo de dominação e de segregação cultural. É só procurar por Marcos
Bagno, Maurício Gnerre, Irandé Antunes, Mario Perini, João Wanderlei Geraldi,
Sírio Possenti etc. A lista de pesquisadores brasileiros que
se dedicam só a estas questões é enorme!</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-DhppSfNhBzE/T-Diq0sU85I/AAAAAAAAAZE/uxmrYjfT49c/s1600/1252525119028_f.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="151" src="http://2.bp.blogspot.com/-DhppSfNhBzE/T-Diq0sU85I/AAAAAAAAAZE/uxmrYjfT49c/s200/1252525119028_f.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-COVTQsdwp2s/T-DjjLsJKMI/AAAAAAAAAZc/MYGQMRAIIqQ/s1600/000839.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Nós,
professores e pesquisadores das ciências da linguagem, temos feito de tudo para
que as coisas não se resolvam somente na base do “isso é certo, aquilo é
errado”. Temos explicado, muitas e muitas vezes, fenômenos como o uso do “mais”
a despeito do “mas”. E, mais que isso, temos tentado mudar as condições de
ensino e estimular a apreensão de outras concepções de língua, linguagem e
gramática que não gerem práticas de segregação e que não resolvam tudo na base
do “Vê se aprende o jeito certo!”.<br />
Dessa forma, incomoda (e muito mesmo, você não faz ideia o quanto...) qualquer
um postando qualquer coisa (e ainda de uma posição de dominação/superioridade)
sobre o que fazer e não fazer com a língua. Sabe qual é o pior de tudo? Você
não é o único e, tampouco, é o culpado por isso. Você é condicionado histórica
e ideologicamente a viver essa concepção de língua/linguagem/gramática. E boa
parte dos brasileiros (praticamente todos) também o é. Não é à toa que muitas
pesquisas revelam que a maioria dos brasileiros não admite que fala língua
portuguesa (porque acham que língua portuguesa é outra “coisa”, aquela “coisa”
que está naqueles “livros grossos com um monte de regras”) e, pior, a
grandíssima parte do nosso povo simplesmente insiste em dizer que “português é
difícil!” (mesmo falando português desde o berço!!!). As perguntas que ficam
são: se esse português é difícil, de que “português” se está falando? Quais
processos históricos de distribuição de saberes tornou esse português
“difícil”?</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">
Você não ofendeu ninguém, isso é fato (não me sinto ofendido com a falta de
(in)formação das pessoas. Sou professor, preciso justamente educar). Mas você
reproduziu muita coisa que, se soubesse um pouquinho da dificuldade que temos
para lidar com essas questões e tentar revertê-las, nunca teria reproduzido,
porque sei que você tem bom-senso. A intenção foi boa, mas, como diz o velho
ditado: “De boas intenções, o inferno está cheio”. Gostaria até de alterar a
fórmula e a especializar: “De boas intenções sobre a língua, nossos ouvidos (de
linguistas) estão cheios (“cheios” no sentido de “fartos”)”, já que todo mundo
acha que pode dar opinião sobre o que ensinar e como ensinar quando o assunto é
língua (lembra da <a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com.br/2011/07/os-livro-ensina-nois-aprende.html" target="_blank">polêmica do “Livro do MEC”</a> ano passado?).</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-7WJD2jzOrpQ/T-DkXnyOEyI/AAAAAAAAAZ8/POO3imH5Fsk/s1600/428541-O-autoritarismo-deve-ser-deixado-de-lado.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-7WJD2jzOrpQ/T-DkXnyOEyI/AAAAAAAAAZ8/POO3imH5Fsk/s200/428541-O-autoritarismo-deve-ser-deixado-de-lado.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Seu post
é educativo? Depende de quem o lê (sorte sua que a grande maioria dos seus
amigos no FB não tem formação na área de Linguística Aplicada ao Ensino de
Língua Materna e, infelizmente, comungam da mesma concepção de gramática que
você...).<br />
O FB é livre e se pode publicar o que bem entender? Falou pouco e falou tudo: o
que BEM entender. Sinceramente, achei que você entende muito pouco. Tão pouco a
ponto de só reproduzir o que toda pessoa “privilegiada” (porque aprendeu a
norma padrão...) e intrinsecamente normativa reproduz: “escreva isso e não
escreva aquilo”, “fale isso e não fale aquilo”, “faça CERTO e não faça ERRADO”,
“seja INTELIGENTE, não seja BURRO”.<br />
Everybody is free? De “free” essa posição que você defende em relação aos usos
da língua não tem absolutamente nada: é a mais opressora, a mais batida, a mais
etnocêntrica, a mais normativa e normatizadora e a mais alienada de todas.<br />
Também não posso deixar de dizer que tenho a tendência a achar esse tipo de
atitude um tanto quanto egoísta, egocêntrica e etnocêntrica: são pessoas que
realmente sofrem ao serem obrigadas a lidar com as diferenças; realmente dói
quando veem um “mais” aparecer onde DEVERIA POR LEI estar escrito “mas”. O que
essas pessoas não entendem (ou fazem questão de não querer entender) é que: 1)
o enunciado com “mais” no lugar de “mas” é efetivamente comunicativo (todo
mundo que ler vai entender); 2) a pessoa que escreveu não conhece a “norma
cristalizada pela gramática normativa”, mas conhece muito bem determinações
fonológicas da língua que fala desde criança; 3) e, por não conhecer a norma e
conseguir efetivamente se fazer entender, a pessoa está literalmente “cagando e
andando” para aquilo que dói nos ouvidos normativos.<br />
Outra coisinha: muito cuidado ao falar em “colaborar com o português dos meus
amigos” e “eu tive a oportunidade de aprender bem português”!!! De que português
você está falando? Acho que está falando da variedade padrão do português na
modalidade escrita... Tanto que corto um braço meu se você também não pronuncia
(utilizando a modalidade oral da língua) “mais” ao falar “mas”. Duvido muito
mesmo que não o faça!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Mais uma
outra coisinha: a questão de adequação é tudo! A gente precisa aprender a
variedade padrão somente para alguns gêneros textuais. Por isso mesmo é que
você não acentuou boa parte das palavras que escreveu em seu post e em seus
comentários (ironicamente, você acentuou “ideia”, um exemplo do tal ditongo
aberto das paroxítonas que não precisaria ser acentuado depois do acordo
ortográfico). Não as acentuou porque se trata do gênero post e comentário em
redes sociais: as condições sociais de emergência e uso do gênero definem a
adequação linguística. Lá na sua tese de doutorado, você terá o dever de
acentuar tudo, não é mesmo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Espero
ter sido bastante educativo também!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-IcGyPvmB_t4/T-DkdeXxQCI/AAAAAAAAAaE/JFejbKUTTWo/s1600/autoritarismo2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://4.bp.blogspot.com/-IcGyPvmB_t4/T-DkdeXxQCI/AAAAAAAAAaE/JFejbKUTTWo/s200/autoritarismo2.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">PS: o
advérbio “mais” e a conjunção “mas” possuem a mesma pronúncia na modalidade
oral da Língua Portuguesa falada no Brasil. A possibilidade de explicação que
eu levantaria para esse fenômeno linguístico (o Jiquilin deve ter uma
explicação bem melhor, já que ele é foneticista...) é que se trata da “lei do
menor esforço”: na pronúncia de “mas”, a passagem do fonema vocálico aberto e
central /a/ para o fonema consonantal constritivo fricativo /s/ é bastante
dificultosa. Para suprir essa dificuldade de pronúncia (tente pronunciar “mas”
ao pé da letra pra ver como é difícil e esquisito!) aparece a semivogal /i/ pra
fazer essa ponte entre os sons. Não sou especialista em fonética/fonologia, mas
já é uma hipótese que explica um pouquinho mais que uma determinação de regra
ortográfica... E, vale lembrar, essa diferença entre “mas” e “mais” só aparece
na escrita. É somente uma questão ortográfica, ou seja, ao ensiná-la, não
estamos ensino português para os coleguinhas: estamos ensinando ortografia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">PS (2):
“não pode-se”: a minha hipótese, como linguista, é que se trata de mais um dos
casos corriqueiros do que chamamos “hipercorreção”, ou seja, a correção em
excesso. Isso ocorre quando o falante sofre uma grande coerção do aparelho
ideológico que a gramática normativa representa. Nesses casos, o falante tende
a hipercorrigir seus enunciados, levando ao extremo até as exceções às regras.
É o caso, por exemplo, em que se pronuncia “adevogado”, ao se entender que todo
/i/ é um “erro” e que deveria ser trocado por /e/. Já que a ênclise é
culturalmente, no português, vista como mais “chique” e mais “português” que a
próclise, o povo acaba atropelando o fato de que algumas partículas exigem (na
norma padrão do português culto na modalidade escrita) a próclise. Só falta
aparecer gente falando “orobo” ao invés de “urubu”, já que o /u/ também costuma
ser entendido como um “erro” de pronúncia... risos!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Textos de
Sírio Possenti que são ótimos sobre essas questões:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><a href="http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5349588-EI8425,00-Campanhas.html" target="_blank">aqui</a> e <a href="http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5137669-EI8425,00-Aceitam+tudo.html" target="_blank">aqui</a> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: blue;"></span><a href="http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5137669-EI8425,00-Aceitam+tudo.html" target="_blank"><span style="color: blue;"></span></a><br />
Peço, por favor, que leia pelo menos o primeiro!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #8e7cc3;">Jiquilin:</span>
Oi, JM,não é nada pessoal contra vc. Não fique bravo com a minha ironia. O
que a gente combate é uma ideia, um pensamento e nunca uma pessoa, pq
entendemos, como o Jef ja falou, que certas ideias estao condicionadas
historicamente. Então é a ideia que combatemos. Eu acho otimo quando estas
coisas acontecem pq vejo como uma oportunidade de nós, linguistas, falarmos da
nossa área.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-2r6CUpsrY5k/T-Dk2wrKx8I/AAAAAAAAAaM/3fNHayFYlu8/s1600/setor-norte-02.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="238" src="http://4.bp.blogspot.com/-2r6CUpsrY5k/T-Dk2wrKx8I/AAAAAAAAAaM/3fNHayFYlu8/s320/setor-norte-02.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #8e7cc3;">Jefferson Voss:</span> Me senti
(senti-me???) </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">tentado a
publicar só esse trechinho do livro Preconceito Linguístico, do Marcos Bagno,
para que vocês fiquem com vontade de ler. Esse é o trecho que mais me arrepia e
que aparece logo na introdução:<br />
"Você sabe o que é um igapó? Na Amazônia, igapó é um trecho de mata
inundada, uma grande poça de água estagnada às margens de um rio, sobretudo
depois da cheia. Parece-me uma boa imagem para a gramática normativa. Enquanto
a língua é um rio caudaloso, longo e largo, que nunca se detém em seu curso, a
gramática<br />
normativa é apenas um igapó, uma grande poça de água parada, um charco, um
brejo, um terreno alagadiço, à margem da língua. Enquanto a água do rio/língua,
por estar em movimento, se renova incessantemente, a água do igapó/gramática
normativa envelhece e só se renovará quando vier a próxima cheia. Meu objetivo
atualmente, junto com muitos outros linguistas e pesquisadores, é acelerar ao
máximo essa próxima cheia..."<br />
Ai, é maravilhosa essa metáfora!</span></div>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-72193077147573851412012-05-18T17:18:00.000-04:002012-06-11T09:32:51.416-04:00Em convite: Laerte, para além do binarismo de gênero<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-LSVdMpzc8fk/T7a5ABa7xCI/AAAAAAAAAX0/z6h-sMH746M/s1600/laerte1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-LSVdMpzc8fk/T7a5ABa7xCI/AAAAAAAAAX0/z6h-sMH746M/s320/laerte1.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>O texto de hoje foi escrito pela minha amiga Bia. </i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Bia é uma estudante de Letras e preparou essa reflexão para
apresentar como um trabalho para a matéria de Análise do Discurso. </i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>As fontes são diversas, mas se concentram, sobretudo, nos
debates ocorridos no Facebook, em comunidades que discutem gênero.</i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>O texto fala sobre a celeuma que se levantou sobre a
interdição de Laerte Coutinho em usar um banheiro feminino. Bia faz uma
excelente análise usando-se do instrumental da Análise do Discurso.</i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
*** </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-F543I39VWAw/T7a3jnFU6cI/AAAAAAAAAXk/8lJTbKP1btY/s1600/imagem.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="138" src="http://4.bp.blogspot.com/-F543I39VWAw/T7a3jnFU6cI/AAAAAAAAAXk/8lJTbKP1btY/s200/imagem.bmp" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Apresento a vocês uma análise das repercussões, obtidas
através da pesquisa em diversos sites na internet (notícias e blogs - ver no
parágrafo seguinte) e com base em duas entrevistas de televisão com
Laerte Coutinho (uma no programa <i style="color: yellow;"><a href="http://youtu.be/uxD1xXvQWYM" target="_blank"><span style="text-decoration: none;"><span style="color: yellow;">De Frente com Gabi</span></span></a> </i>na rede SBT e outra no canal Cultura no <i style="color: yellow;"><a href="http://youtu.be/vNT6kWzloWM" target="_blank"><span style="text-decoration: none;"><span style="color: yellow;">programa Roda Viva</span></span></a></i>), do
caso em que o cartunista da Folha, Laerte, que se veste como mulher há
três anos, foi impedido de usar o banheiro feminino do restaurante Real
Pizzaria e Lanchonete, na zona oeste de São Paulo. Foi constatada uma grande
divergência de opiniões sobre o acontecimento, deixando os discursos acerca da
questão <i>transgênera </i>(que engloba mais comumente pessoas travestis e transexuais
e outras identidades não <a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com.br/2012/03/ser-mulher-num-mundo-cissexista.html" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;"><span style="color: yellow;">cisgêneras</span></span></a><span style="color: yellow;"> </span>com menos visibilidade social) ainda mais
evidente. </div>
<div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Utilizei para o corpus de análise os seguintes sites:</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
1) <i>Travestis & transexuais: o feminismo falocêntrico.
</i>Por: José Maria e Silva. Disponível <a href="http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/12798-travestis-a-transexuais-o-feminismo-falocentrico.html" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui;</span></a></div>
<div class="MsoNormal">
2) <i>Não, Laerte, você não pode! No que diz respeito ao
banheiro, você é um homem, rapaz! </i>Por: Reinaldo Azevedo. Disponível <a href="http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/nao-laerte-voce-nao-pode-no-que-diz-respeito-ao-banheiro-voce-e-homem-rapaz/" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>;</div>
<div class="MsoNormal">
3) <i>Caso Laerte - Cartunista da Folha quer o direito de
entrar nos banheiros femininos.</i> Por: Tarcício Andrade. Disponível <a href="http://tarcicioandrade.blogspot.com.br/2012/01/banheiro-feminino-cartunista-caso.html" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>;</div>
<div class="MsoNormal">
4) <i>Banheiros masculino e Feminino. Qual o seu? </i>Por: Junnior.
Disponível <a href="http://www.identidadeg.com.br/2012/01/cartunista-laerte-coutinho-briga-por.html" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>; </div>
<div class="MsoNormal">
5) <i>O cartunista fantasiado.</i> Por: Luciano Martins. Disponível
<a href="http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/o_cartunista_fantasiado" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>;</div>
<div class="MsoNormal">
6) <i>Para leitor, Laerte lança o cidadão adepto do
crossdressing-voyeur</i>. Por: David Apolinário Neto. Disponível <a href="http://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/1040529-para-leitor-laerte-lanca-o-cidadao-adepto-do-crossdressing-voyeur.shtml" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>;</div>
<div class="MsoNormal">
7) <i>Para que servem as placas indicativas de gênero na porta
dos banheiros?</i> Por: Tatá - Ataulfo Santana. Disponível <a href="http://brgay.blogspot.com.br/2012/02/androginia-laerte-cartunista.html" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui;</span></a></div>
<div class="MsoNormal">
8) <i>Cartunista Laerte aciona Secretaria da Justiça
contra pizzaria que o barrou no banheiro feminino.</i> Por: Maria Carolina
Maia. Disponível <a href="http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/cartunista-laerte-processa-pizzaria-que-o-impediu-de-usar-o-banheiro-feminino" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>;</div>
<div class="MsoNormal">
9) <i>Cartunista que se veste de mulher é proibido de entrar em
banheiro feminino. </i>Por: Correio 24hs. Disponível <a href="http://agencialgbt.com.br/cartunista-que-se-veste-de-mulher-e-proibido-de-entrar-em-banheiro-feminino.html" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>;</div>
<div class="MsoNormal">
10) <i>Cartunista Laerte diz que sempre teve vontade de se
vestir de mulher.</i> Por: Ivan Finotti. Disponível <a href="http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/825136-cartunista-laerte-diz-que-sempre-teve-vontade-de-se-vestir-de-mulher.shtml" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>;</div>
<div class="MsoNormal">
11) <i>A menina, o banheiro e o marmanjo gay.</i> Por: Robson
Oliveira. Disponível <a href="http://humanitatis.net/?p=5486" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>;</div>
<div class="MsoNormal">
12) <i>NOTA contra a discriminação de gênero no uso de
banheiros (caso Laerte Coutinho).</i> Por: Grupo de advogados pela diversidade
sexual. Disponível <a href="http://www.gadvs.com.br/?p=1133" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>;</div>
<div class="MsoNormal">
13)<i> HOMENS ou MULHERES.</i> Por: Contardo Calligaris. Disponível <a href="http://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/02/contardo-calligaris-homens-ou-mulheres.html" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-SvasWW2TMJ8/T7a4bR7zUpI/AAAAAAAAAXs/Jl8uavKx0SA/s1600/ba.bmp" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-SvasWW2TMJ8/T7a4bR7zUpI/AAAAAAAAAXs/Jl8uavKx0SA/s320/ba.bmp" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para melhor compreensão dos assuntos que cercam esta
análise, certas definições são essenciais. O termo <i>cisgênero</i>, <a href="https://subversiveopendiscoursebr.wordpress.com/2011/11/17/o-que-cissexismo/" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;"><span style="color: yellow;">como podemos ler aqui,</span> </span></a>refere-se a pessoas para as quais
o sexo e gênero designados ao nascer mais o sentimento interno/subjetivo
de sexo e gênero estão “alinhados” ou “deste mesmo lado” – o prefixo <i>cis
</i>em latim significa “deste lado” (e não do outro - <i>trans</i>). Portanto, para essas
pessoas o gênero que expressam não é socialmente considerado destoante do sexo
a qual foram designados, ao contrário do que acontece com as pessoas
transgêneras. </div>
<div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mainguenau, em seu livro <i>Análise de textos da comunicação</i>
(2004), diz que os textos não devem ser estudados exclusivamente pela sua
estrutura textual, é preciso levar em conta os gêneros do discurso. Nesta
perspectiva, os textos selecionados para o corpus são todos pesquisados pela
internet (o canal por onde ele passa), e podemos distinguir dois gêneros mais
ou menos distintos: aqueles textos que estão em sites de jornalismo procuram
sustentar um caráter mais expositivo, deixando as posições acerca da polêmica
um tanto mais ocultas, enquanto aqueles provenientes de blogs não são tímidos
em deixá-las explícitas. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Existem dois posicionamentos ideológicos antagônicos
principais: o de aceitar ou não aceitar a presença do cartunista no banheiro
feminino; existem, porém, um contínuo entre essas posições que abarca desde o
esclarecimento acerca das opressões de gênero, no qual o discurso cissexista é
denunciado para que sejam respeitadas as identidades de gênero dos
transgêneros, a um discurso intermediário, que não é assumidamente cissexista,
porém normatiza as pessoas transgêneras julgando suas identidades de gênero
segundo pressupostos cissexistas; até, por fim, o discurso escancaradamente
cissexista e transfóbico. Existem também as matérias expositivas nas quais uma
pretensa neutralidade é defendida.</div>
<div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É muito importante o uso do termo cisgênero porque
atualmente é utilizado incorretamente o termo mulher/homem biológico para
designar pessoas cisgêneras na tentativa de diferenciar pessoas transgêneras. É
justamente este olhar que naturaliza a cisgeneridade e por consequência,
patologiza e marginaliza a transgeneridade, um exemplo por excelência de
cissexismo. Cissexismo, portanto, é um amplo conjunto de ideologias que prega a
naturalização da existência de um único tipo de comportamento para uma única
morfologia, no que se referem ao sistema de gênero e sexo, ou seja, é a crença
de que existiram apenas dois gêneros binários (feminino/masculino e mulher/homem)
e que as pessoas designadas coercivamente a um sexo no nascimento teriam que
ter o comportamento social esperado para aquele gênero.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Autores conservadores e reacionários se atêm a essa
definição estática e binária de sexo (e o seu correspondente gênero), para isso
apelam para um discurso pretensiosamente biológico que não leva em consideração
a existência dos intersexos (denominados <i>hermafroditas </i>pelo biopoder – termo
criado por Michel Foucault) e a intensa variação biológica de cromossomos
sexuais, características sexuais primárias e secundárias e níveis hormonais.
Nesta perspectiva, torna-se impossível conceber o aspecto binário de sexo
pregado por pressupostos biológicos falaciosos usados para tentar sustentar o
discurso cissexista. Parece compreensível fazer a dicotomia entre gênero (que
estaria inscrito em uma esfera estritamente social) e sexo (como um fato
objetivo e biológico). Entretanto, até mesmo a definição de sexo está
intrinsicamente atrelada a fatores sociais, pois são fortemente interpretados e
significados através de mecanismos culturais. Ao designar pessoas intersexo
como <i>anomalias do desenvolvimento</i> e julgar seus genitais <i>ambíguos </i>e
encaminhá-los logo após o nascimento, ainda bebês, e portanto sem nenhuma
capacidade de consentimento, a cirurgias mutiladoras que apenas tentam encaixar
esteticamente as genitálias dessas pessoas ao um pretenso modelo <i>normal</i>, o
discurso do biopoder mostra o quanto ele não é neutro como a ciência insiste em
postular. Ao contrário, revela claramente um exemplo de propagação
institucional do cissexismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Caso o comportamento cisgênero esperado socialmente não seja
seguido, existirão inúmeras opressões a qual o transgênero estará sujeito: terá
sua identidade de gênero constantemente julgada, ridicularizada e inferiorizada
e o quanto ela mais se afastar dos modelos ciscêntricos (aqueles que usam como
modelo características cisgêneras) maior vai ser a sua ininteligibilidade
social. </div>
<div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-dksTm1Q7klU/T7a6Ng7yqGI/AAAAAAAAAX8/k4Z4Kp6P0Sc/s1600/laerte_banheiro.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="285" src="http://4.bp.blogspot.com/-dksTm1Q7klU/T7a6Ng7yqGI/AAAAAAAAAX8/k4Z4Kp6P0Sc/s320/laerte_banheiro.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A identidade de gênero do Laerte é um exemplo do quanto ela
é extremamente ininteligível, ainda mais ininteligível que a identidade de
travestis e transexuais “padrões”. Laerte já se auto intitulou <i>cross-dresser</i>, termo
que geralmente designa homens que se vestem como mulher apenas em ocasiões
íntimas e que praticam pouca ou nenhuma alteração corporal (visando deixar o
corpo com aparência mais feminina). Entretanto, até Laerte admite que essa
classificação não é mais adequada a ele, já que se veste de forma feminina
durante todo o dia e se apresenta em público como tal. Ele poderia se
identificar como uma <i>travesti</i>, entretanto, até mesmo essa classificação é
limitada para Laerte, pois designa comumente pessoas com práticas
socioculturais e, inclusive, corporais diferentes da dele. A orientação sexual
também entra para confundir ainda mais o senso comum: Laerte é bissexual (é
esperado que pessoas que performam/com características socialmente vistas como
femininas, independente da identidade de gênero da pessoa, gostem de homens, e
vice-versa, outro exemplo de cissexismo e heteronormatividade). A falta de um
termo para englobar a singularidade de Laerte deixa os autores confusos quando
existe a necessidade cissexista de se encaixar corpos e identidades a normas
limitadoras.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Existe um curioso posicionamento discursivo acerca da visão
da questão da orientação sexual das pessoas transgêneras e seus parceiros. Os
termos homossexuais e heterossexuais são usados de acordo com a visão daquele
que as prega: aqueles que acreditam no essencialismo anatômico, que, portanto
estão ligados a ideias cissexistas, acreditam que o aspecto definidor da
sexualidade são os órgãos genitais. Assim, diriam, a despeito de uma pessoa
portar e se identificar com inúmeros símbolos de um gênero, inclusive podendo
ser materializado em seu próprio corpo, o que predominará será apenas o que
está entre as pernas: desse modo, <i>um </i>(sic) travesti que seja designado com o
sexo masculino ao nascimento que se relacione com um homem estará em uma
relação homossexual. A outra visão oposta é levar em consideração a <i>identidade
de gênero</i>, de modo que no mesmo caso anterior, este não deverá ser designado “o”
travesti, senão “a” travesti, pois ela se identifica como mulher, portanto, se
tratará de uma relação heterossexual. Outro posicionamento possível é
considerar como essas classificações são limitadas, assim uma relação com uma
pessoa transgênera que não fez a cirurgia de redesignificação sexual
simplesmente não poderá ser classificada por parâmetros cisgêneros. Nessa
lógica, aquelas pessoas que se submetem a essa cirurgia terão seus corpos
ressignificados à mesma maneira de uma pessoa cisgênera, entretanto, é possível
observar que discursos transfóbicos radicais jamais considerarão um transexual,
mesmo que operado, um homem ou mulher "de verdade" ao denominar como
uma <i>mutilação </i>a cirurgia. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em<span style="color: yellow;"> </span><a href="http://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/02/contardo-calligaris-homens-ou-mulheres.html" style="color: yellow;" target="_blank"><span style="text-decoration: none;"><span style="color: yellow;">um dos textos</span></span></a> selecionados para o corpus, o psicanalista
Contardo Calligaris aborda a questão transgênera devido à repercussão do caso
do Laerte. O discurso do psicanalista é um exemplo daquele intermediário, como
já referido anteriormente: se baseia em normas classificatórias limitantes e
até mesmo cissexistas, mesmo sendo bem intencionado, por saber relativizar a
problemática do banheiro e não pretender ser escancaradamente agressivo, seus
erros são evidentes. Ele reproduz o discurso médico ao definir os (<i>sic</i>)
travestis (de modo a fazer oposição com as transexuais) ao ligar esta
identidade de gênero, apenas por não quererem a cirurgia de redesignificação
sexual, ao <i>fetichismo </i>(<i>para ele mesmo e para os outros) e fantasias sexuais.</i>
Ele fez uma relação não apenas indevida e reducionista da identidade travesti,
mas bastante agressiva, pois fica evidente a reprodução do discurso do senso comum
de relacionar travestis à prostituição e marginalidade, na qual a identidade
feminina e até mesmo humana é desqualificada em oposição as transexuais, que
sofrem de um <i>distúrbio </i>legítimo de cuidados médicos por desejarem a cirurgia
dos órgãos sexuais e entrarem um modelo cisgênero mais aceitável. Estas
sim são mulheres de “<a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com.br/2011/10/como-reconhecer-verdadeira-identidade.html" style="color: yellow;" target="_blank"><span style="text-decoration: none;">verdade</span></a>”. Fazer esta relação mostra muito sobre a construção
discursiva do autor simplesmente por não relacionar estas características a
outras identidades. Afinal de contas, pessoas travestis podem ser tão
fetichistas quanto qualquer outra pessoa. Ao menos, no final de seu texto, ele
irá relativizar sobre as classificações, assim seu discurso se atenua um pouco:
“Na realidade complexa (e confusa) de sexo, gênero e orientação sexual, as
categorias que descrevi se misturam e não designam destinos”. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A situação fica ainda mais distorcida pois foi de extrema
frequência encontrar textos que misturam a questão de identidade de gênero e
orientação sexual: Laerte ao invés de ser retratado como <i>cross-dresser</i>,
transgênero, travesti ou outro termo que envolva identidade de gênero não
cisgênera, foi referido em alguns textos como <i>homossexual, gay, marmanjo homo</i> (mesmo
que, de fato, ele não o seja), já que para esses autores, e grande parcela da
população, esses termos são intercambiáveis. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-B3uXpxkesws/T7a7eKVrg3I/AAAAAAAAAYE/ZfadjtIf4Z8/s1600/agre.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-B3uXpxkesws/T7a7eKVrg3I/AAAAAAAAAYE/ZfadjtIf4Z8/s1600/agre.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vários textos selecionados para o corpus se focam na questão
do quanto a imagem dele é masculina: por gostar de mulheres, por apresentar o
nome masculino na maioria das vezes - apesar de possuir uma página no <i>facebook </i>com
um perfil com o nome de Sônia -, apresentar uma voz grossa, permitir o uso da
flexão de gênero masculina, ter tido uma longa vida de aparente homem cisgênero
e não procurar nenhuma alteração corporal até agora são fatores suficientes
para vários autores inferiorizarem e limitarem a identidade de gênero ao
categorizarem ele como apenas <i>um homem vestido ou fantasiado de mulher</i> e,
portanto, não merecedor de frequentar espaços considerados exclusivos femininos
e até mesmo de associá-lo a imagem de um (sic) travesti <i>fetichista </i>(ideias
fortemente atreladas ao cissexismo). Sua mera presença nos banheiros femininos
é uma <i>afronta à intimidade das mulheres</i>, na qual ele estaria, segundo um texto
radicalmente transfóbico, <i>esfregando seu falo simbólico e real nos rostos das
mulheres</i>. A imagem ambígua, um tanto andrógina e como o próprio Laerte diz
“portador de dupla cidadania” são perfeitos para os autores cissexistas jamais
considerarem Laerte como uma <i>mulher de verdade. </i></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em contrapartida, textos que defendem o uso do banheiro por
transgêneros de acordo com suas identidades, além de argumentarem para a
desnaturalização do cissexismo, citaram a existência da lei estadual
10.948/2001 que pune a discriminação por orientação sexual ou identidade de
gênero. A lei como se configura, possui caráter amplo a respeito do que seriam
essas discriminações de forma a não explicitar o uso dos banheiros, mas sob
este ponto de vista, o impedimento do uso do banheiro de fato se configura como
discriminação.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O acontecimento que ocorreu com Laerte fizeram repercussões,
além da produção de diversos textos (<a href="http://www.zonamix.com.br/blogdaredacao/2008/06/12/polemica-do-banheiro-para-trans-estado-e-atrac-sao-contra/" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a> e <a href="http://por1lugaraosol.blogspot.com.br/2010/12/banheiro-para-trans-nao.html" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;">aqui</span></a>), o vereador <a href="http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-banheiro-gay-de-apolinario/" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;"><span style="color: yellow;">Carlos Apolinário (DEM)</span> </span></a>em resposta a polêmica que foi gerada,
propôs um projeto de lei sobre o terceiro banheiro para as pessoas
transgêneras, como será mostrado logo, trata-se de uma proposta não
revolucionária, ao contrário, terá um perfil de reacionarismo extremo. Antes,
para ilustrar essa situação, vale uma citação de Sírio Possenti (2006):</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
"(..) o conjunto dos textos começa a remeter não só ao
próprio acontecimento, mas também a outros textos e a outros
acontecimentos que este levou a rememorar. Dessa maneira, forma-se uma espécie
de arquivo, no interior do qual as relações intertextuais e interdiscursivas se
desenham, as diversas posições se materializam, as posições vão se repetindo ou
se renovando". </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-UEtwec0fDpc/T7a8H-ZngrI/AAAAAAAAAYM/lkcIQIwhdho/s1600/estereotipo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-UEtwec0fDpc/T7a8H-ZngrI/AAAAAAAAAYM/lkcIQIwhdho/s200/estereotipo.jpg" width="188" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A proposta do vereador é claramente segregacionista, ao
invés de propor uma alternativa, ele propõe uma obrigatoriedade do uso desse
novo banheiro para aqueles que não entram não apenas no padrão cisgênero, mas
também no heterossexual. Mais uma vez é observada a confusão entre orientação
sexual e identidade de gênero, já que, a partir dos textos coletados, a lei
propõe a criação do banheiro para uso de todas as pessoas em especial o público
LGBTT. Sua argumentação torna-se ridícula, apenas ao afirmar que o
banheiro não seria permitido a entrada de menores de idade sem a presença de
responsáveis, já explicita suas ideologias extremamente conservadoras e
preconceituosas. Ao fazer essa declaração, é subentendido que estas pessoas
fora do padrão de gênero e orientação estão fora das regras dos bons costumes e
que devem, portanto, não influenciar os menores com suas imoralidades. Ele
trata os direitos como privilégios, portanto, os gays estão muito folgados: “Os
gays no Brasil são muito folgados. Eles querem privilégios, e isso não pode
acontecer. Como a sociedade caminha para essa abertura sexual, acho natural
criarmos uma opção unissex. O que não é possível é minha mãe entrar em um
banheiro e encontrar um homem vestido de mulher” (<a href="http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,vereador-quer-criar-banheiro-para-gay-em-sao-paulo-apos-polemica-com-laerte,832738,0.htm?reload=y" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;"><span style="color: yellow;">Fonte</span></span></a>).</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para finalizar a partir de uma citação de <a href="http://www.campanaderechoeducacion.org/sam2011/wp-content/uploads/2011/05/manualusonaosexistalinguagem.pdf" target="_blank"><span style="color: black; text-decoration: none;"><span style="color: yellow;">uma campanha</span></span></a> encontrada pela internet, que acredito sintetizar a
intenção desta análise, as autoras Paki Venegas Franco e Julia Pérez Cervera
fazem uma reflexão muito interessante - que denuncia o sexismo na língua - para
desconstruir o uso da flexão gramatical de gênero masculino como o suposto
neutro na língua portuguesa. O cissexismo pode ser entendido como uma forma
específica do sexismo convencional, ambos não apenas denominam as opressões,
mas a partir da criação destes termos, nós somos impelidos a pensar nas
maneiras de criarmos resistência a elas:</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">"A gente ataca os discursos androcêntricos e sexistas
fundamentalmente quando há consciência de sua existência e desenvolvendo outros
discursos e formas de representação alternativas que as pessoas possam, com o
tempo, incorporar a seu próprio método de entender a realidade". </span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;"> Ao ir além do binarismo de gênero, Laerte nos mostra o quanto isto está enraizado em nossa sociedade. É frequente, como tenho visto, até mesmo pessoas trans* estranharem a apresentação e identidade de Laerte, pois mesmo para alguém transgênero, identificar-se dentro do binário lhe garante um passo a mais para legitimar a sua existência. Alguém que atravessar um gênero a outro terá um grande desafio, mas aquele que ousar destruir os esteriótipos de gênero terá um maior ainda.</span></div>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-87663576939000063652012-04-12T21:09:00.005-04:002013-07-26T22:29:34.697-04:00O que nos revela o povo hadza: o desejo do linguista<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-JIRJPGACI-4/T4d4nCA_ONI/AAAAAAAAAVc/MPqDPjBBpg4/s1600/eschwhiteblack.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="260" src="http://2.bp.blogspot.com/-JIRJPGACI-4/T4d4nCA_ONI/AAAAAAAAAVc/MPqDPjBBpg4/s320/eschwhiteblack.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">Existe uma curiosidade entranhada nos homens por sua origem que descortina todo um desejo daquele que vai a busca de uma resposta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-mecBZaBgsjY/T4d5LGTVVqI/AAAAAAAAAVk/C4G6GQj1Ml8/s1600/schoeller_hadza_ng.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="185" src="http://2.bp.blogspot.com/-mecBZaBgsjY/T4d5LGTVVqI/AAAAAAAAAVk/C4G6GQj1Ml8/s200/schoeller_hadza_ng.jpg" width="200" /></a><span lang="PT-BR"> Com as línguas e a linguagem isso não é diferente: “qual é a origem da linguagem?” já indagaram muitos investigadores desde sempre. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">“Como o homem aprendeu a falar?”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">As<span style="color: #6fa8dc;"> <a href="http://www.comciencia.br/reportagens/linguagem/ling08.htm" target="_blank"><span style="color: #6fa8dc;">hipóteses</span></a></span> são diversas, assim como seus pressupostos e implicações. Como pano de fundo, notamos o desejo do investigador (em corroborar sua teoria, em manter seu estado de classe, em se projetar sobre o outro). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">Um exemplo de hipótese e desejo pode ser ilustrado por uma matéria na revista de divulgação científica National Geographic em uma edição que aborda o povo hadza, da Tanzânia. Vocês podem ler o conteúdo em espanhol na íntegra <a href="http://www.nationalgeographic.com.es/2009/12/23/los_hadza_2.html" target="_blank"><span style="color: #9fc5e8;">aqui</span></a> ou a síntese em português <a href="http://www.nationalgeographic.pt/articulo.jsp?id=2080310" target="_blank"><span style="color: #9fc5e8;">aqui</span></a>. Embora não se trate de um investigador, mas sim de um repórter, o desejo é muito semelhante ao daquele que se encontra na academia, como veremos em outros exemplos que ainda discutirei. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-VJ4Fxy_zWco/T4d6DzGJdLI/AAAAAAAAAVs/gtEUAuU2Yfg/s1600/tanzania-map.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="196" src="http://3.bp.blogspot.com/-VJ4Fxy_zWco/T4d6DzGJdLI/AAAAAAAAAVs/gtEUAuU2Yfg/s200/tanzania-map.gif" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.slate.com/articles/news_and_politics/press_box/2007/07/the_return_of_michael_finkel.html" target="_blank"><span style="color: #6fa8dc;">Michael Finkel</span></a> é um jornalista que se aventura por 15 dias junto aos hadza na região centro-norte da Tanzânia, próximo ao lago Eyasi. A matéria traz um relato sobre suas impressões de convivência com aquela gente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">O tom da reportagem não é dos melhores, aqui o desejo do repórter se difere um pouco, mas não muito, ao do investigador, porque há a necessidade direta de um interlocutor-consumidor. Assim, a curiosidade deve ser o gatilho que faz com que a revista seja vendida.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">A reportagem se abre com o seguinte mote: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR"><br />
</span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;"> <i> </i></span></span><i>“[Os hadza] No cultivan la tierra, no crían ganado y viven sin reglas ni calendarios. Llevan una existencia de cazadores-recolectores que apenas ha cambiado en 10.000 años. <span lang="PT-BR">¿Qué saben ellos que nosotros hemos olvidado?” </span></i></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span lang="PT-BR"><i><br />
</i></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<i><span lang="PT-BR" style="font-family: Symbol;">·<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt;"> </span></span><span lang="PT-BR">Trad minha: [Os hadza] não cultivam a terra, não criam gado e vivem sem regras e sem calendários. Levam uma vida de caçadores-coletores que não mudou em 10.ooo anos. O que eles sabem que nós já esquecemos?</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">O linguista já acostumado com os fatos de língua não seria tão ingênuo ao ponto de dizer que uma etnia poderia viver sem regras. Aqui nos deparamos com o erro grotesco de que Finkel não percebe que ele e os hadzas não compartilham das mesmas regras.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">Quanto ao uso de calendários, o próprio corpo do texto traz a contradição. O autor menciona seu primeiro encontro com um hadza como exitoso: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<i><span lang="PT-BR">“quando chegasse a data prevista para a minha vinda, três semanas mais tarde. Passadas três semanas, quando eu e a intérprete chegámos ao mato, lá estava o filho de Onwas, Ngaola, à espera. Aparentemente, Onwas observou as fases da Lua e, quando achou ter passado tempo suficiente, mandou o filho dirigir-se à árvore”. <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">Mas uma vez percebemos que códigos de medição de tempo não são compartilhados entre visita e visitante.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">O que aproxima o desejo do jornalista ao desejo do acadêmico aparece na segunda parte do mote, uma indagação talvez também feita pelos linguistas: os hadza conservariam vestígios sobre a origem do homem ou sobre a origem da linguagem? O que eles sabem que nós esquecemos?</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-dZSGglkWyKk/T4d7PZzsTCI/AAAAAAAAAV0/TU8sST1LnFs/s1600/giorgiode-chirico-arqueogo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="149" src="http://2.bp.blogspot.com/-dZSGglkWyKk/T4d7PZzsTCI/AAAAAAAAAV0/TU8sST1LnFs/s200/giorgiode-chirico-arqueogo.jpg" width="200" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">Neste momento, o que se faz é objetificar o sujeito pesquisado. O investigador/jornalista se coloca numa posição privilegiada e significa/captura o outro em sua linguagem própria. Os hadza se tornam, assim, os exóticos, os que despertam curiosidade (e a centelha da origem do próprio jornalista/investigador) e, o mais grave, se transformam nos <u>primitivos</u>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;">
<span lang="PT-BR">A academia está repleta de estudos de mesma monta. A Genética aliada à Linguística se esforça em desvendar a origem do homem. Recentemente saiu um estudo elaborado em seis universidades (pasmem) europeias que se intitula: <i><a href="http://www.pnas.org/content/early/2011/03/01/1017511108.full.pdf+html" target="_blank"><span style="color: #9fc5e8;">Hunter-gatherer genomic diversity suggests a Southern African origin for modern humans</span></a></i>. Na <a href="http://elpais.com/diario/2011/03/13/sociedad/1299970801_850215.html" target="_blank"><span style="color: #6fa8dc;">divulgação publicada em “El país</span>”</a> da Espanha podemos sublinhar: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<i>Los bosquimanos del sur, hablantes de lenguajes clic -donde las consonantes suenan como besos y chasquidos de fastidio-, revelan una variedad genética interna mucho mayor que cualquier otra población humana actual. La razón es que toda la humanidad actual proviene del sur de África -y no de Etiopía, como se pensaba-, y que los actuales hablantes de lenguajes clic son los herederos en línea directa de nuestros primeros padres.<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<i><span lang="PT-BR">Trad. minha: Os bosquímanos do sul, falantes de línguas com cliques – em que as consoantes soam como beijos e muxoxos-, revelam uma variedade genética interna muito maior que qualquer outra população humana atual. A razão é que toda a humanidade atual provêm do sul da África- e não da Etiópia, como se pensava -, e que os atuais falantes de línguas com cliques são os herdeiros em descendência direta aos nossos primeiros pais.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<h1 style="margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</h1>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> </span><span style="text-indent: 18pt;">Em abril de 2011, foi publicado um artigo na Science, </span><a href="http://www.sciencemag.org/content/332/6027/346" style="text-indent: 18pt;" target="_blank"><span style="text-decoration: none;"><span style="color: #9fc5e8;"><i>Phonemic Diversity Supports a Serial Founder Effect Model of Language Expansion from Africa</i></span></span></a><span style="text-indent: 18pt;"><span style="color: #9fc5e8;"><i>,</i></span> escrito por Quentin Atkinson, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia), em que propõe um modelo que assume a origem da linguagem como originária no sul da África e a partir daí ela se difunde pelo planeta. Atkinson chega a esta conclusão depois de analisar os fonemas de 504 línguas espalhadas pelo mundo. O australiano conclui que os idiomas mais distantes da África têm menor quantidades de fonemas (o resultado é questionado).</span> <br />
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-YR7H7Gsy0iA/T4d8PGiyVAI/AAAAAAAAAWE/7CxzcEJMAuU/s1600/depositphotos-5808865-xs2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-YR7H7Gsy0iA/T4d8PGiyVAI/AAAAAAAAAWE/7CxzcEJMAuU/s200/depositphotos-5808865-xs2.jpg" width="200" /></a><span lang="PT-BR"> Mais uma vez, os tanzanianos, etíopes etc são postos nessa posição de exóticos e guardiães do segredo do outro. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Todas essas incursões mostram o desejo de seu executor: a busca por uma essência. E as implicações da pesquisa se reflete de maneira muito diferente para sujeito-pesquisador e para sujeito-investigado. Enquanto estes ganham o aspecto exótico, primitivo, aqueles levam o mérito (da tentativa de) elucidação da questão da vida: qual a essência das coisas/do homem?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> No fundo, tais pesquisas não passam de um grito agonizante do pesquisador que engendra mais preconceitos, através do discurso cientificista, entre grupos humanos. É agonizante porque são meras especulações bastante refutáveis e que jamais nos trará o passado de volta (a língua é imaterial), a não ser que se considerem povos como primitivos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> A <a href="http://webs.uvigo.es/jhpr/teoria/sapir-ch.pdf" target="_blank"><span style="color: #9fc5e8;">hipótese de Sapir-Whorf </span></a> é revisitada: será que a linguagem não molda o pensamento de seu povo? Será que maneiras diferentes de pensar não implicam em práticas culturais distintas? Por que os hadzas assim como os pirahã não expressam quantias maiores que 3? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-wYp55xeBkaA/T4d8qFArg5I/AAAAAAAAAWM/Z2m6N10WYpA/s1600/desejo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="149" src="http://4.bp.blogspot.com/-wYp55xeBkaA/T4d8qFArg5I/AAAAAAAAAWM/Z2m6N10WYpA/s200/desejo.jpg" width="200" /></a><span lang="PT-BR"> Talvez porque o ouvido daquele que dá significado à fala de seus experimentandos não esteja afeito a todas as diferenças. Eis o paradoxo do linguista (já anunciado por Milner, de Lemos, etc): o linguista é um sujeito falante e da língua não pode se abster para sua análise.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"> Assim, mais uma vez o que resta é apenas o desejo.<a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=6457091150278721696&postID=8766357693900006365" name="_GoBack"></a></span></div>
Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-42591801645603845892012-03-08T22:17:00.011-03:002013-06-04T23:49:51.615-04:00Ser mulher num mundo cissexista<h6 style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman',serif; font-size: 12pt; font-weight: normal;">O post da vez traz uma discussão muito interessante sobre a questão de gênero. <o:p></o:p></span></span></h6>
<h6 style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman',serif; font-size: 12pt; font-weight: normal;">O que é ser uma mulher num mundo<span style="color: yellow;"> </span><a href="http://porcausadamulher.wordpress.com/2012/02/28/caminho-trans-11/" style="color: yellow;" target="_blank"><span style="color: yellow;">cissexista</span></a><span style="color: yellow;">?</span><o:p></o:p></span></span></h6>
<h6 style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman',serif; font-size: 12pt; font-weight: normal;">Parti de um debate levantado na comunidade “discussões de gênero” do FB. Por ser atravessada pela linguagem, além de se tratar de um tema-tabu e de muita ignorância, resolvi transformar tudo numa blogagem, com leves adaptações. A participação coletiva de todës ës meninës e o dialógo profícuo entre todës garante o êxito da reflexão. Para aqueles que desconhecem termos como cisgênero e transgênero, eis um mar de descobertas. Para aqueles que já conhecem, some-se o intercâmbio de informações.<o:p></o:p></span></span></h6>
<h6 style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman',serif; font-size: 12pt; font-weight: normal;"><o:p> </o:p></span></span></h6>
<h6 style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; margin: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-size: small;"><span style="font-weight: normal;">MOTE</span></span></b></h6>
<h6 style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman',serif; font-size: small;"><span style="font-weight: normal;"><br />
</span></span></h6>
<h6 style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman',serif; font-size: 12pt; font-weight: normal;">Primeiro, ninguém tá atacando o fato da pessoa ser travesti. Sabe-se bem que existem travestis com MUITO mais características femininas do que muita mulher por aí. Desculpa MESMO se soar ofensivo, não é a intenção, mas travesti NA MINHA OPINIÃO não é mulher, travesti é um homem que gosta de se vestir como mulher. Um homem só deixa de ser homem quando tira o pênis, e até que alguém mude as leis da biologia eu vou pensar assim (talvez, ainda que mudem, eu vou continuar pensando assim). Na mesma lógica, um gay pra mim é homem, a única diferença é que ele gosta de outros homens.<o:p></o:p></span></span></h6>
<h6 style="margin: 0cm; text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman',serif; font-size: 12pt; font-weight: normal;">Depois, eu gosto de mulheres, não gosto de homem e tenho um tremendo nojo de pintos alheios. Se um travesti com muitos traços femininos me "engana" eu ia ficar sim no lixo, porque eu não ia gostar nada de colocar minha mão no pinto de outro cara. Se eu sou hétero, as pessoas têm que aceitar e respeitar isso, assim como eu devo respeitar a orientação sexual dos outros. Se eu penso que pênis define um homem e vagina define uma mulher, o que tá tão errado nisso? Se pra vc é relativo, pra mim não é, será que não dá pra gente aceitar isso como algo não ofensivo?<o:p></o:p></span></span></h6>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">***</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><a href="http://fadamariposa.blogspot.com/" target="_blank"><span style="color: blue;">Caroline Ja</span><span style="color: blue;">mhour</span></a>:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Mas... na boa, eu não achei o comentário assim tão ofensivo.</span><br />
<span class="commentbody">Quer dizer - eu não sei bem se travestis se enxergam como mulheres. Sim? Porque crossdressers, tipo o Laerte, não necessariamente se veem como mulheres, e eu não sei muito bem se tem uma grande diferença entre travesti e crossdresser.</span><br />
<span class="commentbody">E ao menos esse cara aceita que gays sejam homens - não é do tipo que diz que "gay não é homem", "não sou gay, sou homem!" e essas merdas assim.</span><br />
<span class="commentbody">E também não vi grandes problemas em ele não gostar de pinto, mesmo que x donx do pinto seja uma mulher.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Só o final do texto dele mostrou uma inflexibilidade no sentido de se dialogar sobre questões de gênero - eu não acho que questões de gênero tenham que ser discutidas em termos como "É TUDO RELATIVO E PRONTO, SE VC DEFINE HOMEM COMO PÊNIS E MULHER COMO VAGINA, VC É UM RETRÓGRADO CISSEXISTA FILHODAPUTA". Acho que deve ser gerada reflexão pra pessoa entender PORQUE um pênis não define um homem ou vagina define mulher.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff; text-align: justify;"><a href="https://twitter.com/#%21/Julie_Rockz" target="_blank"><span style="color: blue;">Julia Kaffka:</span></a></span><span lang="PT-BR" style="text-align: justify;"> <span class="commentbody">Poxa, perto do que muita gente fala, achei esse discurso até razoável. Considerando que a ignorância sobre a diferença entre identidade e orientação sexual é quase plena, acho que o interlocutor já está bem mais evoluído que MUITA gente. Lógico que a criatura ainda precisa conhecer mais do assunto e não ser tão inflexível, mas até aí quem não precisa, né?</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Ow, perto de familiar meu que já falou pra mim que "homem nunca vai ser mulher mesmo que tomar todos os hormônios e operações possíveis, porque a dinâmica e as experiências de vida são totalmente diferentes e vai ser pra sempre uma caricatura grosseira", a pessoa ali teve um discurso até sensacional rs.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">E também, eu não sei, mas como a Caroline Jamhour falou, também nunca entendi a diferença entre travesti e crossdresser, imaginava que fosse mais uma tradução da outra, até chegar em uma discussão que falava de transgêneres e travestis e teve gente falando de travestis como o terceiro gênero (que para mim era o transgênere que não optava pelos gêneros feminino ou masculino). E cada vez que eu vejo, esse tipo de definição tanto para transgênere como travesti, varia de pessoa para pessoa, não pareceu muito universalizado (mas lógico que posso estar errada)<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR"><br />
</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Hannah Duarte:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Crossdresser são homens que sentem prazer de se vestir de mulher, na maioria das vezes, dentro da sua própria casa. E muitas vezes eles continuam se sentindo homem mesmo travestidos (e muuuuuuitos deles são héteros).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a>Julia Kaffka:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">e travestis, no caso, seriam pessoas nascidas homens mas com a identidade sexual de mulher?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span class="commentbody"><br />
</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Hannah Duarte:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Boa pergunta, isso eu não sei, porque eu nunca entendi direito a diferença entre travestis e trans não operadas. Mas acredito que sim, viu Júlia. O "terceiro gênero" até onde eu sei, são os queers, que não se identificam nem como mulher nem como homem.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a>Caroline Jamhour:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">"e travestis, no caso, seriam pessoas nascidas homens mas com a identidade sexual de mulher?"<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Que eu saiba, isso é transgênero mesmo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Travesti vem de "travestido" - é basicamente a mesma coisa que crossdresser, mas com uma identificação feminina além do modo de vestir. Mas aí não sei se travestis são trangênero (tipo, trans não operada e tal) ou se são de boa com a genitália masculina. Só faz sentido chamá-las de "terceiro gênero" se elas não têm interesse em mudar a genitália, e mesmo assim se identificam com o gênero feminino - eu acho - porque senão, seriam transgêneros MtF normal, mas não operadas, e tal.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Eu acho. Hahaha<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">"Ow, perto de familiar meu que já falou pra mim que "homem nunca vai ser mulher mesmo que tomar todos os hormônios e operações possíveis, porque a dinâmica e as experiências de vida são totalmente diferentes e vai ser pra sempre uma caricatura grosseira"</span></span><span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">Então... eu tbm questiono isso. Eu não sei definir, lógico, o que seria homem e mulher - mas alguém que nasceu homem, sempre foi tratado como homem na sociedade, teve experiências ligadas ao papel masculino, etc, aí se dá conta de que é transgênero e "vira mulher", faz operação, toma hormônios, assume totalmente o papel feminino. Mas desde o início sua experiência não foi "de mulher" na sociedade e na cultura. Qual a influência que isso tem?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">E se a pessoa, desde o início, não viveu "na pele de uma mulher", recebendo da sociedade o tratamento que exclusivamente mulheres recebem desde que nascem, como a pessoa realmente sabe "o que é ser mulher"? É uma identificação em 3a pessoa, baseado no que se observa, não? Como que rola isso? Ela se identifica com o gênero feminino... mas o que o define? Isso varia de cultura pra cultura, né? Isso me confunde bastante.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Bia:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Eu sou<span style="color: white;"> <a href="http://www.grupodignidade.org.br/blog/arquivos/manual-comunicacao-lgbt.pdf" style="color: yellow;" target="_blank"><span style="color: yellow;">travesti</span></a></span> e acho que posso dizer certas coisas. Não acho interessante pensar que uma travesti tenha recebido as mesmas experiências que um homem convencional, mesmo que de início tenha sido ''criada" como ''menino''. E essa criação não é interpretada da mesma forma que um homem cis, vejo mais como uma forma de opressão, e somos ainda mais agredidas a todo momento quando exibimos características associadas ao feminino, imagino de como é difícil na infância onde mal temos argumentos e conhecimento para nos defender, em situações que vocês nem imaginam.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><span class="commentbody"><br />
</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Julia Kaffka:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Caroline, acho um questionamento válido, mas não do jeito que havia sido feito, na situação específica fora completamente preconceituoso e repressor. Eu não me vejo no direito de determinar a validade da identidade sexual de outra pessoa (nem disse que você o faz, estou mesmo falando do familiar que me falou isso). Realmente, as experiências não são as mesmas, a criação não é a mesma e o tratamento não é o mesmo (quanto a biologia, não posso falar), mas se as reflexões (internas principalmente) se assemelham ao outro sexo (aliás, não sei se devo usar sexo ou gênero nesse caso, acabei de ver que existe diferença entre os dois termos), acho válido sim, permitir a essa pessoa que assuma tal identidade e tenha a experiência de ser reconhecida pela sua identidade, para realmente ver qual é.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">A ideia de homem e a ideia de mulher são muito culturais, portanto muito relativas, e cada vez que converso, vejo que os conceitos atuais de homem e mulher (mesmo os mais abstratos) vão mudar totalmente, e até ser abandonados.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Mas então - "se as reflexões internas se assemelham ao outro sexo" - mas como determinar o que é o "outro sexo" pra saber se vc se identifica com ele ou não? Por que existe uma identificação com o "sexo oposto" ou o "gênero oposto" se na verdade é tudo construção social? E a troca de genitália? O que faz um trans não se identificar com a própria genitália, e sim com a do sexo oposto? É o que a genitália representa, simboliza na sociedade?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Caroline Jamhour:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Porque se uma vagina não determina a mulher nem o gênero feminino - e o pênis não determina o homem nem o gênero masculino - então COM O QUE o trans se identifica?</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Bia, eu pensei isso - que mesmo que a travesti tenha sido criada como menino, ela se sentiria deslocada nessa criação e a experiência seria diferente de um cis.</span></span><span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">Mas ei... eu tava lendo aqui o pdf que colaram:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">"Travesti:</span></span><span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">Pessoa que nasce do sexo masculino ou feminino, mas que tem</span><br />
<span class="commentbody">sua identidade de gênero oposta ao seu sexo biológico, assumindo</span><br />
<span class="commentbody">papéis de gênero diferentes daquele imposto pela sociedade.</span><br />
<span class="commentbody">Muitas travestis modificam seus corpos por meio de hormonioterapias,</span><br />
<span class="commentbody">aplicações de silicone e/ou cirurgias plásticas, porém,</span><br />
<span class="commentbody">vale ressaltar que isso não é regra para todas (definição adotada</span><br />
<span class="commentbody">pela Conferência Nacional LGBT em 2008. Diferentemente das</span><br />
<span class="commentbody">transexuais, as travestis não desejam realizar a cirurgia de redesignação sexual (mudança de órgão genital)".<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Como assim, pessoa que nasce do sexo masculino ou feminino mas se identifica com o gênero oposto? Tem travesti que nasce mulher e se identifica com o gênero masculino, é isso? Então travestis são transgênero, mas não transexuais?</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><br />
</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Bia:</span><span lang="PT-BR"> Acho válidas esses questionamentos da Caroline Jamhour sobre o que é gênero, isso me faz pensar o que é convencional/artificial/social acerca dos papéis/comportamentos/sentimento de congruência ou desconforto com o sexo anatômico ou identidade contra algo que de fato seria a essência do indivíduo; espero estar sendo cada vez mais ''eu'', sendo isso coerente ou não com os papeis tradicionais impostos, mas o mais autêntica comigo mesma.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">P<span class="commentbody">elas leituras que eu vejo por aí, transgêneros seria uma categoria abrangente onde estariam xs travestis (se identificam com o papel, comportamento etc mas não fazem a cirurgia) x transexuais (que querem a cirurgia). Mas curiosamente em algumas leituras não existiriam ''travestis'' de "mulher para homem'' mas acho que podem existir sim, acredito que não sejam tão vistos socialmente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Hannah Duarte:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Nem sabia que existia diferença entre transexual e transgênero.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Bia:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Pra quem se interessar mais nessa coisa dicotomia entre travesti e transexual, recomendo <span style="color: yellow;"> </span><a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com/2011/10/como-reconhecer-verdadeira-identidade.html" target="_blank"><span style="color: white;"><span style="color: yellow;">o texto</span></span></a><span style="color: yellow;"> </span>do meu amigo Jiquilin <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Os comentários da Aline Freitas são ótimos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR"><br />
</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Hannah Duarte:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Não gosto dessa expressão "travesti", me soa falso, como se ser travesti fosse brincadeira de carnaval.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-HzwYZjY10iY/T3H8VIImYDI/AAAAAAAAAVU/nmu4r3VUmX0/s1600/draq.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-HzwYZjY10iY/T3H8VIImYDI/AAAAAAAAAVU/nmu4r3VUmX0/s200/draq.jpg" width="200" /></a></div>
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Bia:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Pois é, vejo que existe uma carga bem pejorativa com ''travesti'', mas espero que seja possível algo como ressignificar a palavra com algo revolucionário como "eu vou me vestir como eu quero"; vi uma foto que compartilhei no fb que achei bem legal: "todos nascem nu, o resto é tudo drag", ou seja, todas as pessoas imitam o que seria algo feminino ou masculino, não apenxs xs travestis, só que agora eu escolho o que vestir, não vai ser imposição.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Aline Freitas:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">As palavras são maleáveis, passam por<span style="color: white;"> <a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com/2011/01/semantica-ja-morreu.html" target="_blank"><span style="color: white;"><span style="color: yellow;">mutações e mutações</span></span></a><span style="color: yellow;">.</span></span><span style="color: yellow;"> </span>As pessoas possuem percepções distintas muitas vezes com as mesmas palavras, daí uma das razões de porque qualquer definição seja arbitrária.Uma das possíveis origens da palavra travesti está no médico alemão Magnus Hirshfield (transvestism). Apesar de fazer referência ao vestuário, Hirshfield entendia que o mais importante era o fato de tais pessoas perceberem a si como do "sexo oposto".<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span class="commentbody"><br />
</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="color: blue;">Vivian: </span><span class="commentbody">Como eu já falei sobre isso diversas vezes, vamos resumir e dizer que para todos os efeitos práticos, travesti é a mesma coisa que transexual. O termo travesti tem nuances próprias, mas a pessoa travesti e a pessoa transexual são a mesma coisa, mesmo tipo de identidade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Travesti ser "transexual que não quer redesignação sexual" é algo super debatível e simplista, principalmente, pois o conceito de travesti só existe na América Latina. Lá fora, operação ou não, é transexual.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Basicamente, travesti é um termo exclusivo latino (além de ser uma "casta" social exclusiva da nossa cultura) que descreve, mais ou menos, a mesma identidade que o termo transexual descreve lá fora.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Como o termo e o conceito de travesti é algo que se desenvolveu paralelamente aos conceitos de transexualidade e transgeneridade, algumas coisas podem não encaixar perfeitamente. Como, por exemplo, a relação de crossdressers e travestis. </span></span><span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">Antes desses termos e identidades serem "separadas" lá fora, muitas dessas identidades eram identificadas coletivamente como "travesti" ou "homossexual" por aqui.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Eu, pessoalmente, sou a favor da erradicação do termo travesti, pois tem uma história e carga pejorativa grande demais pra, na minha opinião, ser possível reapropriá-lo como algo bom. Além de ser confuso misturar transgeneridade e transexualidade com travestis por não terem a mesma "origem", culturalmente.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Pra quem perguntou sobre a criação como homem: primeiramente, mensagens generificadas atingem igualmente meninos e meninas. Então não é porque a pessoa é criada menino que ela não saiba o que é "de menina" e como meninas devem ser (mesmo que essa pessoa não se identifique conscientemente como menina).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Além disso, não existe isso de "ser criada como menina". Não existe NENHUMA característica do que seja ser mulher que seja partilhada por todas as mulheres cis.</span></span><span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">A única narrativa universal do que é "ser mulher", a única coisa que acontece em absolutamente todas as mulheres, é que ela se identifica como mulher, ela se sente mulher. E olha lá, mulheres trans também.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Aline:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Em termos de origem, "transgênero" é muito mais problemático que "travesti". Se travesti foi alcunha do médico alemão, considerado um dos percussores dos atuais movimentos TLGB, trangênero foi alcunha de uma personalidade controversa e extremamente conservadora (Virginia Prince). Acho que não se pode intrometer em como as pessoas se definem, na palavra que usam. Acho mais razoável não reduzir as pessoas aos conceitos impostos em cima destas palavras.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Bia:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Vivian, será mesmo que travesti é uma palavra que não se pode ''tirar'' algo de bom? Falo isso porque vejo o "T" nas siglas, nos grupos, e fico pensando que se trata de uma identidade que muitas pessoas se apropriam dela como algo positivo. Mas também não tenho certeza<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Vivian:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Bem, eu ser contra o uso do termo travesti não significa que sou contra travestis ou elas se identificarem assim. Acho o termo meio problemático, apenas, mas sucesso pra elas se quiserem se identificar assim, por qualquer motivo que seja.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">A verdade é que eu fico num ciclo de querer reapropriar positivamente e querer erradicar o termo, dependendo do meu humor.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Um dos problemas que eu vejo com o termo travesti, por exemplo, é que é quase unanimemente usado no masculino, "o travesti". Não que usar transexual vai fazer as pessoas magicamente respeitarem a identificação da pessoa, mas me parece mais fácil fazer isso acontecer "começando do zero".<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="ES-TRAD" style="color: #3366ff;">Jiquilin:</span><span lang="ES-TRAD"> <span class="commentbody">Oi, Vivian. </span></span><span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Essa coisa de ressignificar o termo pejorativo é muito comum nos movimentos de minoria. Nos EUA, os negros tomaram pra si todo o vocabulário que era injurioso (nigor, black) para tratar os brothers entre si. Entre os gays isso também acontece, quando um gay chama o outro de <i>bixa</i>, <i>viado</i>, é algo meio intimista. Mais recentemente vi essa tentativa com "vadia", em que as mulheres, mais as feministas, tentam ressignificar esse termo (slut walk, p. ex.).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Uma vez eu tentei falar disso para o termo "<a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com/2011/02/paraguaiaparaguaio.html" target="_blank"><span style="color: white;"><span style="color: yellow;">paraguaio</span></span></a>" no Brasil tem uma acepção injuriosa: aquilo que não presta. Acho que o mecanismo é o mesmo para "travesti": </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Vivian:</span><span lang="PT-BR"> Jiquilin, sou<span class="commentbody"> familiarizada com todas essas reapropriações. Mas ultimamente não boto nenhuma fé que fazer isso com o termo travesti seja algo eficiente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Tem muito estigma em cima.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Mas, como eu disse, isso é algo do momento que pode mudar conforme meu humor.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Também não sou cega ao fato de que renunciar ao termo travesti é apagar todas as pessoas que por um motivo ou outro se identificam ou são forçosamente identificadas assim, principalmente as que dependem de prostituição.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Por isso mesmo que eu não goste muito do termo e de sua história, eu tento ao máximo não me "separar" da travestis me identificando como transexual e deixando-as ao léu com isso. Qualquer luta por direitos trans tem que incluir as travestis explicitamente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><a href="https://subversiveopendiscoursebr.wordpress.com/"><span style="color: blue;">Hailey Kaas</span></a>:</span><span lang="PT-BR"> E<span class="commentbody">u só relativizaria o "travesti e transexual são a mesma ID". Bom, serão se a pessoa com a qual se ID assim desejar que seja. Do contrário, travesti pode ser sua ID própria com suas especificidades de acordo com a pessoa que se ID como tal. Não vamos correr para apagar e misturar no guarda-chuva uma identidade que tem uma história no Brasil. Muitas travestis sentem orgulho de ser quem são e de sua ID, e sentem orgulho de sua história de luta marginalizada, conforme o termo lhes conferiu essa marginalização. Englobar travesti dentro de transexual porque é pejorativo, pode ser de alguma forma higienista e classista.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Jiquilin:</span><span lang="PT-BR"> Eu gosto do termo transgênero, porque, pra mim, ele desfaz essa ponte que há entre travesti e transexual. Essa é uma das críticas à teoria queer, que também ve tudo isso num mesmo bloco. Acho que numa abstração mais ampla é só mais uma categoria do espectro das sexualidades. Mas na prática, travestis reivindicam coisas diferentes de transexuais, como a Hailey acabou de dizer. Elas acreditam que se trata de lutas um tanto quanto diferentes. Daí eu pergunto: <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Quanto do discurso médico e da patologização da transexualidade não tem a ver com a contribuição do abismo que se cre haver entre as duas classes?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">E quanto da marginalização das travestis fazem afastar as "limpinhas" do termo?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Aline: </span><span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Eu uso só o prefixo trans, que com algumas excessões é muito bem aceito mesmo entre quem se identifica como travesti ou transexual.<span style="color: #3366ff;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="ES-TRAD" style="color: #3366ff;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="ES-TRAD" style="color: #3366ff;">Vivian<span class="commentbody">:</span></span><span class="commentbody"><span lang="ES-TRAD"> ^ Idem. </span><span lang="PT-BR">Trans nesse sentido, e trans* como termo para qualquer identidade não-cis.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Aline</span><span lang="PT-BR">:<span class="commentbody"> "Mas na prática, travestis reivindicam coisas diferentes de transexuais" Isso eu discordo Jiquilin, o que se reinvindica é a mesma coisa, pelo menos as principais demandas: mudança de nome, acesso a modificações corporais.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Jiquilin:</span><span lang="PT-BR"> Aline, essas são as lutas comuns: as principais demandas. Mas elas têm especificidades (não sou eu quem digo isso, também acredito que as principais já bastam pra unir). Quando travestis e transexuais criticam a teoria queer, elas reclamam de suas especificidades. Nem sei se elas existem mesmo, mas são elas que reclamam. Será que transexuais não tem a luta específica de lutar contra a patologização do termo? Será que travestis, nesse sentido pejorativo, não tem alguma luta com relação à prostituição? </span></span><span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">Eu também acho que as lutas não deveriam ser específicas e separadas, uma vez que as principais demandas dão conta de quase tudo. É então que eu retomo as minhas perguntas: o discurso médico respalda uma verdade que existe pra esse meio (e que não é tão verdade assim). O discurso científico faz acreditar que transexuais têm realmente um transtorno de gênero. Isso basta para as castas existirem: umas limpas, mas doentes, outras sujas, mas resolvidas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Claro que estou falando de transexuais na oposição com travestis e não na sua oposição com cis.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Letícia Szot:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">sempre vejo brigas homéricas rolando por causa de termos, classificações, cada-um-no-seu-quadrado. E, quando isso acontece, eu só consigo pensar: "e tem alguém totalmente cis"? Quer dizer: não vou negar os termos, eles existem, são ou já foram bandeiras de luta, representam identidade pra muita gente... só acho que o mundo inteiro se amaria mais se pensássemos em tudo como expressões de gênero, como produtos coletivos dessa loucura que chamamos de sociedade. :) eu nasci com vagina e sou travesti porque me visto de mulher - só não notam isso porque é o esperado. Mas fujo do esperado o tempo todo, exercendo funções "masculinas", me comportando "como homem" etc etc... Sou mulher porque me identifico assim, mas - muito provavelmente - só por isso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Caroline Jamhour:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">"principalmente pois o conceito de travesti só existe na América Latina. Lá fora, operação ou não, é transexual".<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Mesmo que a pessoa não queira trocar de sexo (genitália)?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Bia:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Caroline Jamhour, em língua inglesa tem os termos mais pejorativos como <i>shemale</i>, <i>tranny</i>, já vi algo como ''transexual secundário'', e até mesmo <i>transgenderist</i>, mas não tenho certeza de como eles chamam um trans que não deseja essa cirurgia (ou se fazem questão nessa diferença)<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Caroline Jamhour:</span><span class="commentbody"><span lang="PT-BR"> "Além disso, não existe isso de ‘ser criada como menina’. Não existe NENHUMA característica do que seja ser mulher que seja partilhada por todas as mulheres cis".</span></span><span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">Não seria toda a construção sociocultural de feminilidade? Cada uma recebe isso em graus diferentes em sua criação, mas acho que de maneira clara o suficiente pra podermos identificar... tudo de que elas são privadas e/ou incentivadas. </span><br />
<span class="commentbody">Eu ainda não entendi muito bem como acontece isso de se identificar com esse gênero ou outro. Tipo, o "gênero feminino" é uma construção social, envolvendo "características femininas", que seriam... o que? comportamentos, vestimentas, trejeitos, papel na sociedade? Mas aí se queremos desconstruir o que é esse "papel feminino na sociedade", e desligar essas ideias de que mulher tem que usar vestido, salto alto e batom, e que essas são "coisas femininas", como funciona o transgênero nesse sentido, se não houver um "gênero feminino" no qual se basear?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Bia, sempre lembro do filme Rocky Horror Picture Show... "I'm just a sweet transvestite, from transexual transylvania"<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">Transvestite? Não? Haha<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Bia:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">É, tem a transvestite também, mas me parecia que eles usavam mais usualmente pra aquilo que chamamos de crossdresser (posso estar enganada rsrs)<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Vivian:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Caroline Jamhour, bem, sempre tem cissexismo e essencialismo genital, mas em geral transexual é transexual independente de modificações corporais, apesar de <span style="color: white;"><i><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_comunica%C3%A7%C3%A3o" target="_blank"><span style="color: yellow;">gatekeepers</span></a></i> </span>não gostarem muito disso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Letícia, parabéns pra você por trivializar toda uma categoria de identidades. Pois obviamente você sabe exatamente o que é ser travesti, e obviamente ser travesti é apenas se vestir de mulher. E é claro que ser uma mulher masculina é a mesma coisa que ser trans*, né. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">ARGH</span></span><span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">Gente, só lembrando, <i>shemale</i>, <i>tranny</i>, e companhia são termos pejorativos e NÃO SÃO ACEITÁVEIS. Só caso haja alguma dúvida sobre isso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">S<span class="commentbody">obre transexuais secundários: <i>gatekeeping</i> em sua forma mais pura. Até onde eu saiba essa etiologia de transexuais primários e secundários já caiu. E se não caiu, é bom ficar claro que são classificações com uma história muito tosca, cheia de cissexismo, transfobia e machismo (mesmo que realmente existam duas narrativas principais de transexualidade, essas classificações são usadas principalmente pra discriminar).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">(Até, se não me engano, o conceito de transexual secundário começou como o transexual <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Autoginecofilia"><span style="color: white;">autoginefílico</span></a>, que por si só é uma agressão cissexista e sexista tremenda)<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #3366ff;">Hailey Kaas:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Então, vamos pontuar<a href="http://www.basicrights.org/uncategorized/trans-101-cisgender/" target="_blank"><span style="color: yellow;"> </span><span style="color: white;"><span style="color: yellow;">resistê</span></span></a></span></span><span lang="PT-BR"><span class="commentbody"><a href="http://www.basicrights.org/uncategorized/trans-101-cisgender/"><span style="color: white;"><span style="color: yellow;">cia 10</span></span></a></span></span><span lang="PT-BR"><span class="commentbody"><a href="http://www.basicrights.org/uncategorized/trans-101-cisgender/" style="color: yellow;">1</a><span style="color: yellow;">;</span> discurso que generaliza e leva o debate para fora do sistema de opressão e resistência em termos de ID de gênero, esse discurso de humanas é cissexista, não dá pra se apagar a história de categorias de resistência, como as não binárias e trans*, as classificações existem porque as pessoas desejam fugir do sistema binário de gênero ao mesmo tempo em que desejam imbuir essas ID's de força política. Não adianta dizer “somos todos não cis”, ignorando o fato que existem categorias de gênero que têm mais privilégios que outras, é por isso que foram criados os rótulos cis, na tentativa de trazer categorias hegemônicas para o centro de um debate de privilégios e opressões. pessoas <a href="http://queerdictionary.tumblr.com/post/3899243464/cafab" target="_blank"><span style="color: white;"><span style="color: yellow;">CAFAB</span></span></a></span><span class="commentbody"> se designando como travesti é cissexista, está capturando uma ID que tem uma história de marginalização da qual a pessoa não fez parte, não sofreu e não teve os direitos retirados, e nem corre risco de vida por causa disso. É ofensivo com as pessoas que estão em uma posição de desprivilégio e são desumanizadas pelo ciscentrismo. Menos discursos de "somos todos iguais" mas percepção de discursos dominantes e vozes silenciadas, vamos empoderar as ID's existentes e não eliminar elas no discurso de 'somos todos iguais', porque não somos, e os sistemas de opressão estão aí para mostrar.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Jiquilin:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Hailey Kaas, foi isso que quis dizer com a diferença da prática (a vida e a história dessas categorias que também são binárias) e a teoria (que junta tudo no “somos iguais”).</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Hailey Kaas:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">a teoria não incorre nesses erros, pelo menos não a teoria queer, que sabe muito bem que existe um sistema de opressão de gênero, acredito que a teoria feminista também esteja ciente, mesmo que ela seja cissexista por geralmente não considerar outras mulheres que não as cis, talvez outras teorias das sociais incorram nesse escorregão teórico, que eu chamo de "torre de marfim" que é justamente você teorizar a partir de uma posição privilegiada e à parte sem estar ciente dos movimentos sociais de luta.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Aline:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Jiquilin, sobre a crítica a questão queer e a partir disso dizer que trans possuem especificidades eu concordo totalmente. Questões de identidade de gênero e orientação sexual são evidentemente distintas. Outra coisa é dizer que travestis possuem especificidades distintas de transexuais. Para isso ser verdade, travestis e transexuais deveriam ter significações distintas e nós sabemos que não têm, que é tudo muito arbitrário, que se confunde classe-social, naturalidade e geração.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Jiquilin</span><span lang="PT-BR">: <span class="commentbody">Hailey Kaas, quase toda a ciência é teorizada assim.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Letícia:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Vivian e Hailey, em primeiro lugar, eu tô apenas aprendendo sobre gênero. A maioria das minhas descobertas tem sido trazida pela Bia, que se reconhece como travesti e é minha amiga na vida real. Eu entendo que vocês se ofendam com o que eu disse porque acaba soando como aquele papo de homem que diz que feminismo não presta porque eles também sofrem, já tá tudo bem pras mulheres e tal... Enfim, foi por isso que fiz questão de dizer que os termos existem - não dá pra negá-los - e, na minha opinião, o que sempre vai contar é aquilo com que você se identifica, logo, se você se disser trans, travesti, crossdresser ou o que for, isso é o que você é, é a bandeira de luta desse grupo que você vai levantar, você pode e DEVE ser visto. Eu entendo os históricos de opressão e de maneira nenhuma eles devem ser desconsiderados. Um oprimido sem nome não é identificado facilmente e não consegue reivindicar muita coisa, não é?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Vivian:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">E gente, não confundam “expressão de gênero” com “identidade de gênero”.</span><br />
<span class="commentbody">Como eu disse antes, existe uma identidade de gênero, existe o "sou mulher". Isso é o que define a mulher (ou o homem). Se a mulher é "feminina" ou "masculinizada", isso é expressão de gênero. A expressão de gênero é construída e mutável. A identidade de gênero não.</span><br />
<span class="commentbody">Eu não vejo minha barba ou meu pênis como diminuindo minha feminilidade. Minha expressão de gênero não é vista como feminina para outros (pra mim sim), mas minha identidade de gênero é, e é só isso que importa, e isso não depende do que é socialmente visto como feminino ou masculino. Depende de como você se sente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">"Eu ainda não entendi muito bem como acontece isso de se identificar com esse gênero ou outro".</span></span><span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">Sim, você entende perfeitamente como é se identificar com um gênero. Sua cisgeneridade não é menos identificação que a nossa transgeneridade. Sabe como você se vê mulher? Então, é assim mesmo que funciona. Seu privilégio cis reside justamente em, por ser cis, você não precisar notar que você TAMBÉM está se identificando como mulher. Você só teve a sorte de nascer com um corpo e criação que corresponde a essa identificação (pra você e para os outros).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Sabe hétero que não entende de jeito nenhum como alguém pode gostar do mesmo sexo? Então, com cis é a mesma coisa. A sociedade é organizada de forma a você achar que sua identificação é natural, a ponto de você nunca ter pensando nisso, nunca ter percebido que você está se identificando também.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Jiquilin:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Identidade não combina com imutável. A característica de qualquer identidade, seja ela indígena, africana, de gênero.. é a fluidez e a construção cotidiana.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Letícia:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">o que disse aqui foi tendo em vista a perspectiva de evitar que grupos que, no fim, defendem coisas muito parecidas fiquem se digladiando - o que, infelizmente, já vi que acontece. E também evitar que pessoas que não se identificam como trans, travesti ou o que for, sejam ignoradas pelos que não se identificam assim. Sabe - enquanto eu não percebi que as questões de gênero tinham a ver comigo, eu não dava muita bola! Quando notei que eu também sou oprimida pelos padrões, que não existe caixinha onde caiba o comportamento todo de um indivíduo, inclusive e PRINCIPALMENTE em relação a gênero, comecei a aprender muita coisa e querer participar muito mais. Gosto de dizer que sou travesti porque vejo travesti como uma coisa boa, não quero que ninguém sofra por ser travesti, quero que chegue o dia em que todos sejam livres, sim. E NÃO acho que deva ser crucificada por causa disso...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">ERREI.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Eu quis dizer - pessoas que SE IDENTIFICAM como travestis e etc sejam ignoradas por quem NÃO se identifica assim<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Aline:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Eu acho muito mais produtivo que as pessoas cis sejam capazes de se entenderem por meio das perspectivas trans sobre identidade de gênero. Gostaria muito que se apropriassem deste discurso para que quando falemos sobre identidade de gênero não seja algo exclusivo de "pessoas trans" mas que seja algo relacionado ao ser humano.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Vivian:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Jiquilin, existem identidades de gênero fluidas, entretanto, é meio perigoso igualar a fluidez da identidade de gênero à fluidez da normatização e generificação de comportamentos por uma sociedade. Pois isso trivializa, isso dá margem para aquele discurso ridículo a la Butler de que "gênero é performance, porque você não podia continuar homem e fazer coisas femininas?". Isso é inferiorizador, trivializador, e é ignorar que a identificação no outro sexo, pra maioria das pessoas trans*, vai muito além da mera expressão de gênero.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Ninguém vira travesti porque quer poder usar saia no dia a dia, saca.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Existem pessoas que se identificam como mulher num dia, homem no outro, agênera no outro? Sim, existe. Mas eu não diria que a pessoa está mudando de identidade de gênero. A identidade de gênero dela É essa mudança constante.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Letícia:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">é exatamente isso que tentei dizer, Aline. Tô aqui justamente porque me identifico e gosto de aprender com vocês. Deixem pra atacar quem se recusa a pensar e entender, pra mim o melhor é aprender coisas novas... senão, vai ficar que nem aqueles grupos feministas sem sentido que só aceitam mulher. Homem passa na porta e pensa que não é com eles, que é clube da luluzinha.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Aline:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Vivian, Butler usa uma analogia ao usar a palavra "performance". Não deve ser interpretada ao pé da letra. Tem alguns textos sobre isso, vou ver se encontro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Vivian:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Aline, é bastante possível que a Butler não tenha falado isso nesse sentido. Mas essa ideia do gênero como performance é usada SEMPRE para trivializar e deslegitimizar identidades trans.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Sabe aquele discurso de que estamos "perpetuando o binário"? Então...</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: blue;">Aline:</span><span lang="EN-US"> <span class="commentbody">"For <a href="http://plato.stanford.edu/entries/feminism-trans/" target="_blank"><span style="color: white;"><span style="color: yellow;">Butler</span></span></a></span></span><span class="commentbody"><span lang="EN-US">, gender performance is citational in that it tacitly cites or draws on gender norms (1993, 12–3; 230–33). But it is precisely this citing of the norm as authoritative which confers authority upon the norm (1993, 13). Indeed, the agent herself as the one who either willfully complies or fails to comply with the authoritative norm is likewise produced through this process of citation (1993, 13, 225, 232). Thus, Butler sees the agent qua unified source of gendered behavior as performatively constituted through repeated acts of gendered behavior. This is to say: The ‘agent’ is, far from the cause of gendered performance, its effect (1990, 184–5; 1991, 24; 1993, 232)."</span></span><span lang="EN-US"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Tradução minha: <span class="commentbody">"Para Butler, a performance de gênero é citacional na medida em que cita ou se baseia em normas de gênero. Mas é precisamente esta citação de normas como autoritativa que confere autoridade sobre a</span><br />
<span class="commentbody">norma. Na verdade a agente, ela mesma como aquela que voluntariamente, cumpre ou não cumpre com a norma autorizada é também produzida por este processo de citação. Assim, Butler vê o agente da origem da fonte unificada do comportamento de gê</span><span class="commentbody">nero como uma performance constituida através de repetidos atos de comportamento de gênero. Isto é para dizer: A 'agente' é, longe de ser a causa da performance de gênero, é seu efeito".</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Jiquilin:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Pra mim, (e desculpem a ignorância) essas dicotomias todas estão fundadas no sujeito cartesiano que todos nós somos. E a disputa que existe é "natural X cultural". O sexo biológico (macho, fêmea, hermafrodita) fala da natureza, é uma condição genética. Mas o papel de gênero (masculino, feminino) é cultural. O que é ser masculino e o que é ser feminino construiu-se na cultura. Não fomos nós que inventamos do dia pra noite a masculinidade e a feminilidade, ela surgiu e foi sendo modificada no tempo. Hoje, ser feminino é diferente do que é ser feminino num passado longínquo ou em outra cultura. Hoje temos todas essas questões mais claras e mais discutidas e também as estamos modificando. Por muito tempo, a natureza se impôs a cultura. É por isso que sofremos essas sequelas das incongruências. Sabemos que a feminilidade é diretamente afetada pelas opressões. Se a gente for rondar o machismo, a heternormatividade, a homonormatividade e até a transnormatividade (pra ser uma trans você precisa ter alguns requisitos), vamos perceber que <span style="color: yellow;">o </span><a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com/2011/07/o-problema-e-do-feminino.html" target="_blank"><span style="color: white;"><span style="color: yellow;">problema é sempre do feminino</span></span></a><span style="color: yellow;">.</span> O feminino que não se ajusta a cultura, o feminino que não corresponde a natureza!!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Hailey Kaas:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">o termo correto é intersexo, Jiquilin; hermafrodita é ofensivo. Inclusive existe um vetor político na ID intersexo, e um discurso de biopoder no termo hermafrodita.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Jiquilin:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Hailey Kaas, valeu pela correção.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Vivian:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">"até a transnormatividade (pra ser uma trans vc precisa ter alguns requisitos)"</span><br />
<span class="commentbody">Isso é cissexismo, não transnormatividade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Hermafrodita é um termo ofensivo. "Sexo biológico" é uma coisa muito vaga que na verdade não existe. "Sexo biológico" não é um dado objetivo, é uma construção cissexista binarista culturalmente criada que não tem utilidade ao se falar de identidades trans.</span></span><span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">Assim como não existe uma narrativa única que todas as mulheres partilhem em questão de identificação, não existe nenhuma configuração universal do que seria um corpo "feminino". Sempre vai ter alguma mulher (mesmo que exclua as trans) que não tem aquilo e não deixa de ser mulher por isso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">(E vice-versa para homens e masculino)</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<br />
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Jiquilin:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Vivian, posso ter errado nos termos, porque não tenho muita fluência nesses usos politicamente corretos. Mas vamos lá. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Eu tô falando de senso comum e tentando entender porque o senso comum é preconceituoso. Sim, cisnormatividade também acho muito frequente.. bem frequente. Mas quando mencionei transnormatividade estava tentando falar de algumas trans que são moralista e não aceitam que uma menina seja trans se ela não tiver uma porção de requisitos. </span></span><span lang="PT-BR"><br />
<span class="commentbody">Quanto ao sexo biologico, concordo plenamente que se trata de uma visão cis. Mas era justamente dessa visão que eu estava falando. Para a norma, o sexo biológico foge do social, está ligado a genética. Mesmo que a gente saiba que um pênis e uma vagina não têm a ver com a construção da mulher ou do homem. No senso comum é essa associação que acontece: a natureza faz você nascer macho, fêmea, intersexo. E esse discurso de natureza é que se impõe.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Vivian:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Bem, se o discurso da natureza se impõe, a natureza me fez mulher e quem são as pessoas pra dizer que a natureza está errada em me dar um pênis e testosterona? :P<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="ES-TRAD" style="color: blue;">Jiquilin:</span><span lang="ES-TRAD"> <span class="commentbody">Exatamente, Vivian. </span></span><span class="commentbody"><span lang="PT-BR">É isso que acontece, as pessoas sempre acham que as suas visões sobre as coisas são as mais importantes e as corretas. No caso do senso comum, o conceito de natureza tem que ser aquele. XD</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Hailey Kaas:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">"Mas quando mencionei transnormatividade estava tentando falar de algumas trans que são moralista e não aceitam que uma menina seja trans se ela não tiver uma porção de requisitos". Continua sendo cissexismo, visto que esses requisitos são impostos por um sistema cisgênero e binarista.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Por isso não é transnormatividade, não são as categorias trans* que exigem esses requisitos, é a cisnormatividade que só confere humanidade as pessoas trans através da "repetição" do padrão cis. Daí "transexual de verdade" porque supõe um falso, ou seja, um não-cis.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Aliás, me corrigindo, que FINGE que confere humanidade, porque a humanidade não é conferida, porque como diz a Berenice Bento, "sempre serão as disfóricas de gênero".<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Jiquilin:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">É verdade, Hailey Kaas, e quem comete esse cissexismo são as próprias trans (o que eu queria enfocar aqui é que o oprimido tá comprando o discurso do opressor pra oprimir também).Com homonormatividade também quis dizer isso: homossexuais compram o discurso machista pra poder oprimir.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Letícia:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Gente - só pra eu poder colocar a cabeça no travesseiro em paz: já entendi que não rola tentar atenuar a diferença entre cis e trans. Mas usar o termo "trans" pra se referir a todxs que se identificam como não-cis tá tranquilo pra vocês? Eu acho legal, abrangente e evita confusões...</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Hailey Kaas:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Eu não posso responder por tod@s, mas em termos políticos seria mais adequado e com o asterisco (trans*), mas PERGUNTAR SEMPRE A ID DA PESSOA é essencial.</span><a href="http://www.facebook.com/" title=""></a></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Vivian:</span><span class="commentbody"> Letícia, use trans*. <span lang="PT-BR">Com o asterisco. Ou transgênero, se trans* não for uma alternativa (ao falar oralmente, por exemplo). Trans* é completamente não-ambíguo, mas não dá pra usar em todo lugar e nem todo mundo conhece.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Depois de trans*, o termo com menos possibilidade de ofender alguém ou de ser mal-entendido é transgênero.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Mas como a Hailey Kaas falou, se estiver falando com alguém especificamente, é sempre boa prática perguntar antes de supor qualquer coisa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Aline:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Eu não tenho velocidade de digitação para acompanhar essa discussão mas sou favorável a atenuar a diferença entre "cis" e "trans".</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Vivian:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Então, eu não sei exatamente o que é atenuar diferenças entre trans e cis. Se for no sentido de mostrar que cisgeneridade ocorre pelo mesmo processo que a transgeneridade (no sentido de ser uma auto-identificação da pessoa), eu também sou super a favor.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Assim como hétero e gay são (deveriam ser) vistos como duas possibilidades diferentes mas igualmente possíveis, aceitáveis, e funcionando de maneiras parecidas, assim deve ser a relação entre cis e transgeneridade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Nesse sentido, pra mim atenuar a diferença entre cis e trans é desnaturalizar a cisgeneridade.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Aline:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Só uma coisa. Eu acho incômodo a apropriação dos discursos nesse debate com a Letícia sobre o que se pode ou não dizer. Me incomoda profundamente, porque ficou parecendo algo como "algumas pessoas trasn têm autoridade de ditar que tipo de discurso se deve fazer ou não" sendo que não há unanimidade aqui. Eu discordo de uma série de posições, respeito essas discordâncias, mas acho desagradável a forma como foram impostas. Vamos discutir, vamos discordar, mas me senti de certa forma silenciada.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Vivian:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Aline, bem, as comunidades trans* que eu frequento (majoritariamente de pessoas americanas e européias) funcionam assim e aceitam esses termos, dessa forma. Eu pessoalmente achei que a maioria das pessoas trans que fazem ativismo concordariam. Pelo visto não, e acho isso interessante pois é a primeira ativista trans que vi discordando dessa forma de usar termos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Se quiser falar mais sobre isso, podemos discutir isso também.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Letícia:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">fiz questão de perguntar porque não sou dessas de dizer pro ofendido a respeito de que ele tem direito de se ofender. Mas adoraria conhecer a diversidade de opiniões, Aline. Como alguns disseram, eu não vivo a realidade de vocês... Enfim, tô aqui pra aprender.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Aline:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Esta discussão começou de uma forma que achei agradável. Com questionamentos, dúvidas e, por conseguinte, reflexões como toda boa discussão deve ser. Cada umx de nós possui alguma perspectiva (eu uso muito essa palavra) particular. E não importa identidade, sexualidade, gênero ou o que for. É um grupo aberto e me agradam as interrogações, as provocações desde que evidentemente respeitosas. Poucas vezes neste grupo me deparei com provocações desrespeitosas, acho que quem participa ativamente consegue até enumerar algumas vezes em que isso ocorreu, foram bem pontuais, mas no geral a convivência por aqui tem sido tranquila. Eu participo/participei de listas discussões, fóruns de debates de inúmeras questões distintas relacionadas a gênero/sexualidade, mas alguns fóruns foram muito importantes para que eu pudesse digerir e entender melhor essa coisa que tanto falamos chamada 'gênero': lista de discussão sobre intersexualidade e muitas leituras sobre androginia/genderqueer/neutrois e outras categorias ou anti-categorias de gênero. </span><br />
<span class="commentbody">Vou falar de neutrois só pra citar um exemplo. Neutrois são pessoas que não se identificam como homens ou como mulheres e rejeitam as características sexuais secundárias ou até primárias como a genital. Olha, eu já tinha todo um discurso sobre autonomia corporal, sobre o direito das pessoas a alterarem seus corpos ou não, mas neutrois numa primeira leitura foi chocante para mim. Como alguém pode desejar viver sem genitália? É um caso extremo mas me ajudou a entender por uma perspectiva de outra forma impensável sobre os processos de identificação e rejeição corporal a que qualquer umx de nós estamos sujeitxs.</span><br />
<span class="commentbody">Por isso adorei o início deste tópico, adoro gente curiosa e aberta a ouvir e questionar. Gostei muito da participação da Bia, acho que ela tem muito conteúdo a compartilhar. Falo dela porque acho que foi a primeira manifestação dela aqui neste grupo. Gostaria que essas discussões fossem agregadoras, que as pessoas não tenham medo de participar. Eu me senti mal porque achei a Letícia simpática e aberta à discussão, a compartilhar e construir conhecimento e a vi acuada, com medo do que escrever, medo de dizer algo que possa parecer ofensivo. Obviamente ela não veio aqui para agredir ninguém ou se achar a "super-cis-fodona", ela só queria aprender.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Minha posição sobre categorias identitárias talvez soe piegas mas aquela pergunta: "Você se identifica como?" Eu me identifico como Aline. Se quiser usar uma palavra para me definir, use, só não me reduza a ela, não apague minha humanidade. Eu como qualquer pessoa guardo um universo em mim. Em contextos ativistas trans, eu uso a palavra (o prefixo na verdade) trans mesmo. E é o que uso também de forma coletiva. Tem outras coisas que uso no meu vocabulário como "sexismo" a forma genérica invés de "cissexismo". Enfim, é isso.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Hailey Kaas:</span><span lang="PT-BR"> <span class="commentbody">Aline, o tom que você sente "não receptivo" é o tom de quando usam cissexismo arbitrariamente. Vou falar por mim, porque não posso falar por Vivian, eu não tenho obrigação de educar pessoas cis, acho que inclusive já falei isso para você, e nem acho deslumbrante essas pessoas quererem saber sobre trans*, isso é o básico. O google está ai e eu sugiro, como sempre, o tumblr para se educar a respeito de <i>social justice e trans* 101</i>. Estou cansada de cisexplicanismo em fóruns de debate. Teve uma hora que o argumento quase caiu para "wont someone think of the cis ppl". Em termos de força de discurso, eu uso o mesmo argumento feminista, em todos os outros espaços de debates pessoas cis tem voz e força, e eu não sou 'the good tranny' como diz um amigo meu, para ficar com paciência explicando sobre a minha ID. Nenhuma pessoa cis precisa explicar ou justificar a existência de suas ID's. Porém o caso dela foi um escorregão que depois ela consertou, menos mal, pois da outra vez foi um barraco quase interminável entre eu e 2 outras pessoas. A única consideração que vou fazer é em relação a você ter se sentido silenciada. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: blue;">Letícia<span class="commentbody">: </span></span><span class="commentbody"><span lang="PT-BR">Hailey Kaas, eu entendo você porque participo de grupos feministas e já tive que lidar com aquilo que andam chamando de "mansplaining" (não sei como se escreve). Se soou "cisexplaining" pra parte de vocês, então eu me comprometo a adotar termos e conceitos que são mais aceitos. Só fico um pouco desconcertada quanto a ter parecido tão ofensivo porque o que eu escrevi não veio apenas de mim, veio de conversas com minha amiga Bia, de leituras minhas, de entrevistas que vi com pessoas como Laerte Coutinho - pessoas que eu sei que são reconhecidas como trans*... enfim. espero continuar participando e aprendendo aqui, porque as questões de gênero me interessam muito e, obviamente, não tô buscando aplausos de ninguém por ser cis e me interessar por isso - até porque acho que isso me diz respeito, sim. E um grupo me parece um meio ainda mais interessante de aprender do que o google.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-21730871557741761592012-01-01T18:08:00.006-03:002012-01-10T23:29:07.993-03:00Racismo universitário<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">No segundo semestre de 2011, os funcionários da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) iniciaram uma greve, cuja principal reivindicação era a exigência de isonomia salarial entre as universidades estaduais paulistas (Unesp, Usp e Unicamp). Para entender melhor o caso, veja <a href="http://www.stu.org.br/component/content/article/48-vitrine/2119-assembleia-decide-greve-comeca-nesta-quarta.html"><span style="color: #3d85c6;">aqui</span>.</a></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-8bWXWGfq4C8/TwDFELI8hLI/AAAAAAAAAUQ/GUDwW_ZRop8/s1600/greve.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="149" src="http://4.bp.blogspot.com/-8bWXWGfq4C8/TwDFELI8hLI/AAAAAAAAAUQ/GUDwW_ZRop8/s200/greve.JPG" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Na ocasião, o restaurante universitário, mais conhecido como bandejão, declarou apoio à greve e parou de funcionar por mais de duas semanas. Foi então que muitos dos alunos se sentiram tocados pela questão. Até aí, tudo muito comum, afinal os funcionários representam o papel dos subalternos da hierarquia universitária. E num lugar como nosso país, a construção da subalternidade está muito atrelada à <a href="http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/publicacoes/videos/videos_020701_0052.html"><span style="color: #3d85c6;">invisibilidade</span></a></span>. Garçons, porteiros, lixeiros etc etc (TODAS essas profissões consideradas subalternas), quase nenhum deles é visto pelas outras pessoas (porque, né, TODAS as outras pessoas exercem profissões superioras).</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Muitos estudantes se incomodaram com o fato de esses seres repugnantes, que preparam sua comida e cuidam da limpeza de suas bandejas, se organizavam para exigir seus direitos. A classe média se incomoda quando os subalternos saem de seus lugares invisíveis e passam a querer existir.<o:p></o:p></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-dfqlbCjZNHg/TwDG8dbtMbI/AAAAAAAAAUc/YRy7q1slqyE/s1600/mafalda20pensando.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-dfqlbCjZNHg/TwDG8dbtMbI/AAAAAAAAAUc/YRy7q1slqyE/s200/mafalda20pensando.jpg" width="158" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">A maior parte dos estudantes, apesar de estar lidando com o conhecimento, vive num mundo alheio à realidade imediata da própria universidade. Desconhecem as questões que os cercam. Quando têm a oportunidade de sair para investigá-la, já que a comida acabou e a barriga roncou, revoltam-se como burgueses mimados contra os invisíveis do cotidiano. Levantam bandeiras individuais antes das coletivas. Talvez tudo isso se justifique pela preocupação da própria classe a que pertencem em manter o seu <i>status quo</i>. Se a justificativa não basta como peleguismo ou alienação, talvez também se trate de um medo em rebelar-se contra as amarras do pensamento, aquela que a universidade tanto preza e com a qual a geração jovem universitária atual se aculturou (não crescemos num período repressor, não crescemos com a surpresa da Aids).<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Um deles poderia me perguntar: mas, quando os funcionários fazem greve, não estão eles também levantando uma bandeira individual, uma vez que estão ferindo o direito dos estudantes de se alimentarem? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">São dois pontos de vistas diferentes: sim, de fato, sem refeição no bandejão, muitos outros funcionários e a classe estudantil ficam, muitas vezes, sem poder comer. Mas, por outro lado, não se trata de uma bandeira individual, porque o contexto é o de uma luta muito maior contra a truculência e a falta de diálogo do reitor. Estudantes, funcionários e funcionários do bandejão não tem o mesmo <i>status</i> dentro da universidade, assim não lhes resta muitas alternativas nos embates políticos. O problema não vem de baixo pra cima. Não surge dos trabalhadores e termina na reitoria. Mas é ao contrário, vem do reitor que, quando se recusa ao diálogo, coloca estudantes (alienados/pelegos) contra funcionários, como se estivéssemos num estádio disputando (com forças desiguais) qual das equipes deve ganhar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Em vez de aproveitar a oportunidade para conhecer o que realmente ocorre no <i>campus</i>, um grupo de alunos resolveu criar um evento no Facebook sob o título: <i>use sua isonomia para pagar meu almoço</i>.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><i> __ Ouviu, funcionário invisível, se um dia você conseguir isonomia salarial de acordo aos salários das demais estaduais paulistas, pegue essa isonomia, seus honrados reais (que você conseguiu com o suor de sua luta e labuta) e pague meu almoço. O meu almoço, de um estudante que sou, consciente das desigualdades sociais do meu país, já que por causa de seu movimento, funcionário, não pude pagar só míseros DOIS reais no MEU bandejão. Afinal, se você vier me dizer que o governo subsidia minha refeição, posso lhe responder que pago MEUS impostos, com o MEU dinheiro. Portanto, é o MEU direito.<o:p></o:p></i></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Bom, agora ficou fácil ver de quem são as bandeiras individuais.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Neste evento virtual, um aluno da UnB levantou a lebre que, ironicamente, acabo de anunciar no parágrafo anterior e criou um fórum provocativo:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-a_AY9TqNkSg/TwDHhPpGJ9I/AAAAAAAAAUo/3YtdekonCCk/s1600/editado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="245" src="http://3.bp.blogspot.com/-a_AY9TqNkSg/TwDHhPpGJ9I/AAAAAAAAAUo/3YtdekonCCk/s640/editado.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">HP: azul<br />
TC: vermelho</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">As reações da juventude tocada com as mazelas da opressão dos trabalhadores foi imediata. Notem como a estudante do curso de estatística, TC (manterei as iniciais, sem identificar os sujeitos de modo a preservar suas identidades), ataca o criador do fórum, HB. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">A mensagem, claramente tem um cunho racista, igual àquele destilado contra os nordestinos quando da eleição da presidenta Dilma (<a href="http://www.meionorte.com/noticias/geral/oab-pede-que-a-estudante-sophia-fernandes-do-rs-responda-pelo-crime-de-racismo-151913.html"><span style="color: #3d85c6;">FULANA DE TAL</span></a> </span><span lang="PT-BR">acaba de ser indiciada por crime de racismo, com o agravante de usar uma rede social ...)<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">HB é oriundo de Fortaleza e migrou para a capital para fazer o curso de ciências sociais na Universidade de Brasília (UnB). Lá pelas tantas, TC volta e continua seu ataque racista:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-MNAuo4sKCaI/TwDH--6QgmI/AAAAAAAAAU0/KIPCLvKmVIU/s1600/racismo_editado.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="384" src="http://2.bp.blogspot.com/-MNAuo4sKCaI/TwDH--6QgmI/AAAAAAAAAU0/KIPCLvKmVIU/s400/racismo_editado.png" width="400" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Aqui, além de racista, podemos perceber que TC alimenta a típica ideia burguesa preocupada tão-somente com SEUS interesses privados. No <a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com/2011/11/pm-contra-o-movimento-estudantil.html"><span style="color: #3d85c6;">post anterior</span></a>, MA explicou muito bem porque não se trata apenas de dinheiro, universidade, setor público de única pessoa, mas de um bem coletivo que muitas vezes é usurpado por uma parcela muito pequena da sociedade (no caso da universidade pública, usurpado por muitos membros da elite previamente selecionados por um sistema “meritocrático” chamado vestibular).<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Mesmo assim, ainda prefiro manter as identidades dos sujeitos em sigilo, porque, particularmente, estou criticando um grupo, uma ideia e um sistema e não uma pessoa em particular. Assim como a <a href="http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2009/11/o-escandalo-da-medica-no-aeroporto-de.html"><span style="color: #3d85c6;">Lola</span></a>, acredito que a perversidade tem um fundo coletivo. Talvez TC mereça uma punição, pois cometeu um crime. Talvez ela deva uma retratação pública ou um trabalho social.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Mas a maior prova de seu arrependimento é uma mensagem privada que a própria TC me mandou inbox:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-bBHX65WJDMY/TwDIqLm6zdI/AAAAAAAAAVA/Ps3SDsUABc0/s1600/ed_resposta.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-bBHX65WJDMY/TwDIqLm6zdI/AAAAAAAAAVA/Ps3SDsUABc0/s1600/ed_resposta.png" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span lang="PT-BR" style="text-align: justify;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span lang="PT-BR" style="text-align: justify;">Devo acrescentar: xingar campineiro (todos, ohhhh!) de playboy não é a mesma coisa que xingar <a href="http://www.mulheresreais.blog.br/?p=416"><span style="color: #3d85c6;">negro de macaco</span></a></span><span lang="PT-BR" style="text-align: justify;">, nordestino de miserável, <a href="http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2011/05/politicamente-incorreto-nao-e.html" style="color: #3d85c6;"><span style="color: #3d85c6;">mulher de piranha</span></a><span style="color: white;">,</span> <a href="http://www.youtube.com/canal5005#p/c/513494BDA9473550"><span style="color: #3d85c6;">homossexual de pederasta</span></a></span><span lang="PT-BR" style="text-align: justify;">. Do mesmo jeito que estudante não é igual funcionário do bandejão. Será que as construções históricas são tão distantes assim da reflexão mental de um universitário que ele não consiga perceber as diferenças? Só não vê quem não quer e eu não estou disposto a desenhar.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Em tempo: o que você tem feito com a sua língua? Ainda acha que uma piada é só uma piada? Que uma palavra é completamente isenta de carga injuriosa quando posta de acordo com <a href="http://naotenhopreconceito.tumblr.com/"><span style="color: #3d85c6;">os seus interesses particulares</span></a>? Acredite, você, ao fazer isso, só está manifestando as <a href="http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2009/11/os-mimadinhos-da-elite-eles-podem-tudo.html"><span style="color: #3d85c6;">velhas ideias</span></a> da burguesia reacionária.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-43009667361797273182011-11-11T14:52:00.005-03:002012-01-10T23:28:38.968-03:00PM contra o movimento estudantil<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-rYOXUrw4YOo/Tr1dzrAsjsI/AAAAAAAAASw/DWLMq6kc0hI/s1600/USP.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://3.bp.blogspot.com/-rYOXUrw4YOo/Tr1dzrAsjsI/AAAAAAAAASw/DWLMq6kc0hI/s400/USP.jpg" width="400" /></a></div><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;"> </span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;"> </span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;">Sobre o caso da USP, isto é, a ocupação dos estudantes e a invasão da polícia no campus (e notem que usei “ocupar” para os alunos e “invadir” para os policiais, de modo que já declaro minha posição), escrevi um mote e, em seguida, meus amigos continuaram num interessante debate.</span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;">Replico a discussão para vocês. Mantive o anonimato das partes, já que pretendo dar destaque as idéias, sem causar exposição da figura de ninguém.</span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;"> </span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;"> </span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Mote</span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><i><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 14pt; font-weight: normal;">"Sou contra a ocupação dos alunos na reitoria". "Sou a favor da PM no campus". É tão fácil ter um posicionamento, e ser coerente com ele, quando não é você que vai a luta. É muito fácil para vc que é um alienado e nunca teve de se posicionar em outros assuntos além dos velhos temas: tradição, família e propriedade!</span></i></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;"> </span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Debate</span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Envolvidos:</span><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;">MA</span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;">TC</span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;">BM</span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;">DR</span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;">CN</span></h6><h6 style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; font-weight: normal;">Jiquilin</span></h6><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MA:</b> O pior, Diego, é que nem coerência esse tipo de gente tem, sabe por quê? Porque eles são os primeiros a se inflarem em discursos contra a "repressão" quando jornalistazinho leva bala no morro fazendo matéria sensacionalista, reivindicando a "<span class="textexposedhide">...</span><span class="textexposedshow">liberdade de expressão". Mas não são capazes de perceberem a manipulação por trás da perseguição às poucas cabeças pensantes que ainda existem nesse país, o que é, isso sim, um grande ataque à democracia!</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="commentbody"><b>TC:</b> A situação é simples: a lei é para todos e não vejo porque esses "únicos seres pensantes e isentos de alienação" da face da Terra devem ter tratamento diferenciado. Simples assim. Sem falar que a destruição que eles causaram será consertada com o meu dinheiro.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-BzB0XggFqfA/Tr1eSxwR4WI/AAAAAAAAAS4/gg0jl6Cgfjs/s1600/Latuff_prioridadesdogoverno.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://2.bp.blogspot.com/-BzB0XggFqfA/Tr1eSxwR4WI/AAAAAAAAAS4/gg0jl6Cgfjs/s200/Latuff_prioridadesdogoverno.gif" width="200" /></a><b>MA: </b>Seu dinheiro?? Pode apostar que se não fosse por esses "únicos seres pensantes e isentos de alienação", o SEU dinheiro já teria ido todo pro ralo há tempos. Aliás, se existe preocupação com o uso do dinheiro público, que é de TODOS e nã<span class="textexposedshow">o só seu, essa preocupação deveria estar voltada para o modo como esse dinheiro está sendo gasto em processos obscuros de financiamento de bolsas, em desvios para campanhas políticas, superfaturamentos, incentivos fiscais, obras faraônicas para o circo da Copa do Mundo (enquanto para a Educação só 4,5 do PIB)... e não com a "depredação" de prédios velhos já há muito depredados.. isso aí é ninharia perto do buraco negro pra onde o "SEU" dinheiro vai todos os dias, sem você perceber, porque pra isso não tem TV nem jornal nenhum pra mostrar!</span> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="commentbody">E quanto à lei ser a única para todos... concordo plenamente... aliás, se vc não sabe, esses estudantes estão lá dedicando suas vidas, justamente para garantir a aplicação da lei maior, da nossa constituição, de que é para TODOS o direito à educação pública e de qualidade.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>TC:</b> <span class="commentbody">Aham, volta lá no início e veja o que desencadeou essa revolta. Esse discursinho "damos a vida" pelo Brasil é tão antigo. Vocês sabem o que se passa na cabeça dessa gente. É um teatro baderneiro que encenam desde 1960 e nunca buscam métodos efetivos de mudança. Mas enfim, nunca pensaremos igual... </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-2zdzVpm-_x0/Tr1eez8HTuI/AAAAAAAAATA/j8RU2p5b9b4/s1600/444055899.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-2zdzVpm-_x0/Tr1eez8HTuI/AAAAAAAAATA/j8RU2p5b9b4/s200/444055899.jpg" width="151" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MA:</b> Pois é... desde a década de 60... e se não fosse esses "baderneiros" sem métodos muito provavelmente ainda estaríamos vivendo sob aquele regime. Se vivemos em uma sociedade democrática hoje, deve ser porque os esforços iniciados nos anos 60 <span class="textexposedshow">não eram tão sem métodos assim, não acha? E acho que os milhares que morreram torturados pelos representantes do governo, são provas de que o "dar a vida pelo país" não é um simples "discursinho" como vc coloca.</span><span class="textexposedlink"></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="commentbody">Agora se vc não acha que a democracia é uma conquista, também não deve achar importante a existência de uma Universidade pública, e consequentemente a luta por isso... aí nesse caso terei que concordar com vc.. nunca pensaremos igual mesmo.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="commentbody"><b>TC: </b>Detalhe, os baderneiros de 1960 são os caras que hoje vocês atacam e vão contra.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-2xoz8gHDB3o/Tr1epcX6InI/AAAAAAAAATI/SQgrj83fraw/s1600/00000034.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-2xoz8gHDB3o/Tr1epcX6InI/AAAAAAAAATI/SQgrj83fraw/s200/00000034.gif" width="150" /></a><b>MA:</b> Olha como vcs se contradizem o tempo todo, TC, se os caras da ditadura eram apenas baderneiros e "sem método", como podem estar no poder hoje mandando e desmandando no SEU dinheiro, hein?? O que acontece, meu caro, é que infelizment<span class="textexposedshow">e, o poder e o dinheiro muitas vezes falam mais alto do que os ideais, mas isso não é argumento para desqualificar toda uma luta que é muito maior que exemplos individuais de militantes que "viraram a casaca".... Vcs falam que nós somos baderneiros e sem métodos efetivos de mudança, primeiro porque vcs nem sabem o que precisa ser mudado e segundo porque vcs não sabem trabalhar metodologicamente com IDEIAS. Se vcs conhecessem a força de uma ideia, saberiam que ela é muito maior do que a força de mil policiais. Por isso nós incomodamos tanto e só somos vencidos assim: com a mídia manipulando a pouca ideia de vcs!</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="textexposedlink"><b>BM:</b> </span><span class="commentbody">Acho que, se essa galera 'vira a casaca' é porque é muito mais fácil manter uma IDEIA de oposição e bagunça do que, efetivamente, fazer alguma coisa inteligente pra mudar. Nesse caso, posso considerar o VALOR DA IDEIA nulo.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-PkqGqY_VmXM/Tr1eyDvnXcI/AAAAAAAAATQ/A8CehQ9F6gE/s1600/DIRETAS+J%25C3%2581+ARTES+CAMISETA.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-PkqGqY_VmXM/Tr1eyDvnXcI/AAAAAAAAATQ/A8CehQ9F6gE/s200/DIRETAS+J%25C3%2581+ARTES+CAMISETA.jpg" width="200" /></a><span class="commentbody"><b>TC:</b> MA, alguns caras da época da ditadura deram origem ao movimento <i>Diretas Já!</i> e aí sim algo aconteceu. A ditadura não acabou porque um bando de revolucionário maconheiro invadiu gabinete ou escritório de nenhum General ou fez ato de similar impacto e/ou inteligência.</span> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>DR:</b> <span class="commentbody">Tem que ter PM dentro das prefeituras e dentro da Esplanada também. Lá eles não colocam policiais!</span> <span class="commentbody">É público também minha gente!</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MA:</b> BM, não existe ação sem ideia, seja ela boa ou má, o valor de uma ideia nunca é nulo. O que acontece é que algumas ideias são deturpadas pela mídia ou outros grupos mais poderosos. Além disso, vc(s) confunde(m) oposição com bagunça/baderna..<span class="textexposedhide">...</span><span class="textexposedshow">. Sinceramente... num lugar tão grande como SP.. acho que se os jovens quisessem simplesmente fazer bagunça, eles teriam opções muito melhores do que a reitoria da USP, onde aliás eles correm o risco inclusive de serem jubilados... sinceramente... quem seria tão burro??</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-0Ou2p-yinT0/Tr1e-XS_yoI/AAAAAAAAATY/RTFHzB97488/s1600/fora-pm-usp.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="133" src="http://4.bp.blogspot.com/-0Ou2p-yinT0/Tr1e-XS_yoI/AAAAAAAAATY/RTFHzB97488/s200/fora-pm-usp.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>MA:</b> Bom, TC, vc mesmo já deu um bom exemplo de como o movimento estudantil já contribuiu para construir um país diferente, apesar de ter menosprezado o papel dos estudantes nessa história. E se vc pesquisar um pouquinho vai ver que esses mes<span class="textexposedshow">mos estudantes também foram tachados de coisas piores até do que de maconheiros.. aliás não só estudantes, qualquer militante de esquerda era considerado "comunista comedor de criancinha" e até hoje tem gente que pensa assim... Fazer o quê?.. Quem se instrui um pouco mais sabe que não é bem assim. Acho que ao invés de comprar o discurso da mídia, vc podia se informar um pouco melhor sobre o movimento de greve das universidades estaduais que começou muito antes dessa história da invasão da PM ao campus (sim, se houve alguma invasão foi a da PM), para depois sair por aí tachando os estudantes de "baderneiros" e "maconheiros"... sinceramente, isso é sinônimo de ignorância pura....</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>TC:</b> Vocês que sofrem de esquerdopatia tem a mania de achar que qualquer opinião diferente da de vocês é ignorância, falta de informação, cabeça manipulada pela mídia etc etc etc. Seja um pouco mais humilde e debata sem subir no pedestal de únic<span class="textexposedshow">o ser pensante do assunto. Apesar de você ter opinião contrária a minha, não te considero alienada, burra, desinformada. Aprenda a respeitar a diversidade de opiniões e pensamentos.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-P5PV8lR2yH0/Tr1fe6iiqvI/AAAAAAAAATg/fpa9g9XwSXI/s1600/cracolandia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="127" src="http://1.bp.blogspot.com/-P5PV8lR2yH0/Tr1fe6iiqvI/AAAAAAAAATg/fpa9g9XwSXI/s200/cracolandia.jpg" width="200" /></a><b>MA:</b> Respeito demais a diversidade, e mais ainda, adoro encontrar pessoas que me façam repensar e rever minhas opiniões. Te garanto que não sofro de "esquerdopatia", embora entendo do que vc está falando. É que tem certas opiniões, TC, que n<span class="textexposedshow">ão tem como deixar de notar que é produto da manipulação da mídia sim. E essa história de estudante baderneiro é uma delas. Se você conseguir provar para mim que os estudantes invadiram a reitoria da USP em busca do direito de serem maconheiros, eu humildemente tirarei o meu chapéu pra vc e saio da discussão. O fato é que a polícia não estava lá apenas para garantir a ordem e o cumprimento da lei. Se fosse um movimento anti drogas, porque eles não foram lá no centro onde os viciados não deixam nem o trânsito fluir de tanto que dominaram o local? Se a PM fosse um exeeeemplo de eficiência, se o crime já tivesse totalmente controlado em outros pontos da cidade e a polícia não tivesse nada pra fazer.. tudo bem ir lá na UNIVERSIDADE prender uns maconheirinhos... mas pera lá, né?... não tá nem perto de ser o caso... Não te considero nem alienado nem burro, se não nem me daria o trabalho de continuar essa discussão, agora.. que vc no mínimo está um pouco desinformado.. isso com certeza.. se não ao invés de mudar de assunto jogando a culpa na minha "esquerdopatia" vc tinha me apresentando alguma informação que me fizesse calar a boca!</span> </div><div class="MsoNormal"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ZTL9xmvu5vA/Tr1gCkuAF4I/AAAAAAAAATo/UVqvTzLNZx0/s1600/COMUNISMO+CAVEIRA.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-ZTL9xmvu5vA/Tr1gCkuAF4I/AAAAAAAAATo/UVqvTzLNZx0/s1600/COMUNISMO+CAVEIRA.JPG" /></a> </div><div class="MsoNormal"><b>TC: </b>Eu concordo quando você compara a atuação da polícia na USP e em outros ponto <span class="textexposedshow">violentos da cidade, e também acho um absurdo a falta de coerência de atitudes. Por outro lado, não podemos usar esse argumento para justificar certas atitudes. Se fosse assim, viveríamos numa anarquia, já que no Brasil todos se sentiriam no direito de roubar, usar drogas, contrabandear etc, se sentindo no direito de fazer como uma parcela da população que faz e não é punida. Mas isso seria correto? Outra coisa, se esses alunos lutam pela democracia, por que não seguiram a vontade da maioria dos alunos da USP (vai ver porque se acham os únicos seres pensantes da face da Terra)? Por que a grande maioria dos alunos da USP estão contra eles? Por que são alienadinhos no conceito de vocês ou por que vivem lá o dia todo e sabem o que se passa naquela universidade? Ontem os professores da USP decidiram não aderir àquela greve de alunos, estranho isso, não? Aluno faz greve e professor não? Que mundo transcendental é esse que vive o grupo seletos dos pensantes da USP? </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-7l7q72mHXXs/Tr1gncefy5I/AAAAAAAAATw/uBOT1aFcGb0/s1600/Politico-mentiroso.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="163" src="http://3.bp.blogspot.com/-7l7q72mHXXs/Tr1gncefy5I/AAAAAAAAATw/uBOT1aFcGb0/s200/Politico-mentiroso.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="textexposedshow"><b>CN: </b></span><span class="commentbody">Não acho bem isso... Eu tenho as minhas razões pra ter minhas opiniões. Eu pesquisei, li várias coisas a respeito, conversei com conhecidos que estudam lá. E permaneço contra a ocupação porque eu sei que entre os manifestantes existem os </span><span class="textexposedshow">"massa de manobra" que estão lá por auê (veja que não estou dizendo que são todos ou a maioria) Sei, porque eu já estudei na fflch e sei que lá existe gente que está na faculdade pra fazer politicagem, depois de cumprir sua missão na USP vai pra outra universidade, e assim vai indo! Sim sim sim, eles existem. </span><br />
<span class="textexposedshow">Ao mesmo tempo, não sou contra a presença da PM no campus SE ela agir de acordo como deve agir, e não como quer agir ou como um superior quer que ela aja.</span><br />
<span class="textexposedshow">Pronto, opinião justificada.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><span class="textexposedshow"><b><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Jiquilin:</span></b><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;"> </span></span><span class="commentbody"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">CN, como a MA, já disse, esses são casos particulares que não devem deslegitimar toda uma luta muito MAIOR que massas de manobra. Sugiro que vc leia toda a discussão, está muito interessante. Do mesmo modo, eu ainda continuo opinando que "pensar sobre" não é a mesma coisa que "pensar com". A gente não tá lá, não sofre perseguição política, não levantamos a bunda por nada (somos uma geração que aprendeu só a nascer e a morrer, porque crescemos, <a href="http://www.cartacapital.com.br/sociedade/ocupacao-patetica-reacao-tenebrosa/">segundo dizem</a>, num ambiente preocupado com a segurança - do negro ao mulçumano-, com medo da Aids etc etc). Só podemos nos solidarizar com a classe, muito embora possamos não concordar com seus métodos. Isso, no entanto, não significa que somos seres privilegiados, porque somos os únicos pensantes, obviamente esse argumento é patético. Como a MA tb já disse, defendemos que todos devem pensar e isso só é possível numa sociedade cada vez mais democrática, com uma educação pública e de qualidade.</span></span><br />
<span class="commentbody"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;"><br />
</span></span><br />
<span class="commentbody"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="commentbody"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: inherit;"><b><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;">MA:</span></b><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"> Vejo que a discussão está cada vez mais interessante.. Começando pelo último comentário do TC, gostaria de lembraá-lo e a todos, que os estudantes do Movimento Estudantil de qualquer universidade, inclusive o da USP, são representantes eleitos democraticamente através de votações legítimas, então é inaceitável falar em falta de democracia, ou que eles representam uma minoria. Se eles representam uma minoria, é porque a "maioria" se absteve de participar dos espaços destinados para as tomadas de decisões, como as assembléias estudantis, formação de chapas, etc. No "dia-a-dia" do campus, como o TC diz, poucos se atentam para a importância desses espaços e quando algo grande acontece, como a invasão da PM, muitos desses que passam seus dias preocupados apenas com os "SEUS" afazeres, usam da internet para dizer coisas que deveriam dizer ao longo da vida acadêmica, nos espaços legítimos criados para essas discussões. Então, TC, se os estudantes que ocuparam a reitoria não atendem a vontade da maioria, não é por falta de democracia, nem muito menos por se acharam mais pensantes ou mais inteligentes do que essa suposta "maioria", mas sim (SUPONDO que de fato exista essa maioria que discorda dos últimos atos dos estudantes) porque essa maioria não se fez ouvir e não esteve presente nas assembléias que deliberaram sobre o assunto.<o:p></o:p></span></span></span></div><span class="commentbody" style="color: white;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="commentbody"><span lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: inherit;">Agora, sobre a parte moralista do seu comentário, como vc mesmo apontou, há uma grande incoerência na atitude da polícia, e o fato de destacarmos essa incoerência não significa que queremos "justificar certas atitudes", muito pelo contrário. Mostrar o <a href="http://vimeo.com/11639619">exagero da polícia</a> é mostrar justamente quem são os verdadeiros bandidos dessa história, a saber, a corja de tucanos que quer destruir tudo que é público. Se os bandidos fossem simplesmente um bando de deliquentes juvenis, não haveria motivo algum para abalar metade do efetivo da PM, para combatê-los. Meia duzia de viaturas e um bom comandante já resolveria o problema da "baderna". Veja bem, ontem mesmo precisei ligar no 190 e não atenderam a ligação depois de várias tentativas! Depois me explicaram que eles não tem culpa, que a demanda é grande para poucos atendentes, as viaturas demoram a chegar porque é coisa de 1 viatura para 60 mil habiltantes... e por aí vai... Então quando eu disse que vcs não sabem o que significa aquele verdadeiro arsenal militar dentro de uma universidade pública.. é porque vcs não sabem mesmo, e eu não to falando isso tipo "me achando A cabeça pensante". É como o Jiquilin disse, nada como estar DENTRO de uma realidade para compreendê-la com mais propriedade. E no final é isso o que acontece: os estudantes que estão lá ocupando a reitoria, votando em greve, etc, são estudantes que dedicam boa parte de suas vidas na luta pela universidade pública, gratuita e de qualidade. E só quem está nessa luta conhece bem as manobras do governo para tirar o mérito de quem está lutando. Então, TC, quando dizemos que julgar os estudantes do movimento de "maconheiros deliquentes" é alienação, não é porque sofremos de "esquerdopatia", mas sim porque reconhecemos nesse discurso a eficiência da manobra do governo para tirar o foco daquilo que é realmente importante: o sucateamento da educação pública em todos os níveis de ensino.</span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-n8f4Cc646Go/Tr1gsxy2UtI/AAAAAAAAAT4/_XiZlaKa6Rs/s1600/estudantes-usp-e-policia-militar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://2.bp.blogspot.com/-n8f4Cc646Go/Tr1gsxy2UtI/AAAAAAAAAT4/_XiZlaKa6Rs/s400/estudantes-usp-e-policia-militar.jpg" width="400" /></a></div>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-5469208884746270212011-10-03T22:08:00.010-03:002013-02-03T17:55:55.547-03:00Como reconhecer a VERDADEIRA identidade de um transexual<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-UAf_2W6liKs/TopW061JO_I/AAAAAAAAAR8/IR3lRA9Bl4w/s1600/transex.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-UAf_2W6liKs/TopW061JO_I/AAAAAAAAAR8/IR3lRA9Bl4w/s1600/transex.jpg" /></a></div>
<div class="MsoBodyText">
<span lang="PT-BR"><br />
</span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span lang="PT-BR">É inspirado em um dos debates sobre sexualidade, que volta e meia são levantados na Rede TV, e também sob inspiração de conversas com minha amiga Bia que farei esta breve reflexão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O <i>SuperPop</i> é famoso por dar voz às trans. É lá que<span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;"> <a href="http://www.youtube.com/watch?v=m-Gyx1w3x10">Luisa Marilac</a></span> sempre está presente. <a href="http://www.youtube.com/watch?v=7J0B8rLzqk4&feature=related"><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">LeoÁquila</span></a> também já andou por aqueles palcos da emissora. Dessa vez, chamou-me atenção um episódio que envolveu <a href="http://julia-tgirl.blogspot.com/2011/09/voce-sabe-reconhecer-um-transexual.html"><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">Patrícia Araújo no programa <i>Manhã Maior</i></span></a>. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Particularmente não gosto muito de televisão e nem da maneira com que temas-tabu, como sexualidade, são abordados. Acredito que a televisão está muito preocupada com sua audiência. O sensacionalismo é grande quando o <i>SuperPop, </i>o <i>Manhã Maior</i>, por exemplo, tratam destas questões. Estão o tempo todo querendo saber das curiosidades da vida misteriosa das travestis, querem ver quantos homens elas conseguem “enganar” ou então querem mostrar que há cura para o “homossexualismo” (só pode ser isso, quando eles trazem à cena<a href="http://www.youtube.com/watch?v=D5_g7U9y8bc"> <span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">um pastor que se diz ex-gay</span></a>). Quando não é assim, convidam o Bolsonaro para discutir com Luisa Marilac, afinal os dois lados (WTF???) tem de ser ouvidos. Temos de ser justos com os homofóbicos, já que estamos dando espaço para uma trans!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-NZFxh81vbGI/TopZFFHvp3I/AAAAAAAAASA/7LVGawkjvGw/s1600/Tv+sensacionalista.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="101" src="http://4.bp.blogspot.com/-NZFxh81vbGI/TopZFFHvp3I/AAAAAAAAASA/7LVGawkjvGw/s200/Tv+sensacionalista.jpg" width="200" /></a><span lang="PT-BR">Sensacionalismo! Estão fazendo sensacionalismo em cima de uma questão séria! </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Mas o discurso da emissora é daqueles que se auto-intitulam <i>democrático</i>. Afinal, a transexualidade está em evidência. </span></div>
<div class="MsoBodyText">
<span lang="PT-BR">Sensacionalismo não é democracia, porque, no final das contas, a trans é sempre abordada neste tom de “curiosidade”. Democrático seria se ela ocupasse o lugar de uma Luciana Gimenez. Mas, pensem, coitada da trans, ela não fez por merecer! Jamais poderá ser uma Luciana Gimenez, a não ser que tenha nascido num berço privilegiado como o de Lea T. Está tudo certo, então, a meritocracia continua intocada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O episódio, transmitido no <i>Manhã Maior,</i> que me chamou a atenção se chama: “você sabe reconhecer um transexual?” </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-yUokdK7PFB0/TopaeiKraII/AAAAAAAAASE/jRKc2NSfOeo/s1600/descarga" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="112" src="http://2.bp.blogspot.com/-yUokdK7PFB0/TopaeiKraII/AAAAAAAAASE/jRKc2NSfOeo/s200/descarga" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Há vários equívocos com esse título. Do primeiro já falei: veja como uma transexual consegue enganar os homens!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">E estes equívocos só vão aumentando conforme o debate avança.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Logo no início uma das apresentadoras diz: “o povo reconheceu a verdadeira <b>identidade</b> de Patrícia Araújo”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Gostaria de dar destaque para a palavra “identidade”, pois é justamente sobre identidade que se trata, quando abordamos gênero. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-R4uW2h8vm98/ToparMUK7XI/AAAAAAAAASI/vsmX3zgTDow/s1600/CarteiraIdentidade_01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-R4uW2h8vm98/ToparMUK7XI/AAAAAAAAASI/vsmX3zgTDow/s200/CarteiraIdentidade_01.jpg" width="132" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Aqui, a apresentadora, apenas ratificou a acepção mais comum de “identidade”: o Registro Geral (vulgo RG). Ao tratar da identidade de uma pessoa pelo RG caímos em um paradoxo. As identidades são fluidas, são móveis e estão a todo o momento se desenhando. Por isso, ela não deve ser confundida com algo que é estático, tal qual um pedaço de papel ou uma fotografia. A identidade é dinâmica enquanto que a fotografia é apenas um estágio momentâneo, que jamais será o mesmo no minuto seguinte ao de sua revelação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Então qual seria a “verdadeira” identidade de uma transexual? Aquela presente em seu RG?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Um pouco mais a frente, o programa traz um especialista, um médico <i>expert</i> em cirurgia de mudança de sexo. Lá pelas tantas ele solta a pérola de que Patrícia Araújo estaria mais para o (sic) travesti do que para o (sic) transexual. A justificativa é de que Patrícia gostava de se aparecer, de que ela era exuberante demais pra ser uma transexual. Afinal todas as transexuais são tímidas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">É claro que todo mundo vai acreditar no que diz o médico. Afinal ele é médico. Estudou demais. A medicina é poderosa, jamais poderá se equivocar. Como <a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com/2011/07/os-livro-ensina-nois-aprende.html"><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">já disse</span></a> uma vez, o discurso da verdade se respalda na ciência. Trata-se, portanto, de um discurso muito poderoso.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Or2XfnQfctk/TopbA8ASmVI/AAAAAAAAASM/-l9BRPE8EbE/s1600/medicina_religiao.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="179" src="http://1.bp.blogspot.com/-Or2XfnQfctk/TopbA8ASmVI/AAAAAAAAASM/-l9BRPE8EbE/s200/medicina_religiao.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Uma das minhas críticas a medicina, de modo geral, é que ela é deveras patologicizante. Adora dar um diagnóstico. E como a classe média adora um diagnóstico, fica tudo certo. Contudo, o que os médicos precisam entender, e algumas escolas já compreenderam isso melhor que outras, é que o ser humano não é uma célula. Nós não somos tão somente um ente orgânico. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Em matéria de sexualidade estamos pisando num terreno de pura identidade, pouca organicidade. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Por ser assim, é com a língua que devemos tomar cuidado. É, senão, nas frestas lingüísticas que percebemos o sujeito e seu desejo. Notemos que o médico insiste em mais de uma vez em tratar Patrícia Araújo pelo masculino lingüístico: o transexual, o travesti. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A identidade e a língua andam de mãos dadas: “a identidade sexual se afirma no campo da linguagem, e não do corpo”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A linguagem é muito mais evanescente que o corpo, portanto, é mais afeita às identidades. Não que a língua não seja problemática também, afinal elas encapsulam em pouco menos de meia dúzia de termos o amplo espectro das sexualidades.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Passemos então aos usos lingüísticos destas identidades: quais seriam as diferenças entre “transexual”, “travesti”, “trans”, “transex”?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O termo <i>travesti</i> hoje está carregado de uma carga semântica pejorativa. Às vezes ele é usado até mesmo como uma ofensa. Assim como o médico, muitas pessoas associam “travesti” ao exuberante, ao chamativo, o que nos faz chegar facilmente na prostituição, nas drogas e na violência. Ser travesti, para muitas pessoas, é estar condicionado a uma vida assim. Por isso, algumas trans não se reconhecem como travestis. Mas, por outro lado, existem grupos de travestis que sentem <a href="http://www.facebook.com/OrgulhoDeSerTravesti" target="_blank">orgulho</a> dessa denominação e lutam por investir positivamente os usos e semântica do termo.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Ekt0_sPZ3sk/TopbyjmanRI/AAAAAAAAASQ/HLW8Q_qtPmM/s1600/barbies-transexuais.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="125" src="http://4.bp.blogspot.com/-Ekt0_sPZ3sk/TopbyjmanRI/AAAAAAAAASQ/HLW8Q_qtPmM/s200/barbies-transexuais.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A transexual é vista, nos usos populares e em alguns <a href="http://diariocrossdresser.blogspot.com/2011/09/autoginecofilia.html"><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">usos científicos</span></a>, como um termo para se referir à pessoa que nasceu no corpo errado. Àquelas que possuem um diagnóstico médico de “transtorno de gênero”, podendo ser <i>ftm</i> (sigla em inglês para “de feminino para masculino”) ou <i>mtf</i> (sigla em inglês para “de masculino para feminino”).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O termo “trans” pode significar “transgênero” ou “transexual”, a depender do contexto. Transgênero seria um vocábulo-chapéu para incluir “travestis” e “transexuais” e sua abreviatura usaria o asterisco: <a href="http://transfeminismo.com/trans-umbrella-term/" target="_blank">trans*</a>. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">“Transex”, pode ter a acepção de “trans”, mas faz alusão a “sexy”, o que traz uma conotação mais sensual. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Há muitas outras acepções mais, mas até mesmo a língua limita. Gostaria de lembrar que estes são apenas alguns recortes muito sucintos sobre os 4 vocábulos em questão. Há inúmeras narrativas sobre gênero e suas vivências, assim há inúmeros rearranjos linguísticos também.</span><br />
Recentemente tive uma discussão com uma amiga trans* sobre esse programa e ela chegou a seguinte conclusão. Transcrevo o diálogo:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Jiquilin:<i> _ Que era mesmo que você tinha comentado desses vídeos [Do programa Manhã Maior]? Nunca tinha pensado no que você me disse.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Bia:<i> _ Eu sempre pensei. Esses médicos engessam através desses tais "diagnósticos" de transexuais x travestis, sendo que a realidade humana é maior. Engessam comportamentos, limita a situação que é infinitamente ampla porque cada pessoa é de um jeito. Esse negócio de diferenciar “trava” de “trans” é coisa de brasileiro. Nos EUA, por ex., eles não têm esse famoso termo "travesti" muito usado, quem vive como mulher é tudo transexual.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span lang="PT-BR">Travesti para eles são homens que se vestem de mulher apenas na intimidade pra ter excitação sexual. A Patrícia tem um passado que os médicos, com certeza, a considerariam como "travesti" já que ela fez vários filmes pornôs. Mas na intimidade dela isso não interfere na "sua feminilidade", e nem deveria. As pessoas, até os médicos, confundem muito sexo com gênero, homem com masculino, mulher com feminino, papel de gênero com sexo biológico. Pode se notar isso nos adjetivos, em formas linguísticas "transexual masculino", estaria ele se referindo ao sexo de nascimento ou à identidade de gênero da pessoa? A solução, dizem, é os termos em inglês </span></i><span lang="PT-BR">mtf</span><i><span lang="PT-BR"> ou </span></i><span lang="PT-BR">ftm</span><i><span lang="PT-BR">, mas que para mim, são termos genéricos pra se identificar, mas se a gente for ver o significado mais profundo, é inadequado pra mim. </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span lang="PT-BR">Querem classificar e qualificar através desse diagnóstico:</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span lang="PT-BR">Se você é transexual, você deve ter comportamento X e se sentir X.</span></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-2M9bgRAMo-8/TopcKoW4JvI/AAAAAAAAASU/Eh8bQS_JuqI/s1600/funcoes_05.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="128" src="http://4.bp.blogspot.com/-2M9bgRAMo-8/TopcKoW4JvI/AAAAAAAAASU/Eh8bQS_JuqI/s320/funcoes_05.gif" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span lang="PT-BR">Se você é travesti, você deve se comportar Y e agir Y.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span lang="PT-BR">A realidade vai muito além disso. Cada pessoa é única. </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span lang="PT-BR">Tem também um certo mito da elegibilidade da cirurgia. É algo como “você nasceu pra cirurgia ou não”, como se fosse simples. Quero dizer: na crença dos médicos existem pessoas que ficarão 100% realizadas com a cirurgia já que já nasceram "doentes", e se você não é doente, e fizer a cirurgia, vai se suicidar porque você não é mulher de verdade. Por isso que a travesti não entra na lógica desses médicos. Se eles não querem a cirurgia, porque iria querer tomar hormônios? Para alguns isso é uma aberração, uma anormalidade, porque não entra no extremo do binarismo.</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span lang="PT-BR">Quando a questão chega no "prazer sexual" das operadas, isso só quem sabe é quem fez mesmo. O médico ainda diz "100% das que fazem têm sensibilidade". Bom, sensibilidade é uma coisa, eu sinto toda minha pele, por exemplo, e não tenho orgasmos só de tocar em objetos. Não dá pra saber. Meu cu pra esses médicos. Pensam que entendem de trans. Só sendo uma pra entender. Porque essa questão envolve duas esferas muito diferentes. Por isso que transgênero é mais interessante. </span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O binarismo sexual que existe vai além do macho e da fêmea. Muitos confundem sexualidade com “ter pênis” ou “ter vagina”. Ora, ser feminino ou ser masculino não tem a ver com o corpo somente. Mas tem a ver com a linguagem. Outro binarismo que se desmancha é o advindo dos transgêneros. Muitos tendem a classificar os transgêneros entre ou travestis ou transexuais: se você está descontente com sua genitália, você é um(a) transexual. Se você gosta de ter pênis e mamas (e é exuberante), então, consequentemente você é uma travesti. A classificação é tão machista quanto àquela que organiza a sexualidade em torno de “macho” e “fêmea”, uma vez que privilegia os transgêneros que nasceram com pênis e porque não permite lugar à oscilação. E se eu for uma mulher muito bem resolvida, me considero uma transexual, e gostar de ter meu pênis? Do que a sociedade deverá me chamar? Travesti, se eu acabei de dizer que me considero uma transexual?</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-VETmkkfvIg0/TopcVvG6OYI/AAAAAAAAASY/68CUPE-yNkE/s1600/travestis_doc-minasumluxo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="149" src="http://4.bp.blogspot.com/-VETmkkfvIg0/TopcVvG6OYI/AAAAAAAAASY/68CUPE-yNkE/s200/travestis_doc-minasumluxo.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A identidade é plástica e acredito que sempre o indivíduo deve ser consultado: “neste momento, você se identifica com quê?”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Não há um protocolo que te faça ser travesti ou transexual. Muito pelo contrário do que pensa o médico: não há uma lista de requisitos que tornam uma pessoa menos ou mais travesti.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Mudar o corpo, através de uma cirurgia de mudança de sexo, é, realmente, algo definitivo. Diferente da identidade, que se está construindo a cada instante. No entanto, a preocupação da medicina não deveria ser a de buscar normas e requisitos que componham a “verdadeira” identidade de uma transexual, uma identidade doentia; senão que deveria ser a de se voltar a estas identidades e compreendê-las para além do organismo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Enquanto isso, vamos nos significando na língua e buscando nossos lugares. Os morfemas <i>–a</i> e<i> –o</i> já podem ter começado a deixar de significar o “masculino” ou o “feminino”.</span></div>
Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-73993012936471705772011-09-29T14:21:00.011-04:002012-01-10T23:26:41.496-03:00Notas sobre a intolerância<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="color: #f1c232;">No semestre passado, cursei uma disciplina na Unicamp chamada “Formação do professor de língua”. Naquele semestre havia ocorrido o asqueroso <em>Massacre do Realengo </em>e, naquela mesma época, havia acontecido um caso de homofobia dirigido a um jogador de vôlei. A professora, deste modo, sugeriu que a turma discutisse sobre os temas, que além de envolver a sociedade, vem dizer muito sobre a sala de aula. </span></strong></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="color: #f1c232;">A discussão foi brilhante e resolvi escrever um relatório sobre este dia. </span></strong></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><strong><span style="color: #f1c232;">Ofereço-o a vocês:</span></strong></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: white;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-uFOWx1mzw0E/ToS4AeOAmaI/AAAAAAAAARU/RgCXQcw5Y6o/s1600/massacre+realengo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: white;"><img border="0" height="150" kca="true" src="http://3.bp.blogspot.com/-uFOWx1mzw0E/ToS4AeOAmaI/AAAAAAAAARU/RgCXQcw5Y6o/s200/massacre+realengo.jpg" width="200" /></span></a></div><span style="color: white;">Iniciamos a aula com uma discussão sobre o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Massacre do Realengo</i>. Poderíamos considerar a tragédia como um fato sabido por todos os cidadãos brasileiros, mas tão somente principiamos a atividade e uma das colegas de sala relatou que no colégio onde ela trabalha seus alunos ainda não haviam tomado conhecimento do acontecido. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: white;">No dia 7 de abril do presente ano, Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, entrou numa escola pública do Rio de Janeiro, a Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro do Realengo, e cometeu um crime que abalou o sentimento coletivo. Munido de dois revólveres, o atirador investiu contra os alunos presentes. O resultado foi um massacre: 12 mortos, a maioria atingido na cabeça, e uma quantidade semelhante de feridos. Dentre os mortos, 10 meninas e dois meninos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">As repercussões foram das mais imediatas, graças ao poder de difusão da mídia. Antes de entrar no mérito da questão, devemos comentar dois pontos já suscitados, os quais têm bastante relação entre si:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="color: white;">1)<span style="font-family: 'Times New Roman';"> </span>A repercussão midiática</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-lM0OKRjqAB4/ToS4BOBlPzI/AAAAAAAAARY/uUObvKj0lYQ/s1600/midia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="color: white;"><img border="0" height="140" kca="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-lM0OKRjqAB4/ToS4BOBlPzI/AAAAAAAAARY/uUObvKj0lYQ/s200/midia.jpg" width="200" /></span></a></div><span style="color: white;">2)<span style="font-family: 'Times New Roman';"> </span>A alienação das elites</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="color: white;">Coincidentemente, sete de abril, data do crime, era também o dia do jornalista. A empreitada, entretanto, fora contemplada com o pior tipo de jornalismo: o sensacionalista. O interlocutor, neste dia, foi interpelado por uma boa dose de desinformações, informações inverossímeis, prantos, dor e desespero. Pouco se discutiu, na ocasião, sobre os problemas sociais culminados neste ato de violência.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-98e29YBo6PY/ToS4W-olGrI/AAAAAAAAARc/5actrfqCSn4/s1600/columbine.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: white;"><img border="0" height="166" kca="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-98e29YBo6PY/ToS4W-olGrI/AAAAAAAAARc/5actrfqCSn4/s200/columbine.jpg" width="200" /></span></a><span style="color: white;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A posteriori</i>, a discussão foi, timidamente, feita pelos blogs e pelas redes sociais. A mídia, igualmente no caso de <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #3d85c6;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=INk2QQiGXu4"><span style="color: #6fa8dc;">Columbin</span><span style="color: #3d85c6;">e</span></a></span></i><span style="color: #3d85c6;">,</span> prestou apenas um desserviço ao público. Aproveitou-se de momentos sociais críticos para ganhar Ibope ou vender jornais e revistas. Mais tarde esta mesma imprensa tentou explicar o fenômeno, porém, uma vez mais o fez de maneira equivocada: ora dando voz a especialistas para imputar culpa apenas ao criminoso, ora para mostrar as lágrimas e indignações da classe média. No máximo, debateram sobre o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bullying</i>.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">E por falar em classe média, devemos retomar o diagnóstico feito por nossa colega de sala: seus alunos desconheciam a notícia. Foi o que nos comentou uma companheira de sala, que trabalha como monitora na área de linguagem para um colégio de elite da região de Campinas. Um dia após o crime, ela havia preparado um debate a ser feito com os alunos que procurassem seu plantão. Contudo, para que isto fosse possível, ela teve de previamente informar-lhes sobre o massacre. O que nos chamou a atenção não foi o fato de que os alunos não conhecessem seu entorno imediato, senão a ideia de que nenhum professor oficial (nossa colega não é professora mas monitora) houvesse sequer tangenciado a questão.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">Se por um lado a mídia não propôs uma análise legítima do problema social, a escola de elite preferiu fingir que crimes hediondos, que talvez para eles podem ser considerados delitos da classe baixa, pouco lhes dizem respeito. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">Um episódio crônico destes, sucedido em uma escola, por mais chocante que seja, não deve ser deixado de fora dos âmbitos de reflexão e formação. Portanto, é repugnante que sejam completamente ignorados. Imbuídos neste espírito, e por também estarmos cerceados pelo ambiente formador, é que passamos a relatar nossa reflexão sobre o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">massacre do Realengo</i>.</span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">***</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-xhS7SLLl0VI/ToS4sb4IW8I/AAAAAAAAARg/9_mhWYRzxLo/s1600/camille.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: white;"><img border="0" height="200" kca="true" src="http://1.bp.blogspot.com/-xhS7SLLl0VI/ToS4sb4IW8I/AAAAAAAAARg/9_mhWYRzxLo/s200/camille.jpg" width="141" /></span></a><span style="color: white;">Em julho do ano passado uma travesti,</span><span style="color: #3d85c6;"> </span><a href="http://www.mundomais.com.br/exibemateria2.php?idmateria=1548"><span style="color: white;"><span style="color: #3d85c6;">Camille Gerin</span>,</span></a><span style="color: white;"> 25, foi violentamente assassinada nas ruas do bairro Bonfim de Campinas. Morta a pauladas, Gerin teve o rosto completamente desfigurado. O assassino foi pego em flagrante ao tentar se desfazer do corpo da vítima, o qual seria jogado em uma valeta. Uma viatura da polícia fazia a ronda pelo local. Os policiais prenderam Roberto Rubens de Macedo, 25, que tentou fugir, e puderam prestar socorros à vítima ainda com vida. Entretanto, Gerin não resistiu aos ferimentos e teve a morte cerebral confirmada três dias depois no hospital </span><span style="color: white;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Mario Gatti</i> na mesma cidade. </span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">Este breve relato serve para ilustrar o mesmo cunho social de crimes de ódio como o do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">massacre do Realengo</i>.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-5TLvCOWd1Co/ToS5CTg-saI/AAAAAAAAARk/cgMyuFjuzJM/s1600/homofobia" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="color: white;"><img border="0" height="150" kca="true" src="http://2.bp.blogspot.com/-5TLvCOWd1Co/ToS5CTg-saI/AAAAAAAAARk/cgMyuFjuzJM/s200/homofobia" width="200" /></span></a></div><span style="color: white;">Crimes de ódio são aqueles cometidos contra as minorias (de raça, gênero, religião etc). E por que o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">massacre do Realengo</i> seria um crime de ódio? </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">Lola, em seu brilhante<span style="color: #3d85c6;"> </span><span style="color: #3d85c6;"><a href="http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2011/04/assassinos-de-mulheres-e-seus-crimes-de.html" target="http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2011/04/assassinos-de-mulheres-e-seus-crimes-de.html">post</a></span><span style="color: #3d85c6;">,</span> argumentou pela hipótese de misoginia: o número de mortas foi muito maior que o número de mortos. Na sequência ela faz uma comparação com outros crimes de ódio cometidos no EUA. Um exemplo que ela traz é o caso de George Sodini, um assassino que, em agosto de 2009, entrou numa academia de aeróbica e dizimou o publico feminino presente. Outro caso é o de um psicopata que invadiu uma escola rural, em 2006, na Pensilvânia, e separou os meninos das meninas e em seguida desferiu tiros contra elas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">Nenhum desses casos, inclusive, o nosso, foi classificado pela mídia ou pela sociedade, (ou melhor: pelos espaços de discussão coletivo) como um crime de ódio. Isso porque o machismo é tão naturalizado e a violência contra a mulher (e </span><a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com/2011/07/o-problema-e-do-feminino.html"><span style="color: white;">o </span><span style="color: #3d85c6;">feminino</span></a><span style="color: white;"><span style="color: #3d85c6;">)</span> é vista como comum que a torna, de certo modo, esperada.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-MxN3XeFrTas/ToS5WRgWYuI/AAAAAAAAARo/CVXI6WkADgA/s1600/aver.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: white;"><img border="0" kca="true" src="http://3.bp.blogspot.com/-MxN3XeFrTas/ToS5WRgWYuI/AAAAAAAAARo/CVXI6WkADgA/s1600/aver.jpg" /></span></a></div><span style="color: white;">Sabemos que todos esses criminosos têm um potencial psicótico, o qual se manifestou nas ocasiões relatadas. É claro que se trata de um problema do sujeito, mas como as relações se dão num nicho interativo, o problema também é social.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">Nesse sentido, acreditamos que as questões relevantes, enquanto cidadãos e educadores, deveriam ser:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">O QUE EU TENHO A VER COM ISSO? O que nós temos a ver com isso? O que a sociedade tem a ver com isso?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">Ao tentar responder essas perguntas, e trazendo-as para dentro da sala de aula, não apenas estaremos encontrando nossa parcela de culpa, como também estaremos engajando nossos alunos para o despertar de um discurso ao qual ele já se assujeitou. Fica fácil, assim, mostrar as contradições do choque diante de uma brutal violência e o prazer que um aluno sente ao cometer o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bullying</i> com seu parceiro. No primeiro caso, é demais para a sensibilidade daquele, enquanto que no segundo, a diversão a partir do sofrimento alheio é mais evidente. A raiz do problema é a mesma: a violência, a intolerância.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">Mas por que num caso o aluno/o professor é sensível a isso e no segundo, muitas vezez, não? Porque cada um de nós quando repetimos expressões machistas e opressoras não percebemos que estamos sendo uma força que se soma a violência. Não percebemos a formação ideológico-discursiva que nos perpassa. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-m8m5IPuRp-8/ToS5_p05gQI/AAAAAAAAARs/oIkJUKRG8EQ/s1600/hm.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="color: white;"><img border="0" height="153" kca="true" src="http://3.bp.blogspot.com/-m8m5IPuRp-8/ToS5_p05gQI/AAAAAAAAARs/oIkJUKRG8EQ/s200/hm.jpg" width="200" /></span></a></div><span style="color: white;">Tanto é assim, que as dezenas de torcedores do Sada Cruzeiro desterraram, mais uma vez, a violência verbal, de teor homofóbico contra o jogador do vôlei Futuro, </span><a href="http://www.clicrbs.com.br/esportes/rs/noticias/volei,3263818,Michael-do-Volei-Futuro-reclama-de-homofobia-em-jogo-da-Superliga.html"><span style="color: #3d85c6;">Michael</span></a><span style="color: white;"><span style="color: #3d85c6;">,</span> homossexual assumido.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">Este épisodio, que foi a segunda reflexão realizada na aula do dia 13/04, serviu para ilustrar novamente outro crime de ódio.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: white;"></span></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-aLklTaHeiL4/ToS6TFSEo4I/AAAAAAAAAR0/4JNHazsgSkk/s1600/preconceito.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" kca="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-aLklTaHeiL4/ToS6TFSEo4I/AAAAAAAAAR0/4JNHazsgSkk/s200/preconceito.bmp" width="200" /></a><a href="http://4.bp.blogspot.com/-aLklTaHeiL4/ToS6TFSEo4I/AAAAAAAAAR0/4JNHazsgSkk/s1600/preconceito.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: white;"></span></a><span style="color: white;">Na ocasião das aulas, o Vôlei Futuro e o Sada Cruzeiro haviam disputado duas partidas da Superliga. Poucos dos alunos presentes conheciam o fato. Por isso, a professora dividiu a sala entre os que sabiam do problema e aqueles que o ignoravam. Ela relatou então que, na primeira partida entre a equipe de Araçatuba (SP), o Vôlei Futuro, e a de Contagem (MG), o Sada Cruzeiro, realizada na casa do segundo, houve uma manifestação homofóbica da torcida. Todas as vezes que a bola caia nas mãos do jogador Michael Pinto dos Santos, 27, a torcida do Cruzeiro levantava uma onda de insultos do tipo: “bixa”, “gay”. Como resultado, o jogador foi substituído e a equipe perdeu a partida.</span></div></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">A segunda partida, com cunho de revanche, fora realizada na casa do time injuriado. Aproveitando-se do fato de que muitos alunos não haviam assistido ao torneio, a professora perguntou a eles o que poderia ter ocorrido nesta nova disputa. Depois de longa discussão em torno da violência nos estádios e sobre a homofobia, soubemos que a equipe de Araçatuba houvera entrado em campo, para o aquecimento, trajando camisetas rosas, ataduras rosas, camisetas com o arco-íris e a torcida portava artefatos igualmente rosas, bandeiras com manifestações de intolerância contra a homofobia.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span style="color: white;">Nossas reflexões quanto a esse episódio giram em torno de alguns eixos: </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-erhfdKlE0Og/ToS6gik_bFI/AAAAAAAAAR4/-nSJIy1Xzk0/s1600/rosa.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="color: white;"><img border="0" height="133" kca="true" src="http://4.bp.blogspot.com/-erhfdKlE0Og/ToS6gik_bFI/AAAAAAAAAR4/-nSJIy1Xzk0/s200/rosa.jpg" width="200" /></span></a></div><span style="color: white;">i) Achamos importante que o Vôlei Futuro não tenha ignorado a injúria, desse modo, foi possível dar visibilidade a uma questão séria do preconceito contra os homossexuais.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="color: white;">ii) Fazemos uma ressalva quanto à simbologia utilizada pela equipe. A cor rosa presente nos materiais de protesto pode ser uma maneira politicamente incorreta, ou equivocada, de representar os gays e combater a homofobia. Entendemos que o símbolo a que o rosa representa é fortemente entendido por todos e por isso a mensagem contra a homofobia pode ser mais clara. No entanto, há uma questão histórico-ideológica mais forte por traz desse símbolo. O rosa se associa ao feminino e ao mesclá-lo a um elemento masculino, acredita-se caracterizar os gays (trata-se de uma questão histórica, os gays nos campos de concentração, durante o nazismo, eram identificados pelo triângulo rosa, p. ex.). Acreditamos ser um equívoco tanto porque a sexualidade é muito mais complexa do que aquela que meramente gira em torno de dois gêneros (ou masculino ou feminino), quanto por vincular a questão do feminino à fêmea e ao frágil. Portanto, não aprovamos totalmente a metodologia do protesto.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="color: white;"> Os dois ocorridos, o massacre do Realengo e a inventiva contra gays, podem comumente fazer-nos retornar a questão já anunciada. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O que eu tenho a ver com isso? </b>Com já dito, não se trata apenas de buscar uma parcela da culpa, senão de entender que se trata de toda uma construção social da qual participamos. A culpa da violência não é do sujeito, como poderia prever as teses <a href="http://albertoabreu.wordpress.com/2006/07/18/inatismo/"><span style="color: #3d85c6;">inatistas,</span></a> tampouco se trata de uma culpa exclusiva do outro, como poderia prever o<a href="http://www.infoescola.com/psicologia/behaviorismo/"> <span style="color: #3d85c6;">behaviorismo</span></a><span style="color: #3d85c6;">.</span> O construto interativo-social perpassa por ambas as questões e diz que o preconceito é construído e mantido nesse movimento. </span></div>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-78675527358913563202011-07-22T14:15:00.002-04:002012-01-10T23:25:51.373-03:00Resenha: Hibisco Roxo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-cWrm_C6QF_Q/TimzY4sv7xI/AAAAAAAAAQI/OAhYFNASkRA/s1600/HIBISCO_ROXO_1304955826P.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-cWrm_C6QF_Q/TimzY4sv7xI/AAAAAAAAAQI/OAhYFNASkRA/s1600/HIBISCO_ROXO_1304955826P.jpg" t$="true" /></a></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span lang="PT-BR">ADICHIE, Chimamanda Ngozi. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Hibisco Roxo</i>. São Paulo: Cia das Letras, 2011 [2003]. 328 pp. Trad: Julia Romeu. Título original: Purple hibiscus.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR">rara, com o cheiro suave de liberdade (...)</span></i></div><div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT-BR"> Liberdade para ser, para fazer (p. 22)</span></i></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Nl94XMmeY78/Tim2kb4OtvI/AAAAAAAAAQM/CWFNlYpOTO4/s1600/Adichie.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-Nl94XMmeY78/Tim2kb4OtvI/AAAAAAAAAQM/CWFNlYpOTO4/s200/Adichie.jpg" t$="true" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">Um romance reflexivo, <i>Hisbisco Roxo</i>, de Chimamanda Adichie, é narrado em primeira pessoa por Kambili, uma jovem nigeriana de classe alta.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR">A narrativa está divida em quatro capítulos, cuja nomenclatura gira em torno da temática principal do enredo: o catolicismo exacerbado introduzido pelos colonizadores. Os nomes dos capítulos fazem alusão ao domingo de ramos católico e narram as cenas pré, pós e durante esta data. No entanto, o enredo não é linear. Logo de início o leitor é surpreendido por uma breve cena ocorrida no domingo de ramos, o título desse capítulo é: “Quebrando deuses: Domingo de Ramos”. O capítulo seguinte, “Falando com nossos espíritos: antes do domingo de ramos”, prepara o leitor para que ele entenda a cena inicial. É o capítulo mais longo e é o principal do livro. O terceiro capítulo se intitula: “Os pedaços de deuses: após o domingo de ramos”. E o último capítulo é uma espécie de posfácio, em que Kambili nos conta as seqüelas da narrativa: “Um silêncio diferente: o presente”.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-IUzfdD2m1k4/Tim2qMxjw9I/AAAAAAAAAQQ/t-pElIQ-HMM/s1600/pounded_yam_edikaiikong.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-IUzfdD2m1k4/Tim2qMxjw9I/AAAAAAAAAQQ/t-pElIQ-HMM/s200/pounded_yam_edikaiikong.jpg" t$="true" width="139" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR"> No primeiro capítulo, caso o leitor não saiba se tratar de um romance nigeriano, não fica muito claro onde se passa a história que se vai iniciar. As primeiras descrições são bastante universais e a cena introdutória é bastante comum às dos países colonizados. Mas aos poucos o universalismo vai se delineando e temos noção mais ou menos de que conheceremos a realidade de um país africano, pois é-nos descrita uma vegetação peculiar: hibiscos roxos, plumérias, buganvílias. Também é a primeira vez que se narra uma cena de refeição: sopa onugbu com fufu, suco de caju. Serão recorrentes em todo o livro tais cenas do momento de alimentação, o que servirá para caracterizar a riqueza da família de Kambili em contraste com a pobreza do país.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Ainda neste primeiro capítulo conhecemos o núcleo familiar da jovem nigeriana: Eugene, o Papa, rico industrial e dono de um jornal progressista; Beatrice, a Mama, dona de casa e seu irmão mais velho Jaja. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-5VVZ2WtWDrw/Tim4HZ1uiPI/AAAAAAAAAQc/ZahxjXOJt8A/s1600/imagesCACO3NFL.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="134" src="http://4.bp.blogspot.com/-5VVZ2WtWDrw/Tim4HZ1uiPI/AAAAAAAAAQc/ZahxjXOJt8A/s200/imagesCACO3NFL.jpg" t$="true" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Eugene, no primeiro capítulo, arremessa seu pesado missal contra Jaja, o que faz quebrar lindas estatuetas que ornam uma das estantes da sala. Eugene, que já começa a ser caracterizado como um fanático religioso, fica furioso porque seu filho deixa de receber a comunhão por dois domingos seguidos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Á primeira vista, pareceu-me inverossímil uma descrição de uma casa tão rica e de um catolicismo tão ignorante. Mas após a leitura do capítulo principal, o segundo, tal perspectiva se desfaz. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-k7Jydr2WKwc/Tim2xbJBeLI/AAAAAAAAAQU/g8-VIjOJSjE/s1600/surra.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-k7Jydr2WKwc/Tim2xbJBeLI/AAAAAAAAAQU/g8-VIjOJSjE/s200/surra.jpg" t$="true" width="169" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Aos poucos, percebemos a ingenuidade de Kambili e como ela vai amadurecendo ao longo da trama. Ela é vítima de uma criação extremamente superprotetora, por parte de seu pai Eugene, o que acaba tornando-a uma menina inexpressiva. Se a história não fosse contada a partir do ponto de vista de Kambili, poderia dizer que esta seria uma personagem apática. Mas sabemos que não é bem assim. Embora Kambili seja calada e introspectiva, dentro de sua mente voa um carrilhão, é como a descreve padre Amadi, figura por quem a garota desenvolve um amor platônico. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">A menina sente um respeito exacerbado por seu pai. Esse respeito, por vezes é confundido com temor. Do início ao fim, Kambili não faz o leitor sentir ódio por Papa, mesmo nos momentos mais críticos da narrativa. Pelo contrário, a garota tenta a todo custo sempre agradar a seu pai.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-3F9CN3GCkFw/Tim5a6SIIvI/AAAAAAAAAQk/ZAV0zv1551k/s1600/imagesCADANNI6.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="188" src="http://2.bp.blogspot.com/-3F9CN3GCkFw/Tim5a6SIIvI/AAAAAAAAAQk/ZAV0zv1551k/s200/imagesCADANNI6.jpg" t$="true" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Eugene é um homem paradoxal, pois ao mesmo tempo em que demonstra ser extremamente altruísta, (mantém várias instituições filantrópicas, p. ex.), ele paulatinamente vai destruindo sua própria família, devido a sua tirania religiosa. Este personagem pode ser interpretado como um arquétipo da religião colonizadora. Apesar de ser muito rico, seu pai, Papa-Nukwu, vive à beira da miséria em sua cidade natal. O avô de Kambili é o arquétipo da cultura local, pouco penetrada pelo colonialismo europeu. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Eugene recusa ajudar seu próprio pai, porque este nega converter-se ao catolicismo e abrir mão de seu tradicionalismo. Desse modo, Kambili e Jaja quase não têm contato com o avô. Eles o visitam uma vez ao ano, no natal, quando a família deixa Abba e volta para sua <i>ummuna</i>, sua comunidade. Nesta ocasião, os netos vão até a casa do avô, levados pelo motorista Kevin, e têm o direito de permanecer não mais que quinze minutos com seu Papa-Nukwu. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-fq3C8aAJO14/Tim55UZyeTI/AAAAAAAAAQo/SE09VUkK06w/s1600/violencia_domestica-1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="131" src="http://2.bp.blogspot.com/-fq3C8aAJO14/Tim55UZyeTI/AAAAAAAAAQo/SE09VUkK06w/s200/violencia_domestica-1.jpg" t$="true" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">A rigidez de Eugene também assombra sua esposa. Em algumas passagens não muito explícitas, parece que Eugene espanca sua esposa Beatrice. Numa delas, a mulher sofre um aborto em decorrência dos traumas. As cenas não são explícitas porque quem nos conta é Kambili, num ponto de vista muito inocente.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Eugene realmente é um pai superprotetor. Exige que seus filhos sejam sempre os primeiros colocados da turma. Caso isso não aconteça, como vemos num episódio em que Kambili fica em segundo lugar da classe, os filhos são punidos. Além disso, Jaja e Kambili devem seguir um horário rigoroso dentro de uma rotina de estudos rigorosa. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-_8zGz0Roix4/Tim72FuJE8I/AAAAAAAAAQs/BDL6wZKRIDI/s1600/imagesCAY6I72B.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="157" src="http://3.bp.blogspot.com/-_8zGz0Roix4/Tim72FuJE8I/AAAAAAAAAQs/BDL6wZKRIDI/s200/imagesCAY6I72B.jpg" t$="true" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Este é o estado da arte na casa de Kambili e sua família. Mas a história começa a dar uma quinada quando os irmãos vão passar dez dias de suas férias na casa de tia Ifeoma, uma irmã de Eugene. Lá em Enugu, o casal de irmãos entram em contato com uma realidade mais próxima do país. Tia Ifeoma é uma professora universitária que vê a corrupção assolar a Nigéria. Kambili transcreve diálogos interessantes de sua tia com seus dois filhos mais velhos, Obiora, o maior, e Amaka, a questionadora. Além deles, Ifeoma, que é viúva, tem mais um filho, Chima, o caçula. Nesse núcleo, ainda aparece Amadi, um padre que consegue conciliar a cultura local à fé católica. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-9WlvE2cIuWw/Tim8haDaYvI/AAAAAAAAAQw/pMTTt3aO94U/s1600/pai.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-9WlvE2cIuWw/Tim8haDaYvI/AAAAAAAAAQw/pMTTt3aO94U/s200/pai.jpg" t$="true" width="163" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Ifeoma e filhos são obrigados a imigrar para os EUA, pois a universidade a despede com a desculpa de que a professora estaria envolvida em atividades ilegais, o que não é verdade. Nesse mesmo período, o padre Amadi, por quem, a esta altura, Kambili já está perdidamente apaixonada, também tem de mudar-se, já que é missionariamente transferido, numa crítica irônica ao colonialismo, para a Alemanha.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Antes disso, Papa-Nukwu fica muito doente e tia Ifeoma o traz para passar seus últimos dias junto a ela e aos netos. Neste período, Amaka pinta um quadro do avô. Kambili e Jaja passam momentos jamais vividos ao lado de seu ancestral e notam que ele, apesar de não ser cristão, também é uma pessoa boa. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Nz-KJ3RJCbY/Tim9RX241sI/AAAAAAAAAQ0/nl5RzO6cr4k/s1600/lava_pes.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="160" src="http://1.bp.blogspot.com/-Nz-KJ3RJCbY/Tim9RX241sI/AAAAAAAAAQ0/nl5RzO6cr4k/s200/lava_pes.jpg" t$="true" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Eugene, ao descobrir que seus filhos estão sob o mesmo teto de um pagão, vai pessoalmente buscá-los e surpreende-se com a morte do pai. Mesmo assim, Kambili e Jaja são brutalmente punidos. Eugene lava os pés de seus filhos com água fervente. A cena é narrada não com ódio, mas de um ponto de vista que nos faz entender que o pai só quer o bem de seus filhos. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Jaja traz mudas de hibisco roxos da casa da tia e as planta em sua casa em Abba. O quadro pintado por Amaka é dado de presente à Kambili, que o esconde a todo custo de seu punitivo pai. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-UBYpDcpSh5Y/Tim-3CISjGI/AAAAAAAAAQ8/B61fUqPbVls/s1600/igbo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-UBYpDcpSh5Y/Tim-3CISjGI/AAAAAAAAAQ8/B61fUqPbVls/s200/igbo.jpg" t$="true" width="156" /></a></div><span lang="PT-BR">A estadia na casa de tia Ifeoma transforma profundamente os irmãos. Kambili passa a ser mais extrovertida e Jaja a buscar mais sua autonomia (o que nos dá a impressão de se tratar de uma certa rebeldia). </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">A vida de Eugene se modifica quando Ade Coker, seu jornalista do peito, morre. Ade Coker é conhecido por fazer denúncias políticas no jornal de Eugene, o <i>Standart</i>. O jornalista vai preso um par de vezes e sempre é solto graças à influência de seu patrão. Coker termina seus dias vítima de uma carta bomba, que explode na mesa do café da manhã, diante de sua mulher e filhos. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Desde esse dia, Eugene parece entrar num estado depressivo e se torna ainda mais agressivo. Ao descobrir o quadro de Papa-Nukwu, dado por Amaka, e mantido escondido por Kambili, Eugene espanca a filha até o ponto de a garota desmaiar. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Kambili passa dias em coma no hospital e ao recuperar-se viaja para a casa de tia Ifeoma novamente. Diante da sociedade, o crime é disfarçado de acidente, como sempre ocorre quando Eugene agride a esposa e os filhos. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-T35WKyY7hF8/Tim4JEkFFAI/AAAAAAAAAQg/DyTwSkrCtfM/s1600/imagesCA60HRR8.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-T35WKyY7hF8/Tim4JEkFFAI/AAAAAAAAAQg/DyTwSkrCtfM/s200/imagesCA60HRR8.jpg" t$="true" width="160" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">No domingo de ramos, Jaja recusa-se a comungar. E novamente Eugene demonstra sua fúria. Depois do domingo de ramos, Beatrice começa a botar veneno no chá de Eugene, que morre na mesa de seu escritório na fábrica.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Jaja assume a culpa e vai preso. Beatrice enlouquece e Kambili amadurece de vez. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span lang="PT-BR">Através desse romance, Adichie denuncia a situação em que se encontra uma Nigéria pós-colonial. O livro, como já disse, apesar do universalismo, capricha nos regionalismos. Adichie se recusa a reproduzir as histórias estrangeiras muito comumente lidas em seu país, A língua veicular da Nigéria é o inglês e a tradição literária do país costuma ser a de língua inglesa. Mas Adichie não faz isso. Ela descreve muito bem a paisagem nigeriana, como o título não deixa mentir. Faz uma simbiose entre as características psicológicas de seus personagens e o clima nigeriano: descreve as chuvas e os ventos do <i>harmantan</i>, os inúmeros por e nascer do sol; descreve os alimentos, as frutas, o ambiente rural.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-_izJqzTExjE/Tim-0BZDVwI/AAAAAAAAAQ4/-mL31IIYbvE/s1600/igboeng.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-_izJqzTExjE/Tim-0BZDVwI/AAAAAAAAAQ4/-mL31IIYbvE/s200/igboeng.jpg" t$="true" width="131" /></a><span lang="PT-BR">A crítica ao colonialismo não se dá somente através da situação religiosa. Numa perspectiva linguística, Adichie também deixa claro que a língua do colonizador é mais prestigiada. Por vezes, Eugene repreende as pessoas por falarem inglês: “Papa quase nunca falava em igbo, embora Jaja e eu usássemos a língua com Mama quando estávamos em casa, ele não gostava que o fizéssemos em público. Precisávamos ser civilizados em público, ele nos dizia; precisávamos falar inglês” (p.20). E denuncia o ridículo linguajar forjado: “Ela falava mais igbo do que inglês, mas todas as suas palavras em inglês saíam com um sotaque britânico consistente, diferente do de Papa, que só surgia quando ele estava diante de gente branca, e às vezes, sumia em algumas palavras, de forma que metade da frase ficava com sotaque nigeriano e outra metade com sotaque britânico” (p. 256-7).</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-XheFT-tzfRE/TinAEOhbGWI/AAAAAAAAARA/zOvVQvpD3yA/s1600/igbo1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="176" src="http://4.bp.blogspot.com/-XheFT-tzfRE/TinAEOhbGWI/AAAAAAAAARA/zOvVQvpD3yA/s200/igbo1.jpg" t$="true" width="200" /></a></div><span lang="PT-BR">De forma irônica, como todo o livro, a autora também aponta para o racismo: “fazia as coisas do jeito certo, do jeito que os brancos fazem, não como nosso povo faz agora!” (p.74).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">O mais interessante deste livro é que ela dá a conhecer ao mundo, através da literatura, uma realidade social, política e educativa da Nigéria. Desfaz o mito de que a África é única. Desfaz também o estereótipo da África como um continente miserável. A personagem principal é rica. Ifeoma é uma professora universitária e há bastante felicidade na cultura local. Se algum sentimento de piedade é evocado no leitor, este sentimento pouco tem a ver com a situação de uma Nigéria na miséria. Surge, não obstante, uma piedade de uma Nigéria esfacelada pelo contato.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">Outra questão que se mostra é a preocupação da autora em lutar para que a Nigéria deixe de ser um lugar de corruptos. Através de Ifeoma, Adichie empreende uma reflexão sobre a migração aos EUA. Obiora defende a ideia de que sair do país não é uma solução: “os que estudaram vão embora, aqueles que têm potencial para consertar o que está errado. Eles deixam os fracos para trás. Os tiranos continuam reinando porque os fracos não conseguem resistir. Você não vê que é um círculo vicioso? Quem vai quebrar esse círculo?” (p. 258-9). </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT-BR">De maneira geral, fica evidente que Adichie escreve uma história em que os nigerianos têm vez: “existem pessoas, escreveu tia Ifeoma certa vez, que acham que nós não conseguimos governar nosso próprio país, pois nas poucas vezes em que tentamos nós falhamos, como se todos os outros que se governam hoje em dia tivessem acertado de primeira. É como dizer a um bebê que está engatinhando, tenta andar e cai de bunda no chão que ele deve permanecer no chão. Como se todos os adultos que passam por ele também não houvessem engatinhado um dia” (p. 315)</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-I4j4yWmpzHQ/TinA3DGOclI/AAAAAAAAARE/XoXyR5zZpC0/s1600/nigerian.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-I4j4yWmpzHQ/TinA3DGOclI/AAAAAAAAARE/XoXyR5zZpC0/s320/nigerian.bmp" t$="true" width="320" /></a></div></div>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-30648481070489246472011-07-21T07:50:00.002-04:002012-05-23T21:32:34.815-04:00O problema é do feminino<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-6DgV7YstV88/TigPAhebewI/AAAAAAAAAPs/zBcR6xu0_ss/s1600/idade+da+pedra+mulher.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><br />
</a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-bklaAZVuSSQ/TigQ1z2GhmI/AAAAAAAAAP0/mHr2fxAzBdc/s1600/bike_cahuvinismo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="158" src="http://2.bp.blogspot.com/-bklaAZVuSSQ/TigQ1z2GhmI/AAAAAAAAAP0/mHr2fxAzBdc/s200/bike_cahuvinismo.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #29303b; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #29303b; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #29303b; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-6DgV7YstV88/TigPAhebewI/AAAAAAAAAPs/zBcR6xu0_ss/s1600/idade+da+pedra+mulher.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="182" src="http://4.bp.blogspot.com/-6DgV7YstV88/TigPAhebewI/AAAAAAAAAPs/zBcR6xu0_ss/s200/idade+da+pedra+mulher.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">O machismo está aí batendo em nossas casas há muitos séculos. A adoração ao masculino não é uma invenção da nossa sociedade e nem se originou no nosso tempo. É difícil precisar como se deu a primeira manifestação machista. Há os que digam que essa forma de poder existe desde que o homem das cavernas começou a puxar a mulher pelos cabelos. Mas não importa. O machismo é algo cultural, isso quer dizer que ele foi criado pelo homem, ainda que a retrógrada </span><span style="color: yellow;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><a href="http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2010/02/psicologia-evolucionista-so-rindo.html" style="text-decoration: underline;"><span style="color: yellow;">psicologia evolucionista</span></a></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">apregoe que se trata da própria biologia humana. Por ser algo cultural, ele funciona como um</span><span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><a href="http://ser-psico.blogspot.com/2009/01/um-enigma-e-uma-hiptese.html" style="text-decoration: underline;"><span style="color: yellow;">efeito catraca</span></a></span><span class="Apple-style-span" style="color: yellow; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">:</span><span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"> o homem o aprendeu em alguma etapa de sua filogênese e o foi aperfeiçoando (se é que podemos dizer que o machismo é algo perfeito). Da Grécia Antiga, da qual legamos muito da cultura, podemos ler tragédias e comédias de autores muito influentes que menosprezam a mulher, que a inferiorizam. A misoginia, cujo próprio termo é grego, é o ódio pelo feminino.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: x-small;"><br />
</span></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">Com o passar do tempo, o machismo vai sendo transmitido culturalmente para as novas gerações e vai se modificando. </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">A análise que faço do machismo hoje no Brasil, e talvez na América Latina, é de que ele é um tipo de misoginia. O machismo nosso hoje é uma aversão pelo feminino. </span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-LuIMb7cznAA/TigQ2aEum6I/AAAAAAAAAP8/yQbHgTGLprc/s1600/mujer.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-LuIMb7cznAA/TigQ2aEum6I/AAAAAAAAAP8/yQbHgTGLprc/s200/mujer.jpg" width="194" /></a></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">Odiamos o feminino na medida em que exaltamos o masculino. Aprendemos que ser masculino é mais importante que ser feminino. Ser masculino é prestigioso. Também criamos toda uma concepção do que é ser feminino. Ser feminino é ser sentimental, é ser frágil, é ser sensível, entre muitas outras coisas.</span><br />
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">Portanto, ser feminino não é apenas possuir uma vagina. Mas quem possui uma vagina sofre em dobro, porque se espera dessas pessoas um comportamento feminino. </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">Essa forma de machismo se manifesta por todos os lados e inclusive dentro dos movimentos de minorias. </span></span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">A lesbofobia, que é a aversão por lésbicas, é um exemplo desses. Muitos gays (do sexo masculino) têm horror a lésbicas. Mas essa fobia é por causa do elemento “feminino” advinto do estereótipo daquela que possui uma vagina. No fundo, o lesbofóbico é misógino, porque tem horror ao feminino.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"> </span></span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #29303b; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-YrgzIaacyj0/TigQ28GzaoI/AAAAAAAAAQA/XjGNgbW29qQ/s1600/prince1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-YrgzIaacyj0/TigQ28GzaoI/AAAAAAAAAQA/XjGNgbW29qQ/s200/prince1.jpg" width="200" /></a></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">O gay afeminado também vai sofrer desse preconceito dentro do próprio coletivo do qual faz parte, porque os gays não afeminados estão inseridos nessa lógica do machismo. Quase todo mundo odeia o feminino.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">Muitos queimarão as bandeiras cor-de-rosa. Por quê? Porque o rosa representa o... feminino. </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">Mas o engraçado disso tudo é que os gays percebem que eles são oprimidos pela sociedade heteronormativa. Os gays percebem que o machismo os oprime. Mas eles não percebem que até eles mesmos são opressores quando lhes toca. O machismo só é percebido quando se infringe uma norma heterossexual: a de que homens se relacionam com mulheres. Contudo, o machismo não é percebido quando ele infringe uma conduta homonormativa: o de que gays devem ser masculinos.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"> </span></span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #29303b; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-ci1vUz1Mtyk/TigQ1db9H1I/AAAAAAAAAPw/tDI9vPDu6mg/s1600/woman+in+chains.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-ci1vUz1Mtyk/TigQ1db9H1I/AAAAAAAAAPw/tDI9vPDu6mg/s200/woman+in+chains.jpg" width="197" /></a></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">Os gays percebem como lhes pesa uma macrofísica do poder, mas não percebem que eles instauram uma</span><span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><a href="http://vsites.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/microfisica.pdf" style="text-decoration: underline;"><span style="color: yellow;">microfísica desse mesmo poder</span></a></span><span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">.</span><span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"> </span><span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">Recentemente saiu um vídeo chamado “</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=HHA-WpPSK4s" style="text-decoration: underline;"><span style="color: yellow;">Não gosto de meninos</span></a></span><span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">”. Eu, particularmente, não gostei muito dele, porque apesar de ser muito instrutivo, e por isso tem uma mensagem vendável, ele demonstra essa microfísica do poder. Lá pelas tantas, um dos entrevistados diz: eu achava que ser gay era ter uma postura assim (e nesse “assim”, você entende “ser bixinha”). Sabe, tudo bem de você não gostar de comportamentos afeminados. Mas, por favor, não me venha recriminar o “feminino”. </span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #29303b; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #29303b; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-XqQ8LCKGp6A/TigQ3DCLpLI/AAAAAAAAAQE/mf0SnRg-NWQ/s1600/tigh.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-XqQ8LCKGp6A/TigQ3DCLpLI/AAAAAAAAAQE/mf0SnRg-NWQ/s200/tigh.jpg" width="161" /></a></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">Exatamente pelo ódio ao feminino ser uma tradição e exatamente por ser um construto social, é que podemos combater esse tipo de preconceito. Não odeie as travestis, não odeie as transexuais ou os transgêneros. Acredito que essas categorias, umas que transitam outras que transgridem as fronteiras entre o masculino e o feminino, deveriam ser as mais prestigiadas dentro da cultura gay. Porque, na maior das instâncias, são elas que derrubam e desfazem as hierarquias entre masculino e feminino e permitem que você, gay masculino, não tenha medo do armário. Por outro lado, não adianta você sair do armário, se você carrega um guarda-roupas de preconceito contra o feminino.</span><span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">Quando a gente começar a vencer essas barreiras dentro do grupo é, então, que poderemos falar de combate PLENO ao machismo. Reage, galera, machismo é</span><span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=lFbASTgdkVE&feature=related" style="text-decoration: underline;"><span style="color: yellow;">violência</span></a></span><span class="Apple-style-span" style="color: #eeeeee; font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;">.</span></div>
</div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-EttyHgl2988/TigQ2JGrM4I/AAAAAAAAAP4/waYJIQTmvlc/s1600/misoginia+1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="251" src="http://4.bp.blogspot.com/-EttyHgl2988/TigQ2JGrM4I/AAAAAAAAAP4/waYJIQTmvlc/s320/misoginia+1.JPG" width="320" /></a></div>
<div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif; font-size: 13px;"><br />
</span></span></div>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-18512253776983043672011-07-20T11:50:00.001-04:002012-06-30T11:42:49.353-04:00Os livro ensina: nóis aprende<i>O blog já está até criando teia de aranha. </i><br />
<i>Sacomé! </i><br />
<i><br />
</i><br />
<i>Vou publicar aqui um texto que saiu em primeira mão no <a href="http://escrevalolaescreva.blogspot.com/">blog da Lola</a> sobre a <a href="http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2011/05/guest-post-os-livro-ensina-nois-aprende.html">polêmica do material didático</a> "Por uma vida melhor". O assunto já ficou velho, mas é sempre bom relembrar e deixar registrado. </i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-PaOqwAlSGv0/Tib25KtXxnI/AAAAAAAAAPY/pRsPCdHGgoM/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-PaOqwAlSGv0/Tib25KtXxnI/AAAAAAAAAPY/pRsPCdHGgoM/s200/images.jpg" width="152" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Na Idade Média (e por muito tempo depois dela), as pessoas validavam um co</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">n</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">hecimento como verdadeiro se</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> a igreja o confirmasse como sendo uma “verdade”. De lá p</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ra </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">cá, algumas coisas mudaram, porque trocamos a igreja pela universidade (bom, no caso <a href="http://www.youtube.com/watch?v=Vj4_tDTz-3A" style="color: #cc0000; text-decoration: none;">da camisinha</a>, a igreja ainda faz muita</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> gente acreditar que usá-la é errado). E pudemos també</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">m re</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">lativizar cada vez</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> mais essas verdades.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Mas, no resto</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">, a universidade ganhou esse papel de abalizadora do conhecimento. Quantas vezes não escutamos: “segundo pesquisas da universidade X (e nesse X costuma vir </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">o nome de alguma universidade poderosa dos EUA), a gordura TRANS faz Y (e nesse Y vem um monte de consequência</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">s ruins)”.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Por um lado, é bom</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> que tenhamos substituído a igreja pela universidade, afinal exist</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">e todo um método científico para se de</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">svendar o conhecimento. Mas, por outro lado, em</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> muitos casos, apenas substi</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">tuímos </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">os velhos preconceitos por novos (ou o vestimos com uma</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> nova roupagem). </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">A academia também cria e legitima seus preconceitos, lembremos</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> da <a href="http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2010/02/psicologia-evolucionista-so-rindo.html" style="color: #cc0000; text-decoration: none;">psicologia evolucionista</a>, por exemplo. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Se antes, qualquer um que contrariasse a ideologia da igreja, iria para a fogueira, hoje isso já não acontece</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> (acho que porque já não fazemos fogueiras humanas). O que nos diferencia de forma capital de nosso p</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">assado é que a academia também combate esses preconce</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">itos. E as polêmicas em torno desses problemas é que fazem as ciências e as sociedades caminharem.</span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-TugeA5lP6Nc/Tib3QLsq8BI/AAAAAAAAAPc/nNgtICr2a4U/s1600/images+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="157" src="http://3.bp.blogspot.com/-TugeA5lP6Nc/Tib3QLsq8BI/AAAAAAAAAPc/nNgtICr2a4U/s200/images+%25281%2529.jpg" width="200" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">No entanto, esse d</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">iscurso da verdade é mais ou menos heterogêneo entre as di</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">stintas ciências. Aquelas que movimentam mais capital são “mais verdadeiras” que aquelas q</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ue movimentam pouco capital. Trat</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">a-se de uma equação muito simples. Na verdade, uma ciência</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">não </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">é mais verdadeira que out</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ra, ma</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">s os seus discursos validam mais verdades que outras. E </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">tudo isso tem uma relação com o poder</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> político-econômico. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Com isso quero dizer que as ciências ditas humanas têm uma voz muito</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> fraca n</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">a sociedade, enquanto que as ciências exatas e biológicas são as que geralmente respaldam as “verdades” do mundo.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">A Linguísti</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ca, que é a ciência de que me ocupo, é uma das que menos tem valor. Mas isso não se deve apenas ao fato de que ela faz circular pouco capital, como venho dizendo. Devo somar também </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">dois outros fatores:</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">i) Quase ninguém sabe sobre a Linguística. O que ela é. O que ela estuda. Como ela estuda. Para que serve;</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ii) A língua, que é seu objeto, está em toda parte. Todas as outras ciências são </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">permeadas pela língua. A arte é perpassada pela língua. Tudo que é humano tem uma língua.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Então, nós, os </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">linguis</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">tas, temos de lidar com nossa insignificância, porque </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">n</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ão descobrimos petróleo, p</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">orque somos ignorados pela sociedade e porque qualquer um s</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">e sente apto a falar o que bem quer sobre as línguas. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">E neste último ponto reside uma polêmica. Eu acredito que todo mundo deve discutir sobre as línguas, é um</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> exercício saudável, como veremos no caso anedótico da vez. Mas o<span style="font-style: italic;">pathos</span> deve ficar guardado.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Toda vez que alguém fala de língua (geralmente da sua língua materna), ele evoca todo um sentimento ufanista, d</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">e proteção ao seu idioma etc. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Quase todo mundo é reacionário em matéria de língua! Quase ninguém sabe lidar com o fato de que a língua muda.</span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-MIENxzIFc2w/Tib4M8Vx40I/AAAAAAAAAPg/iQsY5T-bYns/s1600/psicologia-evolutiva-parte-ii.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-MIENxzIFc2w/Tib4M8Vx40I/AAAAAAAAAPg/iQsY5T-bYns/s200/psicologia-evolutiva-parte-ii.jpg" width="173" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'trebuchet ms';"><br />
</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Mas por qu</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">e as </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">pessoas não conseguem ver o óbvio sobre a sua língua? De alg</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">uma forma, é porque a escola durante muito tempo as treinou para que elas não pensass</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">em, não fossem criativas. A escola durante</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> muito tempo só trabalhou com questões de memória. E memorizar uma gramática de normas (a gramática normativa) sempre foi, para a escola, mais fácil que observar a língua e seus usos. A gramática normativa sempre foi o escudo dos reacionár</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ios, o escudo das maiorias, o escudo do preconceito linguístico.</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">E agora que estamos diante de mais uma polêmica linguajeira fica evidente o quanto essa ideologia fascista, que não sabe conviver com as diferenças, é um sujeito oculto nas mentes brasileiras.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">O <a href="http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/V6Cap1.pdf" style="color: #cc0000; text-decoration: none;">livro didático</a> de língua portuguesa adotado pelo MEC (Ministério da Educação) é quem traz a lebre dessa </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-S88x8mg88iI/TdXptiYUnwI/AAAAAAAAcio/9J2cknPmrRE/s1600/1%2Ba%2Ba%2Ba%2Ba%2Bach%2Blivro%2Bviver%2Be%2Baprender.jpg" style="color: #cc0000; text-decoration: none;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608645879492026114" src="http://2.bp.blogspot.com/-S88x8mg88iI/TdXptiYUnwI/AAAAAAAAcio/9J2cknPmrRE/s200/1%2Ba%2Ba%2Ba%2Ba%2Bach%2Blivro%2Bviver%2Be%2Baprender.jpg" style="border-bottom-color: rgb(204, 0, 0); border-bottom-style: solid; border-bottom-width: 1px; border-left-color: rgb(204, 0, 0); border-left-style: solid; border-left-width: 1px; border-right-color: rgb(204, 0, 0); border-right-style: solid; border-right-width: 1px; border-top-color: rgb(204, 0, 0); border-top-style: solid; border-top-width: 1px; float: left; height: 200px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0pt; margin-right: 10px; margin-top: 0pt; padding-bottom: 4px; padding-left: 4px; padding-right: 4px; padding-top: 4px; width: 149px;" /></a></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">vez</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Armou-se o m</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">aior <span style="font-style: italic;">frisson</span>, nos últimos dias, porque o MEC supostamente estari</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">a propagando a mentalidade </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">de que discutir a língua em uso é necessário. Já pensou?! Pobre</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">s das crianças, agora elas seriam obrigadas a pensar mais sobre a língua que elas usam!</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Mas aí também há um equívoco: o livro, que se intitula <span style="font-style: italic;">Por uma Vida Melhor</span>, não é destinado às crianças. Ele é adotado pelo programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA).</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">O capítulo “Escrever é diferente de falar” deu pano pra manga, porque </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">as autoras mostraram as regra</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">s de funcionamento de uma variedade coloquial falada do nosso português brasileiro. Ou seja, </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">elas fizeram as vezes de um linguista!</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Ao contrário do </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">que se anda dizendo por aí, o livro não prega que não se </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">dev</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">a ensina</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">r a gramática normativa ou a norma culta; pelo contrário, por meio da discussão das outras variedades do português é que se contextualiza essa norma culta. Como também sou professor de português para estrangeiros, sempre faço isso nas minhas aulas. Já pensou um estrangeiro falando como um li</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">vro? Seria muito estranho, não?</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">O que chama mais atenção nesse alarde todo é que a reação começa na mídia.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Vocês viram como fala bonito o tal de <a href="http://aceveda.com.br/blog/?p=31312" style="color: #cc0000; text-decoration: none;">Alexandre Garcia</a></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">?</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">“Aboliu-se o mérit</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">o para não constranger”</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">. Eu morro de rir com essas frases, porque é gostoso ver um reaça se afogando com a voz da ciência (esse é um dos casos em </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">q</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ue a ciência combate um preconceito!)</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Gente, se abolirem</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> a meritocracia, o que será dos bem-nascidos? Eu tô morrendo de dó deles. Imaginem só, os negros</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">teriam maior acesso ao ensino superior. As mulheres poderiam ganhar um salário mais igualitário ao do homem. Os homossexuais poderiam adquirir direitos civis. E os pobres poderiam fala</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">r como falam!</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Sendo assim, nada de ensinar as variedades coloquiais faladas pelo povo!</span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-ih9VdeTruW8/Tib4hhhwdaI/AAAAAAAAAPk/CmpWq3ndHzg/s1600/images+%25282%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-ih9VdeTruW8/Tib4hhhwdaI/AAAAAAAAAPk/CmpWq3ndHzg/s200/images+%25282%2529.jpg" width="188" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'trebuchet ms';"><br />
</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">E você também pode</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ria me refutar: ensinar um estrangeiro não é como ensinar o falante nativo.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> Claro que não. Não se tra</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ta de ensinar a variedade popular para o nativo</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Aposto que essa variedade <a href="http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5137669-EI8425,00-Aceitam+tudo.html" style="color: #cc0000; text-decoration: none;">ele já aprendeu</a> por aí! Gente, é só uma questão de inclusão, de reflexão, de contextualização da tão importante norma culta.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Lembro-me sempre nas épocas de campanha do Lula. A imprensa caía matando, po</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">rque o Lula falava “errado”: um presidente que não sabe nem falar, vai presidir o país como?</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Realmente, a mídia é <a href="http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=745" style="color: #cc0000; text-decoration: none;">completamente ignorante</a> quanto aos assuntos sobre língua. Nesse nosso caso, ela só deixa evidente qual é a sua ideologi</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">a: a das direitas conservadoras.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Para que</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> fique cla</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ro de uma vez por todas, não existe certo e errado na língua. “Gramática” não é sinônimo de “gramática normativa”. Toda língua, toda variedade tem gramática. Toda língua, toda variedad</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">e se organiza em torno de regras. “Os menino foi” tem regras de concordâncias mais parcimoniosas que “os meninos foram”.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">E onde uma é </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">usada, onde a outra é usada? Quem as usa, em que contexto as usa? Estas seriam indagações muito mais interessantes para aquele que reflete sobre sua língua.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Pergunto novam</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ente: por que as pessoas não conseguem entender essas obviedades todas? Eu já disse que a escola tem muito a ver com isso. Mas a sociedade também tem. Andei lendo muitas best</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">eiras no twitter e no facebook. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Quase todo mundo compra a ideia de “certo/errado”. Quase todo mundo achou um disparate o MEC g</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">astar a verba publica com um livro desses. Quando o Bolsonaro também gastou grana publica para faze</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">r a </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">sua cartilha antigay, todo mundo também achou um disparate. Todos entenderam o seu conservadorismo. Mas é uma pena que ninguém consegue entender o conservadorismo quando se discute sobre a língua.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Até mesmo os outros cientistas, os que não são linguistas, não entendem os m</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ecanismos da língua. Eu já vi muito intelectual falar asneiras sobre linguagem. Já pres</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">enciei muitos educadores, filósofos, cientistas políticos, sociólogos, antropólogos falarem burradas sobre as línguas. O que </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">não tenho a dizer dos cientistas que mais </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">movem a economia? Estes sim, estão completamente do lado da mídia ignorante.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Como o professor Sírio Possenti costuma dizer: nós, os linguistas, não nos atrevemos a fazer xampu ou a criar aviões ou a buscar a cura para o câncer. Simplesmente por que não fomos treinados para isso! Mas, por que todo físico, químico e biólogo, por exemplo, fica à vontade para arbitrar sobre línguas? Acho que eles estão acostumados com o poder. Só pode ser isso.</span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-t_yxRLGytjM/Tib5IvwaZ6I/AAAAAAAAAPo/y5mAjVhq0kw/s1600/shampoos.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-t_yxRLGytjM/Tib5IvwaZ6I/AAAAAAAAAPo/y5mAjVhq0kw/s200/shampoos.jpg" width="150" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'trebuchet ms';"><br />
</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Mas o pior de</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> tudo </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">são os jornalistas, porque eles cumprem o papel de mediadores entre o senso comu</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">m e a ciência. Jornalistas não são só ignorantes, conservadores, di</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">reitoides, são mesmo incompetentes. Eles sim são os que erram no uso da gramática normativa (porque a gramática normativa é a ferramenta de trabalho deles), eles sim são os que não perdem a oportunidade do se</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">nsacionalismo, tudo a troco de ibope, de audiência e de vendagens. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Quando a linguística ganha um pouco de voz e consegue chegar numa sala de aula, de EJA que seja, toda essa velha mídia ressurge e tenta destruir um passo gigante na democratização da cultura e da educação. Trata-se dessa mesma mídia que falta com o respeito aos profissionais da linguagem, aos professores e aos educadores. Que faz sensacionalismo com um massacre como foi o de Realengo, que acoberta um regime militar odioso, que tenta destruir o popular. Aposto que denunciar as <a href="http://www.youtube.com/watch?v=7iJ0NQziMrc" style="color: #cc0000; text-decoration: none;">reais mazelas</a> da educação</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';"> a velha mídia não consegue (aliás, ela só tem abafado e ocultado as greves de professores).</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">O que você faz com a sua língua? Chegou a hora de você pensar o que você faz com <a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com/" style="color: #cc0000; text-decoration: none;">a sua língua</a>! Você faz tudo o q</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">ue gostaria? Ou faz aquilo que a mídia manda você</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">fazer? Repete opressões? Repete o preconceito (linguístico)? </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">A lição, em tom de clichê, é antiga: não acredite em tudo o que você lê nos jornais. Nem acredite em tudo o que você vê na televisão. Nem acredite em tudo o que você ouve nos rádios. A opinião, o achismo dos jornalistas, no caso do livro didático do MEC, falou mais alto que o fato verdadeiro. E você o que fez? O que fez com sua língua?</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Ao destruir os pressupostos de um argumento, destruímos o argumento. Se a Linguística diz que não há certo e errado, como pode ser verdadeira uma <a href="http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2011/05/12/livro-usado-pelo-mec-ensina-aluno-a-falar-errado/" style="color: #cc0000; text-decoration: none;">notícia assim</a>, “Livro usado pelo MEC ensina aluno a falar errado”?</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">Quando todo mun</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 22px;"><span style="font-family: 'trebuchet ms';">do começar a entender que “escrever é diferente de falar”, e entender que a língua varia e se transforma, entenderemos porque a elite reclama que sua norma já não é a única prestigiada. Tampouco precisaremos mais escrever livros que já exprimem em seus títulos um desejo do povo, na variedade do povo, num engasgo próprio do povo, que é a de uma luta “Por uma vida melhor”. </span></span>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-17373636817207076902011-03-04T17:15:00.004-03:002012-01-10T23:23:14.325-03:00Os mestres loucos: o medo dos negros<div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;"><em>Breve sinopse</em>: Em<span style="color: #3d85c6;"> </span></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=32hkIwutxf8"><span style="color: #3d85c6;">Os mestres loucos</span></a></span></i><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">, Jean Rouch, renomado etnoficçionista, traz ao conhecimento da comunidade do ocidente uma prática ritual, do culto <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Hauka"><span style="color: #3d85c6;">hauka</span></a><span style="color: #3d85c6;">.</span> De maneira simplificada (recomendo que assistam), durante a cerimônia anual, trabalhadores nigerenses, depois da concessão de um padre e da confissão coletiva, dão início às incorporações de entidades que simbolicamente representam a dominação colonial. Há um governador, a prostituta, ogeneral, o maquinista etc etc </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-pNk6v72BFWg/TXFCEmoTRYI/AAAAAAAAAOY/TaeO2RYLfRk/s1600/Mestres%252520Loucos.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" l6="true" src="https://lh3.googleusercontent.com/-pNk6v72BFWg/TXFCEmoTRYI/AAAAAAAAAOY/TaeO2RYLfRk/s320/Mestres%252520Loucos.bmp" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Crítica:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">A insanidade, presente no título “Os mestres loucos”, se justifica plenamente neste documentário repleto de bizarrices e incivilidade!</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Este poderia ser, muito provavelmente, um comentário tecido por boa parte da cultura ocidental(izada).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Os enunciadores desse discurso, muito provavelmente também, não estariam percebendo todo o etnocentrismo que o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">simples</i> comentário encerra. E se a eles lhes pusermos em xeque seus valores, ouviremos uma refutação do tipo: “é só um comentário”, “a verdade é isso mesmo”.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Passa que histórica e ideologicamente os segmentos sociais vão incorporando discursos que ao fim e ao cabo ganham o status de “natural”. A naturalidade, no nosso caso, geralmente coincide com as práticas políticas e ideológicas (e por que não biológicas?) vigentes: as das direitas, cristãs, brancas, ocidentais, masculinas, capitalistas, belas e sadias.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Boa parte dos ocidentais sentiria repulsa, certo nojo, por algumas cenas do ritual dos hauka, tais como o sacrifício, todo o sangue, as secreções do transe, o cão servindo de alimento. Isto, na minha opinião, estaria relacionado a dois motivos fundamentais:</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-xEj1ujL6NXs/TXFFjNBvB2I/AAAAAAAAAOc/Tbderh9Mk2c/s1600/racismo_negro.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="105" l6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-xEj1ujL6NXs/TXFFjNBvB2I/AAAAAAAAAOc/Tbderh9Mk2c/s200/racismo_negro.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">a)<span style="font-family: 'Times New Roman';"> </span></span><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">ao medo que os ocidentais (ou melhor: os caucasianos, <a href="http://www.contracampo.com.br/60/osmestresloucos.htm"><span style="color: #3d85c6;">conforme comenta Almeida</span></a>) criaram com relação ao negro e à negritude; </span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">b)<span style="font-family: 'Times New Roman';"> </span></span><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">e à incorporação passiva dos discursos vigentes, dos quais venho comentando até então.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Para ilustrar o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">medo dos negros</i>, vou trazer dois ou três breves exemplos anedóticos. A atriz Elke Maravilha, russa de nascimento, <a href="http://www.youtube.com/watch?v=1b0w3fpq5Rw"><span style="color: #3d85c6;">numa entrevista</span></a><span style="color: #3d85c6;">,</span></span><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;"> relata que, ao chegar ao Brasil, havia sentido certo medo dos negros, pois se tratava de um biótipo que ela <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a priori</i> desconhecia: </span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-BTiPbVwMv1Q/TXFGBsc2jDI/AAAAAAAAAOk/83zT7qJuAE8/s1600/elke.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" l6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-BTiPbVwMv1Q/TXFGBsc2jDI/AAAAAAAAAOk/83zT7qJuAE8/s1600/elke.jpg" /></a></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Veio um senhor de Minas Gerais e falou [para o meu pai]: nós temos uma fazenda em Itabira, essa fazenda é muito boa mas ela está abandonada. E tem um problema. Não sei se o senhor vai querer ir pra lá. Não sei se o senhor quer ir, pois lá só tem negros.</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Eu, no início, morria de medo dos negros. Nunca tinha visto.</i> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">O segundo exemplo, ouvi de uma paraguaia que uma vez me disse que tinha medo de visitar o Brasil, porque cá havia muitos negros.</span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Em <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=Ezhp7YrJC24"><span style="color: #3d85c6;">Tiros em Columbine</span></a></i></span><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;"><span style="color: #3d85c6;">,</span> por sua vez, Michael Moore conseguiu abordar brilhantemente este medo dos negros, presente na cultura norte americana. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-hWxLWD1t2C0/TXFH0r4e24I/AAAAAAAAAOs/EkYrb63mJt0/s1600/blemmies.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" l6="true" src="https://lh6.googleusercontent.com/-hWxLWD1t2C0/TXFH0r4e24I/AAAAAAAAAOs/EkYrb63mJt0/s200/blemmies.jpg" width="145" /></a></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Recuando bastante na história, <span style="color: #3d85c6;">C</span><a href="http://elbaluartedeoccidente.blogspot.com/2010/04/chimamanda-adichie-el-peligro-de-las.html"><span style="color: #3d85c6;">himamanda</span> </a></span><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">nos conta que os relatos de John Locke, quando este descreve os negros como bestas cujas cabeças alcançavam a altura do peito, podem ter inaugurado uma tradição literária pautada no medo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Então, todo este anteparo discursivo sobre o medo dos negros deve ter surgido das fantasiosas histórias que, há muito e por muitas vezes, se contou sobre a África como um continente dantesco. Delas extraiu-se um estereótipo que, por conseguinte, passou a ser estendido aos habitantes do continente.</span><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-KqKKy32AROs/TXFIQByrXHI/AAAAAAAAAOw/sg5r_4YEPk0/s1600/darwin-monkey-wallace-cjmadden_thumb4.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" l6="true" src="https://lh5.googleusercontent.com/-KqKKy32AROs/TXFIQByrXHI/AAAAAAAAAOw/sg5r_4YEPk0/s200/darwin-monkey-wallace-cjmadden_thumb4.jpg" width="171" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Por outro lado também devemos lembrar que as teses de eugenia, dos séculos XIX e XX, apenas ratificaram a ideia de que a “raça” negra estaria vinculada à sexualidade exacerbada (os negros estupram) e a violência (os negros roubam e matam). Desse modo, por muito tempo associou-se os instintos mais primitivos do homem, como os sexuais, à negritude. No século XIX acreditava-se que os lóbulos frontais do cérebro do negro era relativamente reduzido, portanto, tratava-se de um órgão primitivo. O negro estaria, para os mais ferrenhos darwinistas, biologicamente mais próximos aos primatas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Assim, o ocidente (a Europa, sobretudo) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">aprendeu</i> a temer estes estranhos desconhecidos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Já que a verdade era respaldada pelo discurso científico (e anteriormente pelo religioso), os ocidentais/caucasianos, ao longo de muitos séculos, aculturaram-se ao medo do negro. O discurso naturalizou-se e instaurou-se como verdade absoluta e incontestável.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">O etnocentrismo, portanto, pode ser analisado nesse movimento de naturalização de verdade, que nem mesmo o maior dos relativismos pode combater. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Por ser assim, quem é capaz de analisar o ritual hauka? Eu, observador imerso em paradigmas diversos? Eles, cegos aos discursos naturais? A psicanálise, avaliadora dos processos psíquicos? </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Eu, enquanto analista, devo fazer a ressalva de que tudo isto nada mais é de que meu próprio crivo. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Posto isso, devo continuar na tese de que também os hauka internalizam o discurso opressor e o repetem em suas práticas ritualísticas. Toda a estrutura colonizadora está sincreticamente de volta ao que se crê de mais genuíno neste povo. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">No entanto, ao repetir o discurso do opressor, há o que Peucheux chama de deslizamento de sentidos. Algo novo surge na repetição. Neste caso, conforme já apontou Almeida, emerge a contestação do sistema colonial-marginalizante. O novo sentido deixa de falar tão somente dos oprimidos e passa a dizer muito sobre os opressores. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">A crítica ao colonialismo se dá de forma escancarada neste ritual. Apenas não vê aquele que ainda está envolto nos véus do etnocentrismo naturalizado.</span></div><br />
<div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"></div>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-56291211526859106862011-02-07T15:29:00.010-03:002012-01-10T23:22:12.362-03:00Paraguaia/paraguaio<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAsW11eSqI/AAAAAAAAANA/RuKw7WIxrYM/s1600/113.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" h5="true" height="640" src="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAsW11eSqI/AAAAAAAAANA/RuKw7WIxrYM/s640/113.jpg" width="480" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A América do Sul segundo os EUA</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Na semana passada vi circular pela internet <a href="http://www.ideafixa.com/mapeando-estereotipos"><span style="color: #3d85c6;">alguns mapas</span></a> sobre os estereótipos mundiais, segundo a visão de determinados grupos. E isso me levou às seguintes perguntas:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Você acha que os estereótipos se dão por acaso? </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAteB-e6sI/AAAAAAAAANE/MXFkyu4QsY4/s1600/loira.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" height="157" src="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAteB-e6sI/AAAAAAAAANE/MXFkyu4QsY4/s200/loira.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Por que as loiras são chamadas de burras? Por que acreditamos que brasileiro é alegre? Por que achamos que a África é miserável? Por que pensamos que o japonês só trabalha? Por que cremos que o alemão só come salsicha? Por que os mexicanos são conhecidos por serem só comedores de pimenta? Por que será que imaginamos um ianque vestindo camisas coloridas? Por que lusitano é sinônimo de estupidez? E por que dizemos que as coisas paraguaias não prestam?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Antes de responder estas questões, (as quais acredito nem precisarem de respostas) vamos nos lembrar que a constituição do estereótipo obriga a existência de duas partes: o estereotipizado (a coisa/pessoa a ser estereotipizada) e o estereotipizador (isto é: aquele que cria o estereótipo).</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAvVzhsv_I/AAAAAAAAANI/XoEfNWJwwMY/s1600/chimamanda.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" height="112" src="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAvVzhsv_I/AAAAAAAAANI/XoEfNWJwwMY/s200/chimamanda.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Sobre a coisa/pessoa a ser estereotipizada não falarei muito, acho que <a href="http://elbaluartedeoccidente.blogspot.com/2010/04/chimamanda-adichie-el-peligro-de-las.html"><span style="color: #3d85c6;">Chimamanda</span></a> deu muito bem conta do recado: o estereótipo não é de todo equívoco, é que ele não trata seu objeto em completude. Se você viu o vídeo com calma, vai perceber que algumas das idéias de nossa colega nigeriana ainda vão aparecer por aqui. Falei também um pouco sobre estereótipos <a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com/2010/11/mac-donalds_07.html"><span style="color: #3d85c6;">aqui</span></a>.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Em muitos casos, o estereotipizado é visto a partir de suas qualidades (brasileiro = alegria / japonês = trabalho [porque trabalhar em nossa sociedade é visto como uma coisa positiva]). </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAv5YSEXRI/AAAAAAAAANM/An1_vjSyGe8/s1600/africa.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" height="165" src="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAv5YSEXRI/AAAAAAAAANM/An1_vjSyGe8/s200/africa.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Mas, na sua imensa maioria, o estereotipizado é tratado por um <a href="http://www.infoescola.com/sociologia/estigma-e-identidade-social/"><span style="color: #3d85c6;">estigma</span></a> (loira = MULHER burra / África = miséria etc).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">E quero dar atenção a este ponto: quem cria este estigma? </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Quem cria o estereótipo? Vamos olhar de perto o outro lado da moeda.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">No caso dos estereótipos originários de estigmas, há sempre um grupo dominador (ou que se crê superior) exercendo seu poder sobre outro. O estigma ganha um nome e este nome é ressignificado neste novo contexto de injúria.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Os antigos já faziam isso, e é fácil falar sobre eles porque há muita documentação, já que, como disse a nigeriana, dos vencedores sempre haverá muitas histórias.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Se um romano possuísse alguma característica física fora do padrão esperado, logo, esta “deformidade” se transformava no nome do sujeito: </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAwtc2bUfI/AAAAAAAAANQ/Ec7rpBOCccw/s1600/verruga.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" src="http://3.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAwtc2bUfI/AAAAAAAAANQ/Ec7rpBOCccw/s1600/verruga.jpg" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Cícero, por exemplo, é um desses nomes, vem do latim <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cicerone</i> “grão de bico”. Tratava-se de uma verruga que o avô de Cícero, o famoso <a href="http://educaterra.terra.com.br/voltaire/politica/2004/09/30/000.htm"><span style="color: #3d85c6;">orador romano</span></a>, tinha no nariz. Pronto. Bastou para que toda a sua descendência herdasse a característica.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Mas não era só com os famosos. Nomes como Paulo (do latim Paulus) significava em sua origem algo como “nanico, tampinha”, dado aos sujeitos de baixa estatura ou Cláudio (de Claudius) que significou “coxo, manco”, apelido dado a quem tinha essa deficiência.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAyCrnE38I/AAAAAAAAANU/Ng4LlsIjM2k/s1600/escravo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAyCrnE38I/AAAAAAAAANU/Ng4LlsIjM2k/s200/escravo.jpg" width="140" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Faz algum tempo que aprendemos a dominar e a acreditar que os outros podem ser nossas propriedades (lembrem-se de todos os momentos de escravidão na história da humanidade). Dar um nome injurioso ao outro não é somente uma forma de ofendê-lo, senão de dizer-lhe que aquele corpo (ou porção de terra) fora do padrão não é dele. É uma forma de dizer que há apenas uma maneira correta de felicidade, aquela que segue o padrão de beleza, sucesso financeiro e profissional, e que coincidentemente é a maneira de viver daquele que comete a injúria. O estereótipo estigmatizante nada mais é que uma intolerância com as diferenças, além de um pleno exercício de dominação.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">No caso de uma nação, o estereótipo estigmatizante jamais irá coincidir com a identidade nacional daquele povo (até porque a identificação nacional é uma coisa muito mais complexa do que imaginamos). Você acha que um africano tem orgulho de sua miséria? Você acha que um argentino pensa que ele é metido? </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAyiTb3GAI/AAAAAAAAANY/NOkzU-nt09M/s1600/latina.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" h5="true" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAyiTb3GAI/AAAAAAAAANY/NOkzU-nt09M/s200/latina.jpg" width="169" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">As bandeira do Paraguai e do <br />
Uruguai estão invertidas</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Na ilustração que abre este texto, você acha que o Equador e o Panamá se identificam com o título de “república das bananas”? Ou a Colômbia como a “Cocaína dos EUA”? Ou o Peru como "o lugar que fornece as putas dos americanos"?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Fica evidente como a mentalidade norte-americana de que a América Latina ainda é seu quintal é verdadeira. E toda aquela ideia de posse aparece naquele mapa acima. Através de um nome eu te digo qual é o seu lugar. Eu te digo que você não é você. Eu te digo quem manda aqui!</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Mas se você me contrariar, e eu não puder ser seu dono, vou te taxar de outra forma: Brasil, comunistas liberais (será que isso tem a ver com o fato de Lula, do PT, ter boas relações diplomáticas com o <a href="http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/05/100517_ira_lulaamorim_sp.shtml"><span style="color: #3d85c6;">Irã</span></a>?). Paraguai, socialistas católicos (será que isso tem a ver com o fato de Lugo, aliado dos partidos de esquerda, ser um ex-bispo?)</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAzsc57JBI/AAAAAAAAANc/eqq35wkRCxs/s1600/brasilparaguai.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" height="128" src="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVAzsc57JBI/AAAAAAAAANc/eqq35wkRCxs/s200/brasilparaguai.jpg" width="200" /></a><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">E é justamente desses dois países que tratarei agora:</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Nós, os brasileiros, tampouco estamos isentos de ser imperialistas. Também fazemos isso com nossos vizinhos. Também fazemos isso com o Paraguai. </span></div></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">O que significa dizer, em língua portuguesa do Brasil, que tal coisa é paraguaia? O que queremos dizer quando dizemos: </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Um computador <i style="mso-bidi-font-style: normal;">paraguaio</i>? Um cd <i style="mso-bidi-font-style: normal;">paraguaio</i>? Um eletrodoméstico <i style="mso-bidi-font-style: normal;">paraguaio</i>?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA0a-CgOSI/AAAAAAAAANg/M3hBQQUgbdI/s1600/cigarro.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" height="142" src="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA0a-CgOSI/AAAAAAAAANg/M3hBQQUgbdI/s200/cigarro.jpg" width="200" /></a><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Se formos a qualquer dicionário, encontraremos a seguinte definição para “paraguaia/o” (na verdade vamos achar somente a forma masculina no dicionário): que ou aquele que habita o Paraguai. Original do Paraguai.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Nota dicionarística: morfologicamente, a palavra funciona como um adjetivo pátrio (comida <i style="mso-bidi-font-style: normal;">paraguaia</i>), mas também, por substantivação deste, ela poderá ser um substantivo (A <i style="mso-bidi-font-style: normal;">paraguaia</i> é bela).</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Todavia, como venho dizendo, o uso pelos falantes e o registro no dicionário nem sempre coincidem.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">O vocábulo nas últimas décadas ganhou um novo sentido. E no que diz respeito a este novo sentido, aposto que você caiu na risada quando escrevi: “original do Paraguai”. </span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">“Paraguaia, paraguaio, do Paraguai” é sinônimo de “falso, não verdadeiro, contrabandeado, que ou aquilo que não presta, de pouca duração, de pouco valor”.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA0zWuN9kI/AAAAAAAAANk/hSJSEyAGEBY/s1600/larissa.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA0zWuN9kI/AAAAAAAAANk/hSJSEyAGEBY/s200/larissa.jpg" width="160" /></a><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Sendo assim, o novo sentido vem afetar somente o adjetivo pátrio. O substantivo ainda é pouco (ou nada) afetado. Exemplo: no <a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com/2011/02/turista-na-lingua.html"><span style="color: #3d85c6;">post anterior</span></a>, quando disse que a senhora dona de um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hostel</i> não falava guarani e nem tomava tereré (ações comuns entre os paraguaios), ouvi um comentário do tipo: Que paraguaia mais paraguaia! </span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Ali os dois sentidos, o novo e o velho, estão funcionando lado a lado. O primeiro “paraguaia” é um substantivo a que o segundo “paraguaia” qualifica. </span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">O sentido pejorativo ainda não passou para a forma substantivada. Pelo menos, quando alguém me diz “Paraguaio, vem aqui!” não interpreto assim “Falso, vem aqui”.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Em espanhol, a depender do país, o adjetivo “<a href="http://buscon.rae.es/draeI/SrvltConsulta?TIPO_BUS=3&LEMA=paraguaya"><span style="color: #3d85c6;">paraguaya, paraguayo</span></a>” (a forma feminina tampouco aparece registrada no dicionário espanhol, somente há uma remissão ao feminino), para além de adjetivo pátrio, não significa algo pejorativo. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA1iL14a9I/AAAAAAAAANo/DFmRugP4VCw/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" height="131" src="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA1iL14a9I/AAAAAAAAANo/DFmRugP4VCw/s200/images.jpg" width="200" /></a><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Na Espanha, o adjetivo emprestou nome a um substantivo. É o nome de uma fruta da família do pêssego, de formato um pouco achatado. Nunca vi esta fruta no Brasil e acredito que ela não deva existir na América do Sul. Também não sei por que uma fruta achatada parecida com um pêssego leva o nome de “paraguaya”.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Na Bolívia e em Cuba, parece que a palavra também tem um significado próprio. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA2EayAyoI/AAAAAAAAANs/utjKvqUNbFA/s1600/hamaca.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" src="http://3.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA2EayAyoI/AAAAAAAAANs/utjKvqUNbFA/s1600/hamaca.jpg" /></a><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Na Argentina, no Uruguai e em muitos países hispano-falantes, o adjetivo “paraguaya” vem associado a um substantivo e juntos eles formam um substantivo: “hamaca paraguaya” que significa “rede”. Aquela rede usada para dormir, hábito oriundo dos índios. A palavra “hamaca” por si só já significa “rede”, mas nesses países “hamaca” vem quase sempre associada ao adjetivo “paraguaya”. Creio que por ser um objeto mais popular no Paraguai e difundido para as outras nações hispano-falantes a partir dele.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">No Paraguai, não se diz “hamaca paraguaya” obviamente. Neste país, existe uma palavra formada a partir do seu diminutivo: “paraguayito”. Dizer que fulano é “paraguayito” equivale a dizer que fulano é um espertinho e que sabe dar um jeitinho (coincidência com o “jeitinho brasileiro”, não?).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Notem como a forma pejorativa do adjetivo é coisa bem brasileira.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">É que o sentido pejorativo tem origem em um estereótipo feito pelos tupiniquins. A partir de uma situação dada, a de compras, e um lugar específico, uma ou duas fronteiras, os brasileiros generalizaram a característica para todo o território do país vizinho. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA2v_F1MrI/AAAAAAAAAN4/iMYkTpakMIU/s1600/contrabando.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" height="149" src="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA2v_F1MrI/AAAAAAAAAN4/iMYkTpakMIU/s200/contrabando.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"></span><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">A zona franca de Ciudad del Este, e mais recentemente a de Pedro Juan Caballero, realmente possibilita e incentiva a entrada de produtos muito baratos e a preços inferiores no Brasil. Além de não corresponder a todo o território nacional, as zonas referidas têm muito pouco de Paraguai. A imensa maioria dos comerciantes são coreanos, chineses, turcos, árabes em geral. A minoria deles são brasileiros e paraguaios. Os produtos comercializados nenhum é fabricado no Paraguai. E os sacoleiros são todos brasileiros. Então, por que raios os brasileiros dizem “paraguaio” para as coisas falsas? Porque e tão somente porque é o Paraguai, vítima de sua pobreza, que empresta o território a este tipo de comércio. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Identidade é aquilo com o que queremos ser reconhecidos. E qual é a identidade nacional paraguaia? É esta a identidade com a qual os paraguaios se identificam?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Claro que não.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">De uma maneira muito, mas muito simplificada, posso afirmar que o povo paraguaio se reconhece pela mestiçagem guarani com a branca, pelo uso da língua guarani, pelos hábitos alimentares como a sopa paraguaia, o bori bori, a chipa, o puchero, muita carne e muita mandioca etc etc. pelo tereré e pelo mate; na dança, pela polca e pela guarânia (entre muitas outras coisas). A identidade paraguaia se associa pelo próprio orgulho de sua identidade, facilmente comprovado por uma simples publicidade de cerveja, cujo slogan é “ñande mba’e teete” (o que é nosso).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Disso, aposto que a maioria dos brasileiros não sabe!</span></span></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA4VwHonAI/AAAAAAAAAN8/mLAS9IcOSuI/s1600/polca.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" h5="true" height="287" src="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA4VwHonAI/AAAAAAAAAN8/mLAS9IcOSuI/s400/polca.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto do meu acervo familiar. Minha prima Dolly, dançando a polca executada <br />
por meu pai e meus tios.</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Além de revelar a profunda ignorância de um brasileiro, quando este faz uso de “paraguaio” num sentido depreciativo, revela que o Brasil é também imperialista. Ao dizer que o Paraguai não presta, o Brasil diz que o país guarani é sua propriedade, diz que a fronteira é seu lugar de compra. Do mesmo jeito que os norte-americanos dizem que o Peru é local fornecedor de puta DELES. (Veja no mapa: “Our bitches”).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Dar nome aos outros sempre foi uma maneira de dominar. As comunidades indígenas que o digam. Quase nenhuma sociedade indígena é chamada pelo nome que ela mesma se dá. Sempre é uma visão de fora que prevalece, seja de uma tribo inimiga, seja dos brancos (que no fundo não seria mais que outra tribo inimiga). </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">O Paraguai já está acostumado com este tipo de dominação. Desde a chegada dos espanhóis, à redução dos padres jesuítas, à Guerra do Chaco e à Guerra da Tríplice Aliança, os nomes sempre vieram de fora.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">O que o brasileiro faz atualmente é exatamente repetir a opressão, do qual também ele é vítima (veja a nossa colonização e veja a neocolonização americana).</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA5XFpeNVI/AAAAAAAAAOA/dy5140nCQqk/s1600/tio.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" h5="true" src="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA5XFpeNVI/AAAAAAAAAOA/dy5140nCQqk/s1600/tio.jpg" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">No entanto, a forma como o Brasil estereotipiza o Paraguai é ainda mais perversa, pois os brasileiros se apossam de um nome já existente e provocam uma mudança semântica. Renomeamos e ressignificamos um nome que já existe. Dissecamos a identidade nacional paraguaia, presente em seu adjetivo pátrio, e lhe atribuímos uma carga injuriosa. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">A língua não está tão distante assim da gente. Ela só existe, porque as pessoas existem. E agora eu te pergunto: você, praticante do português brasileiro, vai continuar avalizando o uso dominador de expressões colonizadoras? Quer continuar repetindo a opressão a qual você abomina?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Pensem bem, não se trata apenas de uma atitude politicamente correta.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA5hGrU6GI/AAAAAAAAAOE/mpgcPupaZQ0/s1600/brasil.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" src="http://4.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TVA5hGrU6GI/AAAAAAAAAOE/mpgcPupaZQ0/s1600/brasil.jpg" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-6457091150278721696.post-14582158498480915392011-02-02T16:29:00.006-03:002011-02-09T14:33:30.341-03:00Turista na língua<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Detesto o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">turismo.</i> Detesto, sobretudo, os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">brasileiros turistas</i>. </span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Com todas as ressalvas e entendendo a diversidade do país, temos de convir que no tipo brasileiro a corrupção está instaurada. Temos palavras que oficializam essa nossa conduta: “malandragem”, “jeitinho”. Expressões também: “jeitinho brasileiro”, “tirar vantagem” etc.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmrb-VPxRI/AAAAAAAAAMo/R2b95ZYjyak/s1600/Responsabilidade_do_Estado_-_Delegado_fura-fila.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="133" s5="true" src="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmrb-VPxRI/AAAAAAAAAMo/R2b95ZYjyak/s200/Responsabilidade_do_Estado_-_Delegado_fura-fila.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">No Brasil, é um absurdo que você pense no bem coletivo antes de pensar no bem individual. Para ilustrar isso, basta lembrar do <a href="http://www.rocco.com.br/shopping/exibirlivro.asp?Livro_ID=978-85-325-2600-7"><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">comportamento do motorista no trânsito</span></a> ou lembrar de quantas vezes, fazendo um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mea culpa</i><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">, <span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;"><a href="http://lucashayne.blogspot.com/2010/03/delegado-fura-fila-de-banco-e-prende.html"><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">furamos uma longa fila</span></a>.</span> </span>A corrupção, do mais baixo ao mais alto rango, é uma tradição (também) brasileira. Digo “também” porque diversos países latino-americanos dividem conosco essa característica.</span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Aliar este caráter ao “fazer turismo” dá um resultado muito daninho. O turista brasileiro quer tirar vantagem de todos os momentos de sua viagem. Ele não perde tempo. Quer ver o belo e somente o belo. Quer desfrutar da boa culinária local. Quer badalar. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Dormir bastante num passeio turístico: nem pensar. Não se pode “perder” nenhum segundo.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmsNFQhxII/AAAAAAAAAMs/TnVWWwf0QtM/s1600/0%252C%252C14578529%252C00.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="133" s5="true" src="http://2.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmsNFQhxII/AAAAAAAAAMs/TnVWWwf0QtM/s200/0%252C%252C14578529%252C00.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Por ser assim, considero o turismo como uma forma de pilhagem. O turista saqueia os benefícios locais e zarpa dali deixando sua sujeira.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">O mais chato de tudo isso é que ele volta para a sua casa sem ser modificado pela experiência, já que ele não vivenciou o lugar e tentou enxergar o destino com o seu próprio olhar. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Antes de comentar o que a lingüística tem a ver com isso, vou dar um exemplo que para mim é comum.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Muitos brasileiros me perguntam como eu<span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;"> <span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;"><a href="http://andreu-viatges.blogspot.com/2008_05_01_archive.html"><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">consigo viver no Paraguai</span></a>,</span> </span>um país tão pacato, com uma língua de índios e com hábitos alimentares estranhos.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Em Assunção é comum ver as ruas invadidas por brasileiros, afoitos por visitar todas as atrações turísticas, por conhecer a noite assuncena e, se ainda sobrar tempo, comprar os baratíssimos eletro-eletrônicos (e ultimamente tenho visto alguns estudantes-empreendedores que chegam ao país para fazer uma pós a distância, mais barata, mais rápida e que ainda tem validade no Mercosul). A estes mal informados, o passeio vai ser nada prazeroso: as atrações turísticas da capital podem ser visitadas em um dia, a noite da capital só existe no final de semana e os produtos baratos não são vendidos na capital (esse é o resultado do <span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">e</span><a href="http://oquevcfazcomasualingua.blogspot.com/2011/02/paraguaiaparaguaio.html"><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">stereótipo que fazem os brasileiros</span></a> do Paraguai como o país do contrabando).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Assunção não é um lugar para ser consumido. Você pode até tentar consumir Assunção, mas vai voltar decepcionado para casa. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">É que aqui você tem de abrir mão, pelo menos um pouquinho, da sua cultura e da sua visão de mundo. </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmtWhmFrKI/AAAAAAAAAMw/FwVxUG3d3Pg/s1600/imagesCAP1IF66.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="149" s5="true" src="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmtWhmFrKI/AAAAAAAAAMw/FwVxUG3d3Pg/s200/imagesCAP1IF66.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Amigo, não se hospede em um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hostel</i>, mesmo que você pense que lá é o lugar de gente descolada. Lá não haverá nenhum paraguaio, a não ser a dona do lugar (que não fala guarani e que não toma tereré). Num <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hostel</i> em Assunção você vai aprender muito da cultura americana e saberá que na América eles falam inglês. Vai aprender muito da cultura alemã. Vai aprender muito da cultura brasileira.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Amigo, não ande de táxi. Você vai perder a oportunidade de comprar uma “rica chipa” dos vendedores ambulantes.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmuZlvoMwI/AAAAAAAAAM0/m4c6QSRZi28/s1600/Mercado%2525204.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="132" s5="true" src="http://3.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmuZlvoMwI/AAAAAAAAAM0/m4c6QSRZi28/s200/Mercado%2525204.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Amigo, não visite só museus e shoppings. Os mercados populares são um show à parte.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Mas esses conselhos lhes dou num tom bem brasileiro. Você aproveitará MELHOR seu passeio se seguir meus conselhos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Agora vai a<span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;"> <span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;"><a href="http://paraguay-historia.blogspot.com/"><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">dica de ouro</span></a>: </span></span>tenha olhos para a diferença. Entenda que ali a cultura é outra.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Contudo, ter olhos para a diferença não é garantia de que você sairá transformado. Como diria <span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;"><a href="http://www.labeurb.unicamp.br/portal/pages/perfil/verPerfil.lab?id=1"><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">uma grande lingüista</span></a>:</span> “o reconhecimento da diferença, no sistema capitalista, não implica sua aceitação”.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Posso reconhecer que eles são diferentes, mas não quero aceitá-los. Os paraguaios são exóticos, porque o exótico é o outro. (A palavra “exótico” guarda até hoje o etnocentrismo na linguagem: ex-ótico, aquele que está além do meu campo de visão, ou seja, o outro). Como posso aceitar aquilo que é exótico? Com tanta história europeia sobre os índios como poderei aceitar esses canibais, despudorados e incivilizados?</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmvAUEpMKI/AAAAAAAAAM4/_A-5Nz52ycc/s1600/can.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="167" s5="true" src="http://3.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmvAUEpMKI/AAAAAAAAAM4/_A-5Nz52ycc/s200/can.jpg" width="200" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Perceber que há diferenças, por outro lado, apaga o fato de que há muitas semelhanças entre brasileiros e paraguaios. Mas isso pouco importa, o enfoque sempre tem de recair na diferença!</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Esse é o turismo praticado pelos brasileiros aos países inferiores.<span style="color: #cfe2f3;"> </span><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;"><a href="http://catarsis-catarse.blogspot.com/2009/12/primeiras-impressoes-isso-ha-algum.html"><span class="Apple-style-span" style="color: #3d85c6;">Veja aqui, o turismo brasileiro praticado aos países superiores</span></a>.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Sobre a língua:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">O turista brasileiro, dado a sua escassa alteridade, tem muita dificuldade com a língua no Paraguai. A falta de alteridade faz com que o indivíduo procure sempre os correspondentes na sua língua materna. E aqui me desculpem, terei de citar uma passagem linda de um texto de Revuz: “o que se estilhaça ao contato com a língua estrangeira é a ilusão de que existe um ponto de vista único sobre as coisas, é a ilusão de uma possível tradução termo a termo, de uma adequação da palavra à coisa”.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Como o espanhol tem muito léxico em comum com o português, o turista brasileiro não se desespera tanto. Ele sequer abre mão de seu português, arranha bem pouco no portunhol. Ele vai se zangar quando um paraguaio lhe falar em guarani.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">A cosmovisão guarani é quase que completamente opaca ao brasileiro. E o termo a termo não vai rolar mesmo. </span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmwV3TarsI/AAAAAAAAAM8/YXSt_pe6vdY/s1600/alemao.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" s5="true" src="http://1.bp.blogspot.com/_fYhMEnGodec/TUmwV3TarsI/AAAAAAAAAM8/YXSt_pe6vdY/s200/alemao.jpg" width="184" /></a><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Mas todo o embaraço se dá porque o brasileiro acaba sendo um turista na língua, ele também quer cometer a pilhagem na língua.</span></div><div class="MsoNormal" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Mas como aprender um idioma vai além de um consumo, não há um curso e nem um método que vá fazer alguém aprender milagrosamente um idioma estrangeiro, a frustração sai à baila. E o Paraguai se torna um país detestável: sequer ele pôde entender algo de guarani.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Ainda bem que o guarani está longe de pertencer ao mercantilismo idiomático, ele continua sendo ainda uma língua do povo. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Muitos brasileiros odeiam o Paraguai. E eu só tenho isso a declarar: <em>Rohayhy eterei, che Paraguai</em>!</span></div><br />
<div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"></div>Jiquilinhttp://www.blogger.com/profile/07651247352582592686noreply@blogger.com9